Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
O “COMENDADOR” EDVAN OU A HIGIENE DO CARÁTER
28/03/2024
O “COMENDADOR” EDVAN OU A HIGIENE DO CARÁTER

NESTE BLOG:

 

1) O “COMENDADOR” EDVAN OU A HIGIENE DO CARÁTER

2) LULA : MACRON SÍ MADURO NO

3) DO PEIXE APODRECIDO À POLITICA FEDORENTA

 

 

O “COMENDADOR” EDVAN OU A HIGIENE DO CARÁTER

O homem de négocios e suas medalhas.

 

Permitam-me os que me conferem a honra de ler o que escrevinho, para, fugindo aos  hábitos de velho  e calejado jornalista,  recorrer à primeira pessoa. Entendo,  o oficio de comunicador impõe a necessidade de escapar do eu, ou do ego, na tentativa de abranger o coletivo, aquilo que se convencionou chamar interesse público,  definição que engloba a sociedade com todas as suas circunstancias ou contingências.

No “ formigueiro” social movimentam -se  os indivíduos, e   suas ações pessoais ou coletivas geram  fatos e consequências. Enfim ,  são eles os atores principais da cena, sejam  “ formigas” benfazejas ou “  saúvas “ malfeitoras.

Quem faz a crônica habitual dessa cena,  principalmente no espaço da política,  as vezes é objeto de reações, algumas normais  e civilizadas, como o recurso à Justiça, quando um dos atores se sente pessoalmente ofendido. Mas,  há também aqueles que extrapolam os limites da civilidade,  da indispensável compostura ,  e recorrem aos xingamentos, às baixarias.  Assim,  apenas  demonstram :  pobreza de espírito não se cura, mesmo ganhando a mega sena .

O que fazer no caso ? Aceitar a provocação e descer ao mesmo nível do bate- boca  de botequim ?

 Edvan Amorim,  ao fazer o texto que ele deve ter imaginado  uma sumidade ofensiva, teve  a preocupação de   exibir a sua foto, levando ao  peito uma medalha ou comenda. Seria  então um comendador.

Há  diversos tipos de comendadores.

O Vaticano em raríssimas ocasiões distinguia pessoas com o título de Comendador da Santa Sé.

Em Sergipe, um dos poucos a  merecer a justa distinção foi o médico Augusto Cezar Leite.  Ele foi um ícone da Medicina e da Filantropia em Sergipe;  criador do Hospital de Cirurgia,  obra que teve sequencia com a participação de humanistas como Lauro Porto, Jose Machado de Souza, Osvaldo Leite, João Andrade, Nestor Piva, e outras veneradas figuras humanas.

Albano Franco perguntou ao médico Augusto Leite:  “Meu avô por que o senhor nunca colocou ao peito essa Medalha de Comendador?” E ouviu a resposta: “Ela não é concedida para alimentar vaidades, eu a guardo com muto carinho e honra.  Isso me basta.”

Mas, há comendas que podem ser compradas ali na esquina......  e alimentam a inconsistência ridícula da superficialidade fútil.

 

Escrevi, no blog da semana passada um comentário  que intitulei: A candidata Emília Correia e suas ligações perigosas.

Considerei a defensora pública Emília Correia uma pessoa  moralmente inatacável, mas,  filiando-se ao PL, deixara de ser a titular de uma candidatura, subordinando-se ao novo dono do partido, o homem de negócios  Edvan Amorim, que lhe garantira fartos recursos do Fundo Eleitoral.  De dois em dois anos   ele vem a Sergipe “ fazer política “.  Na ocasião, Edvan já ocupava as emissoras de rádio. Anunciava  Emília,  a sua candidata, e antecipava futurista:   vencendo a eleição na capital,  vou  revelar para 2026  um candidato a governador, cujo nome já tenho no bolso.    Vamos, depois de Aracaju, ampliar a  mudança, a modernização da política por todo o território  sergipano”.

