Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
A ELEIÇÃO EM ARACAJU E A ARTE DE “NAMORAR  HOMENS”
21/02/2024
A ELEIÇÃO EM ARACAJU E A ARTE DE “NAMORAR  HOMENS”

LEIA NESTE BLOG:

 

1) A ELEIÇÃO EM ARACAJU E A ARTE DE “NAMORAR  HOMENS”

 

2) SEM OLHOS EM GAZA E O PRESIDENTE LULA

 

 

 

 

A ELEIÇÃO EM ARACAJU E A “ARTE DE NAMORAR HOMENS “

 

Mitidieri 

Edivaldo 

Belivaldo 

Laercio

Alessandro 

 

Alguns dos "namoradores" da politica Sergipana que estão no poder. 

 

Rubem Braga, o melhor cronista que o Brasil já leu, depois do nosso Joel Silveira, naturalmente,  a propósito dos jogos do poder que aconteciam nos círculos restritos da antiga capital da República, o Rio de Janeiro, escreveu, com ironia e sutileza: “ A política é a arte de namorar homens “.

O chanceler  alemão Otto von Bismarck, que definira antes a política  como  “ a arte do possível “, se houvesse lido  Rubem Braga, talvez acrescentasse à sua definição: desde que os homens saibam “namorar”.

E como era necessário homens políticos “namorarem “ outros homens políticos, num cenário onde só eles o ocupavam, e as mulheres estavam ausentes, aliás, por imposição dos homens, que com elas namoravam de verdade.

A frase de Rubem Braga foi escrita  num tempo  de muita polarização  no Brasil, e até com tanques nas ruas. Mas, mesmo assim, os homens divergentes, fossem fardados ou paisanos “ namoravam “.

Jose Maria Alkmin, um gênio político “namorador,” ultrapassava as barreiras do ódio, e até tentava “seduzir Carlos Lacerda, um gênio a serviço da sua ambição, que sonhava com uma ditadura, um golpe militar, onde os  “namoros” perderiam qualquer utilidade. Quem combate armado e impõe pela força sua vontade, nem lembra de fazer política, muito menos dos  “namoros” a ela essenciais.

Alkmin, mesmo assim, tentava “seduzí-lo”, até que Lacerda lhe perguntou qual a marca de cigarros importados que ele fumava. Diante de Alkmin surpreendido  Lacerda  completou: é porque eu quero lhe levar de presente quando você estiver na cadeia.

Alkmin, sempre acreditando na viabilidade dos  “ namoros”, ou seja,  das soluções através da política, respondeu-lhe sem perder a fleugma: “ eu sou nacionalista,  só fumo Continental”.

Poucas vezes, na política sergipana, esse “namoro” que agora não será privilégio masculino exclusivo, ( as mulheres começam a ocupar os espaços da política) tornou-se tão necessário para um grupo que está no poder, e terá de passar pelo teste da eleição em Aracaju.

No grupo, onde há exímios “ namoradores”  tanto assim que permanece no poder vencendo sucessivas eleições, o “namoro” agora deve intensificar-se entre eles mesmos, sem esquecer de “seduzir” , alguns possíveis parceiros, teoricamente em oposição.

Os “namoros”, neste instante, consistem em criar harmonias agora, que possam sobreviver sem desenlaces, atravessando a  eleição de Aracaju,  mantidos por “atrações mutuas“,  indispensáveis para que haja uma  troca de alianças de ouro, num indispensável noivado em 2026.

 

Deixando de lado a névoa das metáforas, o quadro pré-eleitoral em Aracaju sugere rachas em  um grupo ao qual teria faltado a capacidade de  construir um projeto comum, tarefa quase impossível, quando se chocam lideranças individuais,  com espaços próprios, e imaginando ampliá-los.

Talvez, se o candidato escolhido em comum acordo fosse o ex-governador Belivaldo,  seria possível delinear um cenário para 2026 que harmonizasse interesses. Mas isso não aconteceu.

O Prefeito Edvaldo Nogueira,   preterido na disputa pelo governo do Estado em 2022, e convivendo há muito tempo com uma taxa de aprovação superior a 60 %, entende que deve ter o direito assegurado de indicar o nome do seu candidato a sucedê-lo, e dar sequência a projetos que transformam a fisionomia da cidade.  Ele já escolheu o advogado e petroleiro Luiz Roberto, que foi seu auxiliar dos mais destacados, e agora é Secretário dos Transportes do governador Mitidieri, que a ele também já antecipou  o seu apoio.

