Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
Some o Presidente, surge o escroque
20/05/2017
Some o Presidente, surge o escroque

Não era um Presidente da República Federativa do Brasil aquele indivíduo que recebeu, no Palácio onde mora em Brasília, um outro indivíduo, a desoras, e de forma  clandestina, para  terem uma conversa que não poderia ser revelada, e, exatamente por isso, foi mantida fora da agenda oficial, além do alcance das vistas até de quem cuida da segurança pessoal da autoridade à qual , faz tempo, costumava-se, com respeito e reverência, denominar  “Primeiro Magistrado, ou Mandatário da Nação”. Do que se tratou na conversa, conduzida com aqueles trejeitos verbais que caracterizam o linguajar das facções criminosas?

Trataram, os senhores Michel Temer, Presidente da República, e Joesley Batista, controlador do segundo maior conglomerado de indústrias da carne em todo o mundo, de assuntos desse quilate: Suborno de altas autoridades, obstrução de justiça, formação de quadrilha, sonegação, fraude, caixa dois, tráfico de influência, falsidade ideológica, peculato, prevaricação, entre outros crimes que ali estão bem capitulados numa rápida avaliação daquela conversa indecente, desenrolada diante da complacência do Presidente, e também, com a sua absoluta, vergonhosa, criminosa conivência.

Houvesse, nesse escroque que hoje desgraçadamente ocupa o elevado cargo que desonrou, algum resquício de espírito público, de dignidade pessoal, ou simples vergonha na cara, ele já teria renunciado, antes mesmo de ser conhecida a gravação que retrata, talvez, o mais grave instante de putrefação moral dessa nossa República  transformada, faz pelo menos dez anos, em valhacouto de assaltantes.

É UMA COISA INÉDITA UM JULGAMENTO “IN PECTORE”

Quando o Papa indica aquelas especialíssimas figuras da Igreja que irão usar os paramentos cardinalícios, ele o faz seguindo lista que previamente lhe é entregue, após avaliações feitas pelo restrito colégio de cardeais, na condição de Sacro Colégio ou de Consistório, todavia, um dos nomes destaca-se como ungido pela escolha “in pectore”, ou seja, do peito, do coração do próprio pontífice.

Contrariando aquilo que entre nós ainda é uma ideia cada vez mais tênue, de que a Justiça deve ser cega, surda e muda, como sugere aquela alegoria  dos macaquinhos tapando os olhos, os ouvidos,  a boca, vamos ter, no  Tribunal  Superior Eleitoral, um julgamento “in pectore”. Será feito por magistrados cujos votos já são antecipadamente divulgados, exatamente por serem “amigos do peito” do presidente Temer, ou a ele devem favores.

Esse julgamento da chapa Dilma-Temer no próximo dia 7 de junho parece ser um jogo de cartas marcadas, uma ação entre amigos, a não ser que os vergonhosos acontecimentos dessa semana, alterem os rumos já traçados, ou até lá Temer já seja ex-presidente.

TEMER E SUAS ALTAS HORAS

O que quer mesmo um presidente que recebe a horas tardas e em sigilo, um megaempresário recheado de suspeitas? Pior ainda, que demonstra com ele ter muita intimidade, e permite o fluir de uma conversa que poderia ter tido lugar em qualquer antro do submundo do crime. Impensável seria se ocorresse em um palácio, uma das sedes da República. O ainda presidente Temer não é nenhum incauto, muito menos, ingênuo ou inocente, para deixar-se envolver num diálogo tão repugnante.

O magnata Joesley Batista, é, sem duvidas, um escroque que deu certo, deu certo, porque tudo o que fez para crescer foi resultado daquela repugnante convivência entre os escroques da iniciativa privada, e os outros escroques da vida pública, que se misturam. Os escroques autoridades abrem os caminhos para os empresários escroques, e depois, com eles, repartem o butim. O presidente Temer, um jurista, um professor de direito constitucional, desprezou a liturgia, a dignidade, a responsabilidade, que são requisitos inseparáveis do cargo que ocupa, para trocar figurinhas com um escroque, ao qual se igualou.

E igualou-se, porque é, como ficou demonstrado, um velho comparsa das mesmas praticas delituosas que há tanto tempo, mais devastadoramente ainda, nos últimos anos, transformaram palácios, símbolos da República, monumentos da Nação, em bordeis, onde se prostituem os figurões da pátria, junto com os seus comparsas, no mesmo banquete de insaciáveis rapinantes.

Triste sina a de um país onde escroques conseguem ser magnatas, ou até presidentes.