 O sempre lembrado Marcelo Déda, depois de uma frustração por ter cometido o mesmo erro no qual incorreria agora a candidata Emília, disse: “ Admito que servi  de desinfetante para limpar os Amorins”.  Déda, um político ético, sempre elegante e comedido, não deveria ter usado o plural. O médico Eduardo Amorim, eleito Senador da República  numa aliança onde estava o PT, não mereceria aquele inexistente  “desinfetante” que  higienizaria o caráter.

Enxergando, aqui, a foto medalhada de Edvan, ou Comendador Edvan,    me vem à lembrança um episódio até histriônico patrocinado pela inteligência tão fulgurante quando demolidora de Carlos Lacerda.

Governador do então estado da Guanabara, onde fez uma revolução administrativa,  Lacerda reunia-se com amigos num fim de semana ,  e entre copos de um bom uísque, conversava amenidades para reduzir a permanente tensão em que vivia.

Um dos presentes , em tom de  galhofa, perguntou se ele  já sabia que o seu ex -liderado e agora feroz  inimigo  deputado Amaral Neto, que o jornal Ultima Hora   grafava como “Amoral Nato,”   andava de peito estufado,  porque  iria  tornar-se Comendador, um  Cavaleiro da Ordem da Cruz de Malta.

Lacerda  o interrompeu :” O Amaral deveria tornar-se Comendador da  Ordem dos Cavaleiros  Rapaces. A Condecoração se tornaria mais adequada.

Houve um silencio, as pessoas ficaram sem entender , enquanto o vice – governador Rafael de Almeida Magalhães, soltava  gargalhadas;   os demais permaneciam num insosso silencio.

Lacerda  quebrou o clima indefinido. Determinou a um ajudante de ordens: Vá lá na Biblioteca, pegue um volume do Dicionário   da Língua Portuguesa do sergipano Laudelino Freire,   procure o adjetivo  rapace,  e volte para explicar aos que não entenderam, o que significa a palavra . E leia em voz alta.

 

O militar saiu, demorou pouco,  logo voltou com o   dicionário aberto na página exata. Empertigou-se  solenemente, em posição de sentido, e leu em voz alta: Rapace – rapinante, roubador, ávido por vantagens financeiras,  por lucros indevidos, ave de rapina,  saqueador.

A gargalhada  tornou-se geral.

 

Esse episódio, transcorrido no começo da década dos anos sessenta,  no sossego de ilha de Grogoió,  na baia da Guanabara, aqui rememoro, sem nenhuma outra intenção, a não ser demonstrar a importância de conhecer o português, e não desprezar a inteligência.

Abaixo, reproduzo o alinhavo grosseiro de Edvan Amorim.

Um striptease  da própria alma ?

 

"Acabaram de me mandar uma Matéria do seu fedorento blog, você falando de mim, se tome ao respeito depois de sua velhice mal resolvida… todos os supostos escândalos que vc sempre propagou sobre minha pessoa apenas me ajudou a ficar mais rico… no mais vc sim sempre se apropriou do erário através de seus esquemas aí na prefeitura de CANIDÉ, em cargos do governo sem nunca ter trabalhado. Portanto se coloque no seu lugar seja ele de que tamanho for, quando for falar de mim ou de minha família, para mim, vc não passa de um aproveitador em fim de carreira, além do que, vou te dar um conselho em respeito a sua idade avançada, seja um idoso limpinho e cheiroso, pois velhinho sujo e fedorento ninguém quer saber não, um dia desses ouvir de um amigo seu que não aguentava mais o fedor pois vc tem ficado dias e dias sem tomar banho e é só um conselho, no mais se achar ruim você vá se lascar e também que achar ruim, não lhe devo nada e portanto quando for falar de mim não só lave sua boca como também tome o meu conselho… vá tomar banho."

 

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LULA : MACRON SÍ, MADURO NO

Lula e Maduro, amizade não, realismo. 

 

A história avança , o mundo muda, até radicalmente se transforma. Muito já se escreveu sobre “ o fim da  História,” muito mais ainda sobre o seu retorno, ou resiliência.

