Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A ADUTORA DO LEITE AS MUDANÇAS E UMA ESPERANÇA QUE PERMANECE
08/12/2023
A ADUTORA DO LEITE AS MUDANÇAS  E UMA ESPERANÇA QUE PERMANECE

LEIAM NESTE BLOG: 

1- A ADUTORA DO LEITE AS MUDANÇAS E UMA ESPERANÇA QUE PERMANECE

2- CANINDÉ, DO POVO ABANDONADO AO “ SAMBA DO CRIOULO DOIDO “

3- “ SAMBA NEGRO O BRANCO NÃO VEM CÁ, SE VIER PAU HÁ DE CANTAR”

4- UM CONVITE: OUÇAM OTAVIANO CANUTO

5- UMA MULHER NO COMANDO DAS CONTAS PÚBLICAS O TCE

6- O MINISTRO DA DEFESA REVENDO O AMIGO ALBANO

7- UM LIVRO LANÇADO COM MAIS DE 400 AUTOGRAFOS

 

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A ADUTORA DO LEITE AS MUDANÇAS E UMA ESPERANÇA QUE PERMANECE

Com adultora maior as vacas serão melhor atendidas.

 

A ideia da “Adutora do Leite “, aquele encanamento que levaria água sem tratamento do São Francisco até a região de Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo, surgiu, faz uns oito anos, e vem sendo recorrentemente realimentada, e se mantem viva porque trata-se de um

 projeto que, se executado, dará sustentabilidade às atividades econômicas, girando em torno do leite, o “petróleo branco “do semiárido.

Falta exatamente água para que, a médio prazo a produção leiteira da região,  representando aproximadamente dois terços do total do estado, seja duplicada.

E o grande rio São Francisco fica junto ou perto.

Manda então o bom senso e a lógica, ou mesmo a mais rudimentar inteligência que, do rio ainda caudaloso a água seja retirada.

Todavia, transportar água através de distancias e em grande quantidade é  tarefa que exige investimento e técnica. No final dos anos setenta  o governador Augusto Franco juntou-se à PETROBRAS para que fosse construída o que veio a ser a maior adutora do país, aquela, agora já duplicada , transportando  ao longo de 90 quilômetros, desde o São Francisco a água para abastecer Aracaju e o polo industrial então nascente, na maior parte formado pela própria PETROBRAS. Depois, em todos os governos subsequentes, foram, na maior parte com verbas federais instaladas novas adutoras, inclusive percorrendo o semiárido. Marcelo Deda reforçou o sistema aproveitando a água mais próxima do minúsculo Poxim, e surgiu uma enorme barragem na Grande Aracaju, em São Cristovão.

No governo Geisel  foi feita a primeira tentativa no baixo São Francisco para irrigação em grande escala. Voltada inteiramente para a rizicultura na margem sergipana, o Projeto Betume.

João Alves, com ousadia incomum, instalou dois grandes projetos de irrigação: o Nova Califórnia em Canindé do São Francisco, e o Platô de Neópolis, mais próximo à foz, e agora ameaçado pelo avanço do mar, em face  da vazão reduzida do rio, que a CHESF controla com a visão única de produzir energia nas suas diversas hidrelétricas.

Albano  conseguiu com Fernando Henrique fazer surgir o Projeto Jacaré – Curituba, e encaminhou uma solução para as tensões  pela posse da terra naquela região. Surgiu, no Brasil, o primeiro perímetro irrigado exclusivamente para o MST.  Exista uma enorme  resistência contra aquele movimento social que de fato invadiu terras. Mas, no no Jacaré – Curituba se trabalha, se produz, e ali é um exemplo de reforma agrária bem sucedida,  dando ênfase ao pequeno produtor.

Foram personagens decisivas, em primeiro lugar o governador Albano Franco, que abriu as portas do Planalto onde estava um civilizado FHC, para o dialogo com o Frei Enoque e o  hoje deputado federal do PT João Daniel.