O ex-deputado federal, André Moura,  sem dúvidas  deu fôlego maior à administração de Edvaldo, ao conseguir vultosos recursos para Aracaju,  no tempo em que era prestigiado líder do ex-presidente  Temer no Congresso Nacional. Ele pretende disputar a eleição para o Senado em 26. Com a experiencia que tem,  seria, quase certamente, um canalizador de recursos para o Estado e Prefeituras.

 “ Namorador” por excelência,  retornando aqui à metáfora de Rubem Braga, André  “seduziu” o ex-governador Belivaldo Chagas, que parece disposto a figurar como  vice-prefeito na chapa da deputada federal Yandra Moura. Ela antecipou-se na corrida e    vai  revelando a  maratonista política dotada de invulgar fôlego.

Belivaldo é um outro “ namorador”,  com larga folha de “ conquistas”.

Resta saber se a pulverização do grupo irá continuar com o surgimento de outras candidaturas, como a da deputada federal Katarina Feitosa. A delegada sabe  “namorar” muito bem, e vem formando um consistente capital político   em Aracaju.

Ex-oposicionista ferrenha, e acumulando derrotas, todavia,  com um desempenho eleitoral vistoso , a agora Secretaria de Estado no governo  de Fábio Mitidieri,   delegada Daniele Garcia, já trabalha ativamente a sua candidatura. Na eleição de 2020, ela foi ao  segundo turno, vencido por Edvaldo Nogueira . Tem potencial para percorrer o caminho que pretende.

E tem mais  um outro  político com expressão em Aracaju, o vereador Fabiano Oliveira que está na fila, aguardando ou “namorando”, tentando conseguir um apoio expressivo para colocar a sua candidatura em cima de um Trio Elétrico. Afinal, ele é o pai do Precajú, a prévia carnavalesca de grandes proporções na capital sergipana , até então um túmulo do carnaval.

Fabiano, descobriu numa cidade quase triste, o caminho da alegria, das festas, e assim dinamizou o turismo, e faz a festa maior para quem ganha emprego e dinheiro com elas.

Há,  principalmente o  governador Fábio Mitidieri, que, pelo cargo exercido,  terá de ser o “ namorador” mais atraente, mais convincente, mais sutil, concentrado ao mesmo tempo, neste ano, e projetando resultados para 2026.

Neste caso especifico  “ namorar” não implica em compromissos de fidelidade, nem tristeza com possíveis “traições” , que não devem constranger, ou revoltar. Não existe a  legítima defesa da honra, como antigamente, era entendido.

 Neste caso,  a metáfora “ namoro”  se transforma mesmo no exercício efetivo da política, que, ainda segundo Bismarck, não é mais do que  a arte do possível.

Qual a fórmula que parece ideal para quase todo o grupo  que  se acomoda na área do poder estadual ?

Pela lógica das atuais circunstancias, seria a reeleição do governador Mitidieri, com um vice que acrescentasse votos, e dois candidatos ao Senado Federal: André  Moura e Edvaldo Nogueira. Uma composição que funcionará muito bem, se os dois candidatos trabalharem  em comum, o que não aconteceu com o grupo governista em ocasiões anteriores, e causou surpreendentes derrotas.

 

 O atual   senador Alessandro Vieira, estaria em fase avançada de garimpagem de votos para Deputado Federal. E afinado com o governador , inclusive na eleição de Aracaju.

O senador Laércio Oliveira estaria fazendo avaliações ainda sobre o cenário em Aracaju, mas, olhando mais longe, mirando 2026, e interessado em indicar o vice. Ao lado de setores empresariais, e com apoio de vários prefeitos, principalmente do semiárido, o nome que cresce nos bastidores é o da empresária, Jânia Maria Motta Santos Dantas,  líder do grupo Natville, hoje um dos maiores complexos agroindustriais do nordeste. Ela, nos anos 90,   deu início à cadeia produtiva  do leite, dinamizando fortemente  toda a economia do semiárido,  antes, a área mais pobre e desesperançada de Sergipe.  Seria um reforço considerável à chapa,  um aceno ao setor empresarial, e, além de tudo, mais um espaço no poder para as mulheres.

 

 

A primeira suplente do senador Laércio é a irmã de  Jânia, a ex-deputada e empresária Janier, com atuação em Itabaianinha.

Pelas pesquisas controversas que surgem agora sobre a eleição aracajuana, quem se mantem à frente, todavia estagnada, é a vereadora de Aracaju e advogada Emília Correia A dificuldade que ela enfrenta para atravessar uma difícil campanha é a falta de uma estrutura partidária, e a incapacidade até agora demonstrada de  agregar novos partidos. Depreende-se, então, que Emília precisa “ namorar”, e muito.

