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1) A PETROBRAS E A VALE ESCANTEIAM SERGIPE
2) ROBERTO BARROS , SUA MEMORIA E A ATENÇÃO DE JORGE ARAÚJO
A PETROBRAS E A VALE ESCANTEIAM SERGIPE
Petrobras e Vale, parece que esqueceram de Sergipe.
Nessa quarta -feira, dia 14, a presidente da PETROBRAS Magda Chambriard foi entrevistada na Globo News pela jornalista Mírian Leitão. As duas são excepcionais no ofício que exercem. Mirian, na melhor técnica do jornalismo moderno e especializado; no seu caso, em economia: a Chambriard, talvez a dirigente da estatal que revela maior competência técnica, discernimento e visão política.
Ficou então muito claro que os campos na plataforma sergipana em águas profundas, mesmo já tendo sido delimitados, faltando, apena que a produção seja iniciada, estão em segundo plano.
Falou-se sobre a produção gigante no campo de Búzios , Rio de Janeiro, produzindo 800 mil barrís diários, sendo ampliado breve para mais de um milhão,, e até alcançando a cifra impressionante de dois milhões , isso, num horizonte de uns quatro anos. Coisas brasileiras, um só campo num país que se dizia não ter reservas expressivas de petróleo. A dirigente da empresa anunciou as novas fronteiras na bacia de Santos, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, no Espirito Santos, e na controversa Margem Equatorial.
Sobre Sergipe nem uma só palavra, nada sobre isso perguntou a entrevistadora, nada sobre isso falou a entrevistada.
Mas, houve uma observação que fez a Chambriard, e que é alentadora: no recente evento sobre Petróleo ocorrido nos Estados Unidos, estavam presentes os governadores do Amapá e Fábio Mitidieri de Sergipe. Os dois empenhados numa mesma causa. No caso do Amapá o inicio de exploração da jazida enorme que fica a uma distancia de 140 quilômetros das praias amapaenses, não exatamente na foz do Amazonas, da qual dista mais de 400 quilômetros . Magda revelou que tinha feito uma carta ao IBAMA, como o faz há algum tempo todas as semanas, repetindo a mesma pergunta: quando o IBAMA acabará suas minudentes analises e dirá se a PETROBRAS criou ou não, a rede de proteção para que, em caso de vazamento o meio ambiente não seja afetado.
Essa é uma questão que ainda demandará tempo, muita controvérsia , e transitará entre interesses poderosos e divergentes. Já no caso sergipano tudo parece mais fácil, as prospecções já foram realizadas; o licenciamento ambiental não envolve maiores problemas, mas, restam ser concluídas as plataformas flutuantes e o navio tanque gigantesco que armazenará petróleo e gás, alternativa melhor do que a instalação de uma rede complexa de oleodutos e gasodutos, interligando o campo ao terminal em terra.
A presença de Mitidieri ao lado da Chambriard demonstra que ele “ não dorme no ponto.”
A dirigente da PETROBRAS fez, com muita elegância e sem acusações diretas a revelação de que o esquartejamento da estatal no mandato de Bolsonaro, até hoje repercute negativamente na empresa, como o caso da venda da Petrobrás Distribuidora. Hoje, a empresa faz sucessivas reduções nos preços do diesel, da gasolina e do gás, e eles não chegam diretamente aos consumidores. Mas informou que a empresa está voltando a operar na ponta do negocio, distribuindo diretamente o combustível para os grandes consumidores, e citou o agronegócio, e a região da Matopiba como exemplo. É a área entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que se agiganta e gera transformações naqueles estados. Como a área de excelência fica bem próxima de Sergipe, hoje produzindo mais de um milhão de toneladas de milho, o governador Mitidieri, sempre “ ao pé da obra” poderia se ainda não o fez, procurar a hoje sua amiga Chambriard, para pedir-lhe que analise a possibilidade de estender o benefício ao nosso agronegócio.
Seria uma pequeníssima compensação pela ausência da PETROBRAS em Sergipe. Um outro pedido, este dificílimo de ser atendido , porque o absurdo já está em curso, seria trocar os seis bilhões de dólares para o que se chama “ descomissionamento” das plataformas em nosso litoral, por investimentos outros, em Sergipe, como a modernização da FAFEN em via de ser reestatizada, e até compensações ambientais devidas a Sergipe.
Já em relação a VALE o buraco literalmente é mais embaixo. A estatal que foi privatizada a preço de banana, ( o antigo preço ) num dos erros cometidos por Fernando Henrique, que aliás foi um estadista na melhor acepção do termo.
A VALE revendeu a mina de potássio quando já havia uma perspectiva de esgotamento da jazida e eram necessários investimentos para aperfeiçoar os sistemas de perfuração. A compradora fez esses investimentos e a exploração da mina prossegue. A VALE apropriou-se do porto off- shore de Sergipe, contruído pela PETROBRAS.
Hoje, o porto precisa ser urgentemente ampliado, alongando-se até águas mais profundas. Mas a VALE gigante, com negócios que abarcam várias partes do mundo, se recusa a fazer o relativamente miúdo investimento.
