Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO O POBRE MUNICÍPIO  QUE É RICO
18/10/2024
CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO O POBRE MUNICÍPIO  QUE É RICO

NESTE BLOG

1) CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO O POBRE MUNICÍPIO  QUE É RICO

2) O ‘’ SISTEMA”  E A CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

 

 

CANINDÉ DO SÃO FRANCISCO O POBRE MUNICÍPIO  QUE É RICO

Canindé sufocada, tenta respirar esperança. Em quatro anos de esperadas transformações.

 

Os três vencedores   do Prêmio Nobel de Economia deste ano  escreveram, a três mãos, um  livro sobre as causas do insucesso  de muitos países, e o sucesso de alguns outros, no percurso  da rota entre o subdesenvolvimento e a prosperidade. Os que ficaram atrasados pelo caminho, ainda hoje  buscam livrar-se   dos obstáculos, por vezes intransponíveis , que retardam a penosa marcha.

 Para trás  ficou o chamado Terceiro Mundo,  as ex-colônias . O Brasil era uma dessas, que,  ao contrário dos Estados Unidos  rapidamente  modernizado, ficou atrelado a uma elite retrograda, e também saqueadora.  Todo país onde a pobreza predomina e persiste o abismo social da desigualdade, se torna mais vulnerável à corrupção, porque a defasagem em termos sociais também faz parte do colapso civilizacional.

 Existe, todavia, um cenário muito pior naqueles países  que perderam a oportunidade de atrelar-se à revolução industrial lá pelos meados do século dezoito, e o fizeram com atraso. O Brasil ,tornando-se agora a décima ou nona economia do mundo, é um deles, mas,  não escapou da convivência com bolsões de pobreza, onde a qualidade de vida está muito distante daquela alcançada pelo restante do país. Isso acontece por motivos diversos, mas, é inconcebível admitir-se a existência de  municípios privilegiados por  excelentes receitas , onde uma enorme maioria dos seus habitantes não consegue ultrapassar  os desenxabidos limites de uma renda   familiar de três dólares- dia.

Isso ocorre, porque neles não  se  concretizam os mínimos benefícios. Não há empreendedorismo, nem boa educação , a rede de saúde é calamitosa,  nada se faz pelo  desenvolvimento ;   tudo se desperdiça no  desleixo ou no peculato, e nem se pensa  na execução de políticas  públicas  consistentes e transformadoras.

Canindé do São Francisco ostenta o infamante título:  figura entre os dez municípios brasileiros com os piores índices de custo – benefício entre o Orçamento da Prefeitura e a qualidade de vida da sua população.

Esta  vergonha  agora está  chegando a um ponto de  absoluto descontrole. Na medida em que o fim de um mandato se aproxima , cresce a voracidade dos ratos de cofre, um espécime de bípede  roedor viciado em papel moeda.

   Este “banquete” de uma rataria preocupada com o fim do “ queijo”   que lhes restará nesses dois meses derradeiros,  poderá ter insanáveis consequências,  comprometendo, para o próximo ano, os esforços pela recuperação das  tumultuadas contas depauperadas de uma Prefeitura onde se manipula, impudicamente, uma receita média de  VINTE E DOIS MILHÕES DE REAIS, pingando,  todos os meses, em cofres logo exauridos.

Enquanto os “ comensais” do lauto banquete se empanturram, com a certeza de que não lhes ocorrerá nenhuma improvável “ indigestão”,  entram em colapso os serviços dos quais dependem todos os habitantes ( são cerca de vinte e sete mil ). O comércio, sempre sacrificado, sofre as consequências de atrasos costumeiros nos pagamentos , tanto aos servidores como a quem fornece ou presta serviços terceirizados à Prefeitura. A inadimplência é inevitável, e com ela os prejuízos.

Pelas estradas, sempre precárias, ainda transitam os ônibus escolares e os caminhões -pipa, estes, essenciais para que as pessoas em locais distantes sobrevivam. Isso acontece porque as empresas se declararam em estado de greve, mas, em respeito  à sociedade não paralisaram as atividades. Nas Escolas, quase todas com instalações deterioradas, e onde falta ou escasseia constantemente a merenda, os professores  esforçam-se para  superar o desleixo da gestão municipal, mas  agora , diante do descaso de  gestores ausentes, ou escorregadios, decidiram entrar em greve.

