Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
AS FALAS DE LULA E  A HORA DO “INTROMETIDO”
07/03/2024
AS FALAS DE LULA E  A HORA DO “INTROMETIDO”

NESTE BLOG:

 

1) AS FALAS E LULA E  A HORA DO “INTROMETIDO”

 

2) HOSPITAL DO CÂNCER, OS PONTERIOS JÁ SE AJUSTAM

 

 

 

 

 

 

 

AS FALAS DE LULA E  A HORA DO “INTROMETIDO”

( Com vistas ao ministro Márcio Macedo)

 

Em um suposto diálogo com Lula, Márcio Macedo levaria a ele ás suas preocupações. 

 

Alguém, no entorno do presidente Lula, precisa tornar-se um “intrometido”, no bom sentido, e ter a coragem moral de pedir-lhe  meia hora de atenção.

Se lhe for permitido esse tempo, preparar-se então para um momento que poderá ser decisivo, e que deverá ser ocupado, sem levar em conta o cenho possivelmente carregado do presidente demonstrando desagrado.

Da mesma forma poderá surpreender-se com um sorriso de aprovação de Lula, demonstrando ao “ enxerido” amigo e auxiliar que lhe fizeram bem as palavras cuidadosamente anotadas na mente.

Em ambos os casos, o “ intrometido “  sairá com a consciência tranquila, por ter feito o que deveria fazer por dever de lealdade .

Então, do que poderia tratar o “intrometido ,“ no sossego de uma manhã de domingo, olhando desde a varanda do Alvorada para o caminhar compassado daquelas emas ( ainda  existem ?) pelo verdor do gramado extenso.

Supondo que esse “ abençoado” enxerido fosse o nosso ministro Márcio Macedo, tracemos, aqui, um suposto diálogo que ele manteria  com o velho companheiro.

Márcio,  que é jovem, não foi  contemporâneo  da criação do partido pelos  velhos militantes,  mas, atravessou aquela crucial  situação do PT, quando o fundador estava na cadeia, sem culpa formada  , e refém dos “ ardores cívicos-moralistas”, dos hoje desmistificados Moro e seus sequazes, sedentos de fama e poder. Márcio foi Tesoureiro do PT, quando havia a ânsia de destruir o partido, comparando-o à uma quadrilha. E  Márcio foi um  cuidadoso e rigoroso  guardião dos cofres partidários.

O diálogo, ou, preferencialmente monólogo, que aconteceria   entre o ministro Márcio e o presidente Lula:

 

  - Márcio:  Lula, ( na intimidade Márcio assim o trata)   que pena não termos agora aqui ao nosso lado Marcelo Déda, o nosso amigo e seu compadre,

ele seria um Oráculo de sensatez para que o ouvíssemos.

 Você sabe,  a chegada ao poder em Sergipe de um jovem de classe média, esquerdista, não foi coisa fácil. Déda era leitor compulsivo, e entre os autores que ele reverenciava, estava a judia Hannah Arent,

Uma defensora intransigente do pluralismo político.

Vou lhe contar um episódio: no dia da posse, a turma enchendo o teatro Tobias Barreto, João Alves,  o governador que não conseguiu reeleger-se, estava presente para transmitir a faixa. Déda ao seu lado, enxergou na plateia a primeira dama senadora Maria do Carmo, desceu, e foi busca-la para que ela estivesse também no proscênio, ao lado do marido.

 

No seu discurso, feito em magistral improviso, Déda disse, dirigindo-se ao governador derrotado: “ o   tamanho de uma vitória deve ser medida, principalmente, pelo valor do adversário. “

A sua posse, meu amigo Lula, não pôde ser realizada civilizadamente.  Depois,  aquela invasão dos bárbaros  devastando os símbolos maiores da República, vieram a agravar o quadro. Nenhum outro presidente da República, em situação normal de prevalência da democracia, viveu circunstancias tão difíceis, e teve sinais tão assustadores do que estaria para enfrentar ao longo do mandato.

Então, estamos vivendo uma realidade também única na história da nossa República. Há uma polarização, em grande parte movida pela irracionalidade do ódio.

Mas o cenário é este, e nessas condições você  terá  de agir. Saber e agir, são palavras gêmeas.

