Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
QUANDO UM BOATO ASSUSTA,  E SE NÃO FOR BOATO,  PIOR AINDA
18/11/2023
QUANDO UM BOATO ASSUSTA,  E SE NÃO FOR BOATO,  PIOR AINDA

LEIA NESTE BLOG:

 

- QUANDO UM BOATO ASSUSTA,  E SE NÃO FOR BOATO,  PIOR AINDA

 

- O “ ESCÂNDALO “ DO PONTO  FACULTATIVO E O PREFEITO PRODUTOR DE  “ LARANJAS “

 

-FÁBIO ESCOLHE O NOVO DESEMBARGADOR BENEFICIADO PELA FORÇA DA UNANIMIDADE

 

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QUANDO UM BOATO ASSUSTA, E SE NÃO FOR BOATO, PIOR AINDA

Caso a emenda parlamentar de Alessandro Viera seja alterada, complica-se a Adultora do Leite e fica rompida a relação de confiança entre o senador e o governador Mitidieri

 

 

 A notícia já corre. Se for verídica, será uma tragédia, se for boato merece  imediatamente  ser refutado.

Não pode haver dúvidas em se tratando de um tema importantíssimo, e que diz respeito a um dos setores mais pujantes da nossa economia.

Mas as dúvidas surgiram, e persistem.

 

Afinal, de que se trata,   qual o motivo de tanta ansiedade?  Isso, enquanto paira a certeza de que  o suposto boato caso confirmado, e   transformando-se em noticia verdadeira, venha a causar o derretimento da  credibilidade   de um parlamentar, até agora alcançando excelentes índices de aprovação entre os sergipanos.

Se  a notícia  espalhada de boca em boca, for verdadeira, naquela região sertaneja onde a economia do leite envolve dezenas de milhares de pessoas e cria riquezas,   o senador Alessandro Vieira, tentando  a  sua reeleição, ali, ou mesmo por todas as regiões do estado, viria a sofrer o fenômeno inverso ocorrido na eleição de 2018, quando,    entre os eleitores, criou-se uma empatia decorrente  da firmeza como ele exercia a  profissão de delegado .  Naquele ano, militares e policiais, conseguiram surpreendentes resultados nas urnas, porque seriam os agentes  da “nova política”, que se confundia com o fenômeno  Bolsonaro, o decepcionante mito, enlameado em tantas peripécias, e total ausência de compostura.

A “ nova política “ revelou-se apenas uma mistificação rasteira,  uma baixaria impensável numa República.  Alessandro, de forma republicana e coerente dela distanciou-se, passando a exercitar uma crítica altiva e consistente; assim, teria irritado o bolsonarismo. Mas, firmou-se como um senador competente, tendo  boa atuação nos principais debates que foram travados , atento, sempre, aos interesses maiores de Sergipe.

Foi motivo de elogios gerais a iniciativa que  ele teve articulando uma emenda de  bancada,  destinando recursos da ordem de 40 milhões de reais para a construção da  denominada Adutora do Leite.

Fez isso sem interesses imediatistas, sem aquela  preocupação vulgar   de atender redutos eleitorais. Aliás, o senador Alessandro não tem  e não controla nenhum desses redutos.

Ele é o resultado de uma onda espontânea, que tomou conta do eleitorado   desejoso de um novo paradigma para a nossa política tão deteriorada. Seria um bom sintoma, desde que não levado pela sedução das palavras fáceis, das ideias mirabolantes dos demagogos  que alcançam sucesso na urnas, mas, em seguida, desmoralizam a si mesmos, pela inconsistência do discurso e desempenho pífio, ou até criminoso, no exercício dos cargos conquistados.

Alessandro não foi um desses, pelo contrário, demonstrou firmeza, caráter e compromisso firme com a democracia, e a integridade das nossas instituições republicanas.

Por isso, até se credenciaria a repetir o fenômeno que o levou a ser vencedor numa improvável disputa.

O senador teria redirecionado a emenda de bancada da ordem de 40 milhões, dando-lhe um destino diverso daquele inicialmente anunciado.

A Adutora do Leite é um projeto  que nos levaria a  valorizar o fato de termos um rio: o São Francisco, nos limitando com Alagoas pelo norte, e atravessando o nosso semiárido. Evidente e lógico que, em vez de ficarmos esperando pelo Canal de Xingó, uma obra complexa, custosa,  que,  se iniciada hoje,  não demorará menos de dez anos até ser concluída, isso, na melhor das hipóteses.

A Adutora do Leite destina-se a levar água sem tratamento para dessedentar rebanhos, e irrigar algumas áreas .

Custará em torno de 70 milhões , em dois anos poderá ser concluída.  Terá aproximadamente trinta quilômetros, desde o rio até o povoado de Santa Rosa do Ermírio, onde se formou uma das maiores bacias leiteiras do nordeste. A produção de leite em Santa Rosa do Ermírio poderá ser ampliada, duplicada mesmo, assim que houver o suprimento de água garantido. Uma vaca leiteira que produza 30 litros de leite diários, consume, no mínimo, 60 litros de água por dia. E a água que chega, quando as precárias barragens secam,  é toda transportada em caminhões – pipa.