O calendário escolar já profundamente afetado pela inação registrada durante a pandemia, e com uma rede de escolas onde a Internet não chega, corre o sério risco de sofrer mais uma  defasagem, e aos alunos restará a herança de uma Educação  ineficiente,  capengante, e não desaba por completo, apenas, pela resiliência dos trabalhadores dedicados nas salas de aula, onde  se  tenta, desesperadamente, evitar que gerações inteiras venham a perder o futuro.

 Qualquer retrato sem retoque que se faça da Saúde no Canindé  tão rico quanto carente e desassistido, revelará um cenário ainda mais deprimente.

Para que se tenha  ainda que pálida, uma ideia da situação que atravessa hoje o infelicitado Canindé do São Francisco, transcrevemos a nota pública divulgada pela empresa responsável pela frota de ônibus escolares:

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O ‘’ SISTEMA”  E A CRÔNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA

Emilia já pode começar a pensar em como administrar Aracaju. Livre de radicais e suspeitos, e sem ter como foco a busca de caixas pretas.

 

O que é hoje na deteriorada política brasileira aquilo que se convencionou chamar de “sistema” ?

Nada mais do que algo transformado em adjetivo depreciativo, usado por uma parte do “ sistema” para apelidar a outra.

Do tal “sistema” que é uma realidade  abrangente e orgânica, ninguém escapa ou dele se desliga.

O “ sistema “ é a própria vida política- institucional brasileira, ou de qualquer outro país. É, sem dúvida, uma categoria social complexa, e nele todo ser humano político, ou agente público, está umbilicalmente atrelado. No “ sistema” podem existir  dissidências eventuais , passageiras, de mera conveniência. Nada mais.

Qualquer iniciativa de mudar o “ sistema” se processa dentro dele próprio, com seus integrantes,  no momento opositores. E isso se chama apenas Democracia. No “ sistema”,  tal como seja visto,  ofensa, ou classificação sociológica,  estão, desde Lula a Bolsonaro, desde Emília a Luiz Roberto. Bolsonaro com Valdemar Costa Neto, com extremistas supremacistas brancos até, com banqueiros e as mesmas corporações que predominam, e pretendeu incluir nele os militares ,como parceiros de um projeto autoritário, ou simplesmente uma ditadura. Para acabar o que chamam de “ esquerdalha . Fracassou, o “sistema” sobreviveu, e nele apenas como dissidente eventual e oportunista permanece Bolsonaro, ex-deputado por 28 anos, ou seja, homem arraigado ao sistema.

Com Lula, estão também banqueiros, corporações, a esquerda, partes do centro ou centrão e também alas da direita, diriam os dissidentes: também o STF.

Nisso tudo, o que pode de fato mudar para pior o caluniado sistema, seriam a direita extremista ou a esquerda idem. Ai, chegaríamos a modelos nefastos de ditaduras, tais como as nazifascistas, ou as que foram sepultadas pelo  desabar de um emblemático muro. Nisso, ressalta uma  singular e caprichosa circunstancia histórica: nazifascismo e comunismo, foram sepultados ambos em Berlim. O primeiro, nos escombros restantes da capital alemã, em maio de 1945; o segundo, debaixo das pedras do Muro de Berlim, que  foi posto abaixo em novembro de 1989, pela população enfastiada com a ignominia de um sistema,  a “ ditadura do proletariado “.

E assim os sistemas têm sobrevivido, ou desaparecido, sob diferentes formas, sob diferentes climas.

Mas, retornando a Aracaju onde Emília se diz uma militante anti - sistema , e, ao que revelam a maioria das pesquisas,( inclusive a QUAEST que no primeiro turno foi objeto de  ataques, mas se revelou precisa) será a futura prefeita de Aracaju. 