Frases suas, muito mais do que ações, infelizmente estão  contribuindo para aprofundar o fosso da intolerância, e municiando a oposição.

O governo ainda é bem avaliado por 51 % da população, 46 % desaprovam.

 

Não é, absolutamente, uma situação confortável.

Apesar disso a economia teve um bom desempenho, um PIB de 2,9, desafiando os que o colocavam em torno de 1 %.  Ficamos em sétimo lugar  entre os países que  em 2023 registraram expansão no PIB ; e avançamos, somos outra vez a décima economia do mundo.  Grandes economias como  o Japão, Reino Unido, França, tiveram um PIB negativo. Temos de criar condições para que em 10 anos estejamos entre as cinco maiores.

A taxa de desemprego está caindo,  a inflação contida, os juros começam a baixar, aprovamos a Reforma Tributária, coisa que o país esperava há mais de trinta anos. Nossas exportações estão subindo, suas viagens pelo mundo resultarem em conquistas de novos mercados.

Os investimentos estrangeiros estão crescendo,  no setor automobilístico  alcançam níveis inéditos.

Estamos efetivamente cuidando da nossa gente como você prometeu na campanha, essa proteção agora levada aos motoristas de aplicativos, é um pequeno detalhe, mas um ótimo exemplo. O Minha Casa Minha Vida, reestruturado, avança.

O país está tranquilo, há segurança institucional , e isso atrai investimentos.

Mas, além dessa percepção há uma fervura social preocupante, que as redes sociais  potencializam.

Não temos mais uma opinião pública semelhante àquela com a qual convivemos, nos seu primeiro e segundo governos.

Me desculpe presidente, mas não poderemos ser indulgentes com a Venezuela, não convém passar a mão na cabeça de Maduro, e isso nos deixa mal perante o mundo, e nos prejudica também, e muito, aqui dentro. A imagem da Venezuela em face da população brasileira,  é a daquele país de onde fogem os milhares de exilados que estão recorrendo à caridade pública nas ruas das nossas   cidades. Além disso  os brasileiros sabem que Maduro nos deu um calote. Me perdoe presidente , meu amigo Lula, mas apostar em Maduro é tempo perdido, e prejuízo certo a curto prazo, a mesma coisa em relação a Cuba, Nicarágua. Isso não faz bem à nossa imagem externa, e internamente, pior ainda.

Você, e a velha guarda do petismo viveram num tempo em que era   charmoso,  até romântico, sorver, à meia luz, um Cuba Libre. Era um rum  Bacardi  cubano,    e coca-cola americana , naturalmente,  e o gelo  daqui mesmo, de alguma  fabriqueta de esquina, ( o que já nos dava a foto da nossa condição humilde) .  Depois, presunçosos militantes  internacionalistas , saíamos a borrar os muros com tinta barata ou até carvão: ” Cuba sí, Yankees no”. Assim mesmo, em espanhol, talvez para exibir a nossa originalidade.

Hoje,  depois de exatos 65   anos da revolução de Fidel e Guevara, se o presidente cubano do qual ninguém sabe sequer o nome, resolvesse fazer um plebiscito para avaliar quem deseja ficar em Cuba, ou viajar para os Estados Unidos, e lá ficar mesmo na condição de residente clandestino, seguramente, setenta por cento da população desejariam fazer a travessia dos 170 quilômetros do estreito que separa a grande potencia da miúda Cuba, desafiadora, mas atrasou-se, e tentou sobreviver num modelo fracassado.

Meu amigo Lula, nosso sucesso decorre do seu imenso pragmatismo, e da capacidade de compreender os adversários, e até de torná-los   companheiros, e aliados construtivos e leais como vem a ser o caso do Geraldo Alckmin, da Simone Tebet, e de tantos outros.

Enquanto o presidente anterior xingava e atacava governadores, por ele considerados inimigos,  e deu risadas quando a FORD fechava sua fábrica na Bahia, governada pelo PT, você agora recebe o mineiro Romeu Zema , que sai do produtivo encontro dizendo que é “tão democrata quanto o Lula “. Você ambém  fez o mesmo com Tarcísio,  ( ele e Zema prováveis candidatos à presidência ) firmando  o contrato  que viabiliza o enorme túnel  que aliviará, definitivamente, o transito ao  litoral paulista; e faz ainda as negociações   viabilizando bilhões de dólares em investimentos das  montadoras em São Paulo.