Política construtiva somente se faz havendo entendimento e diálogo. A polícia deixou de reprimir o MST no governo de Albano, e foi criado na PM um cargo de negociador, e indicado o capitão Luiz Fernando, hoje coronel reformado, e com bons serviços prestados à causa da harmonia social com justiça.

Daquele tempo, até hoje, houve no sertão sergipano uma verdadeira revolução. Aquela, feita pelos que criam vacas e tiram leite, por empresários como Jânia, criadora do Grupo Natville, que deu inicio a tudo; pelo Grupo Betânia, agora, por um outro laticínio que começa  e se firma pela qualidade, o Nutalac; também, pelas centenas de pequenas “ queijarias” que se multiplicam, formando a notável cadeia do leite, onde se inserem os motoboys que levam toneis de leite nas suas motos, uma imensa frota de caminhões, os trabalhadores do campo, numa faina diária onde não há domingo nem feriado. E surgiu o polo  de Santa Rosa do Ermírio, hoje, uma das maiores bacias leiteiras do nordeste . Em expansão uma nova e florescente classe média rural,  novidade auspiciosa no tão desigual campo sergipano.

Quando candidato Mitidieri, incorporou a ideia da Adutora do Leite, e publicamente anunciou que iria inclui-la no seu programa de governo.

Na segunda -feira dia 4 o governador fez um périplo pelo sertão, percorrendo Glória, Poço Redondo, Canindé e Monte Alegre. Em  Santa Rosa do Ermírio na fazenda de Zé do Poço, o maior produtor de leite de Sergipe,

igualando-se ao pioneiro da modernização o engenheiro Paulo de Deus, em Canindé,  o governador anunciou  não apenas a Adutora do Leite, da ideia inicial, mas uma outra de maior porte, que irá até Nossa Senhora da Gloria, cruzando antes Poço Redondo ( Santa Rosa do Ermírio ) e Monte Alegre. É um projeto bem mais complexo, envolve a construção de duas ou três barragens, e está orçado inicialmente em 240 milhões de reais.

A emenda inicial  de 70 milhões de reais, destinada pelo senador Alessandro Vieira, o governador Mitidieri em combinação com ele teria destinado os recursos à conclusão de estradas iniciadas no período de Belivaldo, entre elas a Itabaiana – Itaporanga, ( ligando a BR-101 - BR 235) com 15 quilômetros ainda não asfaltados. Mitidieri, ao anunciar a nova adutora com mais de noventa quilômetros ( a inicial seria de 30), garantiu que não lhe faltariam recursos. O deputado federal Gustinho Ribeiro finaliza a negociação de uma emenda de bancada  de 200 milhões, e irá para a Adutora que poderia até chamar-se Trans- Sertaneja.

O projeto de engenharia  vai ser iniciado, e espera-se no primeiro semestre de 2024 a licitação e início das obras.

Da mesma forma  a nova adutora  transportará água bruta, ( sem tratamento) servirá para irrigação em pequena escala, e dessedentação garantida para um rebanho 4 vezes maior do que o atual, o que abre perspectivas de  maiores investimentos privados.

Nos estudos a serem feitos se poderia analisar a possibilidade de ampliação do açude Algodoeiro, em Glória, quase no trajeto da adutora, e  que  daria a segurança de um solo não permeável e já testado.

A ideia de ampliar açudes e barragens, ao invés de construir novas, foi lançada no governo de Marcelo Deda. . Uma dessas barragens foi a Vaca Serrada, em Monte Alegre. Até hoje nunca mais secou, e nesses quase seis meses de estiagem permanece com 80% por cento da sua capacidade. A obra foi realizada nos tempos em que a COHIDRO era eficiente, , e seu presidente  o ex-deputado Mardoqueu Boldano.

