Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
“BRASIL MOSTRE A SUA CARA..” E A CIGANA NÃO ENGANOU
11/07/2025
“BRASIL MOSTRE A SUA CARA..” E A CIGANA NÃO ENGANOU

NESTE BLOG

1) "BRASIL MOSTRE A SUA CARA.." E A CIGANA NÃO ENGANOU 

2) NO ESCURINHO DA BR ENFIM SE FAZ A LUZ

3) MATERIA PUBLICADA EM 2015

4) EDITORIAIS DE JORNAIS

 

 

 

BRASIL MOSTRE A SUA CARA..” E A CIGANA NÃO ENGANOU

O patrão e o subserviente, que quer outra vez ser eleito para poder servi-lo 

 

No começo do regime militar, um politico sergipano que dizia estar muito velho para cometer erros,  sentia-se torturado por uma dúvida atroz. Militante da UDN, União Democrática Nacional, partido do qual fora um dos fundadores em Sergipe, ele, se quisesse continuar na política, mesmo tão deformada, teria de escolher  um dos dois partidos que o presidente da República marechal Humberto Castello Branco havia criado, após riscar do mapa eleitoral todos os partidos então existentes, e criado apenas dois: a ARENA, governista, e o MDB da oposição tolerada .

Desacostumado a  correr riscos, tanto assim que fora  apoiar o golpe já vitorioso, ( quase um desfile de tropas) ele hesitava, contudo, em ingressar num  partido que poderia ter vida curta, ou  esquecer-se definitivamente  da política.

O nosso personagem era frequentador de terreiros e mesas dos centros kardecistas, além disso, muito supersticioso, guardando seus patuás, embora, para agradar o bispo, não perdia as missas dominicais e procissões, nelas, sempre carregando o andor, e enfatiotado num terno de linho branco S-10.

Chegara a Aracaju uma cigana , que, rapidamente fez sucesso divulgando seus poderes em carros de alto-falantes, e sendo convincente  na sua capacidade de enxergar com nitidez o futuro. De um amigo, o político órfão de partidos, escutou uma revelação que o convenceu a recorrer à vidente: -“ Vá ouvir a cigana, “ que é batata”,  logo que  cheguei, ela, depois de espalhar os búzios e me dar um banho de ervas fedorentas, começou uma tremedeira danada, e com a voz rouca me disse: “ deixe logo essa rapariga que você arranjou, sua mulher já sabe, e se você não acabar logo essa raparigagem, ela já está decidida , e se vinga: vai lhe botar um par de chifres  ”. Eu não fiz o que a cigana mandou, e aconteceu então aquele escândalo enorme, que Aracaju todo comenta. De homem público  passei a ser corno público. Tudo porque não acreditei na peste daquela mulher, e acreditei na fidelidade da minha.

Lá se  foi então o nosso herói em busca da  vidente que “era tiro e queda “.

Sovino como era, desembolsou logo  500 cruzeiros. A cigana, animou-se, disse que aquele era um dos seus melhores dias, porque estava tomada por Zé Pilintra.

O político privado de partido, nem quiz ouvir mais nada ,depois da pergunta que fizera sobre  as dúvidas que o consumiam .Saiu chispando fogo ,  exigindo a devolução dos quinhentos cruzeiros, e foi descarregar a raiva no amigo que o convencera a fazer a consulta: -” você me fez perder , à toa, uma montanha de dinheiro, sabe o que aquela  cigana filha da puta me disse? Tenha calma meu senhor, tenha calma, isso tudo vai acabar logo, comece a gostar de coca -cola, e procure o professor Franco Freire para aprender inglês. O presidente Castelo Branco vai viajar aos Estados Unidos, acompanhado de todos os seus generais, almirantes   e brigadeiros, eles vão bater continência à bandeira americana, e pedir ao presidente “ Lindo Jonso” que venha tomar conta do Brasil.”

A Cigana que causou enorme decepção e revolta no político vacilante, errou, mas, caso ele houvesse vivido até o dia 9 de julho de 2025, iria constatar, certamente indignado, que a nigromante não o enganara.