Se desejamos ser um mensageiro da paz e ter  relações de comércio com todo o planeta, o nosso “ embaixador “ Lula,  deverá ser visto com respeito entre os players  globais , transitando entre eles com a desenvoltura da isenção, fazendo fluir o diálogo, mesmo nas piores e mais cruciais circunstancias, como vem a ser, por exemplo, o massacre em Gaza.

Logo o mundo estará enxergando  com nitidez a extensão da desumanidade, a começar pelas grandes potencias, que já separam o futuro de Israel dos delírios belicistas que Netanyahu representa.

Seria mais consistente, e seguro, na política internacional,  divulgar ao mundo   as nossas posições, os nossos apelos, inclusive, através de cartas dirigidas aos chefes de Estado.

A inserção nos atritos da nova e complexa geopolítica  global  não nos faz bem. Como pacifistas  multipolares, não nos interessa entrar no jogo das disputas de poder entre Estados Unidos, China, Rússia e o que seja.

  Se queremos ser vistos como mensageiros da paz, teremos de ser recebidos sem ressalvas, seja em Washington, Moscou ou Pequim ou em Israel , no Iran e em Kiev.

  Permita-me que eu continue, meu  compreensivo amigo Lula.

 Veja, lá embaixo, no gramado, as emas já se recolheram, mas,  lhe peço paciência com este monólogo que   se torna enfadonho. Posso continuar ? E Lula assente, balançando a cabeça e sorrindo.

  Então, agora, prossegue Márcio, ter gestos e ações   de distencionamento direcionados à comunidade judaica no Brasil e no mundo , seria oportuno.

Vou lhe trazer um exemplar do   Haretz,   que  publicou  matéria lembrando do seu primeiro mandato, quando você foi apontado como o presidente que teve maior aproximação  com Israel,  visitando-o   três a vezes, e esteve  no Museu do Holocausto, passou dois dias num Kibutz, para conhecer a experiencia dos kibutzins ,   assinou diversos acordos de cooperação.  Foi um dos poucos presidentes que teve o privilégio de falar no  Knesset , o Parlamento de Israel. E terminou aplaudido de pé por todos os parlamentares. Naquele plenário, onde havia centro, esquerda, direita, e também a extrema direita, defensora da teocracia e do Grande Israel, ou seja, a anexação pela força da Faixa de Gaza, da Cisjordania, da incorporação definitiva    ao Estado de Israel das Colinas de Golan, conquistadas à Síria na  chamada Guerra dos Seis dias, em 1967.

São laços históricos, nascidos a partir de 1947 pelo notável brasileiro Osvaldo Aranha,  e que precisam ser reconstruídos, com certeza, após a queda do extremista Netanyahu, que não está longe de acontecer. O presidente Biden, sintomaticamente, já recebeu na Casa Branca o moderado opositor de Netanyahu.

O senhor tem a oportunidade histórica de ser o  estadista providencial. Que sempre  soube transitar entre as  divergências, radicais até, sem  se deixar contaminar pelo ódio.

Muito pelo contrário, sendo um suave e racional pacificador.

Presidente, sem deixar de estar ao lado da agricultura familiar, da defesa do meio ambiente, de prestigiar o MST, que agora dedica-se a produzir, sem necessidade de ocupar, quero lhe sugerir sem que isso signifique capitulação ou acomodamento,  todavia, uma posição concreta ao lado do setor que mais contribuiu para o nosso PIB e a geração de empregos, indiscutivelmente, o agronegócio.

Bastaria trocar  uma conjunção pelo advérbio.

Assim , até agora deixando dúvidas : “ O agronegócio...... mas.....

 Sem deixar dúvidas, passando a usar  o adverbio: “ o agronegócio mais, mais “.......

 

Meu presidente Lula, me desculpe pelo lenga-lenga, não posso ficar convivendo sozinho com as  minhas inquietações .  Já faz dias, sonhei com Déda, que parecia estar preocupado, e isso me estimulou a  transmitir-lhe o que, honestamente, venho sentindo faz algum tempo.

