Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
A POLITICA DESVIRTUADA: UM RETORNO DA ESPERTEZA QUE SE TORNA MALANDRAGEM
24/05/2024
A POLITICA DESVIRTUADA: UM RETORNO DA ESPERTEZA QUE SE TORNA MALANDRAGEM

NESTE BLOG:

 

1) A POLITICA DESVIRTUADA: UM RETORNO DA ESPERTEZA QUE SE TORNA MALANDRAGEM

 

2) LUIZ ANTÔNIO BARRETO UM NOME A SER REVERENCIADO

 

3) NA UNDECIMA HORA A DESO LEMBROU: VAI FALTAR ÁGUA

 

4) COISA INEDITA: BOLSONARO NO LANÇAMENTO DE UM LIVRO

 

 

 

A POLITICA DESVIRTUADA: UM RETORNO DA ESPERTEZA QUE SE TORNA MALANDRAGEM

Emilia ao lado de Edvan Amorim e Bolsonaro, desidratando, ganhou pesquisa para ser turbinada

 

Política não se realiza sem que haja esperteza. Mas é preciso diferenciar esperteza da malandragem.

A política   quase perde sentido se nela não existir  a esperteza,  não prescindindo da inteligência, da habilidade,  da contemporização, e inclusive da manha, o que até já ganhou sinônimo: a mineirice. Aquela sabedoria mineira de afagar a dubiedade sem perder o rumo.

Mas essas são considerações sobre uma política que vem perdendo espaço no Brasil,  e no mundo, dando lugar a um tropel de cavalos chucros.

 

 

 A história política de Sergipe registra cenas  trágicas  patéticas ou grotescas, dos extremos da malandragem.

 Na época em que não existiam as urnas eletrônicas o voto era escrito em cédulas, e estas,  depositadas em urnas. Depois, havia o processo de contagem à mão uma a uma, sob o olhar  atento, ou as vezes descuidado dos fiscais de partido.  Havendo desconfiança, o voto poderia ser impugnado na hora, se o Juiz presidindo a sessão concordasse. Ficava em separado e isso iria provocar uma arrastada disputa nos tribunais. Depois de contadas as cédulas, que ficavam em montes sobre as mesas, ai começava a fase mais perigosa, que era o mapeamento, onde entravam os malandros especialistas,  direcionando os votos para onde queriam.

Havia ainda o ato extremo,  que era fraudar as urnas, e   em último caso nelas tocar fogo, ou roubá-las e faze-las desaparecer.

Nos anos cinquenta explodiram umas urnas em Itabí , e do resultado dela ficou pendendo o mandato do governador eleito Arnaldo Garcez, que derrotara Leandro Maciel pelo número exíguo de 27 votos. Foram quatro anos de batalhas nos tribunais, sem que se decidisse por novas eleições no município.

“Emprenhar urnas,” era uma outra forma de alterar a chamada vontade popular, desvirtuada, sempre, pelo chamado voto de cabresto. As sacolas de um tecido grosso e impermeável ficavam depositadas em algum lugar  sob a vigilância de fiscais de partido e policiais. Sempre havia brechas, talvez proporcionadas por magistrados não muito imparciais, e mais uma vez o especialista malandro entrava em cena, e substituía os votos lá depositados. Tornara-se famoso um bacharel, que, dizem, de tanto “emprenhar urnas” recebeu o apelido cortante:  Dr. Gillette.

Mais recentemente, em Canindé, ( é lá que os absurdos sempre acontecem)  o prefeito faz postar um  vídeo em que anuncia aos gritos que vai baixar o “ “cipó caboco” no lombo dos desafetos. E pasmem, o prefeito é filiado ao PT, ligadíssimo ao senador Rogério, e apoia um candidato  do PSD.)  Pois então, prosseguindo, em Canindé    roubaram as urnas de dentro do fórum , isso faz uns vinte anos, levaram-nas para longe, e com elas fizeram uma crepitante fogueira.

Detalhe: um dos integrantes do grupo de assalto eleitoral, mijou sobre a mesa do Juiz. Certamente, para demonstrar o seu apreço reverencial pela Justiça.  Cada um tem a sua forma de liturgia.

Já em Poço Redondo, nos anos cinquenta, um homem valente, e ao que se diz, revoltado pelas injustiças que sofrera, desceu  a cavalo dos contrafortes da Serra Negra, terras do coronel João Maria de Carvalho e do  irmão general Liberato,   seguido por muitos vaqueiros encourados, entrou na sala onde estavam as urnas, carregou todas, e fizeram um tropel de triunfo  dando tiros ao ar. E  pelas ruas e vielas de  Poço Redondo,   por onde  passavam, recebiam aplausos do povo, que assistia entusiasmado   a cena de cangaceirismo.