Emilia espera contar com Valmir de Francisquinho, participando intensamente da sua campanha. O ex-prefeito de Itabaiana  deve retornar à Prefeitura com uma ampla vantagem e terá tempo suficiente para ajudar Emília, que foi sua vice , na chapa que venceu o primeiro turno , da eleição de 22 ao governo do Estado, e teria vencido o segundo, se a Justiça não o impedisse.

Emília,  bolsonarista de primeira hora, o que poderá ser vantagem ou prejuízo, imagina contar até com a ala extremista mais radical, representada pelo  deputado federal Rodrigo Valadares, que também pensa numa candidatura própria.

 

 

A oposição à esquerda, representada pelo PSOL, o partido mais atuante com nitidez ideológica, deverá apresentar candidato próprio,  e se fizer alianças será com outros partidos  com a mesma característica .

Já o PT, agora sob comando do senador Rogério Carvalho, deve rejeitar a candidatura do advogado, ex-conselheiro do TC,  escritor, e intelectual teórico e militante das causas democráticas e populares, Clóvis Barbosa. O senador Rogério tentará  mais uma vez impor a sua vontade , e  fazer da sua esposa a jornalista Candice, candidata do partido à Prefeitura de Aracaju.

Não vai contar com o apoio integral do PT. Se dependesse do hoje Ministro Márcio Macedo, o partido estaria mais concentrado em ampliar seus quadros, e fortalecer-se, inclusive em alianças, para a hipótese bem concreta de Lula ser candidato à reeleição,  para repetir  ou ampliar a votação que teve em Sergipe.

Nessa linha também estaria o atuante deputado federal João Daniel, criador em Sergipe do MST, movimento que hoje vive um tempo de transformações, sintonizadas com as circunstancias.

Ao que tudo indica o PT estará concentrado na eleição do maior número possível de deputados federais e estaduais, havendo a definição de candidaturas, entre as quais já estariam definidas a reeleição de João Daniel,  e a eleição de Márcio Macedo, hoje, uma presença prestimosa  a favor de Sergipe no Planalto.

 Rogério deverá ir à tentativa de reeleição  ao Senado, ou, mais uma vez, mirar o governo do Estado, sem atentar, ao que parece, para os efeitos adversos de uma candidatura imposta  ao partido na eleição aracajuana.

Todavia, a fórmula melhor e mais eficiente para todos os que se empenham na calorosa disputa, seria  aderir a um caloroso, ou até mesmo tórrido,    “namoro” com o povo.

Essa gente imensa, e difícil de ser  “conquistada”.

Anda mais quando vivemos agora os tempos do populismo descompromissado com a coerência, ou  a ética,  sempre prometendo soluções fáceis, e conseguindo somar incautos adeptos.

 

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SEM OLHOS EM GAZA E O PRESIDENTE LULA

 

Por ser parcifista, Lula respeita mais o povo Judeu do que o seu Primeiro Ministro guerreiro.

 

Aldous Huxley , escritor inglês   mundialmente festejado,  escreveu em 1936 o livro Sem Olhos em Gaza. Ele já se tornara  famoso desde que escrevera,  três anos antes, o livro  Admirável Mundo Novo, onde  projetava um cenário surreal, no exato instante em que na Alemanha o nazismo chegava ao poder, e a humanidade começava a viver a tragédia da barbárie reinstalada no coração da Europa.

Sem Olhos em Gaza pouco tem a ver com a nesga de terra espremida entre o Mediterrâneo e Israel.  O personagem central, Anthony Beaves,  é um intelectual e aristocrata, que, destoando dos seus despreocupados ou desocupados, integrantes da classe mais alta,  fazia um retrospecto da sua vida de  futilidades, e ampliava a visão filosófica, que lhe permitia tornar-se um pacifista, atormentado pelos rumos da história. Há referencias à Gaza, como a terra bíblica adusta e inóspita, onde o sol queimava e embaçava  as vistas.

Quase cem anos se passaram desde então, e parece ser impossível enxergar Gaza, onde mais de dois milhões de  desgraçados seres humanos , os palestinos, estão há quatro meses sendo sistematicamente assassinados. Sofrem o bombardeio intenso e indiscriminado da máquina de guerra poderosa de Israel.

Gaza, é uma parte da seccionada terra que se chama Palestina,  tem  míseros 40 quilômetros de extensão por 4 de largura. É um projeto irrealizado de Estado Nacional. Do outro lado, atravessando Israel, ao sul, fica a Cisjordania, a banda maior do projeto de país, que deveria ter  mais de seis mil quilômetros quadrados, mas, vem sendo expropriado sistematicamente  pela criação ilegal de áreas reservadas a colonos judeus. 

