Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A “CARTA PSICOGRAFADA”, UM EMBUSTE DE FALSÁRIOS
23/06/2018
A “CARTA PSICOGRAFADA”, UM EMBUSTE DE FALSÁRIOS


A “CARTA PSICOGRAFADA”, UM EMBUSTE DE FALSÁRIOS

        Medíocre, a política sergipana quase sempre tem sido. De raro em raro, surgem alguns líderes que fazem a diferença. Temos sido assim, um estado um tanto à margem do centro do poder. Faz tempo que não temos um ministro de estado. Se bem que, hoje, ter ministros não seria bom. Pelo contrário, os que aí estão envergonham os seus estados de origem e, mais ainda, envergonham o país.

           Mas a mediocridade não nos impediu de agir quase sempre com civilidade e, em alguns casos, com muita elegância. Quando se fala em comportamento elegante, é inevitável surgir a lembrança saudosa de Marcelo Déda. Déda tornou-se um instante de clarificação dos nossos costumes políticos. Albano, que foi adversário de Déda, aliás, em se tratando de Albano, é até equivocado caracterizá-lo como um político que teve, ou tem, adversários. Pois bem, Albano não cansa de repetir que Déda foi um exemplo extraordinário de político civilizado. O desembargador aposentado Pascoal Nabuco, sempre afirma que Deda foi um exemplo de cavalheirismo.

           A mesma impressão tinha dele o general Djenal Queiroz, que, sendo seu adversário na Assembleia Legislativa, chegou a ter por Déda um carinho quase paternal, por admirar a preocupação que tinha aquele jovem impetuoso em colocar a prática da política acima das mesquinharias, que sempre andam à sua volta. Esse carinho do sisudo homem público, e militar rigoroso, foi traduzido após a sua morte, com um gesto da sua viúva repleto de significado. A senhora Agda presenteou Marcelo Déda com a caneta que o marido sempre usara, para que, com ela, assinasse o termo de posse, na sua primeira eleição ao governo do Estado. Quem esteve naquela solenidade lembra da forma respeitosa, elegante, até elogiosa, como ele se referiu ao governador João Alves Filho, que, civilizadamente, lhe transmitia o cargo e à homenagem que fez à sua esposa, a senadora Maria do  Carmo Alves.

               Se Déda, em vida, foi assim, aqueles que têm plena convicção na existência de uma dimensão superior, onde a condição humana se cobriria com um halo de transcendência, sabem que a essência do que foi Déda em vida estará a encontrar-se plenamente no espaço de virtudes, como Dante Alighieri na sua Divina Comédia, caracterizou o paraíso.  Pusilanimidade, mesquinharia, rancor, ruindade, desfaçatez seriam sentimentos demasiadamente humanos, que se desfariam todos, junto com a inércia ou a decomposição da carne, simples matéria.

               Mas por aqui entre nós, viventes, apesar do pulsar sempre inspirador da vida, que nos faz parte do universo, do firmamento, da flor, do mar, de quem amamos e trocamos fluidos vivificantes, há, contudo, quem insista em fazer da convivência humana um inferno de insensatez.

           Retornando ao início, quando nos referimos à mediocridade da nossa política, dá para acrescentar que essa condição que nos subjuga não chega a ser demérito ou vergonha, por ser apenas uma circunstância passível de transformação. Mas, quando a eventual mediocridade cede lugar à canalhice, no seu mais impuro estado, aí, efetivamente preocupa, assusta, constrange e também gera indignação.

               É impossível, de uma forma que não seja usando a palavra canalhice, classificar aquela mistificação sórdida que fizeram de uma suposta mensagem atribuída ao respeitado e íntegro médium e líder espírita, Divaldo Franco, transmitida pelo “espirito de Marcelo Deda”, na qual adverte para que as pessoas se afastem de Jackson Barreto.

          Divaldo Franco desmentiu, afirmando que nunca produzira tal mensagem e que a comunidade espírita não se envolve em embates de natureza político-partidária.