Heleno Silva, ex-Prefeito de Canindé,  fez a ampliação de duas grandes barragens, a Sempre Viva e do Caqueiro. Apesar da longa estiagem, estão com capacidade em torno de 50 %, e uma delas é intensamente usada para suprir os rebanhos de vacas leiteiras de alta qualidade genética dos irmãos,  o engenheiro  e ex-prefeito de Paulo Afonso, Paulo de Deus e do médico humanista Luiz de Deus, ele, atual Prefeito de Paulo Afonso em terceiro mandato. Ambos são sergipanos, nasceram em Brejo Grande, na foz do São Francisco.

A noticia da nova e grande adutora, ao lado de uma outra de menor porte destinada a reforçar o abastecimento de Poço Redondo, ( reinvindicação permanente do ex-prefeito de Poço o advogado Junior Chagas) chega em boa hora, quando ampliam-se as duvidas sobre a hipótese do Canal de Xingó, e  vive-se um período longo de estiagem.

É preciso agora que o Secretário da Agricultura, o experiente Zeca Silva, comece a trabalhar a ideia que lhe foi apresentada, de reforçar o suprimento de silagem para o rebanho em expansão, ( e que terá a água garantida ) com a utilização de terras na margem, a maior extensão delas quase rente ao nível do rio, no assentamento   Quixabeira,      em Canindé do São Francisco. O que reduziria consideravelmente, o investimento para o sistema de irrigação.

 Seria imprescindível uma interlocução com o deputado federal João  Daniel, líder do MST, para conciliar interesses dos assentados com  aqueles de possíveis investidores, que viessem a ocupar lotes em maior escala.

Nesse sentido, o Ministro Márcio Macedo, em Brasília poderia ter uma atuação decisiva. Ele está sempre com os dois ouvidos prontos a escutarem as vozes de Sergipe.

Ao seu lado, o ex-deputado federal também sergipano Valadares Filho, amplia a escuta.

A maior obra hídrica , de estimulo à produção de leite e carne, e garantindo sustentabilidade no semiárido, poderá ser iniciada e concluída no atual mandato de Mitidieri.

Justamente naquela área, foi onde o atual governador  sofreu suas maiores derrotas, tanto no primeiro como no segundo turno.

 

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CANINDÉ, DO POVO ABANDONADO AO “ SAMBA DO CRIOULO DOIDO “

O prefeito assinador de tudo, até dos "Sambas do Crioulo doido".

 

O prefeito de Canindé Weldo Mariano já havia, sem nenhum aviso entrado em um  voluntário ou forçado recesso. Isso já faz uns três meses. Ele agora, como aqui tanto repetimos, limita-se a assinar o que lhe mandam, sempre em consonância com as “ ordens que chegam de cima “.

O município ganhou o reforço de  advogados, alguns deles de fato competentes, e com vistosas remunerações, através das consultorias criadas para coloca-los bem acima do nível de salários dos outros ,não palatáveis ao gosto da “ interventoria “ .

Diante do clima de absoluto descaso e abandono em que estava a Prefeitura, esses “´técnicos com missões especificas a cumprir”, começaram a fazer uma maquiagem  burocrática, não só para dar suporte aos “ atos “ que estão cometendo, como também para criarem uma “ fumaça de bom direito” encobrindo  as ousadias financeiras.

 Gastaram  “ saber jurídico”, fazendo, todavia, uma confusão de parágrafos contraditórios,  ou até conflitantes e amontoados, contrariando as boas regras dos “éditos” que exigem metodologia , clareza , objetividade, além de  propósitos consistentes e coerentes. Em síntese, que sejam sensatos, e sigam uma linha de identificação com as demandas da sociedade. Para isso existem os governantes, ou os governos. Para isso existem as engrenagens burocráticas, das quais se espera eficiência. 

Mas, ao prefeito em “ recesso “, entregaram o arranzel  e mandaram que abaixo de tudo ele desenhasse bem desenhadinho o seu nome. Ele fez isso, cumpriu as “ordens de cima” ,  e entrou em vigor um esquisito decreto.

