Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A ESTRADA QUE NUNCA ACABA E O SUMIDOURO DE RECURSOS
06/01/2019
A ESTRADA QUE NUNCA ACABA E O SUMIDOURO DE RECURSOS

Já faz um bom tempo, foi ainda no primeiro governo de FHC quando anunciou-se que a rodovia BR-101 seria duplicada em Sergipe e Alagoas. Em três anos, asseguraram, a obra estaria concluída. Albano, então governador, comentou entusiasmado a conquista de Sergipe, que incluía também o Anel Viário em Aracaju. Chegaram as máquinas tudo começou bem, num ritmo animador. Depois veio a decepção. As obras estavam paradas por determinação do TCU, ou seria da CGU, um desses aparatos burocráticos que tanto se esmeram em fiscalizar, e se mostram despreocupados com os efeitos perversos que provocam.

No caso, teria havido um sobrepreço no viaduto, e ficou-se a esperar por uma decisão que tardou, e tardou tanto, que acabou gerando um prejuízo enorme, centenas de vezes maior do que seria o valor do desvio que supostamente acontecera. Revelou-se, depois, que a interdição resultara apenas do desconhecimento de aspectos técnicos de engenharia.

Coisa aliás comum nessas fiscalizações procedidas pelos engravatados que se enclausuram em gabinetes. Mas o problema maior é o emaranhado de leis e normas, que parecem concebidas exatamente para tornar lentas ou inviáveis as obras públicas. Um tema aliás sempre enfocado pelo engenheiro e líder empresarial Luciano Franco Barreto, que chegou a expor suas ideias a dois presidentes e a uma president(a) mostrando-lhes que poderia haver rapidez, paralela a uma criteriosa aplicação de recursos, e demonstrando, com números, que a paralização de obras gera muito mais prejuízos do que a corrupção.

As obras então recomeçaram no governo Lula, andaram ligeiro, e com Dilma foram parando, parando. Recomeçaram com Temer, e apenas se arrastaram. Mês passado, um Ministro dos Transportes, talvez à falta do que fazer em Brasília , foi "trazido a Sergipe" pelo deputado André Moura, todo poderoso líder do governo Temer. Percorreram, em caravana festiva, 16, exatamente, 16 quilômetros da rodovia duplicada, que assim eram inaugurados.

Mas as obras não estão apenas paralisadas, de fato, encontram-se literalmente abandonadas. O abandono, o desmantelo é visível, mas, nem o Ministro sem ter o que fazer, nem o líder que pretendia exibir o resto de prestígio que lhe sobrara, teriam conseguido ou querido enxergar, ver, constatar, o desmazelo, a incúria, a incompetência, que parecem ser marca registrada do DNIT em Sergipe.


Em Alagoas a duplicação avançou mais, todavia, ainda há muitos desvios, interrupções bruscas das pistas duplicadas, que de repente se afunilam em uma só, e estreitinha. Em Alagoas existe melhor sinalização, à noite, se trafega com menos risco do que no trecho sergipano, onde há o perigo de despencar do nível alto de uma via duplicada, para outra quase um metro mais baixa. É armadilha mais do que eficiente para ferir ou matar, e tem mostrado essa "eficiência" no volume de acidentes que ali ocorrem.

O ex-ministro dos transportes trazido a Sergipe pelo “mandato do deputado André Moura” se quisesse ver, enxergar, teria constatado que apenas com algumas providencias pontuais poderia ter aberto ao tráfego no lado norte da BR-101 sergipana pelo menos mais uns 15 quilômetros praticamente concluídos, assim, a inauguração seria menos desenxabida, vergonhosa mesmo, teriam quase 30 quilômetros entregues, de uma estrada que se arrasta há mais de 20 anos.

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