             O jornalista Diógenes Brayner, que põe ética na notícia e credibilidade na opinião, informou que o jornalista e advogado Nubem Bonfim confirmou ter sido ele quem postara o embuste nos grupos da Internet, esclarecendo que recebera o texto de uma pessoa residente em Feira de Santana, que, por sua vez, o recebera do médium Divaldo Franco. Tudo uma deslavada e repugnante invencionice, mentira.

             Comprovada a falsidade, o senhor Nubem, responsável pela divulgação, deveria vir a público desfazer a patranha e pedir perdão pelo crime cometido. Como ele se diz “consultor político do deputado federal André Moura”, caberia ao deputado, em defesa do decoro parlamentar e da ética inseparável e inerente ao cargo que ocupa, adotar as providências cabíveis na Justiça e, antes, tornar público que o assessor foi exonerado.

DIVALDO FRANCO, MÉDIUM MUITO RESPEITADO NO MEIO ESPÍRITA, INDIGNADO COM A FRAUDE

Foto: Fraterluz

 

QUAL A MOTIVAÇÃO DA FRAUDE CRIMINOSA DE NUBEM BONFIM?

             Nubem Bonfim não é ingênuo, muito menos idiota. O que o teria motivado a cometer o grave crime de inventar uma falsidade que, evidentemente, tem objetivos eleitoreiros? É isso o que terá de ser devidamente esclarecido. Não importa, no caso, se o alvo da fraude foi Jackson Barreto. Poderia ser um outro qualquer, a gravidade do crime não depende da projeção social da vítima.

              Divaldo Franco não psicografou a mensagem irresponsavelmente atribuída ao espírito de Marcelo Déda. Mas a sua imagem pública, resultante de um meritório trabalho de natureza espiritual que desenvolve há 70 anos, poderá ter sido atingida, mesmo com a farsa logo identificada.

              Para gerar o impacto pretendido, aquele, ou aqueles, que idealizaram a fraude, evidentemente com objetivos eleitoreiros, escolheram como vítima exatamente um pré-candidato ao Senado Federal, Jackson Barreto. Nessa escolha do alvo, as suspeitas abrem-se em leque, porque são vários os que estão envolvidos na mesma disputa. Todavia, voltando aqui a por em evidência aquela frase de Albano Franco, tão reincidentemente lembrada: “Sergipe é pequeno e aqui todos nos conhecemos”. A partir dessa fácil análise do caráter conhecido de todos eles, as suspeitas, em leque, então se afunilam.

              Foi agredido um líder espírita, agrediu-se, também, toda uma comunidade kardecista, agrediu-se a memória de um ilustre morto, tentou-se criar um clima adverso para um pré-candidato, por meios flagrantemente ilícitos. Surgirão, na Justiça, diversas ações contra o senhor Nubem Bonfim, uma delas movida pela viúva Eliane Aquino, também em nome dos filhos menores, e subscrita por toda a família do ex-governador. O crime tem outras características dolosas, que percorrem tanto o Código Penal, como a legislação eleitoral, e com diversos agravantes. Jackson Barreto também deverá recorrer à Justiça.

            Tanto a OAB/SE, como o Sindicato dos Jornalistas serão acionados pelos seus associados a agirem, respectivamente contra o advogado fraudador e o jornalista, que afronta e destrói a dignidade da profissão.

                  Nubem não terá muito sossego daqui em diante.

NUBEM BOMFIM, ASSESSOR DE ANDRÉ, O AUTOR DA FRAUDE

Foto: Silvio Rocha-PMA

 

ZEZINHO GUIMARÃES E A DOSIMETRIA DA PENA

              O deputado Zezinho Guimarães anda revoltado. Segundo ele, é estranho o critério adotado no julgamento em Brasília, onde ele foi incluído na relação dos que irão ser punidos, enquanto outros, com acusações muito mais graves foram excluídos. Ele estaria se referindo, sem citar o nome, ao deputado Paulinho da Varzinha, aqui em Sergipe até condenado à prisão. Zezinho se diz injustiçado, porque o problema dele se resumiria a uma prestação de contas equivocada de um valor de vinte mil reais, no total de uma verba de um milhão e meio.

