Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
FUTURO DO LEITE E A ECONOMIA SERGIPANA ( E um veterinário sertanejo)
05/12/2024
 FUTURO DO LEITE E A ECONOMIA SERGIPANA ( E um veterinário sertanejo)

NESTE BLOG

1) FUTURO DO LEITE E A ECONOMIA SERGIPANA ( E um veterinário sertanejo)

2) UM MEMORIAL FEITO COM AMOR E SAUDADE

3) O HOSPITAL DO CANCER DE LAGARTO JÁ REGIONALIZADO

 

 

FUTURO DO LEITE E A ECONOMIA SERGIPANA ( E um veterinário sertanejo)

Machadinho, prefeito eleito de Canindé, lança a ideia que poderá garantir a expansão do rebanho leteiro sergipano.

 

 O negócio do leite é, hoje, um dos mais dinâmicos setores da economia  sergipana.

O semiárido transformou-se na área onde a atividade agroindustrial ganhou mais fôlego.

Há trinta anos não tínhamos um só laticínio de grande porte, nosso rebanho   estava distante de competir com a qualidade genética dos nossos vizinhos aqui mais próximos, como Alagoas, por exemplo, onde a bacia leiteira de Batalha já estava consolidada e em expansão.

 O que tínhamos eram miúdos laticínios, fabriquetas,   associadas a uma  atividade que pode ser perniciosa, se não seguir um rígido protocolo sanitário: a criação de porcos, engordados com o soro, subproduto  da fabricação um tanto, ou quase,  primitiva, dos derivados, apenas,  manteiga e  queijo, ambos, sem um necessário selo de qualidade.

Tudo mudou. Não só a partir da fiscalização que se tornou mais rígida, mas, sobretudo, pela iniciativa de empreendedores que fizeram surgir o Grupo Natville, o Betânia, depois, o moderníssimo e mal sucedido SABE, que, vendido, passou a operar com eficiência e competitividade.

Mas, ao lado desses maiores, concentrados principalmente em Nossa Senhora da Glória, que é a cereja do bolo no florescente negócio, surgiram  dezenas ou centenas de pequenos e médios laticínios,  alguns deles já se tornando grandes como o Nutrilac , que rapidamente conquista mercados.

 Concentraram-se, todos, numa improvável região,  a menos chuvosa de Sergipe, o nosso semiárido, onde, todavia, o clima seco anula completamente um leque de doenças e pragas que costumam afetar os rebanhos nas regiões úmidas.

Então, o rebanho de vacas leiteiras expandiu-se vigorosamente, ganhou extraordinária qualidade genética; daí, termos na área mais seca do ressequido Poço Redondo, a bacia leiteira de Santa Rosa do Ermírio ,  aproximando-se dos 300 mil litros diários, a depender de uma “ adutora do leite “, que saiu do papel, e, conforme o ritmo que lhe  der o governador Fábio Mitidieri, poderá, no próximo ano, levar do São Francisco  água farta para uma vaca que chega a produzir mais de quarenta litros diários, uma média que  seria rapidamente ultrapassada, garantindo-se ao prodigioso animal uns 60 litros de água , a sua cota mínima diária.

A expansão do agronegócio sergipano do leite, se processa desde os currais tecnificados aos laticínios  idem, e assim, se estabelece o binômio perfeito da  agricultura e indústria, integrados,  alcançando recordes de produtividade e agregando valor. Na extensa região leiteira, o desemprego quase desapareceu , e surge uma classe média rural.

O proativo superintendente do BNB em Sergipe, Antônio Cezar, acompanha há algum tempo esse processo virtuoso de transformação e progresso,  e vê   com entusiasmo as melhores perspectivas para o modelo bem sucedido que adotamos.

Quando se espera, finalmente agora, a adesão da Comunidade Europeia a um acordo de comércio com o Mercosul , já que tratamos de um setor de excelência em economia,  instalado e se expandindo em Sergipe, vale lembrar da fala saudosista, ou derrotista, de um produtor de leite francês. Com medo da competitividade, principalmente brasileira, ele disse que a França produzia um leite de melhor qualidade, porque continuava, orgulhosamente, com as suas vaquinhas charolesas, que não se alimentavam com  suplementos, nem antibióticos, e, diferente das outras do Mercosul, não eram “máquinas de fabricar leite.”