O “HONORÁVEL” TEMER E OS SEUS “RESPEITÁVEIS” AMIGOS

Ao dizer que não renuncia, que não vai deixar que “joguem no lixo” o trabalho já feito pela recuperação da economia, Temer, amigo de Joesley, amigo de Gedeis, de Jucás, de Padilhas, de tantos outros, notoriamente conhecidos, ou famosos, esqueceu-se, talvez, que o lixo em que poderá ser lançado o seu “trabalho”, será o resultado do outro lixo, aquele, que ele mesmo criou ao seu redor, quando escolheu a dedo os seus “respeitáveis amigos”.

Entre eles, o deputado Rocha Loures, agora afastado pelo STF. Loures. Quando assumiu a assessoria especial que ficava no terceiro andar do Planalto, bem juntinho do presidente, dele recebeu uma afetuosa homenagem. Disse o presidente, que ficava muito feliz, por ter ao seu lado “essa belíssima figura humana”. Loures merecia, sem dúvidas, o caloroso elogio. Afinal, como provou a Polícia Federal, ele carregava malas recheadas de dinheiro para levá-las a Temer.

“Uma belíssima figura humana”.

O VELHO CHICO CADA VEZ MAIS ENCOLHIDO

O filete d´água em que se vai transformando o São Francisco ficará ainda mais escasso a partir da próxima semana. É inacreditável, mas a CHESF reduzirá mais uma vez a vazão. Será agora de apenas 600 m³/s. É muito pouco para um rio que já despejou no mar mais de dois mil metros cúbicos por segundo.

Aqui, entre Sergipe e Alagoas, essa medida que obedece à lógica fria dos números, para que fique garantida a reserva indispensável à geração de energia, os seus efeitos serão drasticamente sentidos. Os dois estados se tornarão as maiores vítimas da forma descuidada, ou criminosa, como secularmente tem sido tratado o rio. No trecho baixo de Canindé-Piranhas até a foz, não se tem uma avaliação precisa do ponto até aonde avançará a agua salgada do mar, principalmente nas grandes marés, que a descarga diminuta do rio talvez não seja suficiente para conter, mesmo nos últimos quilômetros, antes da barragem da hidrelétrica de Xingó.

Assim, um ou outro siris que já aparecem até em Poço Redondo, darão lugar a uma enormidade deles, atraídos pelo novo, e para eles certamente agradável ambiente de água tão salgadinha  como a do mar.
Essa água, que poderá ficar assim tão salinizada, é aquela que precisamos para beber em Sergipe, principalmente, em Aracaju, que depende dela, e em Alagoas, as  suas  importantes cidades às margens do rio, além de áreas de irrigação nos dois estados, que serão inviabilizadas.
A perspectiva de chuvas em Minas e Bahia que possam aumentar o volume gigantesco da barragem de Sobradinho, no decorrer dos próximos cinco meses, são mínimas. Assim, tudo indica que a vazão de 600 metros cúbicos deverá continuar, ou até ser reduzida.

Estamos diante da possibilidade de um desastre de proporções ainda não exatamente quantificado, mas que, se ocorrer, com certeza, será devastador. Enquanto isso, muito se continua falando sobre a morte anunciada do São Francisco, muitas medidas foram objeto de farta propaganda, e raras saíram do papel. Não há, apesar da gravidade da situação, uma política de governo para conter a degradação do Velho Chico.

BOMBA BOMBA: TEMER, VICE, JÁ BATIA CARTEIRA

Um delator, executivo da JBS, disse com precisos detalhes, que o então vice- presidente da República e presidente nacional do PMDB tungou o seu próprio partido. Ao saber que Joesley Batista mandava 15 milhões para a campanha do PMDB, exigiu, quase aos gritos, que um milhão fosse direto para ele. O dinheiro foi entregue, e Temer o embolsou.

O delator disse que de todos os dirigentes partidários aos quais ele mandou levar dinheiro, só dois, Temer, e o agora Ministro Gilberto Kassab, exigiram receber diretamente o seu quinhão. A parte que entenderam que lhes cabia, na bufunfa sem recibo.

O nosso ainda presidente é, como se constata, um velho, viciado e contumaz batedor de carteiras. De recheadíssimas carteiras.

UM CIDADÃO A SER LEMBRADO

Morreu o engenheiro Augusto do Prado Leite. Ele era, efetivamente, uma figura humana especial. Calmo, ponderado, digno, a sua participação virtuosa na vida pública e empresarial de Sergipe, nesses tempos, onde as deformações de caráter proliferam, deve ser ressaltada como exemplo encorajador para os que não se conformam com a tibieza diante da devastação moral que estamos vivendo.