DEPUTADO ESTADUAL ZEZINHO GUIMARÃES

Foto: ALESE

 

DE ADOLF HITLER A DONALD TRUMP

              Tanto o alemão Adolf Hitler, como o americano Donald Trump, antes de chegarem ao poder, anteciparam tudo o que andava pelas suas incertas cabeças e que pretendiam transformar em realidade, assim que se tornassem chefes do governo nos seus países. Contaram, tim tim por tim tim, até nos detalhes mais sórdidos, as barbaridades que pretendiam consumar. A absoluta franqueza que utilizaram para expor as suas metas insanas não foi motivo de rejeição aos seus propósitos. Muito ao contrário, aliás, e para desgraça do mundo.

               As circunstâncias históricas em que o discurso de ódio e insensatez de Hitler prosperou, e ganhou adeptos, guardam, de certa forma, alguma semelhança com o cenário no qual Trump se moveu até chegar ao improvável sucesso.

               Hitler, na prisão de Landsberg, condenado por liderar o fracassado “putsch” de Munique, tentativa desastrada de tomar o poder pela força, condensou, no livro Mein Kampf, Minha Luta, todos os seus objetivos. Deixou bem claro o que iria fazer com os judeus, só não detalhou como faria o extermínio, o holocausto.

            Indicou, até, por onde começaria a guerra, com a retomada de todos os territórios perdidos após o Tratado de Versalhes e a busca do espaço vital (lebensraum), com a conquista, pela força, das terras férteis do leste, onde a Rússia se incluía. O propósito de fazer da Alemanha a senhora do mundo, uma potência militar invencível, era a sua meta central e cunhou a expressão: “Deutchland über alles” (Alemanha acima de tudo). Ao mundo isso custou o sacrifício de uma guerra devastadora (1939-1945), com um número de mortos que oscila entre 40 e 60 milhões.

                  Donald Trump vocifera: “American First” e, nessa visão supremacista, incluiu, até, o sequestro, pelo Estado, dos filhos de imigrantes presos.

                  Em épocas e circunstancias diferentes, Trump, por outros meios, aproxima-se da barbárie hitlerista.

                  O mundo, a grande democracia americana, a civilização não mereciam isso.

12 MIL CRIANÇAS SEGREGADAS, O AUSCHWITZ DE TRUMP

Foto: Reuters

UMA AGENDA PARA SALVAR A FAFEN E EVITAR O CAOS

              Prefeitos e vereadores representantes de cinco municípios no entorno da Fábrica de Fertilizantes da Petrobrás, a FAFEN, falaram num auditório onde havia mais de duzentos, igualmente preocupados com a sorte dos seus municípios, caso aconteça mesmo a “hibernação” da fábrica, anunciada pelo inimigo público da Nação, o “grande gestor” Pedro Parente. Todos coincidiam na mesma previsão sombria de que o fechamento da fábrica resultará em desemprego e fome, e será mais um desastre que o malsinado Temer permitirá que aconteça, tanto em Sergipe, como na Bahia.

          A reunião aconteceu no Palácio de Despachos, convocada pelo governador Belivaldo Chagas. Ele desejava ouvir a comunidade e, também, anunciar providências, que estão sendo tomadas no campo político e administrativo. Presentes prefeitos e vereadores dos municípios que serão os mais afetados: Laranjeiras, Maruim, Rosário do Catete, Divina Pastora, Riachuelo e Santo Amaro das Brotas. O Secretário do Desenvolvimento José Augusto fez uma exposição técnica dos problemas que levaram à decadência da FAFEN, tendo, como fator mais grave, o preço exorbitante do gás, fornecido, em condições monopolistas, pela própria Petrobrás. Jackson Barreto fez um histórico das providências adotadas durante o seu governo e apontou o presidente Temer como o implacável algoz de Sergipe, e também dos interesses nacionais.

