Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa | Jornalista
CENÁRIO DO BRASIL APÓS O GOLPE DOS “ PATRIOTAS” ( Ou a “Revolução dos Covardes”)
22/11/2024
CENÁRIO DO BRASIL APÓS O GOLPE DOS “ PATRIOTAS” ( Ou a “Revolução dos Covardes”)

NESTE BLOG

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2) ALBANO 84 ANOS

 

 

CENÁRIO DO BRASIL APÓS O GOLPE DOS “ PATRIOTAS”

( Ou a “Revolução dos Covardes”)

 

O general obedeceu ao capitão, e juntos queriam fazer do Brasil o seu quintal.

 

 

Qual seria, no mundo,   a imagem de um país onde um punhado de militares houvesse assassinado o presidente eleito, o seu vice,   executado também um ministro da Suprema Corte e assumido o poder?

Isso teria acontecido na África , nos anos setenta, quando,  em Uganda, um militar, Idi Amin Dadá tomou o poder, e eliminava todo mês num ritual  de carniceiro, algumas centenas de pessoas que entendia como inimigas, ou, ocorrido  na  República Centro Africana.  Lá o ditador Jean Bedel Bokassa alimentava crocodilos com a carne viva dos seus opositores, e tinha freezers cheios com carne humana, que ele, um glutão, devorava com invulgar apetite.

Por incrível que pareça,  coisas assim  tão grotescas, passavam  quase despercebidas, diante de um mundo que  naturalizava absurdos, desde que registrados nos fundos de uma África  que vivera a tragédia da colonização, sendo saqueada pelas grandes potencias, e mergulhava, esquecida, no seus hábitos ainda tribais e selvagens. Quem lembrava, no primeiro mundo,  que existia  Uganda, ou a República Centro Africana, a não ser quando um presidente como o  aristocrático francês Giscard D`Estaing, se deixou seduzir pelos refulgentes diamantes que recebeu de presente do “ Imperador Bokassa”, causando um escândalo  enorme.  A história de faiscantes pedras, parece recorrente, e a sedução que exercem encantam  tanto primeiras damas, quanto seus maridos, também vulneráveis a esses irresistíveis apelos.

Mas, um sumário extermínio de candidatos eleitos pelo povo, num cenário de democracia sobrevivente, somado ao trucidamento  de um Ministro da Suprema Corte, ocorrendo no Brasil, país que é a nona economia do mundo, que tem uma tradição de protagonismo diplomático e de  defesa de valores civilizatórios,  causaria um impacto planetário, e, com certeza, nos jogaria  numa deprimente condição de pária entre as nações civilizadas. Aliás, chegando, dessa forma, aquela posição tão desejada e defendida pelo obtuso chanceler Ernesto Araujo, uma das excentricidades  naquele arsenal de absurdos que o capitão, ele mesmo uma excrescência, escolhera para formar sua anarco -conservadora equipe.

Essa revelação pela Polícia Federal dos rastros de um processo de degeneração politica e humana, levada a efeito pelo vulgar desordeiro que se tornou presidente, não chega a ser uma impensável surpresa.

Nos quatro anos de motociatas, ameaças e tumultos, ficou bem caracterizada a natureza incivilizada e retrógrada ,  a própria feição carrancuda e repugnante de gente inadaptada à normalidade democrática.  Apesar disso, supunha-se que, coisas assim, jamais viessem acontecer como a  ameaça feita pelo então deputado federal, se um dia viesse a ser Presidente da República,  seria ditador ,e  fuzilaria uns 30 mil brasileiros, colocando primeiro na fila Fernando Henrique Cardoso, o presidente no seu segundo mandato.

Quem imaginou que frases assim, tão assustadoras, não passariam de uma retórica agressiva para  retirar  da desenxabida sombra da mediocridade um  bisonho parlamentar,  agora,  verifica que  ele apenas  fazia a antecipação de uma morte anunciada da democracia brasileira. E isso, ele, e a sua equipe mais fanatizada fizeram, de forma  quase sempre com a improvisação que é uma característica da ansiedade dos incompetentes.

Um escritor francês Maurice Druon, tornou célebre um personagem símbolo da harmonia do ser humano com o planeta, o Menino do Dedo Verde.

Transitando em outra margem, naquela da brutalidade pura, na essência da desumanização e selvageria, surge entre nós o “ Capitão do Dedo Podre “, que degenerou a política, contaminou os quarteis, espalhou um ódio coletivo a tudo que não fossem as criações mal -alinhavadas de uma extrema direita fanática e destituída  de bom senso.

E assim estivemos à beira de um abismo.

Nos salvamos porque prevaleceu nos comandos militares o indispensável respeito à Constituição, ou, simplesmente, o bom senso de reconhecer o tamanho do buraco onde nos iria lançar o grupo restrito de alguns irresponsáveis e odientos.

 O grupo que se formou, e traçou as  ações táticas, que incluíam  assassinatos,  ignorou completamente as circunstancias estratégicas que adviriam, e teriam de ser enfrentadas.  Bisonha e estupidamente imaginaram que o crime, o assassinato, o trucidamento de algumas personagens, lhes abririam o caminho para o poder.