Emília é fruto do “ sistema”, e em certos casos, como a sua união necessária ou oportunística com Edvan Amorim, e Rodrigo Valadares, com aquilo que mais pernicioso o “ sistema” abriga. Emília nasceu, cresceu e deu frutos no sistema, ao lado de tantos políticos do sistema, convivendo durante tantos anos na Câmara de Vereadores com o sistema. Qual o sistema que ela pretende encarar ou destruir? A ela mesma?

Mas, o  sistema, ou  aqueles que em Sergipe ocupam o poder, cometeram erros crassos, adotaram uma estratégia autofágica, e o voto popular  revelará o tamanho do equívoco.  Emília entrará na Prefeitura de Aracaju, com a dissidência do sistema, e resta esperar  que sejam correspondidas as esperanças dos aracajuanos,  um tanto céticos, tanto assim que resolveram arriscar.

Os que integram o grupo que apoia Luiz Roberto, por sinal  um experiente e bem sucedido gestor, fizeram um  desserviço a eles mesmos, quando partiram de lança em riste contra os próprios aliados, entre eles André Moura e Belivaldo, peças essenciais na eleição passada. André Moura, o  mesmo que carregaram num andor de gratidão enquanto ele distribuía por todo Sergipe, inclusive, na maior parte para Aracaju, as verbas que conseguia com o prestigio que tinha com o então presidente Temer, contra o qual Jackson Barreto, para ser leal a Dilma e numa lealdade improdutiva ao PT, resolveu acusar de golpista, e por ai vai.....

Belivaldo, que no governo definiu a escolha de Mitidieri para sucedê-lo,  já sinalizou seu afastamento.

Mas, após a muito provável  derrota em Aracaju do mais poderoso grupo político formado numa eleição, restará ao jovem governador Fábio Mitidieri  dedicar-se à reconstrução de laços desfeitos, de curar feridas ainda expostas e, com a inteligência e habilidade política que o fizeram chegar ao governo, entender, também, que precisa  redirecionar a sua administração. Repleto de energia e vontade, a ele isso poderia  ser possível.

A começar pelo arrefecimento do clima de festa, e mergulho na realidade que o eleitorado aracajuano agora, neste momento, está a revelar.

Terá certamente recursos para deslanchar projetos importantes, oriundos da ótima situação financeira que herdou de Belivaldo e soube manter e expandir, e da meia privatização da DESO que, no ano que começa já começará a levar dinheiro aos cofres estaduais.

Poderia ,de inicio, adiar para um pretendido segundo mandato a ideia da  nova ponte Aracaju – Barra. Seria  um investimento pesado, em face de outros muito mais importantes. A atual ponte que se alega estar saturada, na verdade tem transito pesado nas horas do rush, como acontece em todas as pontes importantes do mundo. Reconfigurar as cabeceiras, também o sistema viário da Barra, além de duplicar a rodovia do porto desde a BR-101, atenderiam melhor ao fluxo de cargas pesadas e inflamáveis, que surgirão,  quando se ampliar o porto, e for definido agora, o retroporto e as questões ambientais pendentes, e fazer ali surgir um hub de distribuição de mercadorias  para o mercado nordestino, além de uma mini -refinaria que poderia surgir no dia em que, finalmente, as reservas de óleo e gás na plataforma sergipana começarem a ser exploradas.

A rodovia que leva o nome do governador que a concluiu em 1969, Lourival Baptista, desde a BR-101 até Lagarto, necessita de uma duplicação urgente, para evitar enorme engarrafamento, e dar asas a um maior crescimento econômico do surpreendente município.

É preciso colocar em pauta, urgentemente, a duplicação da BR-235, desde o entroncamento em Socorro até Itabaiana. Ali a economia cresce, o empreendedorismo mostra os caminhos, e é preciso desafogar a via já obsoleta. Com verbas resultantes de emendas, e até recursos do próprio estado,  talvez o governo federal cumprisse a promessa feita por Lula.

As rotas do Leite, Carira- N. S. da Glória, e a do Sertão, da BR-235, até Canindé do São Francisco, necessitam de alguma reconfiguração, e não apenas simples manutenção. Por elas escoam o leite e o milho, e os turistas em demanda dos Canions de Xingó. Ambas, foram construídas por Marcelo Deda.