Tratava-se de um “ édito” incomum, grotesco, suspendendo por trinta dias as atividades da Prefeitura, com algumas ressalvas, isso ao longo de considerandos , artigos , incisos, e toda a parafernália  de argumentos, motivos e razões,  e inúmeros escorregões na mal -tratada “ Última Flor do Lácio, inculta e bela”. Para os que estranharem a expressão, ela é o início de uma poesia de Olavo Bilac, onde o poeta se refere ao Português,     última língua gerada no Lácio,( região da Itália ) .  Como se observa, o nosso português sobreviveu à raiz latina, já extinta, todavia, torna-se a cada dia  mais agredido, pelos mesmos que a ele deveriam devotar algum zelo.

 Mas isso já é pura digressão, uma outra história.

Voltemos ao inculto e horroroso decreto.

O objetivo de todo aquele palavrório  mal – alinhavado pelos bacharéis, era unicamente aplicar um calote “legalizado” para que a Prefeitura não efetuasse pagamentos, inclusive aos servidores contratados. Queriam economia, e ter como criar novas e rendosas consultorias.

O  nefasto “ Samba do Crioulo Doido “, provocou reações de indignação,  e  muito mais ainda zombaria, aquela onda de riso incontido diante do ridículo .

Essa frase, “samba do crioulo doido”, nasceu nos anos iniciais da ditadura militar, quando ainda havia réstia de liberdade de imprensa, e o genial jornalista   Sérgio Porto  usando o heterônimo  Stanislaw Ponte Preta,   assinava uma coluna diária de crítica e humor ferino, fustigando os erros, absurdos e  excentricidades do regime de força recém instalado. A coluna era publicada no jornal Ultima Hora, que, perseguido de todas as formas, e com o seu criador e diretor o jornalista   Samuel Wainer exilado em Paris, logo fecharia  as portas.

Como fizemos alusões ao Latim, já falecido, ressuscitemos, então, uma frase latina apropriada para o momento burlesco e trágico vivido no Canindé do prefeito em recesso: “ Ridendo castigat mores “ ou seja, com o riso largo castiguemos os hábitos, grotescos, ou vergonhosos.

Da indignação com o peculato explícito, os canideenses são levados ao riso pelo absurdo. E assim vingam-se,  castigando pelo humor os que produzem o samba do crioulo doido.

Em tempo: Diante do escândalo  que se tornou gracejo nas redes sociais,  o prefeito em recesso foi convocado da sua  recessiva quietude para assinar um outro decreto, desta vez, revogando o primeiro.

“E tudo continua como d`antes no Quartel de Abrantes.”

Sobre esta frase, em escritos anteriores utilizada, já demos as devidas explicações.

 

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“ SAMBA NEGRO O BRANCO NÃO VEM CÁ, SE VIER PAU HÁ DE CANTAR”

Entre os Javalis da idade Média e os rodizios de hoje, os exageros gastronomicos que se perdem no tempo.

 

Brasília, 4 de janeiro, churrascaria Fogo de Chão.

Passo a falar na primeira pessoa, o que não me agrada.

Ocupo uma mesa sozinho, por volta das 14 horas, quase final de almoço. Passam alguns sergipanos conhecidos, entre eles  Carlos Eloy, diante de quem me atrapalho, e ele logo lembra : fui apresentado a você  pelo meu sogro Jose Carlos Machado.

 Tento corrigir o engano :sempre me refiro a  Machado como um dos políticos sergipanos mais responsáveis que passaram pelo Congresso Nacional.

O jovem e proativo advogado, despede-se, diz ter pressa, e ao seu lado estão dois alagoanos, muito simpáticos, elogiosos em relação à amizade que cruza os dois lados do rio que nos separa.