               Ficou claro que não haverá outra solução possível, a não ser a venda da FAFEN e, para isso, segundo anunciou o governador Belivaldo, os contatos estão em andamento. Ele irá, com o governador da Bahia, ter um encontro com o novo presidente da Petrobrás, para solicitar que a empresa seja mantida em funcionamento até que possa ser negociada a venda, ressaltando, inclusive, que uma decisão tão radical e que gerará tantos prejuízos, agravando a situação social em Sergipe e Bahia, no momento em que o desemprego bate recorde e a economia se arrasta, seria um crime de lesa-pátria cometido por um governo já próximo do fim.

                Belivaldo anunciou a criação de uma força tarefa para tratar especificamente do caso FAFEN, destacou a necessidade de união dos sergipanos e ação forte da nossa bancada em Brasília.

                 O articulador da reunião com prefeitos e vereadores foi o ex-secretário da inclusão social, Zezinho Sobral.

FECHAR A FAFEN, OUTRO PRESENTE DE TEMER

 

UM PLANO B, COM ELIANE FICANDO FORA DA CHAPA

               Nas reuniões que tem mantido com Eliane Aquino, a viúva de Déda, Belivaldo vem reiterando o convite para que ela faça parte da chapa majoritária, figurando como vice. Ela tem repetido que estará no palanque ao seu lado, sendo ou não sendo vice e pedindo tempo para decidir. Alega a sua condição de mãe, tendo a responsabilidade maior de cuidar de um filho especial, a distância da família, toda ela em Brasília. Belivaldo teria dito que, sendo eleito e tendo ela como vice, daria status de Secretaria ao escritório brasiliense e Eliane seria nomeada para chefiá-lo, o que não a impediria de eventualmente assumir o governo, no caso de necessidade, tal como uma viagem do governador a outro país.

                    Diante da ausência de uma resposta conclusiva, Belivaldo já estaria imaginando um plano B e, nele, surgiria uma possibilidade para o deputado presidente da Assembleia, Luciano Bispo.

                   Pessoas mais próximas de Eliane asseguram que ela estaria propensa a disputar o mandato de deputado federal, mas só no caso de João Daniel tornar-se inelegível. Poderia pleitear também a disputa ao Senado, caso Rogério fique inelegível, mas, neste caso, encontraria inevitáveis barreiras.

LUCIANO BISPO PODE SER O ESCOLHIDO PARA COMPOR A CHAPA COMO VICE DE BELIVALDO

Foto: Arquivo ASN

 

A OPORTUNIDADE QUE HELENO TERIA PERDIDO

              Caso não se precipitasse, saindo de onde estava e indo aventurar-se numa disputa ao Senado, que se mostra, no momento, inviável e houvesse esperado a decisão final em Brasília sobre sua inelegibilidade, o ex-prefeito de Canindé, Heleno Silva, teria a possibilidade de figurar como vice na chapa de Belivaldo. A decisão que tomou, fragmentou o partido, retirou, também, do empresário e respeitado homem público Ivan Leite a oportunidade de ser vice, ou primeiro suplente de senador, mas abriu caminho menos difícil para a reeleição do ex-pastor mato-grossense, Jony Marcos, que terá mais facilidade ainda, caso fiquem mesmo inelegíveis o deputado estadual Gustinho Ribeiro, que tenta ser federal, e Adelson Barreto, candidato à reeleição.

HELENO, BELIVALDO, JONY E JACKSON

 

UM FORROZEIRO EM DESTAQUE

                Surge forte, no panorama da música sergipana e nordestina, o nome de um compositor que surpreende pela criatividade e pela dedicação às raízes da cultura sergipana e do nordeste. O nome é Sérgio Lucas, cuja afinidade com a música e seu trabalho para formar uma banda com a característica pura e também renovada do forró pé de serra somente é superada pela responsabilidade e zelo com que se dedica às suas funções primordiais de magistrado. Sérgio, aliás, é, agora, desembargador substituto, ocupando o lugar do desembargador Gouveia Leite, que entrou em férias e foi à Rússia, realimentar a paixão que tem pelo futebol.