Sergipe continua carente de Casas Populares,  hospitais necessitando ampliação. Nesse particular,  seria oportuno avaliar, se, depois do Hospital do Câncer de Barretos instalado em Lagarto, ainda seria  necessário o Hospital do Câncer em Aracaju, que está sendo construído, ou transformá-lo para uma outra especialidade, como a traumatologia, por exemplo. O Hospital João Alves não suporta mais a carga de tantos acidentados.

Mesmo com Emília, uma adversaria na Prefeitura de Aracaju, o governador Mitidri poderia continuar republicanamente ,ajudando Aracaju a superar os problemas dos transportes coletivos, em projetos já iniciados na gestão de Edvaldo Nogueira, e ir  mais adiante em parceria com outros municípios para tornar viável o transporte fluvial, e assim , desafogando um pouco o transito  em Aracaju, que dá sinais de  saturação próxima.

No que diz respeito ao meio ambiente o governo poderia ter um protagonismo maior, reflorestando áreas degradadas, na caatinga principalmente, arborizando intensamente o estado, protegendo as nascentes, as matas ciliares, a em parceria com o governo federal, criar, nas reservas federais, um fluxo turístico especifico, que, no caso de Itabaiana poderia ter centro no Parque dos Falcões. Poderia ser traçado um roteiro das praias com a criação de reservas ambientais nas Caueiras e no litoral norte, incluindo um possível santuário, também oceânico, para proteger as tartarugas e reduzir a pesca predatória.

Não se pode deixar  de pensar em. ações preventivas nesses tempos de catástrofes ambientais.

 As adutoras do Leite, para levar água  sem tratamento à bacia leiteira de Santa Rosa do Ermirio, em Poço Redondo , bem como a adutora de reforço ao abastecimento daquela cidade, e ainda a adutora até Nossa Senhora da Gloria, são obras  essenciais para o reforço da economia do leite, hoje junto com o milho ,os dois motores principais da economia no semiárido  sergipano. Precisam ser aceleradas.

Para complementar essas ações naquela região, o governador poderia analisar a possibilidade de dar sequencia ao Perímetro Irrigado da Quixabeira, idealizado e iniciado por João Alves, mas que não foi adiante. É preciso ser reconfigurado, e estabelecida uma parceria com o MST. O Quixabeira fica em Canindé, e o prefeito eleito Machadinho, já declarou que o município poder ser parceiro no projeto.

Boas noticias para a cultura são sempre resultantes da presença do Instituto BANESE, mantendo Memoriais e tendo outras iniciativas, sempre inspiradas pela genialidade do arquiteto Ézio Déda. Mas ,temos uma Orquestra Sinfônica carente de tudo, de maior apoio ,de mais presença e protagonismo. Deveria ser aberto  um canal de diálogo com a intelectualidade, a Academia de Letras, a Academia da Educação, O Instituto Histórico, enfim, a  evidencia admitida de que cultura não se confunde com Odontofest.

Na educação o vice governador e Secretário Zezinho Sobral, vem fazendo um bom trabalho, tendo a sabedoria e sensatez de dar continuidade a projetos importantes,,, levados a efeito por excelentes gestores que o antecederam, como a Escola em tempo Integral, um setor onde Sergipe tem feito avanços consideráveis.  Mas ,camarão na merenda escolar não pode ser coisa confundido com avanço. Poderá ser até um risco de alergias.

Enfim , ,,a derrota em Aracaju, quase a crônica de uma morte anunciada, vai  ser um ponto de inflexão, para uma autocritica do grupo formado pelo governador, o prefeito da capital , concluindo uma bem sucedida gestão, três senadores da Republica, um ex-governador e senador da Republica, três senadores em exercício, uma ex-vice governadora e primeira dama, e os candidatos derrotados no primeiro turno, da delegada até a inteligente e  carismática candidata do PSOL.  Todos somados, e onde no somatório surgem petistas, lulistas, conservadores, direitistas, esquerdistas e bolsonaristas.

 E todos deverão fazer, a si mesmos ou em conjunto,  a crucial indagação: por que fomos derrotados ?

Se encontrarem a resposta poderão pensar, com algum otimismo, em 2026

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