O autor da façanha era  Zé de Julião.

Ele morreria humilhado e sofrido, até torturado numa cadeia pública. Se estudada a sua vida, se confrontadas as circunstancias do tempo de mandonismo e fraudes onde ele viveu, o protesto de Zé de Julião poderia, hoje, transformar-se numa grave advertência aos que, entre outros retrocessos  pretendidos, querem anular o sistema de urnas eletrônicas , voltar ao tempo da cédula de papel , e à contagem manual. Não estranho, eles se apelidam até com orgulho: são conservadores e de direita. E os inadvertidos, ou alheios à História, até neles votam.  E quando vencem, como já ficou decepcionantemente demonstrado, se dedicam a fazer tumultos, espalhar mentiras e estimular a violência.

Zé de Julião mereceu um belo filme, sensivelmente regional, elaborado pelo cineasta paulista Hermano Penna. A ele se devem outros, tendo Sergipe como cenário, com destaque para Sargento Getúlio, baseado no livro do mesmo nome de Ubaldo Ribeiro. Aqui, se ofertam títulos fartos de cidadania às Micheles , mas não se sabe se Hermano já mereceu algum.

Mas, voltando diretamente às malandragens. Antes mesmo de começar a campanha, aqui, elas já se multiplicam. Além das “ modernidades “ corriqueiras da vida transgressora nas redes sociais, ressurgem práticas  já  desgastadas e desacreditadas, como as pesquisas eleitorais sob encomenda. Há quem assegure, em Itabaiana,  que  um  usuário desse tipo de pesquisa  é o pecuarista Amorim, cuidando agora de uma espécie de gado ou rebanho político apascentado na ala do bolsonarismo de raiz, embora, ele próprio seja uma espécie de  ave de arribação.

Essas pesquisas adredemente preparadas sem ir a campo, e arquitetadas no ar condicionado dos gabinetes, deixam, contudo, falhas ou  ausências imperdoáveis, e que tornam clara a fraude grotesca.

Elas surgem em momentos críticos, quando, por exemplo, é preciso turbinar uma candidatura desidratada, ou  também, nos finais acirrados em que a amostragem de um candidato em posição de vantagem pode induzir muitos indecisos a direcionar o voto para quem irá vencer.

Hoje, com o bombardeio instantâneo e abrangente feito pelas redes sociais,  que tanto podem espalhar  mentiras, como desnudar as indecências  de situações fraudulentas,  as pesquisas sem lastro legal e rigor metodológico, são rapidamente identificadas, e postas nas lixeiras da desmoralização.

Foi o que aconteceu, exatamente com a pesquisa badalada com uma dianteira enorme da candidata do PL, que logo foi identificada e  tirada de circulação. O próprio partido,  faz uma nota fraquinha, tentando aliviar o desgaste.

A defensora pública e vereadora Emília, parece não ter feito uma boa escolha ao colocar-se sob o comando  de gente que tenta folhear as páginas da história de frente pra trás. Querendo ressuscitar as barbaridades, até de um passado recente, do qual participaram, deixando nítidas as garras de predadores.

 

 

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LUIZ ANTÔNIO BARRETO UM NOME A SER REVERENCIADO

Luiz Antonio, a quem Sergipe deve homenagens. 

 

LAB, como ele gostava de fazer-se sucinto  , ou Luiz Antônio Barreto como passou para a história foi, em Sergipe, o maior intelectual do seu tempo.

A produção intelectual de LAB é vastíssima e  diversificada. E irradiou-se pelo Brasil, foi reconhecida e homenageada em Portugal.

Luiz Antônio não foi um pensador de gabinete e solitário. Ele exerceu ativamente a política, energizou importantes cargos públicos, comandou profundas transformações na Educação, e fez revigorar o ambiente cultural sergipano.

Fez isso, as vezes, atravessando vicissitudes, incompreensões, e inexplicáveis malquerenças. A tudo suportou, quase com estoicismo, e morreu quando todo o seu patrimônio moral já estava devidamente resgatado. Outro patrimônio, mensurável, ou monetizado,  ele não o deixou.

Legou-nos, todavia, o conteúdo dos seus livros, das suas conferencias e palestras,  discursos;  talvez milhares de artigos  na imprensa escrita,  a densidade da realização virtuosa à qual dedicou sua vida.

Estranhamente, enquanto  Micheles são festejadas em homenagens untuosas,  gente da gente , e gente que fez, que realizou, produziu, inovou, como  Luiz Antônio Barreto...........