A indústria de transformação, representada por  grandes laticínios aos quais será acrescentado o  SABE, que estava paralisado, e foi  adquirido por um grupo capixaba,   além de centenas de pequenas unidades, ou   queijarias , têm juntos, uma  capacidade instalada para processar mais de dois milhões de litros de leite diariamente. É preciso, então, que haja mais vacas, e com água para beber.

A Adutora do Leite, foi anunciada pelo governador Mitidieri, que incluiu no seu programa a ideia, lançada há mais de seis anos, e que aqui, insistentemente, temos abordado.

Caso venha  a ser o boato transformado em   notícia verdadeira, haverá uma traição, não apenas ao governador, mas,  ao povo sergipano,   aos milhares de pessoas que produzem, transportam, comercializam  e industrializam o leite.

Difícil imaginar  o senador Alessandro Vieira, protagonizando um ato tão deprimente. Quase com certeza, tudo não passará de um boato inconsistente.

Mas,  quarta- feira, dia 15, a assessoria do Senador solicitada a dar um esclarecimento, preferiu o silencio.

Diante desse emudecimento,  haveria motivos para quem tem barba, botá-la “ de molho “,   sem conseguir livrar-se da “ pulga atrás da orelha”.

 

 

 

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O “ ESCÂNDALO” DO PONTO FACULTATIVO E O PREFEITO PRODUTOR DE  “ LARANJAS “

"LARANJAS", "LARANJAS", "LARANJAS", a única produção do ausente prefeito de Canindé.

 

A prefeita Aline , de Poço Redondo , ampliou o feriado de 15 de novembro, e decretou um ponto facultativo na quinta e na sexta- feira. Os dias úteis da semana reduziram-se a menos da metade.

E nas redes sociais formou-se um quase escândalo. De irresponsável para cima, a prefeita foi alvo de todo tipo de imprecações.

Todavia, sem causar espanto,  em diversos outros  municípios  os prefeitos  adotaram a mesma providência. Aracaju, não deu o ponto facultativo completo, mas, na rede pública municipal não houve aula. O objetivo principal seria evitar  a exposição dos estudantes, principalmente  crianças, ao sol e ao calor previstos   naqueles dias subsequentes ao feriado.

Em Aracaju, faz tempo, sempre que o prefeito ou o governador decretavam ponto facultativo estendendo a folga,  as entidades representativas do comércio, soltavam notas alegando prejuízos . Mesmo não cerrando as portas dos seus estabelecimentos, os empresários se declaravam prejudicados pela redução do numero de clientes, porque os servidores públicos, aproveitavam a folga para espairecer em outras  localidades, e não faziam compras, se eles mantivessem seus estabelecimentos abertos.

O argumento parece inconsistente.  Sem a obrigação de trabalhar, os servidores teriam mais tempo para  as compras,  mas, segundo pesquisa da Fecomércio, eles sempre escolhem os shoppings, aliás sempre abertos.

  Essa questão de ponto facultativo é hoje restrita aos servidores públicos.  As atividades econômicas permanecem com as portas abertas, só em raríssimas ocasiões,  cancela -se  o trabalho.

No caso das escolas parando várias vezes ao longo do ano letivo, podem existir sérias perdas, caso não haja a habitual compensação feita pelos professores.

Assim, um ponto facultativo a mais, ou a menos, não faz muita diferença, nem seria motivo suficiente para tanto espanto.

Curioso é que sem causar a mesma repercussão na mídia, em  Canindé do São Francisco, colado a Poço Redondo, houve um “ ponto facultativo” de fato escandaloso. Foi aquele que o prefeito sem precisar baixar decreto concedeu a ele mesmo,  desde o início da sua  administração caótica , e totalmente irresponsável. Tornou-se uma figura ausente, inteiramente alheio às obrigações impostas pelo seu cargo, e    gerando um clima de total desleixo, que, espichando-se ao longo de quase três anos, por fim fez surgir o caos absoluto .

Incapaz de assumir o comando administrativo do município, o prefeito atemorizado pela ameaça de  prisão iminente,  encolheu-se , sumiu, enquanto os “interventores “  que o ameaçaram , mandam e também desmandam. Conquistaram  por via indireta, ou explicita chantagem, o poder que as urnas lhes havia negado.

Mas, não se imagine que o prefeito deixou de agir todo esse tempo. Ele agiu, movimentou-se, não diríamos com algum fiapo de responsabilidade pública, mas,  de forma impetuosa, e sem maiores precauções fez surgir um extenso “ laranjal “. Não se imagine que ele venha a ser um experimentado citricultor. Mas, de “ laranjas”,  com certeza ele entende.