Outra vez, sozinho,  passo a vista pelos clientes restantes, e faço uma constatação: neste país onde cerca de sessenta por cento da população é parda ou negra, ali está uma amostra da nossa clamorosa desigualdade :  quase todos  são brancos. Na minha frente, em outra mesa, há um negro muito alto e forte, que se curva para conversar com uma senhora idosa e corpo exíguo,  cor morena clara. Parece falar um dialeto africano, devem  ser integrantes de alguma legação estrangeira.

Mais adiante, dois jovens negros conversam, animadamente, com duas jovens brancas e loiras. Penso satisfeito: pelo menos, já nos livramos do apartheid.

Passa algum tempo e  logo encosta na calçada  ,  frente do restaurante, um grande furgão, e dele começam a descarregar pesados equipamentos de som.   São seis jovens negros que executam os serviços de desembarque e transporte dos  apetrechos.

Comandando a equipe está uma jovem senhorinha, muito branca e muito sorridente.

Já na saída, me aproximo de um dos trabalhadores  que faz ares respeitosos, imagino, por causa da minha idade provecta, ou, quem sabe,  reminiscência que nos marca ainda, vinda do espaço  que distanciava a Casa Grande da Senzala .

Pergunto-lhe o motivo daquele desembarque da parafernália sonora, e ele explica : “vai ter festa no andar de cima”.

 Impertinente, pergunto-lhe : “ você vem pra festa.” ?

E ouço a resposta: “não, não, não vou, vai ser coisa de branco bacana “.

Branco bacana?

Aí, os eternos “ conservadores “ dirão: eis a prova maior de que não temos discriminação contra os negros. O branco que não é bacana, também não entra.

E , de fato, o preconceito acaba ou diminui

, quando o negro é rico , ou famoso.

Há uma trilogia de muito sucesso  nas livrarias, os escritos de Laurentino Gomes sobre os nossos 500 anos de escravidão.

Já existe uma síntese destinada aos jovens. Levando-se em conta a aversão que começa a existir entre os nascidos neste milênio contra a leitura impressa.

Laurentino é um historiador que foge aos cânones clássicos e acadêmicos, e passeia leve pelos fatos. Sem ser grave e sisudo , torna a historia agradável de ser lida, e ele vende, leva às livrarias uma sucessão de best-sellers.

Já Oliveira Lima, circunspecto historiador de casaca, notável pesquisador, que teve à sua disposição a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por ser diplomata, e ter residido em Washington ,  escreveu, na década dos anos vinte um notável volume ao qual deu o nome preciso: O Império Brazileiro ( 1822 – 1889).

Fora dos círculos acadêmicos poucos o leram.

E há um capítulo inteiro, minucioso,  sobre a Escravidão persistindo entre os dois imperadores, até que uma Princesa Regente, sobre ela colocasse a pá de cal da Lei Áurea, que, por via de consequência  provocou  a pá de cal republicana no império do seu pai.

Laurentino Gomes deixa às claras a resiliência preconceituosa da escravatura, por isso, a síntese do seu trabalho deveria tornar-se livro obrigatório nas escolas públicas brasileiras

Aqui em Sergipe o Secretário da Educação que é também vice-governador, poderia providenciar na Editora oficial a publicação da síntese de Laurentino, para uso obrigatório nas escolas da rede estadual. Zezinho Sobral nasceu em Casa Grande nas Laranjeiras,

 Mas, carrega  uma tradição republicana.

Não faz muito tempo, brancos, até togados sergipanos, à guisa de homenagem ao ícone negro Jose Amado, diziam: “ Zé Amado é um negro de alma branca”.

 

Preconceito, sim, o temos de sobra, e fluem e refluem de acordo com os tempos, as circunstancias.

O professor, intelectual e médico, Paulo Amado de Oliveira organizou e publicou uma coletânea de artigos sobre Jose Amado, e ao livro deu o nome: Jose Amado Nascimento- Reminiscencias Biográficas.