Não passaria pela cabeça de ninguém que um presidente, Marechal de Exército, e seus oficiais generais fossem entregar “de bandeja”, o Brasil a um presidente estrangeiro. Isso seria uma inominável vergonha, um ato criminoso de traição à pátria. -Não, nossos militares jamais fariam isso. E de fato ele não estava errado na sua convicção. Houve exatamente o contrário. O general Ernesto Geisel, na presidência da República, acabou o Acordo Militar com os Estados Unidos, que, na prática,  entregava o comando das nossas forças armadas ao Pentágono. Até se pensassem em movimentar os tanques para dar um golpezinho de Estado, teriam de receber o sinal verde dos americanos. Geisel restabeleceu relações diplomáticas com a China, recusando-se a reconhecer Taiwan como país independente, causando muito atrito com Washington, mas, afirmando a nossa soberania ,e foi mais longe ainda, assinando um acordo de cooperação com a Alemanha, para um projeto de desenvolvimento  cientifico e tecnológico, a fim de lidar com a energia do átomo, e instalar usinas nucleares. O acordo  foi sabotado pelos Estados Unidos, e a Alemanha teve de  abrir mão de um negócio que lhe renderia muitas centenas de milhões de dólares.  Naquele tempo, a Alemanha  Ocidental  era ainda um país dividido, ocupado pelas tropas vencedoras, cabendo aos Estados Unidos e aos russos as maiores parcelas.

Por causa dessas ações, o general Geisel por muito pouco não foi deposto pelo general Sílvio Frota, o seu Ministro do Exército, um reacionário de corpo e alma, que,  com certeza, seria agora um entusiasmado e belicoso bolsonarista.

Hoje, a China é o nosso maior mercado, e o BRICS, uma alternativa mais ampla para o comércio e cooperação internacional. O BRICS representa hoje quase a metade do PIB mundial, e abriga também quase a metade da população do planeta.

A cigana, com tanta capacidade de exagerar ou mentir nas suas premonições, por mais dinheiro que quisesse ganhar , mesmo na sua simplória visão de mundo, não cometeria o absurdo de imaginar um cenário tão decepcionante, ridículo e criminoso:

um capitão, quase banido do Exército, e ex-presidente da República,  mandando aos Estados Unidos um dos seus filhos, (por fatalidade genética tão  moralmente desqualificado quanto ele)  para implorar ao presidente dos Estados Unidos que  viesse intervir no Brasil, e castigar os brasileiros.

 

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NO ESCURINHO DA BR ENFIM  SE FEZ A LUZ

O dirigente do DNIT, pode até acrescentar um efeito à sua biografia 

 

O engenheiro Ralpher Luiggi pode comemorar.  Uma obra simples, mas que desafiou sucessivos dirigentes do DENIT ao longo de quase vinte e cinco anos. Não foi ainda a duplicação da BR-235, uma promessa que ele fez, junto com outras, tais como a federalização da rodovia Lourival Baptista, ligando a Br-101 a Lagarto.

O engenheiro Luiggi, tem visão atualizada a respeito  dos problemas viários de Sergipe, mas lhe falta o essencial: dinheiro

para construir.

Ele prometeu, também, a duplicação da BR -235, até Itabaiana, mas, o que se espera ainda é a licitação a ser feita neste ano.

Mas de omisso não se poderá taxar o engenheiro.

Agora, a avenida que dá acesso a Aracaju, a Osvaldo Aranha, que Albano, depois de duplica-la, tardiamente descobriu que era federal, finalmente voltou a ficar iluminada, tal e qual era no começo. Repetimos: isso já faz quase vinte e cinco anos.

No trecho entre a fábrica de biscoitos FABISE e o viaduto, se fez o black-out completo,  meses após a inauguração.

 Sendo federalizada o governo do Estado não poderia fazer na avenida os reparos necessários, e ficou-se a esperar por Brasília.

Não houve um só parlamentar, seja senador ou deputado ,que houvesse tomado a iniciativa de destinar uma emenda para  que as lâmpadas voltassem a brilhar. Agora, há novas luminárias modernas  clareando a rodovia, ao longo dos três quilômetros de uma escuridão resiliente, e o dono da FABISE, Orlando Mendonça, um empresário que faz questão de pagar em dia os impostos, e não se cansa de cobrar o retorno do que destina ao governo; começa a enxergar, nem que seja um fiozinho minúsculo, da dinheirama arrecadada sendo empregada para sanar um desleixo de tanto tempo.

Mas, ainda resta clarear o viaduto. Com a palavra o diligente engenheiro Ralpher Luiggi.

 

UMA OBSERVAÇÃO: NÃO HOUVE TEMPO DE CORRIGIR . JORGE ARAUJO LEITOR ASSIDUO E ATENTO FEZ A CORREÇÃO. QUEM FEZ A ILUMINAÇÃO DA RODOVIA FEDERAL FOI A PREFEITURA DE SOCORRO. DNIT NOTA 0.