O filósofo e pensador francês Maurice Duverger escreveu um livro nos anos oitenta a que deu o nome  Os Laranjais do Lago Balaton. O lago,  situado na Hungria, nas imediações de Budapest, é um espelho d`água sem maiores atrativos, encoberto a maior parte do tempo por um nevoeiro cinzento, que cria um sentimento de tédio. O escritor inspirou-se em um poema do espanhol Aragon, sobre laranjais que  perderam o viço,  e foi buscar o lago  feioso para fazer uma metáfora com a decepcionante trajetória do socialismo real, que se tornara uma engrenagem  lenta, enfadonha e opressiva.

 Entre os Laranjais de que trata o filósofo Maurice Duverger, e aqueles “ laranjais “ de Canindé, dos quais aqui tratamos, pode  não ser  encontrada qualquer similitude, mas, sobre eles existe o traço comum de um desastre: o fracasso  da sociedade, que assistiu, sem reações,  o desmonte  moral acontecendo, e agravando-se a cada dia.

Os atuais e embuçados “ interventores “ na Prefeitura de Canindé, não estão, nem um mínimo que seja, interessados em “ laranjais”.  Preocupados apenas em montar  um  recheado  esquema eleitoral para o próximo ano, podem até estabelecer com eles uma aliança “ estratégica” .     Sabem todos que existem as “plantações,”  e  os locais onde elas  estão, mas, até desejam boa  colheita nos “laranjais”  que se espalham, por exemplo: numa fazenda em Santa Luzia do Paruá, ( Maranhão ), outra fazenda em Santa Brígida ( Bahia), mais uma  na Pedra D`àgua (Canindé). Os “ laranjais” se acomodam, também, nas áreas molhadas e acolhedoras  daquela terra avermelhada,   o bruno – não – cálcico, areias férteis, raras e dadivosas do Perímetro Irrigado Califórnia, que João Alves gostava de exibir nas suas mãos, com o orgulho de quem fez a “descoberta” do semiárido.  Hoje, ao lado dos   agricultores, honrados trabalhadores que regam a terra com o suor do seu trabalho, estão os  “laranjas” do prefeito.    Fazem uma simulação,   pelas evidencias saltando aos olhos.  Esses “ laranjas”, bem conhecidos aliás, dão aparência legal à compra de  três excelentes lotes, um deles, exibindo caprichada sede e área de lazer, tudo, com um característico  “sabor cítrico.”

 “Laranjais” podem  prosperar sobre a superfície áspera de construções sólidas    , acomodando-se muito bem em  três apartamentos nas zonas nobres de Aracaju.  “ Laranjais” também existem  e se adaptam, no meio de bois e boiadas.

E por falar em tantos “laranjais,” dizem, abalizados peritos contábeis, que existe uma relação inversa, ou de causa e efeito, entre a multiplicação deles, e o encolhimento da disponibilidade nos cofres .

    

Sobraria o desafio  para um passeio pelos “laranjais”, a ser feito por  “detetives” experientes, como aqueles personagens de Conan Doyle, a dupla infalível :

 Sherlock Holmes e seu fiel companheiro, o cerebral Dr. Watson.

O problema é que o calor intenso das caatingas sertanejas pode até lhes torrar os cérebros.

Enquanto isso, o caos vai avançando, e os “ laranjais” não perdem o viço. E os vícios.....

 

FÁBIO ESCOLHE O NOVO DESEMBARGADOR BENEFICIADO PELA FORÇA DA UNANIMIDADE

Sobre o novo desembargador Ételio a responsabilidade de substituir o magistrado e cidadão Edson Ulisses.

 

Pela primeira vez, nos anais da justiça sergipana, um candidato ao mais alto posto da magistratura estadual apareceu na lista tríplice a ser apresentada ao governador com a força  de um placar indicando  unanimidade. Todos os desembargadores votaram em Etélio de Carvalho Prado Junior. Da lista sêxtupla elaborada pela Procuradoria de Justiça e levada ao Tribunal constavam nomes de destacados Procuradores, entre eles, o de Jorge Murilo Seixas, culto , resolutivo, e ético. Da lista, os desembargadores  filtraram três.  Etélio obteve a unanimidade dos votos, fato único em Sergipe, e considerado improvável de tornar a ocorrer. Da lista constavam ainda os procuradores  Flaviano Almeida Santos e Alexandre Albagli Oliveira.

Para o governador Mitidieri a escolha tornou-se  fácil. Nem poderia ser diferente.  Ele conhece muito  bem a trajetória exemplar de Etélio,  que, desde o primeiro cargo técnico exercido  no Poder Judiciário,  depois  Promotor de Justiça, revelou uma forma especial  de tratar  dos problemas, fossem eles simples ou complexos, e a todos oferecer soluções sábias e equidosas.

 A vaga deixada pelo agora desembargador aposentado Edson Ulisses, tem um forte marco de sensibilidade social e culto à cidadania,  características às quais o seu sucessor faz consciente reverencia.

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