               Semana passada, Sérgio Lucas fez um show para os amigos em Canindé, que lotaram o restaurante Spartacus. A banda é, de fato, surpreendente, com destaque maior para um sanfoneiro de primeiríssima linha. Sérgio foi o vocalista, mas dividiu a tarefa com vários outros, inclusive um estreante de Poço Redondo, que surpreendeu. O show foi mesmo um “abafo”, revelado pelos aplausos e pedidos de bis.

                 Os “buraqueiros”, isto é, os  portofolhenses, sempre lembrados e homenageados pelo conterrâneo, deveriam prestar mais atenção àquela música, Mocambo dos Pretos. É  boa mistura de nordestinidade e afro, exatamente num cenário de Porto da Folha, da cultura regional, do São Francisco. Música animada, um delírio de sons, quase um tropel, cambiando ritmo e a adrenalina do coro. Se, como dizíamos, os portofolhenses prestarem atenção ao Mocambo dos Pretos, logo a sua Câmara de Vereadores poderia propor transformar aquela música em hino oficial do município, a música dos buraqueiros, que tem pega de boi, caatinga, canoa de tolda, cavalgada, boi, comunidade, a essência do sentir de uma gente.

                  Mocambo dos Pretos, um Hino para Porto da Folha.

SÉRGIO LUCAS, NOME NOVO NA MÚSICA

 

A CBF E A REVOLTA DO TORCEDOR INDIGNADO

             Um brasileiro, torcedor indignado com a devassidão dos assaltantes que se revezam na CBF, após algumas vodcas num bar de São Petersburgo (haja inspiração para definir aquela cidade fantástica) talvez, sem encontrar-se com a fascinação às margens do imponente Neva e de tudo que o ladeia, e por algum tempo esquecer as aflições brasileiras, não se conteve diante de quem estava na mesa próxima, capitaneada pelo novo quadrilheiro que comanda a CBF e, contra ele, dirigiu algumas palavras, digamos assim, desairosas. Os acafajestados acompanhantes do coronel Nunes logo revidaram, covardes, agredindo com um copo de vidro o torcedor. Fugiram todos, como ratos amedrontados. É usual, entre meliantes, escapar antes que a policia chegue. E a polícia russa, do Tzar Putin, não costuma alisar. O torcedor no hospital cuida do seu ferimento.

           Todos se juntaram para criminalizar o “politicamente incorreto”, um tipo de coisa que, no estrangeiro, chega a ser comum, entre turistas ou grupos de emigrantes, envolvendo também os da terra, isso, principalmente, na faixa da juventude. É a brincadeira de ensinar ao “gringo” uma outra língua, escolhendo palavras pornográficas. Coisa deseducada, imprópria, todavia de menor efeito ofensivo, não fere, nem machuca, mas bandido brasileiro, pago com dinheiro dos nossos impostos, agredindo brasileiro no exterior, certamente deve receber a punição merecida. A começar pelo coronel Nunes, um ignorantão arrogante, que abre a boca sempre para desfilar sandices. E assim vai o nosso futebol que capenga ou cai. Sem ofensa ao Neymar Júnior.

MARGINAL BRASILEIRO AGRIDE TORCEDOR BRASILEIRO NA RÚSSIA

 

UM OCEANO DE PLÁSTICO ONDE SOMEM OS PEIXES

IMPRESSIONANTE ILHA DE LIXO FLUTUANTE NOS MARES DO CARIBE

              Em frente ao Parco dela Música, em Roma, há uma escultura que recebeu o nome: Plasticus. É toda elaborada com lixo plástico e configura um peixe enorme. Pesa 250 quilos, o que se calcula seja a quantidade de restos de materiais plásticos lançados, a cada segundo, nos oceanos deste nosso maltratado planeta.