Exatamente por isso, talvez, os produtores da França não tenham feito os cruzamentos industriais que por aqui fizemos, utilizando os modernos conhecimentos da genética, e chegando a formar rebanhos  de excepcional produtividade, como aqueles de Zé do Poço, em Santa Rosa do Ermírio, e Paulo de Deus em Canindé,  formados por vacas girolandas, com  os cruzamentos, adaptadas muito bem ao nosso clima, e superando as holandesas em produtividade.

Mas, alguém já teria feito o cálculo de quanto de silagem consomem os nossos rebanhos? Seriam um milhão, dois milhões de toneladas anuais? Ou muito mais do que isso ?

A produção de milho é um outro setor , que, em pouco tempo, transformou o atrasado  campo sergipano,  em áreas de alta produtividade. Todavia, dos grandes milharais,  o que se transforma em silagem para o gado, é, muito menos, do que o total de quase um milhão de toneladas do milho que vendemos para empresas avícolas de estados vizinhos.

Wolney Britto, ou o “ veterinário sertanejo “, como ele prefere ser chamado, é um expert no assunto leite. Não é um  teórico, trata-se de um técnico, pragmático, sobretudo atento,  que observa o universo sertanejo onde vive, o Porto da Folha, por excelência pecuário, leiteiro, às margens do Velho Chico, e enfrentando estiagens periódicas.

Wollney  foi Secretário da Agricultura no governo de Albano.  Ele  presta assessoria para a formação de rebanhos e instalação de laticínios. Hoje, diante da dimensão do parque leiteiro- industrial, tem uma grave  preocupação que até lhe tira o sono algumas noites.

  Wollney faz a oportuna e grave indagação :” Como assegurar alimentação a preços acessíveis para permitir a expansão continuada do nosso rebanho leiteiro no semiárido, e o que faremos, no caso de uma mais longa estiagem, para evitar um colapso ? “

A pergunta se torna mais crucial, quando vivemos um processo visível e sensível de mudança climática, e uma já comprovada redução da pluviosidade. Na Bahia, os municípios de Chorrochó e Muqureré, no meio do Raso da Catarina, já assistem um processo de desertificação, e  se tornam tecnicamente, regiões áridas, com precipitações abaixo dos 400 mm , anuais.

No nosso semiárido, a chuva vem diminuindo . No agreste, ocorre com menor intensidade a mesma coisa. Dois agrônomos e pecuaristas, com intensa participação nas políticas governamentais para o semiárido, Jose Dias, criador em Dores, e Sérgio Menezes ali selecionador de gado Guzerá,  relatam as dificuldades em manter a qualidade dos pastos. Zé Dias por sua vez,  anota,  metodicamente , o nível das precipitações mensais ao longo de mais de trinta anos. E tem argumentos fortes para demonstrar a crise hídrica, sobre a qual tanto se tem debruçado  a nossa maior  autoridade no assunto, o Secretário de Recursos Hídricos, professor Ailton Rocha.

O ultimo grande projeto de irrigação de João Alves,  e por ele apressadamente iniciado, quando já terminava o seu terceiro mandato, chamava-se Quixabeira.  Parecia ser demasiadamente ambicioso, numa conjugação de investimentos externos e locais.

Quixabeira é um faixa de terra muito fértil às margens do São Francisco, em Canindé do São Francisco. Tem a particularidade, favorável, de ser uma área plana, e quase ao nível do rio.

O prefeito eleito de Canindé, Machadinho, um empresário que tem visão otimista e prática, acredita que o Projeto Quixabeira, readaptado, poderia ser a primeira área destinada a produzir silagem para o rebanho leiteiro do semiárido.

De acordo com experiencias bem sucedidas realizadas pela EMBRAPA,  em Sergipe, na época em que foi superintendente o agrônomo doutorado na Inglaterra Manoel Moacyr, demonstrou-se que era factível produzir soja em várias regiões sergipanas. Alagoas saiu na frente, já está plantando há uns quatro anos.

No Quixabeira, poderiam ser colhidas duas ou três vezes ao ano safras de milho, sorgo, soja, capim e palma ( esta, com a característica de exigir um mínimo de irrigação ).

Seria um mix, talvez ideal, para suprir grande parte das exigências nutricionais de um rebanho leiteiro.

Não se trata de um projeto de fácil execução, será preciso muita articulação, muito apoio, e vontade política.