Em Brasília ao sair  da “ Casa de Pasto ,“ como  se referiam a restaurantes  os poetas glutões Pires Wynne e Clarêncio Fontes, imerso nas dúvidas sobre a nossa civilização brasílica,  recusando-me a repetir o exagero gastronômico de carradas de carne, passando em rodízio infinito, fiz um paralelo entre o excesso de comida brasileiro, em locais  seletivamente frequentados, e um outro, alentado desperdício, que assisti numa cidadezinha de quase mil anos, precavidamente protegida entre muralhas, onde viviam menos de 800 habitantes. Riquewir, nome alemão na Alsácia tornada outra vez francesa após a derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra.

Ali, comecei a acreditar na consolidação da União Europeia, isso no começo dos anos oitenta, quando alemães e franceses cruzavam sorridentes e festivos numa tarde  de sábado, pela fronteira onde milhões morreram combatendo.

Num restaurante réplica dos fundos da Idade Média,  sobre um andor carregado por quatro homenzarrões,  jazia um enorme javali assado , anunciado ao som de cornetas. Sentados ao longo de estiradas mesas de pesada madeira, alinhavam-se turistas, brancos e também negros. Empunhavam longas facas , colheres enormes e começou o trinchamento  coletivo e sem preconceitos da caça exposta em triunfo. Remontamos aos tempos medievais, tanto em Riqwevir, francesa, como nas churrascarias de rodízio, brasileiras.

E ai sai cantarolando baixinho a letra ao som da lembrada melodia: “ Samba negro, branco não vem cá, se vier pau há de cantar”.

Aprendi,  a cantarolar a curta estrofe, ainda criança ouvindo-a   de uma  negra já idosa, chamada Dona Biia, em Maruim, no sítio sem água nem luz, do qual ela era locadora, alugado por meu pai, o promotor Público Paulo Costa, porque ali havia um pé de Jasmim do Cabo cheiroso, que minha mãe, Ana Izabel ,  ex-professora em Antas,  Bahia, regava duas vezes ao dia.

Dona Biia tornou-se minha madrinha de apresentação no batismo, ungido com água benta, cheirando a Jasmim, a ela misturado pela madrinha zelosa, que, soube depois, já taludo, ter desgostado ao padre. Conservador, certamente.......

Tenho a impressão, hoje, que a citada música deveria ser um pacifico hino evocativo a ser cantado pelos brasileiros, sejam eles negros, pardos, brancos, amarelos.  Movidos, todos, por um sentimento leve  de tolerância, de humanidade abrangente.

 

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UM CONVITE: OUÇAM OTAVIANO CANUTO

Neste áudio que reproduzimos abaixo, o economista sergipano Otaviano Canuto, que reside com uma bela e sofisticada família entre Washington e os Pirineus, ao lado francês, é, por estilo de vida e conhecimento da realidade mundial, um  cidadão cosmopolita, com visão atualizada das circunstancias diversas que afloram, (este é o termo agora oportuno) pelo planeta instável.

Neste bate papo de alto nível entre ele, ex-vice presidente do Banco Mundial  e o economista- chefe da Genial, Jose Márcio Camargo, as questões mais complexas do processo de globalização são tratadas. Até com simplicidade, quando isso é possível.

A globalização  da economia,  processo surgido após a queda do  Muro de Berlim,  quando apressados já antecipavam o ( “ fim da História” ), e que se imaginava fosse irrefreável, sempre mereceu a desconfiança,  e até oposição radical de amplos setores da esquerda. Agora, ao coro contrario se unem os negacionistas da extrema -direita, interessados em um procedimento anárquico, que exacerbe nacionalismos, e torne o mundo uma arena de gladiadores  truculentos e estúpidos, a exemplo do que fez aqui o capitão , imaginando  renascer qual Fenix maldita,  sobre os escombros das instituições brasileiras, símbolos  civilizatórios dos poderes harmônicos e da permanência do Estado Democrático de Direito.