               A escultura foi inaugurada durante um evento científico organizado pela revista National Geografic, tendo como tema central a salvação dos oceanos. Naquele congresso, surgiu a esperançosa notícia sobre a descoberta, por cientistas ingleses, de uma enzima, a PET ase, que tem a capacidade de digerir e desfazer a estrutura da maior parte dos plásticos mais acentuadamente poluentes. É a esperança que surge para reverter o acelerado processo de destruição da vida marinha. Mas, enquanto a abençoada enzima por aqui não aparece, é preciso agir, com pressa, com urgência, para tentar, pelo menos, reduzir o impacto do lixo plástico sobre o meio ambiente.

              Não é somente nos oceanos que existe a ameaça do plástico já formando ilhas gigantescas, como a maior de todas, que se expande no Pacífico, bem longe, ao largo do arquipélago do Havaí, paraíso dos surfistas.

            Pela terra, quem atravessar o Raso da Catarina, reserva ambiental, próxima ao sertão sergipano, entre Paulo Afonso e Jeremoabo, verá bodes e o mirrado gado pé duro, empazinados de tanto comerem sacos plásticos que se espalham, agarrados à galharia da caatinga. Em torno de Petrolina e Juazeiro há um cenário triste e imenso de plásticos espalhados por todo canto, o mesmo que se vê na maior parte dos nossos municípios.

           Na costa do Mar de Fora, em Noronha, três velejadores sergipanos, entre eles o oftalmologista e velejador internacional Ângelo Augusto Araújo e Jorge Cachaça, assim impropriamente chamado, porque nem bebe, mas, foi dono de alambique, saíram a catar lixo pela praia. Em pouco tempo formou-se um monte de porcarias, onde havia tênis de variadíssimas marcas, absorventes, sandálias havaianas, sacos plásticos, evidentemente.

               Depois, no fantástico Atol das Rocas, entre Fernando de Noronha e Natal, deixando fundeado ao largo o veleiro e lançando ancoras, cuidadosamente, sobre a areia do fundo, para não ferir os corais, como determinava Zelhinha, professora, doutora em biologia que, faz uns oito anos, vivia só naquela ilha, resolveu, o mesmo grupo, fazer o circuito da ilhota principal. É trecho curto, que se cumpre em menos de uma hora, mas recolheram no trajeto sacos plásticos, mostrando que, apesar da limpeza diariamente feita pela professora e alguns mestrandos ou doutorandos da UFRG, que lá fazem estágio, o lixo chega todo dia. Caminhando sobre a macega que recobre o areal, nas centenas de ninhos de jatobás, gaivotas, maçaricos, catraias, encontraram pedaços de plásticos, agregados aos gravetos.

               O mundo é mesmo uma enorme lixeira.

             As prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro agora proíbem o uso dos canudinhos de plástico. Não é nada, não é nada, se pode, todavia, fazer a alarmante constatação de que os Estados Unidos transformam em lixo, a cada dia, 500 milhões de canudinhos. Nas redes, viraliza a foto triste de uma tartaruga com um canudinho que se enfiou pelo seu nariz.

            Sem ir mais longe, cuidemos da “nossa aldeia”, como recomendou aquele que está no pedestal maior dos romancistas, Leon Tolstoi. Assim pensando, um grupo que rema, alguns, todos os dias, outros, uma ou duas vezes por semana, gente, na maioria jovem ou idosos intrometidos, e fazem base na garagem náutica do Parque dos Cajueiros, que, aliás, sobrevive pela dedicação de Geraldo Porto, o dirigente da nossa Federação do Remo, na indigência de recursos; pois bem, esse grupo, tomou a iniciativa de começar a limpeza do maltratado rio Poxim, o que cerca a nossa capital pelo sul, e poderia ser limpo, agradável, charmoso até, se tantos não cometessem o crime de nele lançar pestilências, entre elas esgotos.