Não há olhos que enxerguem Gaza, que entendam o drama de um povo marcado para sofrer, em consequência do  azar histórico de ter nascido em uma região na qual a geopolítica do planeta tornou-se um caldeirão, e nele se juntam os elementos para uma química perversa de desgraça.

O presidente Lula,  queiram ou não os seus implacáveis inimigos, tem olhos não embaçados pela conveniência ou hipocrisia, e com eles é capaz de enxergar e sentir os sofrimentos humanos. Na África, onde estava, como convidado especial para uma reunião com 54 países, do imenso e promissor Continente, Lula quis fazer  mais uma denúncia, tentando  ir além da insensibilidade  geral, e revelar, mais uma vez ao mundo a tragédia do matadouro de gente em que se transformou Gaza.

Aracaju, a nossa cidade, tem 181 km² e quase 600 mil habitantes.

Na Faixa de Gaza, com  pouco mais do dobro da superfície de Aracaju, vivem, ou viviam, pouco mais de dois milhões de habitantes.

Imaginemos o que seria de Aracaju e dos aracajuanos, se, durante quatro meses  houvesse, dia e noite, uma chuva incessante de bombas, foguetes, mísseis, vindos da terra, do ar e do mar, caindo sobre residências, prédios, hospitais, escolas, igrejas. E na cidade cercada, sem acesso a água e comida, sem energia elétrica, e sem remédios, ou anestesia nos hospitais, onde médicos, enfermeiros, e pacientes agonizavam juntos, e os cadáveres permaneciam insepultos, ou eram enterrados sob os escombros.

Imaginem esse cenário, e  que aqueles executores da matança, proibissem a chegada de qualquer socorro, água, alimento. E determinassem que os habitantes da zona sul, se deslocassem para a zona norte, depois de arrasada a zona sul, ordenassem que os refugiados na zona norte, retornassem à zona sul.

É isto exatamente o que está acontecendo em Gaza. E pode ser entendido como genocídio. Afinal é uma raça , uma etnia que está sendo dizimada.

Ah! Mas em Gaza estão os terroristas, e eles atacaram Israel.

É verdade, os integrantes do Hamas, uma organização que não tem respeito pela vida humana, invadiram o território de Israel, mataram mais de mil pessoas, praticaram as piores atrocidades.

Falharam  de forma inexplicável o sistema de segurança de Israel, os serviços de inteligência do país, um dos mais eficientes do mundo. Os defensores da fronteira pareciam  de folga, e ao local do ataque   as tropas demoraram mais de três horas, até finalmente chegarem,   levando todo esse tempo para percorrerem menos de trinta quilômetros.

Um fracasso evidente e absurdo do agressivo governo de Netanyahu.

O território de Gaza é varrido  dia e noite pelos  sistemas de vigilância de Israel. Como não identificaram o transporte e armazenamento dos foguetes; mais de cinco mil que foram disparados; como não enxergaram a movimentação dos invasores terroristas, que pilotavam até ultraleves?

 São as perguntas que os israelenses fazem ao governo extremista do criminoso de guerra e peculatário  Benjamin Netenyahu. Processado pela Justiça, prestes a ser condenado, ele assistia, ao longo de quatro meses as manifestações diárias nas ruas da população protestando contra a sua tentativa de emparedar a Corte Suprema.

Netanyahu estava na iminência de cair e ser preso. A guerra o salvou.

Ele quer levar o extermínio às últimas consequências , ou seja, eliminar os terroristas e também arrasar Gaza, não deixar pedra sobre pedra, e transformar os habitantes que restarem em miseráveis e mendigos. Já são mais de 30 mil mortos, e neles há uma maior quantidade de crianças e jovens.  Extermina-se uma raça, e isso se chama genocídio.

Sem chegar a esse extremo, a máquina de guerra israelense poderia eliminar o perigo representado pelos terroristas do Hamas, que subjugam os habitantes , eliminaram eleições e  garantem o poder pela  força. Os palestinos habitantes de Gaza são também vítimas do Hamas.

Israel domina uma sofisticada tecnologia bélica, uma inteligência militar de primeiríssima linha. Seria possível  destruir completamente e em pouco tempo, os arsenais e os estoques de foguetes do Hamas, causando o mínimo de sofrimento possível aos habitantes, na sua enorme maioria não terroristas.

 Netanyahu tem vocação de carniceiro, e preferiu a “glória” de ser vencedor à custa de uma hecatombe.

Quer assim livrar-se do julgamento, e permanecer no poder. Para ele a manutenção da guerra é fator de salvação pessoal.