Augusto do Prado Leite lega à sua esposa, filhos e netos, a mais valiosa das heranças: o exemplo da sua vida.

Augusto do Prado Leite, filho do senador Júlio Leite e de dona Marieta do Prado Leite, era irmão do falecido ex-deputado Fernando Leite, do engenheiro e empresário Jorge Leite, do advogado e assessor do senado federal aposentado, Rubens Leite, e tio do engenheiro, empresário e político Ivan Leite, entre outros.

UM CENÁRIO COM  TEMER FICANDO

Se conseguir deter a maré montante da indignação pública que exerce pressão sobre o Congresso, e assim dar alguma aparência de estabilidade ao seu governo, Temer poderá espichar a sua permanência no Planalto. Não se livrará das investigações autorizadas pelo Supremo, mas isso leva tempo. O difícil será construir uma governabilidade capaz de produzir resultados efetivos. O clima de insegurança dificilmente se reverterá, e não será ainda este ano que a economia em ascensão reduzirá o desemprego.

Mesmo antes do cataclismo da semana passada, isso já era difícil, agora, se torna quase impossível.  A permanência de Temer se tornaria uma agonia sem fim, a não ser que o milagre da recuperação econômica comece cedo a concretizar-se, mas este, praticamente, já é um ano perdido. Enquanto isso, o tumulto ganhará as ruas, e não haverá as reformas, através das quais Temer esperava assegurar o apoio, pelo menos do mercado, porque, do povo mesmo, isso já não é mais possível. Indignados com Temer já estão mais de setenta por cento dos brasileiros.

UM CENÁRIO COM TEMER SAINDO

A renúncia de Temer construiria o menos ruim dos cenários, desde, porém, que não venham a  alterar a Constituição e convocar eleições diretas. Como esse tipo de votação não terá transito fácil nas duas Casas, mesmo que a PEC seja aprovada, as eleições não seriam realizadas antes de setembro, isso, se a renúncia ocorrer este mês.

Enquanto isso a economia entraria em processo de dissolução, com a insegurança prevalecendo, o desemprego aumentando. Assumindo o presidente da Câmara Rodrigo Maia, e sendo mantido o mesmo comando da economia, e marcando-se a eleição indireta, haveria um clima menos instável, o que ficaria a depender, também, dos nomes que surgirem como candidatos indiretos. Esse poderia ser um cenário com menores riscos.

O HONRADO TANCREDO E O SEUS NETINHOS VIGARISTAS

Em São João Del Rey, cidade do presidente Tancredo Neves, cidade que tanto do seu ilustre filho se orgulha, a estátua do homem marcado pela tragédia de adoecer um dia antes da posse na presidência, a venerada estátua amanheceu com um cartaz, onde Tancredo lamentava o que fizeram os seus netos, Aécio e Andreia.

O senador Aécio que surge agora como um consumado vigarista que por pouco não se tornou presidente da República, nunca foi um modelo de virtudes, mas, não se imaginava que ele chegasse a agir de forma tão desbragadamente amolecada, como faz qualquer um gangster quadrilheiro, de índole  repugnante.

A “MINA DE OURO” E O FILÉ DA FRIBOI

Para fazer “doações” políticas que chegariam a quinhentos milhões de dólares, o grupo do delator Joesley Batista deveria ter muito mais do que as suas centenas de frigoríficos, algo assim, como uma portentosa e inesgotável mina de ouro, estaria à sua disposição. Essa mina chamava-se BNDES, que, utilizado naquela  farta e seletiva distribuição de créditos facilitados para as chamadas Empresas Campeãs, fez nascer um fenômeno, mais conhecido como a Friboi, um das múltiplas empresas do grupo JBS.

Circularam muitas versões de que  um dos donos da empresa seria um filho do ex-presidente Lula.  É algo não comprovado, mas, fica meridianamente claro que a “mina de ouro” abasteceu, generosamente, um grande número de políticos. Entre eles, revela-se agora, estariam também Lula e Dilma, beneficiados com o que “sobraria” de contas agigantadas das suas campanhas eleitorais que atingiram só com o dinheiro aportado por Joesley,   um total de 150 milhões de dólares.

Os políticos, como revelam os executivos agora delatores, caiam como moscas sobre a “mina de ouro”. Tornavam-se eficazes defensores dos interesses quase nunca lícitos do conglomerado, e levavam as suas fatias. Temer, revela um delator, sempre negociou diretamente com ele, as suas fatias gordas. Labuzaram-se com o mel, ministros, senadores, deputados, governadores. Eduardo Cunha para a sua campanha à presidência da Câmara, recebeu 30 milhões, e  comprou o voto dos seus íntegros colegas.

