Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
DA FÔRMA DE FAZER MENINO À FORMA DA NOVA POLÍTICA
14/07/2018
DA FÔRMA DE FAZER MENINO À FORMA DA NOVA POLÍTICA


 

DA FÔRMA DE FAZER MENINO À FORMA DA NOVA POLÍTICA

                 Preocupado com o filho, um rapaz que já passara dos trinta e não namorava nem queria casar, os pais arrumaram para ele um casamento a contragosto com uma jovem extra virgem, como o melhor azeite português, e, por isso, sem nenhuma experiência na cama, como se costuma dizer.

                Passava o tempo e, mais ansiosos ainda, os país passaram da preocupação a um quase desespero, quando descobriram que o rapaz não encontrara um jeito de consumar o ato, como costumeiramente se diz, com muito recato.

                  Pessoas simples e precariamente instruídas, muito menos ainda sobre questões de sexo, recorreram a um curandeiro barato que se diferenciava dos outros por fazer as suas rezas rimando, em improvisados versos.

               O benzedor começou seu ofício colocando os dois jovens nús numa cama e, passando um galho de aroeira sobre seus corpos, foi recitando: “A fôrma de fazer menino não é coisa de muito segredo, fica embaixo do umbigo meio palmo e acima do ... três dedos”.

                   Depois foi explicitando mais didaticamente como o jovem casal deveria proceder.

                 Mas não houve jeito, o rapaz rejeitava aquela fôrma, que absolutamente não lhe despertava os frêmitos naturais que percorrem o corpo. Assim, por mais que o induzissem, não encontrava, naquilo, o objeto dos seus desejos.

                 Fazendo-se uma analogia com a política, facilmente se constata porque tanto se fala e nunca se faz a esperada reforma que retiraria boa parte dos atuais vícios e começaria a transformar a vida pública numa atividade menos mal vista, como está sendo agora.

              Qualquer pessoa dotada de um mínimo de bom senso logo imaginaria que os principais interessados nessa salutar reforma seriam, evidentemente, os próprios políticos.

                Mas, decepcionantemente, o que ocorre é o contrário. O que pareceria recomendável, e até vantajoso para todos, se transforma numa coisa assim como aquela rejeitada “fôrma de fazer menino”, que causava náuseas no rapaz, que por ela não se sentia atraído.  

                 No caso da política, o que assusta é a forma como se pretende fazer a mudança. São os políticos que seriam encarregados de fazer esse pretendido projeto que a sociedade tanto acalenta, como instrumento, até, de regeneração ética. Ele jamais será aprovado no atual parlamento brasileiro, simplesmente porque, do mesmo jeito que o rapaz virgem e assexuado rejeitava a fôrma, para os políticos a forma como deveria ser feita a transformação da política não lhes interessa.

                De certa maneira, os políticos, por mais estranho ou revoltante que pareça, não estão errados. É que eles lidam com o mundo real da política. E há, entre eles, os que são decentes, honrados e têm de tapar o nariz para fazerem a travessia no lamaçal, sem sujarem muito as solas dos sapatos.

              O que existe de desvirtuado na política é consequência direta da nossa sociedade, que está muito longe de poder ser apresentada como um cenário de virtudes. A corrupção é um vício já tolerantemente institucionalizado, está presente em todos os poderes.

                   Pode um ministro da mais alta corte de justiça ser dono de um Instituto jurídico que recebe generosos aportes de verbas federais?

                 Pode um ministro da mais alta corte “assessorar” o Presidente da República, ser recebido altas horas, sem constar na agenda, e indicar nomes para os altos escalões do governo?

               E o que dizer de um ministro do Supremo que concede liberdade a um perigoso e conhecido traficante de drogas e assassino, fazendo no alvará a singela observação: “caso não existam outros processos”. A ingenuidade do ministro juntou-se ao equívoco do diretor do presídio, que não leu a “advertência” e liberou o bandido.

                 O que dizer, então, de um Supremo, onde se sabe que existem alguns conspícuos membros, que nada mais são do que vigaristas togados?

             Perguntas como essas, incômodas, podem ser produzidas às centenas, abrangendo questões igualmente atípicas, dirigidas a incontáveis setores da República e se aplicariam, também, a uma outra infinidade de setores privados.

             A verdade é que um povo tem os políticos que merece e o nosso povo é formado, ainda, por milhões de analfabetos e analfabetos funcionais, aqueles, às vezes até portadores de diplomas, mas que não sabem escrever ou interpretar um texto.