              A segunda ação, aconteceu no sábado 16. O lixo recolhido boiando no rio ou nos mangues foi depositado no parque e logo recolhido pela presteza do pessoal da EMSURB, seguindo orientação do chefe, o advogado e ambientalista Luiz Roberto Santana. Logo depois, na segunda-feira 18, um grupo da Secretaria do Meio Ambiente Municipal agia em outro local, na frente da AEASE. Com a participação de estudantes se fazia outro mutirão.

            É preciso, é urgente que ações assim se multipliquem e que as Prefeituras, no entorno da bacia do rio Sergipe, criem patrulhas de limpeza utilizando canoas. Só assim se poderá chegar ao monturo que está criado nos mangues.

             Na ação de sábado dia 16, destaque para Gilson, pescador e funcionário do Marina’s bar, na margem direita do Poxim. Ele, prestimoso, veio com a sua canoa, juntou-se ao grupo da Equipe Amarela, quase toda formada por integrantes da Loja Maçônica Cotinguiba, e foi a vencedora. Mas Gilson recebeu o troféu principal. Sem a capacidade que ele tem para deslizar sobre o lamaçal e esquivar-se entre as raízes das gaiteiras, não se conseguiria o saldo positivo de tantos tubos de TV, portas de geladeiras, sofás, fogões e garrafas pets, uma infinidade delas, além dos inefáveis sacos plásticos. É um milagre que ainda exista vida, e vida até exuberante, nos mangues que margeiam o Poxim, com suas águas lodosas, um quase caldo de imundícies.

O MANGUE DO RIO POXIM VIRANDO LIXO


CAPINAM, DO PONTEIO, VEM VER O SÃO JOÃO DE ARACAJU

             Pois é, João Carlos, que ninguém conhece, mas, acrescentando o Capinan, todos exclamam: é o cara do tropicalismo, parceiro de Gil, de Caetano, de Torquato Neto, de Vinícius, poeta, compositor, militante vanguardista, revolucionário; mas aí, já há quem afirma, é outro baiano arretado, Gilfrancisco, que não modera a admiração que tem pelo autor de Ponteio, uma parceria com Edú Lobo, música que fez delirar a tonitroante plateia no Festival da Canção em 1967, do qual foi a vencedora. Gilfrancisco biografou Capinan, foi sintético, ao mesmo tempo abrangente e minucioso, para englobar em poucas páginas, todo o tumulto de quem, para muito viver e muito fazer, e muito criar, e muito demolir, teve pressa, dessas, que os caminheiros de todas as ansiedades têm, para sair à frente do tempo.

                 Pois é, José Carlos Capinan, este acima pretensamente descrito, está entre nós, habitando juninamente em Aracaju. Veio ver nossas festas, os dois maiores forrós, o do Mercado, o da Orla, os outros também, espalhados pela periferia viva e fogueteira da cidade. Veio experimentar ou regozijar-se, mais uma vez, com nossas comidas, os nossos sons, as nossas quadrilhas, sentir o cheiro fumacento, agora, do nosso povo. Pois disso é o que ele gosta, pois disso é que extrai a seiva da sua poesia, a essência dele próprio.

              A acompanhá-lo terá o anfitrião Gilfrancisco, aquele que ousou intrometer-se na vida do poeta, para resumir sua história. Está programado um almoço, que terá a presença de dois conselheiros, Carlos Pina de Assis e Clóvis Barbosa de Melo. São dois homens ilustrados, cultos, modernos, capazes de levar, com Capinan, um papo intenso, sobre os caminhos e descaminhos da nossa cultura, sobre os rumos de um país que tateia num labirinto: o nosso.

JOSÉ CARLOS CAPINAN EM TERRAS SERGIPANAS PRESTIGIANDO OS FESTEJOS JUNINOS

 

WALDIR PIRES, UM GRANDE BAIANO, GRANDE BRASILEIRO

              Há homens que nascem para agir e, ao mesmo tempo, constroem exemplos. Waldir Pires foi um desses. Político, esteve sempre singrando, com sua nau de esperanças e convicções, os mares, nem sempre tranquilos, da história brasileira. Enfrentou procelas, nas quais jogou com risco a própria vida, e, quando a tempestade enfarruscou de vez e travou a rota, ele se foi a refugiar-se no alongado e sofrido exílio. Governador da Bahia, deputado federal, vereador soteropolitano com imenso orgulho, Waldir ocupou vários ministérios, o último deles foi o da Defesa, no governo Lula. Em todos foi, invariavelmente, um cidadão simples, um monge, em trajes profanos.