Nos tempos da Inteligência Artificial a  ansiedade das massas  funciona como um crematório de ideologias.

Mas o cheiro de naftalina permanece na cabeça daqueles que ainda endeusam ditadores, desde que eles tenham posições anti- imperialistas, ou seja, continuem gritando as enferrujadas palavras de  ordem, entre elas, Cuba sí Yankees no”. Já lá se vão quase sessenta a cinco anos, o repugnante regime de Havana não consegue segurar dentro da ilha os próprios cubanos,  e tantos desafiando a repressão,  em improvisados barcos, atravessam os 160 quilômetros do estreito da Florida, e chegam aos Estados Unidos.

 Sem precisar do trauma de revoluções sangrentas, nem recorrer a ditaduras de salvação nacional, um país como a Costa Rica ,   por ser um pouco maior do que Sergipe ,  (e não necessitar de uma visão geopolítica, como é o nosso caso brasileiro) dispensou gastos com forças armadas, manteve uma  democracia sólida e se transforma em exemplo para o resto da latinoamérica. Apresenta os melhores índices de desenvolvimento social, ao lado dos cuidados ambientais transformando seus biomas em atração para cientistas, e recebendo uma onda de turistas trazendo dólares.

E lá ninguém vai às portas de quarteis pedir golpes militares. Por lá também nunca  deram ouvidos as falas sobre a Ditadura do Proletariado. Mas, como toda a liberdade do mundo, um médico costarriquenho, editou, na miúda cidade de Alajuela, entre os anos cinquenta e sessenta um jornalzinho mensal intitulado El Sol. Era um periódico anarquista, defendendo aquelas teses  grotescamente libertárias, que, alguns anos antes, fizeram seus adeptos enfrentarem, aos milhares, os pelotões de fuzilamento pelo mundo afora.

Disse, um dia , num arrebatamento retórico o grande cidadão Ulisses Guimarães: “ Tenho nojo e ódio das ditaduras “.

Estava errado. O nojo sim, mas o ódio não pode caber nos corações.

O nojo às ditaduras, deve, contudo,  ser hóspede permanente da  alma de todos os que cultuam de verdade a democracia.

Por isso, Lula, um filho da democracia deve tê-lo hospedado na sua alma.

Não cabe mais nenhuma condescendência com Maduro, um marginal que tornou-se autocrata de um regime pútrido de violência e corrupção generalizada.

Também não será preciso romper relações, fazer gestos de hostilidade. Apenas, agir no campo diplomático e causar no intolerante sujeito algumas cócegas. Por exemplo: impedir-lhe de imaginar que vai apoderar-se do Essequibo, a região da Guiana onde, por capricho de Deus ou da natureza, como queiram, se concentram numa restrita área 14 bilhões de barris de petróleo, uma infinidade de gás além de minerais raros e estratégicos.

Lula poderia fazer um acordo de cooperação com a Guiana, conseguir a concessão  em águas profundas para a PETROBRAS, e estabelecer laços entre as Forças Armadas brasileiras e o raquítico exercito guianês, coisa de três mil homens mal armados e mal treinados, que poderiam receber armamento novo, e treinamento supervisionado por militares brasileiros. Alguns, convidados para se formarem em nossas Academias das três forças,  e das Policias Federais, ou estaduais.

Assim, com esses intercâmbios,  surgiriam  amizade e convergências entre os dois países.

Com Maduro não se deixaria de conversar, lembrando sempre do que ele nos deve; acelerando o retorno do fornecimento de energia elétrica a Roraima, que, suspensa pela Venezuela no meio do bate -boca com Bolsonaro, até agora não foi restabelecida.