 Nele, devem estar interessados tanto os empresários da indústria do leite, como os pecuaristas que o produzem.  Quando um esboço preliminar do projeto for levado  ao governador Mitidieri,   ao Governo Federal, e    à bancada sergipana, o prefeito Machadinho   acredita poder surgir uma corrente decisiva de apoio para a ideia, sem dúvidas fundamental, para dar segurança maior ao nosso promissor negócio do leite.

 

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UM MEMORIAL FEITO COM AMOR E SAUDADE

Carlos Pinna e as homenagens que lhe são devidas.

 

Sergipe ,  é um tanto descuidado quando  se trata de exaltar, e perenizar a memória dos vultos da nossa História. Isso, já se torna uma deplorável dívida,   sendo ampliada na medida em que grandes sergipanos que  mais recentemente  se vão transferindo para um outro plano,    deixam de merecer o que seria indispensável: o reconhecimento público pelo que fizeram em vida.

A lista dos olvidados é longa, e seria fastidioso a todos enumerar com os riscos de alguns não lembrados.

Nos concentremos numa extraordinária figura de cidadão e homem publico recentemente falecido, o Conselheiro Carlos Pinna .

Onde, uma praça, uma rua, avenida, um prédio publico com o seu nome?

A família, sem ressentimentos, e tendo a certeza de que o reconhecimento chegará, fez, com muito carinho e amor, da esposa, dos filhos, dos irmãos e amigos, um singelo Memorial instalado na secular residência da família na Avenida barão de Maruim, onde viveu, e com sua esposa teve seus filhos o desembargador Antônio Xavier de Assis Junior.

Ali está uma mostra em documentos, livros, condecorações, do significado de uma vida, que é exemplo  e inspiração.

Um filho de Carlos Pinna o advogado e agora Procurador Geral do Estado, Carlos Pinna Junior, uma revelação em conhecimento jurídico e habilidade para tratar de questões tantas vezes complexas, vai lançar, em breve, um livro sobre aspectos do Direito, da profissão, e cenas da vida. Será uma homenagem à memoria do pai,  também do avô,  Xavier de Assis, jurisconsulto  e magistrado renomado, e  com referências ao bisavô paterno,  Antônio Xavier de Assis, que, segundo o historiador e guardador da nossa memória Epifanio Doria, foi um dos homens mais influentes do seu tempo de vida em Sergipe. Nascido em  Pão de Açucar- Alagoas ,  ele foi político, empreendedor, Intendente de Aracaju, escritor,  enfim, um cidadão a manejar com inteligência e entusiasmo os “ instrumentos” que dão significado à vida.

Apesar de tudo, de negligencias eventuais e falhas   quase imperdoáveis, a nossa memoria sergipana vem sendo preservada, e até na forma primorosa como é feita pelo criador da UNIT o professor Jouberto Uchoa, sempre recorrendo à criatividade de um arquiteto que é também poeta, Ézio Deda. Assim, entre outros, surgiu o Memorial de Sergipe instalado em uma abandonada edificação na Orla, e gerido com dedicação pela professora Sayonara Viana.

 

 

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O HOSPITAL DO CANCER DE LAGARTO JÁ REGIONALIZADO

 

 

 

 

 O que foi combinado entre o presidente Lula e o criador do sistema dos Hospitais do Amor, Henrique Prata, já está acontecendo. O mais novo Hospital da rede, o instalado em Lagarto, já recebe pacientes de Sergipe, Alagoas Bahia e Pernambuco.

Nesse sentido, e para ampliar a assistência,  está sendo firmado um convenio com o Governo de Alagoas. O Secretario de Saúde do governador Paulo Dantas, Dr. Gustavo Pontes, já esteve no Ministério da Saúde, acertando detalhes sobre  o acordo para a parceria com o Hospital lagartense. O mesmo poderá acontecer nos próximos dias com os governos da Bahia, Pernambuco e Sergipe.

A prefeita eleita de Aracaju,  Emília Correia, já estaria detalhando os termos de uma parceria com o Hospital de Lagarto, para tratamento de pacientes aracajuanos.

 O dirigente do Hospital José Carvalho, Juquinha, apresenta cifras impressionantes da expansão rápida,  da capacidade do Hospital para atender a crescente demanda.

Forma-se, assim, a rede de assistência oncológica entre os quatro estados nordestinos. E Lagarto , em Sergipe, se torna o centro das atividades.

 

 

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