Apesar de todo esse extremismo, de toda essa ferocidade desumana, agora se revelam covardes,  pusilânimes, e se encolhem, tergiversando , mentindo, buscando escapar como ratos assustados.

Ser líder, mesmo que de uma facção de criminosos, exige alguma dose de desprendimento pessoal, de renuncia ao EU, para  fazer preponderante o coletivo. Quem lidera arrasta, convence, e também assume responsabilidades pelos que  são conduzidos. Mesmo um bandido  vulgar, um criminoso chefe de uma facção, não pode fugir da responsabilidade, embora nefasta que assume.

No linguajar militar, Bolsonaro é classificado como um “ combatente “ que não carrega feridos, prefere abandoná-los.

Um líder, que efetivamente mereça esse nome, terá de afirmar e reafirmar suas convicções, justificar suas atitudes, sejam elas presumidamente virtuosas, ou escancaradamente criminosas.

Ninguém lidera fugindo, escondendo-se, procurando escapar , enquanto ao seu redor outros vão caindo. Ele não sabe, ele não viu, ele não ouviu, ele não assinou, ele não autorizou.

Adolf Hitler, não chega a ser um exemplo a ser citado em nenhuma circunstancias, mas, não se pode negar-lhe a capacidade imensa de liderança, seja pela persuasão ou uso da força bruta.

Em 1923 ele esteve à frente do Putsch da Cervejaria, o golpe de Estado tentado em Munique. Saiu da Burgenbrauer  e fez a marcha ao lado do marechal Ludendorff, sendo todos postos a correr pela fuzilaria do  exército. Preso, levado a julgamento, Hitler assumiu toda a responsabilidade pelo golpe. Preso na fortaleza de Landsberg, escreveu o seu livro Minha Luta, onde anunciava todas as barbaridades, todos os crimes que iria cometer quando se tornasse ditador  e  fazia a “ justificação moral da ditadura “.

Falamos de ditadores, mas, que assumiram integralmente o seu papel.

Fidel Castro, preso na fortaleza de Moncada,  fez a sua defesa e responsabilizou-se por todos os atos cometidos. A História me Absolverá, foi o titulo que deu à sua defesa. A Historia não o absolveu. Ele também tornou-se ditador.

Luiz Carlos Prestes, que comandou a coisa absurda que foi a tentativa do golpe comunista em 1935, assumiu,  no fundo de um cubículo, onde foi torturado, toda a responsabilidade pelos crimes cometidos, inclusive. o fuzilamento de oficiais do exército seus colegas.

Em 1938, em pleno Estado Novo de Getúlio, os fascistas brasileiros ( Integralistas ) tentaram invadir o Palácio onde  dormia o ditador.  Pretendiam fuzila-lo.  Não conseguiram transpor os portões, foram dominados,  fugiram acovardados, e alguns foram fuzilados na hora.  O comandante da tropa era o oficial de Marinha Severo Fournier. Ele não era integralista, mas, nutria forte aversão às oligarquias brasileiras, e imaginava com a deposição de Getulio instalar um novo regime modernizador. Preso, Fournier, escreveu do cárcere várias cartas, onde reafirmava seus propósitos e assumia total responsabilidade pelos seus atos, demonstrando, sempre, desprezo total pela covardia dos seus comandados.

O repórter David Nasser, escreveria depois uma biografia de Severo Fournier, e sobre o golpe fracassado. Deu ao livro o titulo devastador : A Revolução dos Covardes.

Um sugestivo  e oportuno título para um novo livro sobre  o conjunto da obra maléfica, desses acovardados de agora.

 

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ALBANO 84 ANOS

Albano aos 84, uma vida voltada para o bem.

 

 

Neste dia 22 Albano Franco completa 84 anos.  Alcança mais um tempo ao longo do seu calvário, da saúde combalida e  sofrimentos outros que , interiormente sente, e não os exterioriza. Albano é um personagem singular na vida publica e empresarial sergipana. Herdou, ampliou  e consolidou um alentado patrimônio, do qual hoje não usufrui, em vista das condições em  que se encontra.

Mas o seu patrimônio maior é o legado de uma vida , exercendo cargos públicos importantes,  e com a característica de  a ninguém ofender ou a ninguém fazer mal.  Dirigente da maior entidade representativa do setor industrial brasileiro, ele fez obras sociais importantes que se espalham pelo país,  e no governo de Sergipe deu  notável impulso à industrialização de Sergipe. Marcos Melo, seu Secretário de Planejamentoo  na analise que faz dos oito anos dos governos de Albano,  dá uma ideia das articulações,  dos incentivos e atrativos outros que foram usados para aqui aportarem  investimentos, com a característica de capilaridade por diversos municípios sergipanos, que receberam importantes empresas,  agregando, sobretudo, muita capacidade de gerar empregos.

Os familiares e amigos  mandam celebrar, hoje,  uma Missa pela  sempre almejada recuperação da saúde de Albano .

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