Mais uma do desleixo da mineradora em relação a Sergipe: ela comprou a preço de banana podre a rede ferroviária da Leste Brasileiro, que cruza Sergipe , serpenteia em busca de lugares mais propícios à construção de pontes e, com isso, atravessa vários municípios, a começar por Aracaju, onde estão abandonadas, quase em ruinas a Estação Central. Pelo interior, ainda existem as” Estações do Trem “ construídas há quase um século. A VALE prometeu readequar os trechos e fazer surgir a moderna Ferrovia Atlântica.
Até hoje nada.Tudo parado, enferrujando, sendo devastado. Nem uma palavrinha de consolo. Mas, um enorme passivo ambiental foi deixado aqui em Sergipe pela VALE, tão desatenta para estes assuntos. As tragédias em Minas Gerais e Espirito Santo nem nos deixam mentir.
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ROBERTO BARROS , SUA MEMORIA E A ATENÇÃO DE JORGE ARAÚJO
Jorge Araújo lembrando de Roberto Barros.
Jorge Araújo, ex-deputado, ex-vereador, ex-secretário da Agricultura é, sobretudo, cidadão sempre atento, quando é necessário envolver-se com boas causas. Nos seus mais diversos aspectos. Em seus mandatos de vereador e deputado, entre tantas proposituras apresentadas, e que o qualificam como parlamentar, quis fazer uma homenagem ao agrônomo Roberto Barros.
Quem foi ele ? As novas gerações sequer têm alguma ideia.
Roberto Barros foi o primeiro ecologista de Sergipe, e que transformou ideias, conceitos, em realizações efetivas. Um outro seu contemporâneo, apenas, com poucos anos de diferença, foi o engenheiro – químico Luiz Carlos Rezende. À frente da DESO ele iniciou um programa de florestamento dos mananciais e de áreas urbanas da empresa. Seria seguido mais de vinte anos depois pelo engenheiro Carlos Melo, que concentrou-se na barragem de São Cristovão construída por Marcelo Déda, e criou um núcleo de educação ambiental, distribuindo mudas com a participação do Instituto Vida Ativa para o fornecimento sem custo de variadas plantas.
Roberto Barros antecipou-se a tudo e foi um estudioso da relação entre as plantas, as áreas urbanas, os rios, e os aquíferos no subsolo.
A IBURA, um parque florestal que ele dirigia e nele morava, transformou-se em referência. Hoje, é uma floresta nacional, por iniciativa do biólogo e ambientalista Genival Nunes, quando Secretário do Meio Ambiente no governo de Marcelo Déda.
Roberto Barros ia mais longe: tinha uma visão humanística ,que hoje se incluiria entre o que se entende como a essência da holística.
Em suma, era um homem bom, virtuosamente humilde e propagador do bem.
A Câmara de Vereadores aprovou a propositura , Roberto Barros tornou-se nome da avenida litorânea que João Alves construiu, com visão para o largo estuário do rio Sergipe, um dos pontos mais agradáveis da cidade. Mas, veio o mar com força, querendo recuperar as áreas que lhe foram tomadas , embora seja uma imensidão, todavia zelosa do que lhe pertence. A essa altura, já estava consolidado o florescente bairro de Aracaju. Depois, o mar recuou, e foram sendo recuperadas as áreas perdidas. Edvaldo, já no fim do mandato, começou a reconstruir a avenida. Emília vai continuando a obra. Quando terminar, é preciso levar em conta que a nova artéria chama-se Roberto Barros.
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MATÉRIA PUBLICADA EM 06/12/2014
O QUE TEM O LOBO DA FÁBULA COM O RIO TIETÊ
Pode parecer estranho o título. O que teria o lobo, animal selvagem, carnívoro, com um rio paulista?
E por quê, ainda mais,onde entrariam o Tietê e o lobo que seria personagem de uma fábula?
O predador que povoa o imaginário dos povos europeus, enriquece a literatura, o folclore, até a música e a pintura, invariavelmente figurando como expressão do mal e da sagacidade malévola e traiçoeira.
Nas historias infantis o lobo surge com freqüência. O lobo até engoliu Chapeuzinho Vermelho e a vovozinha dela. Teriam as duas permanecido nas entranhas do bicho, não fora a providencial aparição de um destemido caçador que, após matar a fera cortou-lhe a barriga, e dela retirou vivas a menina e a velha.
La Fontaine que escrevia para crianças e produzia também folhetins pornográficos, revelou todo o cinismo e a desfaçatez malévola do lobo, no episódio em que a fera bebia num regato e abaixo estava um indefeso cordeirinho. O potente animal se disse furioso porque o outro,um vizinho fraquinho, estava a sujar a água que ele bebia. De nada adiantaram as balbuciadas tentativas do cordeirinho para aliviar a fúria lupina, que logo acabou por devorá-lo.
Os romanos, que tinham sua origem em Rômulo e Remo os dois, amamentados por uma loba, nem por isso anistiaram a espécie, e ate criaram o aforisma: O homem é o lobo do homem.
Nada melhor para caracterizar a autofagia da espécie humana do que essa crise de água que agora São Paulo vive. Além da imprevidência que relegou a água e os rios ao esquecimento, a cidade cresce ,e suas fontes de abastecimento continuam as mesmas há mais de 40 anos. Acrescente-se a isso o instinto predador do próprio homem, que transformou num enorme esgoto o rio Tietê, justamente o que atravessa a megalópole ameaçada de ficar sem gota de água.
É a velha estória do lobo corrente acima, emporcalhando a água dos que a bebem abaixo, indefesos, e ainda transformados em culpados e punidos.