              Quando o seu grande amigo e parceiro de lutas, Seixas Dória, completou noventa anos, Waldir Pires veio para as homenagens. Era, então, Ministro da Defesa e, representando o presidente Lula, condecorou Seixas com a mais alta medalha da República.

            O governador Marcelo Déda, recém empossado, ofereceu um jantar no Palácio da Atalaia a Seixas, seus familiares, seus amigos e ao ministro Waldir Pires. Naquela noite os que lá estavam viveram um momento único e histórico. Falaram os três grandes oradores:  Seixas Dória, Waldir Pires e Marcelo Déda. Basta que se imagine o clima, a dimensão humana e republicana daquele momento denso de emoções, onde a grandeza da política ganhou relevo e dignidade. Agora, se foi o último dos três soberbos personagens daquela noite sublime.

             Já uma sergipana, Aninha Mascarenhas, a musa de muitos dos jovens daquela época, final dos anos cinquenta, que trabalhou na Bahia, com Waldir Pires. Dele se tornou amiga e tinha por ele um afeto filial, e sobre ele tem sempre episódios exemplares a contar.

               Hoje, ela se cobre de recordações e preces, o que é bem melhor do que o luto.

MORRE AOS 91 ANOS, O EX-GOVERNADOR BAIANO WALDIR PIRES

 

BONS MOMENTOS NO SERTÃO ONDE JÁ CHOVE

               Não é de chuva que vamos tratar, porque chuva cai aleatoriamente, quando se cumprem os ritos indispensáveis da natureza. Esses ritos andam incertos, atrapalhados e já se pensava que não cairia gota nesse inverno, para o sertão, já retardatário. Mas as chuvas começam a chegar.

               Repetimos, o que queremos mesmo tratar é sobre dois eventos, desses que levam vida, dinamismo, movimento ao sertão, trazem também animação e algum alento à economia, que tanto precisa energizar-se para gerar o que mais ali falta: emprego.

               Em Canindé houve o II Pedal do Alto Sertão ou Pedala Cânion, um evento de grande porte, que reuniu mais de setecentos ciclistas, vindos de, pelo menos, vinte municípios sergipanos e de cidades de Alagoas, Bahia e Pernambuco. Chegaram os ciclistas em camionetes ou caminhões, transportando suas bikes ou mesmo pedalando longos percursos, para depois fazerem o trajeto coletivo dos quarenta quilômetros. 

           É um passeio, não uma prova de velocidade, mas exige destreza, preparo físico, porque pelo caminho há paisagens magnificas e trilhas com alguma dificuldade. A presença de tantos ciclistas encheu hotéis e restaurantes de Canindé e de Piranhas, em Alagoas. O Pedala Cânion é marco no calendário turístico da região e vem crescendo. São seus organizadores os empresários Júnior Guedes, Vitor e sua equipe e o radialista Roberto Silva. Apoiaram: a Prefeitura, a MF-Tur, a Xingó FM e a Polícia Militar.

                Já em Poço Redondo no mesmo fim de semana o prefeito Júnior Chagas deu início a um evento que começa a ser incluído no calendário turístico. É o Cariri-Cangaço, três dias de festejos, centrados na cultura popular, com a participação de artistas locais, de estudiosos do sertão e do fenômeno do cangaço nordestino. Chegou para o evento gente saída de quatro cantos, inclusive distantes.

RADIALISTA ROBERTO SILVA E SUA BIKE


II PEDAL DO ALTO SERTÃO REUNINDO MAIS DE 700 CICLISTAS E TRAZENDO VIDA E COR AO SERTÃO


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