            É no meio desse povo carente de tudo, de educação, de saúde, de segurança, de civilização, de dignidade também, que os políticos se movimentam e batalham pelo voto. Sem fazerem assistencialismo, sem gastarem dinheiro com líderes políticos ou cabos eleitorais que conduzem a manada, dificilmente terão êxito.

                 Não adianta ocultar, nem tentar esconder com leizinhas bonitinhas e de meia tigela, a realidade de uma sociedade desigual, tantas vezes cruel.

                 É difícil encontrar políticos rigorosamente éticos num país onde ainda não se aprendeu a soletrar essa palavra e, muito menos, a entendê-la.

               Mas não aprenderemos com ditaduras, nem elegendo “salvadores” demagogos, que conseguem algum sucesso exatamente porque se beneficiam da nossa incivilidade.

             O que precisamos mesmo é de um banho civilizatório, que poderá durar dez, vinte, trinta anos, até que as próximas gerações possam viver num país que, agora, ainda conseguimos sonhar com ele. Ou seja, faltam-nos, como ao rapaz tímido, inexperiente e misógino, assexuado, a tesão que é necessária, tanto para o sexo, como para tocar as grandes transformações sociais, econômicas, políticas e morais que nos fazem falta.

 

AS TURBINAS PASSANDO, UM FATO ESPERANÇOSO

               As turbinas para a central termoelétrica da CELSE, na Barra dos Coqueiros, continuam chegando. São produzidas nos Estados Unidos pela GE, transportadas de lá até o Terminal Inácio Barbosa, na Barra, junto ao local onde já está quase pronta a estrutura física da usina.

                   Aí começa a complicação logística. As turbinas têm de ser transbordadas para uma barcaça, que contorna a ilha, entra pelo estuário do Sergipe e chega até o afluente Pomonga, onde se faz outra complexa operação de desembarque até as enormes carretas, que passam por estradas abertas só para essa operação e chegam a rodovia asfaltada, que cruza longitudinalmente a ilha, aí as turbinas retornam ao local onde inicialmente chegaram e, depois de tanto arrodeio, completam a viagem.

                    Esse cenário é só uma etapa dos desafios que estão sendo vencidos para a concretização do empreendimento em janeiro de 2020.

                   Somente um grupo forte, uma joint-venture reunindo os que asseguram o aporte financeiro e os que geram tecnologia, know-how de última geração, poderia enfrentar o desafio a um custo superior a cinco bilhões de reais e implantar em Sergipe a térmica, que será a maior da América Latina. Uma térmica, que não é poluente, vai usar gás vindo do Qatar e se tornar, também, fornecedora de gás para uma variada gama de empresas.

                    Não foi fácil trazer para Sergipe um empreendimento desse porte, mas é fácil, agora, projetar os benefícios que ele trará, já a partir do próximo ano, quando começa a ser definida a cadeia produtiva que utilizará o gás. Os benefícios imediatos a Barra dos Coqueiros já os está sentindo. E surgem, agora, outros desafios, que começam com a necessidade de um planejamento urbano e ambiental moderno, que impeça a conurbação da ilha e mantenha íntegra a sua diversidade, a qualidade de vida, os seus coqueirais extensos, os seus bosques de mangabas, as suas dunas, o importante aquífero, os rios limpos, os mangues vicejando.

                        É possível, perfeitamente, compatibilizar desenvolvimento com a preservação ambiental.

A COMPLICADA LOGÍSTICA PARA O TRANSPORTE DAS TURBINAS DA CELSE


O ILUSTRE SENHOR DE SANTANÁPOLIS

                     Ele era realmente um ilustre e digno senhor. Um senhor de Santanápolis, a cidade que ele, caprichando na criatividade, projetou, fantasiando tudo com as cores reais da sua Simão Dias, terra da estirpe culta dos Déda, protagonistas em tantos setores da vida sergipana.

                      Ele era Artur Oscar de Oliveira Déda, professor, jurista, magistrado, autor de livros sobre a ciência do direito, referenciados nas academias e nos tribunais e, mais ainda, memorialista, contista, romancista, um intelectual do mais elevado nível, uma pessoa completa, na acepção humanista. 

                   Quando desaparece um ser humano, e ele é lembrado com carinho, saudade e uma sensação enorme de perda por todos os que com ele conviveram, além da família, seus alunos, seus colegas da magistratura, da academia, toda a gente com quem ele convivia, fica delineada a melhor imagem que o ser humano almejaria construir em vida: a imagem do bem.