 Levei muito tempo, posso lhe ter abusado. Está  ouvindo as maritacas   matraqueando o seu canto do entardecer  ? Quero ainda passar em casa, e levar Karina para vermos o por do sol  à beira do lago, e renovando a crença nos dias que virão.

Me permita ir embora e lhe agradecendo a acolhida.

Ah! Presidente me desculpe, tenho mais algo de bem pessoal e lhe falar. Uma sergipanada. Afinal, você sabe, sou baiano, mas devo tudo a Sergipe.

Não deixe que atrasem a volta da PETROBRAS, às águas de Sergipe; não deixe que fechem a nossa FAFEN; tente apressar a duplicação da BR- 235, até Itabaiana; consiga retomar, de uma vez por todas, a duplicação da BR-101 em Sergipe. São quase 30 anos de espera. Mande verificar se seria possível federalizar a rodovia estadual que liga a BR-101 a Lagarto. E também duplicá-la.

 E agora, não perca a oportunidade de regionalizar ( nordestinizar  ) o Hospital do Câncer de Barretos em Lagarto. A ideia foi sua, e é excelente. Na conversa  já agendada  com o governador Fábio Mitidieri e  Henrique Prata, o Hospital Regional do Câncer de Lagarto poderá ser consolidado.

Agora, se me permite, vou lhe deixar descansar neste resto de sábado,  ao lado da sua Janja.

 

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HOSPITAL DO CÂNCER, OS PONTEIROS JÁ SE AJUSTAM

Henrique Prata, Lula e Mitidieiri, juntos, vão tornar possível o hospital regional do cancêr do sistema Barreto em Lagarto.

 

Nessa sexta -feira chega a Aracaju o homem do hospital do Amor, ou do Câncer em Barretos, Henrique Prata. Virá para uma audiência com o governador Fábio Mitidieri. O objetivo dos dois lados é superar divergências, e se transferirem  ambos, para um lado só, que é o interesse público, o interesse maior de Sergipe, onde não existe uma só família que não tenha um parente, ou um amigo, dizimado pela doença do século: o câncer. O mesmo panorama do resto do Brasil.

Ter, funcionando a pleno vapor em Lagarto, o hospital parte do complexo de oncologia reconhecido no mundo como um dos mais eficientes e humanos,  deve ser uma ideia a unir Sergipe, desde os políticos, até aquele distante morador lá do Pelado, nas securas desprezadas de Canindé, onde certamente ele não terá assistência das mais simples, quando mais uma especializada em câncer.

Esse quadro repete-se pelo interior baiano, alagoano, pernambucano, enfim, por todo o nordeste, e agora surge a ideia do presidente Lula de regionalizar aquele hospital em Lagarto. O interesse nele, não é, a partir de agora, somente de Sergipe, mas une todos os demais nordestinos. Portanto, não podemos falhar, nem ficarmos perdidos em inúteis controvérsias. O Ministério Publico já faz uma benfazeja intermediação; antes, o procurador Deijaniro Jonas já se antecipava informalmente; a classe politica movimenta-se, já tendo o protagonismo inicial e forte do senador Alessandro Vieira, e as coisas começar a clarear.

 Houve,  nesta semana, a ida a Lagarto de uma comitiva da Secretaria da Saúde chefiada pelo próprio Secretário, o Dr. Valter. Foi  uma ótima iniciativa. De início, sabe-se que o diálogo com Jose   Carvalho de Menezes, o diretor do Hospital, não teria sido , o que se poderia chamar de amável. Mas, os ânimos se foram amainando , e logo estabeleceu-se um diálogo resolutivo. Tudo indica que da parte da Saúde estadual não haverá mais obstáculos.

Na próxima semana,  Lula receberá para uma conversa o governador Mitidieri e o criador do Hospital do Câncer de Barretos, Henrique Prata.

Dali, sairá consolidada a ideia  do Hospital do Câncer Regional de Lagarto.

Que já está pronto, e poderá funcionar plenamente em poucos meses.

Uma conquista dos sergipanos.

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