Mas terminará caindo. Se o Hamas for destruído em Gaza, ressurgirá em outro ponto , irá juntar-se ao Hezbollah que está protegido na Síria, no Líbano , e de lá poderá, quando decidir, começar a disparar contra Israel os seus mais de cento e cinquenta mil foguetes e misseis que guarda nos seus arsenais espalhados  ao longo das fronteiras.

Não há saída para a paz do povo israelense, para a segurança do povo israelense, que não seja a paz, e a convivência possível com um Estado Palestino independente, e livre também de terroristas.

 Não será o extremista Netanyahu o homem indicado para a construção de um novo tempo.

Quanto à fala de Lula, ela foi de fato infeliz,  desnecessária , diplomaticamente inadmissível.

Mas, o essencial que ele falou, a necessidade da paz e da existência de dois Estados, o Palestino e o Israelense, a História mostrará que será este o único caminho.

Lula não deve perdão a Netanyahu, nem ao Governo de Israel, que se mostrou virulento, arrogante, deselegante, grosseiro, e isso serve exatamente aos propósitos do Primeiro Ministro, criminoso de guerra.

Mas Lula poderia  fazer um  aceno ao povo de Israel, um aceno à comunidade judaica  de brasileiros que aqui vivem, e se mostram  incomodados com a banalização do Holocausto, que teriam encontrado  na fala de Lula, embora ela  de fato, não tenha existido.

 A comparação a Hitler foi todavia descabida.  Ao povo israelense, Lula poderia pedir desculpas, externar sua admiração, ao país, à sua civilização, ao que representam, tantos judeus, para o avanço da ciência,  e  da civilização.

Lula poderia até, em favor da sua própria imagem de cidadão e político que combate preconceitos,  reforçar,  para  os judeus, que o antissemitismo passa bem longe da sua cabeça. Isso poderia acontecer  numa visita descontraída ao Museu do Holocausto em São Paulo. O convite já foi feito informalmente por um entidade judaica.

 

 Também, ignorando Netanyahu e seu extremista ministro do exterior,  fazer  uma carta dirigida ao Presidente de Israel. Se isso  nos protocolos da diplomacia for viável.

 Agora,  é aguardar, corrigir o erro, evitar novas falhas, e prosseguir a tarefa mais cuidadosa de levar o Brasil a inserir-se ao mundo;  sem perder de  vista a nossa própria dimensão, a nossa  limitada relevância nos  foros internacionais, onde mais pesam os arsenais possuídos, do que a retórica da sensatez.

Nossa referencia internacional deve ser o apego ao pacifismo, nossa civilização multirracial, o cuidado com a natureza, com a preservação da Amazônia. Nossa índole festiva e acolhedora. Enfim,  é melhor mesmo que sejamos conhecidos como o “país do carnaval”, do que  sendo uma Nação dividida pela intolerância política.

 

Essa viagem de Lula ao Egito e à Etiópia poderia concluir-se com as notícias animadoras, positivas, de aproximação com a comunidade africana; com a assinatura de um contrato com o Egito para ampliar nossas exportações de proteína animal.

   O embaixador Celso Amorim , já em tempo de aposentado e íntimo de Lula, pode ser um culto conselheiro, mas, seria oportuno  que o presidente se apegasse  aos protocolos   conscienciosos e sempre sensatos do nosso Itamaraty , que sabe dosar o nível de aproximação aos diversos países, e as cautelas diante de anomalias, como  a Venezuela, a Nicarágua, Cuba,  o senhor Putin, um serial-killer e assemelhados.

 A  defesa coerente da Democracia, não nos deixa isolados de quem não a pratica, mas, não é possível em relação a eles vocalizar algo mais do que o desejo de convivência formal, e sem atritos.

E aqui dentro, neste pais conflagrado por um crescente extremismo,  é preciso começar a baixar a bola,  e até imaginar o momento propício para um aceno largo de distensão ,  com uma anistia ampla geral e irrestrita. Já fizemos isso em outros tempos conturbados, e Juscelino Kubitschek deu o melhor dos exemplos.

Temos assuntos gravíssimos a tratar, e não é admissível a perda de tempo em   discussões estéreis, ou confrontos radicalizados.

Esta semana saiu a informação perturbadora : nas nossas Escolas Públicas,  apenas três por cento dos alunos pobres saem delas com um razoável conhecimento da Matemática.

 A tarefa urgente é vencer a desigualdade social que nos desfigura.  E Lula é o político mais vocacionado para cumprir esse roteiro.

Sem pacificação, ou, no mínimo, uma tentativa consistente de alcança-la, tudo se tornará mais difícil.

E temos pressa.........

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