 

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CENAS DA DITADURA PARA QUEM NÃO A CONHECEU  E A DESEJA DE VOLTA 3 (Última)

MATERIA PUBLICADA EM 15/05/2015
 

 

(Em memoria de Paulo Barbosa de Araujo, Rosalvo Alexandre ( o Bocão), Seixas Dória, Viana de Assis, Jaime Araujo, João Cardoso do Nascimento, José Carlos Teixeira, e de todos aqueles que desde 1964, foram inconformados e resistentes à ditadura.

 

 

 

Era fevereiro, e em fevereiro tem carnaval. Mas naquele ,  de 1976, para os que logo seriam seqüestrados e levados a lugar incerto e não sabido, nem haveria  frevo, ou marchinhas carnavalescas. Durante dias e noites  os que estavam num quartel padecendo os horrores da tortura metodicamente aplicada, haveria o inferno  dos gritos, imprecações, insultos, gargalhadas de escárnio em meio a gemidos ,  no tumulto do desespero e do ódio.

Estavam cumprindo  a soturna missão, os comandados do tenente –coronel Oscar Silva, um personagem que entraria para a crônica dos desatinos da ditadura em Sergipe deixando  a duvida se  tinha um nome ou era  apenas um codinome.

Talvez nunca se saiba,  quais  os que comandaram e cometeram  atos ignominiosos  num quartel do qual afastaram-se, dignamente, o  comandante e toda a oficialidade. Aqueles militares sofreriam depois as conseqüências por não terem permitido que  as  fardas se sujassem com o sangue de presos políticos torturados,  porque  suas  idéias  não eram toleradas pelo regime.  Instalou-se em Sergipe, com a Operação  Cajueiro,  um  "carnaval " de  bestialidades.

Sete anos antes, em 69,  chegara a Aracaju um norte-americano que dizia ser agente da CIA. Era  Dan Mitrione.  Veio com a atribuição específica de ensinar à  Policia Militar de Sergipe os métodos "modernos" para extrair confissões de presos políticos. Se foram os policiais bons ou maus alunos do yankee doutorado em ferocidade,  não se chegou a saber. A PM sergipana nunca participou dos atos de repressão política, mas, naquele carnaval de 76 estava em Sergipe a fina flor da podridão dos porões. Era a "tigrada " do general Fiúza de Castro, comandante da Sexta Região  Militar,  especialista em truculências. Fiuza fazia parte ativa da rebelião contra a abertura política iniciada pelo presidente Geisel. Ansioso,  esperava o instante para a invasão do Palácio do  Planalto, quando seria  defenestrado  Geisel, e lá se instalaria o general Sílvio Frota ,  novo ícone da "linha dura " ,  que, além da idéia de reprimir, nada mais tinha na cabeça.

A Operação Cajueiro foi  feita para demonstrar que  o governo  era omisso ou conivente com a subversão.   No seu  livro medíocre, Ideais Traídos, o general Sílvio Frota afirma exatamente isso. Quando expulsou Frota do Ministério do Exército, para por ordem nos quartéis,  Geisel, que era inteligente, mandou que fosse  divulgado o manifesto golpista da linha dura, que continha uma sucessão absurda de pura sandice.

As ditaduras, sendo resultado da ausência do bom senso, para que possam sobreviver

necessitam  por em prática aquilo que é a sua essência: a insensatez.

Há duvidas sobre o numero exato de presos  pela Operação Cajueiro, mas, sabe-se  quantos foram torturados. O que sofreu a maior conseqüência dos tormentos  foi o petroleiro Milton Coelho, hoje cego. Segundo o criterioso historiador Ibarê Dantas, no     livro   A Tutela   Militar   em Sergipe, (indispensável  leitura ) foram presos no quartel   do 28 ºBC,  e não processados: Carlos Alberto  Menezes ,  Durval Jose de Santana, Elias Oliveira, Gervásio Santos, João Santana Sobrinho, Walter  Santos, e Welington Mangueira.

Processados, foram: Antonio Bitencourt, , Antonio Jose de Gois, ,  Alscepíades Jose dos Santos,  , Carivaldo Lima Santos, , Delmo Naziazeno,   Edgar Francisco dos Santos, , Edson Sales, , Francisco Gomes Filho ,  Jackson de Sá Figueiredo,  João Franciso Ozéa,   Jose Soares dos Santos,  Luiz Mário Santos Silva,  Marcélio Bomfim,  , Milton Coelho de Carvalho,  Pedro Hilário dos Santos,  Rosalvo Alexandre, e Virgílio de Oliveira.

Além desses 25 presos, foi intimado a depor no quartel, e depois processado, o deputado estadual Jackson Barreto.

São apenas cenas talvez fortuitas, que recolhemos de um tempo de triste memória, mas que alguns hoje tantos anos passados  dele são saudosistas e tentam ressuscitá-lo.