Recorde-se, que  antes da votação, Eduardo Cunha percorreu o Brasil, ao que se dizia na época, carregando uma atrativa “mala preta”. Na jornada, foi acompanhado todo o tempo, pelo deputado sergipano André Moura, agora prestigiado líder do governo Temer. A lista dos parlamentares cooptados por Cunha deve ser extensa, e a quase todos, ele, agora na cadeia, considera traidores.

O total de políticos que “comeram o filé da Friboi” chega a dois mil.

A degradação da atividade política no Brasil é bem mais extensa do que se imaginava, ao começarem as investigações do Ministério Público e da Policia Federal. Poucos detentores de mandatos escaparão ilesos. Em consequência dessas quedas previstas, ou que já aconteceram, é extremamente difícil imaginar-se, agora, quais candidatos teriam melhores chances.

NOMES COGITADOS PARA O LUGAR VAGO DE TEMER

Enquanto prosseguem os tensos, nervosos episódios, da novela que vai deixando malandros degolados a cada capítulo, ainda há, em Brasília, quem pense em algo que não seja a própria salvação. Ninguém acredita mais na capacidade de resistência do enfraquecido e desmoralizado governo Temer, só o circulo mais íntimo tenta ainda contornar as evidências. Assim, vão surgindo os nomes para uma sucessão que estaria próxima.

Aparecem os possíveis candidatos saídos de diversas áreas, desde o mundo político e empresarial, ao próprio Judiciário. A Ministra presidente do STF, Carmem Lúcia, é um desses nomes possíveis, há quem pense em Gilmar Mendes, mas o Ministro não agrega muitas simpatias, ao contrário do Ministro da Fazenda Henrique Meireles, que soma preferências amplas entre os empresários, particularmente os banqueiros.
Aparecendo sempre como voz sensata nesses momentos de turbulências, o ex-presidente Fernando Henrique é estimulado por muitos a surgir, aos 82 anos, como candidato providencial para o país.

Em meio a todos esses nomes, um, que começa a ganhar consistência pelo transito maior entre as tendências em que se divide o país, aparece o ex-ministro do STF, e ex-ministro  da defesa Nelson Jobim. Há quem esteja a propor, ou visualizar, uma difícil frente de centro esquerda, tendo como candidato o ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. O problema é que, um dia o irmão dele Cid Gomes, disse, na Câmara, que ali estavam pelo menos, 300 picaretas, e Cid ratificou a afirmação, aliás verdadeira, mas esses  “picaretas” formariam a maior parte dos eleitores.

HOMENAGEM AOS PROFESSORES

O livro Educadores de Sergipe à Luz da República é um alentado volume. Nele, está o resultado de um longo e minucioso trabalho de pesquisa. Escrito pelos educadores Jouberto Uchoa de Mendonça e Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, o livro é uma homenagem aos professores sergipanos, através das biografias elaboradas de todos aqueles que, mais se destacaram, nos sessenta anos transcorridos entre 1911 e 1971. Esse foi o tempo dos Grupos Escolares, que marcaram, em Sergipe, um processo de evolução no sistema público de ensino.

Editado pela UNIT, o livro representa, também, uma forma de assinalar os oitenta anos do Reitor Jouberto Uchoa, criador visionário da UNIT, hoje, uma das maiores universidades do país.


JACKSON E A MEDALHA NO PEITO

Jackson Barreto não é um homem muito chegado a homenagens e a participar de solenidades, onde o formalismo quase sempre lhe causa um certo desconforto. Cidadão simples, afeito ao convívio com o povo, JB, procura estabelecer no governo um clima de simplicidade, sem dar muita importância ao cerimonial, e às “liturgias” do cargo.

Apesar disso, lamentou muito não ter podido estar presente à entrega da Comenda da Ordem do Rio Branco, que ocorreu no dia 21 de abril. Não esteve presente porque houve uma falha na comunicação do evento, e ele que nem sabia da homenagem, veio a tomar conhecimento depois, e recebeu então em Brasília, a Comenda das mãos do Ministro do Exterior Aloísio Ferreira. A Grã Cruz é a mais importante condecoração do Governo Federal.

ALBANO VÊ A TERMOELÉTRICA COMO UMA GRANDE CONQUISTA

O ex-governador Albano franco foi ver o andamento das obras da usina termoelétrica na Barra dos Coqueiros. Ele entende que o investimento da ordem de cinco bilhões de reais terá um impacto muito positivo na economia sergipana.

Para ele, a usina representa uma das maiores conquistas dos sergipanos, resultante de uma ação bem articulada, que deve ser atribuída ao governo do estado.

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