No começo deste mês de maio o professor e escritor Jorge Carvalho fez uma conferencia na Academia Sergipana de Letras. Uma numerosa plateia o ouviu, e ele amigo e parceiro das sonhadas empreitadas intelectuais de Luiz Antônio, contou a vida do amigo, revelou a grandeza do seu espírito, a importância da sua presença no cenário cultural brasileiro.

Sobre Luiz Antônio complementou o presidente da Academia Anderson Nascimento,  revelando uma faceta desconhecida, quando  ele , estudante de direito,  e Luiz, tornaram-se solicitadores, tentando ganhar algum dinheiro. Luiz  recebeu os honorários, divididos entre Anderson e o advogado que assinou as petições, e o gastou inteiramente comprando alguns livros, que entendia como essenciais. E descuidou-se das suas necessidades mais prementes. A necessidade maior dele era a alimentação do espírito.

Já o advogado e ex-governador Gilton Garcia lembrou a proximidade de Luiz com a sua família, e a dedicação que ele teve ao revisitar o governo do seu pai Luiz Garcia, e lá vislumbrar as ações que impulsionaram a modernidade em Sergipe. E contribuiu para corrigir inverdades, e até calúnias.

Luiz, era além de tudo um filósofo, com uma compreensão além do terra – terra que caracteriza a  vastidão da mediocridade.

O que falou Jorge, reforça a necessidade ética de ser feito o devido reconhecimento a Luiz Antônio. Na cidade , Aracaju onde ele viveu, na cidade, Lagarto onde ele nasceu, no espaço sergipano que ele abrangeu e ajudou a discerni - lo com muita, propriedade, indo até as raízes do nosso povo, o folclore , que Câmara Cascudo, com quem Luiz tinha diálogo e sintonia, disse ser aquilo que faz o retrato mais nítido das nacionalidades.

Pois bem,  a ele, falta lembra-lo em nome de ruas, praças, prédios públicos, falta, por exemplo, um titulo de Doutor Honoris Causa a ser concedido pela Universidade Federal,  que agora aproxima-se muito da sergipanidade reconhecida, ao tornar doutores o escultor Veio, o ativista das causas sociais , combatente impoluto contra o racismo, o ator Severo D`acelino, e do escritor Gilfrancisco, com um acervo impressionante de livros publicados, de incursões pela historia de Sergipe, pouco estudada; de certa forma preenchendo a lacuna com a morte de LAB.

Luiz Antônio Barreto poderia ser o próximo a receber postumamente da UFS,  o significante reconhecimento à sua dimensão cultural.

 

 

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NA UNDECIMA HORA A DESO LEMBROU: VAI FALTAR ÁGUA

 

De desastre em desastre, a Deso líquida credibilidade. 

 

Falar  sobre a DESO, é provocar uma redundância de criticas à tão desarvorada empresa das águas, e pretensamente dos esgotos, dos quais não cuida.

Na quinta -feira a indigitada fez tímidos  ou quase sussurrados avisos sobre  o colapso no abastecimento de água, que começará a partir da zero hora desta sexta-feira dia 24 e encerrar-se na noite de sábado. Seriam 24 horas de torneiras secas.

Isso, afetando aproximadamente oitocentas mil pessoas em Aracaju, Socorro e Barra dos Coqueiros.

Serão feito alguns reparos na adutora do São Franciso, uma ação programada e não emergencial. Mas a DESO entendeu que não deveria  ter uma consideração maior,  coitados dos seus  usuários,   deixou a coisa despreocupada para a véspera.

O que mais se pode falar sobre a DESO, que resiste tenazmente à ideia de ser privatizada?  Seria melhor caprichar nos serviços que presta, consertar as bombas eternamente colapsadas  do sistema de esgotos, evitando despejar todo dia a toda hora toneladas fedidas de merda no Sergipe, no Poxim, no Rio do Sal, nos canais que cortam Aracaju.

Mas as contas de esgotos inexistentes são religiosamente cobradas. E a fedentina prossegue, e cresce.

 

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COISA INEDITA: BOLSONARO NO LANÇAMENTO DE UM LIVRO

Aldo Rebelo faz Bolsonaro talvez,  ler seu primeiro livro. 

 

O ex- dirigente do Partido Comunista  do Brasil, o revolucionário PC do B, Aldo Rebelo, gerou um fato inédito: fez  Bolsonaro comparecer pela primeira vez ao lançamento de um livro. O ex- comunista, com suas origens de vaqueiro nas Alagoas, transforma-se agora em quase ícone da extrema-direita, e talvez esteja desprezando sua biografia ao aproximar-se tão calorosamente do seu expoente maior no Brasil.

E conseguirá produzir um outro fato inédito e inacreditável: fará Bolsonaro , talvez,  perder a sua virgindade no que se refere à leituras.

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