A globalização, sugere e ressalta Otaviano, seria consolidada, necessariamente, com a persistência de um tempo de paz. Mas a OTAN foi cercando a Rússia, como se ainda ali estivesse a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas,  o bunker gigantesco onde  estariam abrigados os remanescentes do comunismo. Uma visão evidentemente do Estado Militarista, denunciado pelo ex-presidente americano e herói da Segunda Guerra general Eisenhower.

A globalização, do ponto de vista econômico, estabeleceria uma saudável convivência ditada pelas vantagens locacionais de cada país, ou região, onde um exclusivo produtor de comodities, se apropriaria  das tecnologias de ponta , oferecidas pelos países industrializados.  Viveríamos então, planetariamente, um processo de interpenetração de conhecimentos científicos,   agregando valor, e gerando uma rede  dinâmica global.

Mas, precisaríamos quase de uma “ paz permanente ,“ um estágio de civilização antevisto no século dezoito pelo filósofo alemão Emmanuel Kant.

Amaciando os atritos entre países, os particularismos, os fervores nacionalistas, a globalização seria o prenuncio de uma terra sem fronteiras. Quase uma utopia, difícil de ser alcançada onde existe a ânsia irracional do lucro, ou as ambições de  conquistas e hegemonias.

Mas, ouçam Otaviano, e entendam porque afirmamos que  ele, como sergipano, poderia ser convidado a nos abrir janelas para o mundo. Ou seja, uma tentativa  de subir alguns degraus acima da nossa pequenez, conformismo, ou  mesmo, apenas  da mediocridade.

UMA MULHER NO COMANDO DAS CONTAS PÚBLICAS O TCE

Suzana Azevedo, uma promessa de zelo e inovações no TC.

 

Nessa segunda feira  a conselheira Suzana Azevedo assume a presidência do Tribunal de Contas de Sergipe. Mulher, sempre é mais organizada e  zelosa, sem demérito para os homens, cujos ímpetos não podem ser desconsiderados, e, além disso, as mulheres agregam o carinho maternal a tudo o que fazem.

Suzana chega tendo ao lado uma agenda de transformações, e   retorno ao ativismo cultural que o TC sempre exerceu, a partir da inspiração criadora do saudoso conselheiro Carlos Pinna de Assis.

 

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O MINISTRO DA DEFESA REVENDO O AMIGO ALBANO

O Ministro da Defesa, veio visitir o amigo Albano Franco.

 

Albano Franco, ex-governador, ex- senador, ex-presidente da poderosa CNI por 12 anos, fez, pelo Brasil a fora muitas e sólidas amizades. Algumas, essencialmente fraternas, como  a convivência de tantos anos com o agora Ministro da Defesa Jose Múcio, personagem de primeira linha no plano nacional, e que se tornou  mais importante ainda pela sabedoria e visão politica ao colocar em pratica o desejo de Lula, que é a pacificação do país, a valorização das Forças Armadas, e sua fidelidade estrita aos preceitos constitucionais. Jose Mucio deixou de lado suas preocupações e veio a Aracaju passar algum  tempo ao lado do amigo Albano Franco, que luta para ter a saúde de volta. Participou de um almoço íntimo no apartamento de Albano, onde  familiares compareceram como os irmãos Walter Franco, Osvaldo, e a inseparável “ anjo da guarda “, a amiga de sempre  Mirian Ribeiro.

 

UM LIVRO LANÇADO COM MAIS DE 400 AUTOGRAFOS

Valadares o biografado, Antonio Camilo o biografo, cumpriram uma marotona de autógrafos. Na foto com o prefeito Edvaldo Nogueira.

 

Foi  noite memorável o lançamento de um livro biográfico. Uma multidão enorme para receber os autógrafos do  biógrafo  Antônio Camilo e do biografado o ex- governador , e ex-senador da República em três mandatos Antônio Carlos Valadares.

 O ex- deputado Valadares Filho, veio de Brasília para estar ao lado do pai, e levou dois volumes autografados, um, para o presidente Lula, outro, para o Ministro Márcio Macedo.

 

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