 

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EDITORIAIS DA FOLHA E DO ESTADÃO, EM DEFESA DOS INTERESSES DO BRASIL E CONTRA O HOSPICIO BOLSONARISTA



Coisa de mafiosos 

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia

O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas. Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos.

Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências.

Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar a medida drástica. Ademais, Trump pretende interferir diretamente nas decisões do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das ameaças, não tem nenhum poder. Talvez o presidente dos EUA, que está sendo bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana, imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em relação a processos judiciais.

Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos internos do Brasil. É verdade que Trump não tem o menor respeito pelas liturgias e rituais das relações entre Estados, mas mesmo para seus padrões a carta endereçada ao governo brasileiro passou de todos os limites.

A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.

Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por tabela, do bolsonarismo. Para esses movimentos, os interesses dos EUA e do Brasil são confundidos com os interesses particulares de Trump e de Bolsonaro. Não se trata de “América em primeiro lugar” nem de “Brasil acima de tudo”, e sim dos caprichos e das ambições pessoais desses irresponsáveis.

Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro.

Vestir o boné de Trump, hoje, significa alinhar-se a um troglodita que pode causar imensos danos à economia brasileira. Caso Trump leve adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos afetados.

Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a herdar seu patrimônio eleitoral. Pode até ser que Trump não leve adiante suas ameaças, como tem feito com outros países, e que tudo não passe de encenação, como lhe é característico, mas o caso serve para confirmar a natureza destrutiva desses dejetos da democracia.

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump, de Bolsonaro e de seus associados liberticidas. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros, seja qual for o partido em que militam, não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha os ideais da democracia.

 

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CHANTAGEM RASTEIRA DE TRUMP NÃO PASSARÁ

A chantagem rasteira de Donald Trump contra o Brasil não vai funcionar. Cogitar de que o Judiciário de uma nação soberana e democrática, que opera com independência, deixará de processar quem quer que seja para livrar o país de retaliações econômicas dos Estados Unidos não passa de devaneio autoritário.

Se a manifestação foi pensada para ajudar Jair Bolsonaro (PL) no julgamento em que é acusado de tramar um golpe, ela, na melhor hipótese para o ex-presidente, terá efeito nulo. Se tentou fortalecer o deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a disputa de 2026, acabará tornando o seu caso na Justiça brasileira ainda mais complicado.

Se seu intento foi impulsionar a direita brasileira, o resultado líquido tenderá a ser negativo. Vai ser difícil ficar do lado de quem patrocina uma agressão estrangeira à soberania e aos empregos brasileiros, pois tarifas adicionais de 50% sobre as exportações teriam efeitos nefastos sobre vários setores da economia nacional.

 

Chegou a hora de lideranças como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolherem de que lado estão. Ou bem Tarcísio defende os exportadores paulistas e a soberania brasileira ou continua posando de joguete de boné de um agressor estrangeiro e da família Bolsonaro, cujo patriotismo de fancaria se dissolve e se transforma em colaboracionismo diante da perspectiva da cadeia.

Está repleta de mentiras e incoerências a carta em que Trump tenta justificar o ataque comercial. As trocas com o Brasil não contribuem para o déficit norte-americano. Pelo contrário, há anos o resultado da corrente é superavitário para os EUA. O presidente republicano diz defender a liberdade de expressão aqui, mas lá manda deportar quem emite opiniões consideradas erradas pela Casa Branca.

O histórico de decisões anunciadas mas nunca efetivadas de Donald Trump faz duvidar da implementação das tais tarifas adicionais. Ele já mandou cartas ameaçadoras a outras nações marcando prazos para o início da vigência. A entrada em vigor de todas essas decisões causaria tumultos graves na própria economia dos EUA, pois se trata de um imposto sobre seus consumidores.

O sangue frio, portanto, é o melhor caminho para lidar com o novo arreganho de Trump. Nesse quesito, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se portado bem, o que ficou mais uma vez atestado na reação sóbria do Planalto ao anúncio do tarifaço.

O governo brasileiro não deve abrir mão de seus poderes de retaliar, conferidos pelo Congresso Nacional ao Executivo em legislação recente. Mas deveria recorrer a esse expediente apenas em casos extremos, que ainda não se concretizaram.

Insistir em demonstrar às contrapartes norte-americanas que não há nenhuma razão econômica para a invectiva contra o Brasil continua a ser a linha de ação mais indicada. No mínimo se ganha tempo para que as ciclotimias do populismo empurrem o presidente dos Estados Unidos para outros temas em suas redes sociais.

O tempo trabalha a favor do Brasil e dos outros países acossados pelas bravatas das guerras comerciais de Donald Trump.

 

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