O Brasil deve ter como essência da sua politica externa a ideia de ganhar dinheiro, obter tecnologia, atrair investimentos, por isso, a nossa diplomacia e mais ainda Lula, devem  usar um protetor invisível  no nariz, para conversar animadamente com autocratas, tais como os endinheirados árabes e o poderoso Putin. E por que não também com Maduro? Na medida em          que ele se  torne razoável, tudo bem, ao contrário,  começaríamos a receber, sorridentes, alguns dos seus opositores, ou a eles oferecer asilo na nossa Embaixada em Caracas.

 Maduro,  que sem duvidas vai ganhar a sua eleição monitorada, moderaria seu ímpeto agressivo e engoliria o prato azedo que Lula iria cuidadosamente lhe servir goela abaixo. Tudo com muita elegância, sem precisar grito nem ameaças. Até porque o Brasil é um país com tradições pacifistas. Mas, como diziam os romanos precavidos e que por isso conquistaram um império mundial: Se vis pacem para bellum.

 

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DO PEIXE APODRECIDO À POLITICA FEDORENTA

Existe no interior sergipano o hábito de  entregar uma mísera cesta de Páscoa aos necessitados. Isso corre por conta das Prefeituras. É uma espécie de esmola eleitoreira, ungida por algum hipócrita sentimento de fé.

Em Canindé há mais de trinta anos se faz esse tipo de  “ assistência social “. Mas, neste ano, pela primeira vez em toda a existência do azarado e rico município,  ao povo ofereceram peixe podre. Uma parte do carregamento que asseguram ter sido de 11 toneladas, foi desleixadamente transportado em uma camionete. A maior parte num caminhão frigorifico. Claro, a carga da camionete exposta ao sol e calor de mais de 35 graus chegou podre, o mau cheiro assustava. Pediram desculpas, mas ninguém lembrou de abrir um inquérito para apurar a irresponsabilidade, a desídia, a incúria, o crime. Sabe-se que produtos perecíveis somente podem ser transportados em   carros frigoríficos

Mas isso não é o mais grave. A carga que asseguram ter sido de 11 toneladas, fazia parte de um combo, onde deveriam estar dois quilos de um péssimo arroz e um molhinho de coentro.

Há, além do desrespeito e da humilhação à qual submeteram o povo, a suspeita de um escancarado superfaturamento. Usaram  570 mil reais.

Façam as contas: se cada combo de qualidade horrível, fosse mesmo entregue na quantidade contratada, seriam onze mil cestas. Em nenhum lugar do Brasil isso custaria mais de  40 reais a unidade. Há quem afirme que  toda a carga não chegaria  às 11 toneladas anunciadas.

O município encontra-se sob uma intervenção branca eleitoreira. Permanece com as contas bloqueadas .   

Neste mês de Páscoa os servidores não receberam seus salários, mas, continuam  admitindo contratados e pagando indenizações a protegidos.

Se no infelicitado e rico município, houvesse um mínimo de responsabilidade, um mínimo de respeito ao povo, um mínimo de capacidade administrativa, alguma espécie de planejamento e racionalidade , esses 570 mil reais teriam sido usados para peixamento das barragens, para a construção de tanques redes, de criatórios de camarões com a água farta e levemente salinizada encontrada em vários locais do município onde há o aquífero Tucano, e há o São Francisco. Poderiam, produzir  e vender  pescado , formar cooperativas de produtores e garantir a cesta da Semana Santa. O peixe superfaturado  nos chega do vizinho Paulo Afonso , ou vem mais distante,  dos projetos de psicultura no baixo São Francisco. Em Canindé nada se produz e tudo se  devasta.

Uma informação aos Ministérios Públicos, ( há verbas federais  ) ao GAECO: Canindé do São Francisco é um município sergipano às margens do São  Francisco, faz  divisas com o sergipano Poço Redondo,   com os baianos Santa Brígida, Paulo Afonso ,e na outra margem do rio com o alagoano Piranhas. La se chega pela Rota do Sertão,  via Itabaiana. Ou por Nossa Senhora das Dores via BR-101.  E tem  receita mensal de 20 milhões.

Não é difícil chegar lá. Difícil é imaginar que até agora ninguém chegou.

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