O SENHOR DE SANTANÁPOLIS, ARTUR DÉDA

 

ASAS E ASES DA FORÇA AÉREA

                Eles estiveram pela primeira vez em Aracaju em 1969. Vieram a convite do governador Lourival Baptista para a grande festa de inauguração do estádio Batistão. Pilotavam ainda o heroíco e versátil T-6, os North-American, aeronave a motor de pistão que a FAB operava. Servia para acrobacia, treinamento de pilotos e, basicamente, era projetado para ser um avião de ataque ao solo com bombas e metralhadoras.

              No grupo estavam pilotos de combate e os ases incríveis da Esquadrilha da Fumaça. Houve demonstração de ataque com bombas incendiárias a alvos flutuantes no estuário do Sergipe. Depois o espetáculo de destreza técnica e coragem dos ases da Esquadrilha, já, naquela época, classificados entre os melhores do mundo.

                 Retornaram a Aracaju outras vezes, uma delas atendendo convite do Aeroclube de Sergipe. Agora, depois de 14 anos, eles outra vez fazem, nesse domingo 15, as pessoas olharem para o alto e se extasiarem com a precisão e ousadia das manobras.

             Agora, os ases da Esquadrilha da Fumaça pilotam os Super- Tucanos, joias da tecnologia nacional, resultado do longo e, tantas vezes, penoso esforço da Força Aérea, do seu braço tecnológico, o ITA, Instituto de Tecnologia Aeronáutica, que gerou a EMBRAER, agora, a terceira maior empresa aeronáutica do mundo. Isso deve aumentar o orgulho daqueles jovens oficiais pilotos, da sua equipe de suboficiais e sargentos mecânicos, controladores, que os acompanham e que são o elo essencial para a precisão e segurança do vôo.

              A EMBRAER era estatal, depois privatizada, mas é, da mesma forma, brasileira, incorpora tecnologia, é a base tecnológica do nosso sistema de defesa, acaba de iniciar os testes com o transporte KC-390, um avião que substituirá, na FAB, os muito velhos e resistentes Hércules e já tem pedidos firmes de forças aéreas de dezenas de países.

            É o avião mais moderno e eficiente para a finalidade a que se destina. Projeto de engenheiros brasileiros. Mas costumam dizer os sebosos derrotistas: “as turbinas são americanas, sem elas o KC-390 não voa”. É verdade, mas o prodígio de juntar peças e gerar uma máquina voadora avançada em aerodinâmica e operacionalmente perfeita é patrimônio da engenharia aeronáutica brasileira. E tudo isso será entregue à Boeing, e a Embraer some nos seus modestos vinte por cento de ações que lhe restarão.

             O Tucano, o KC-390, os jatos de transporte, que fazem parte da frota de empresas aéreas em todo o mundo, passarão a ser apresentados como produtos da americana Boeing.

            E os brigadeiros estão caladinhos, alguns até já demonstram apoio ao negócio, dizendo que, assim, a EMBRAER vai “ganhar musculatura”. Que musculatura será essa, se a empresa se reduz a vinte por cento, sem ter voto nem participação na nova diretoria, ou seja, a EMBRAER acaba.

            Mas a Esquadrilha da Fumaça está por aí voando, despertando, na juventude de todo o país, o interesse pela aeronáutica e toda a tecnologia, sem a qual voar é impossível.

VÍDEO INSTITUCIONAL DA ESQUADRILHA DA FUMAÇA


A JOIA DA EMBRAER, O KC-390, QUE VAI SER DA BOING

 

SAUDADES DO G.BARBOSA QUANDO ERA DE SERGIPE

                  Quando era sergipano, o grupo G. Barbosa oferecia, na sua rede de supermercados, serviços de boa qualidade. Além das suas atividades empresariais, o grupo cuidava bem da área social, mantinha um programa para pessoas com deficiências e, ainda, ações em outras áreas. Enfim, era um grupo local com ramificações pelo nordeste, que tinha participação e presença na sua área de atuação. Vendido ao multinacional chileno-alemão Cencosud, o nome G. Barbosa foi mantido pelo comprador, porque era bem avaliado pelos consumidores.

                 Mas, em Sergipe, o G. Barbosa encolheu sua central de compras, além dos setores administrativos e de marketing que foram transferidos para Salvador. Mas em nenhum local o Cencosud conseguiu repetir a atuação que tinha o G. Barbosa. Aqui, o Cencosud é apenas um nome, um tanto estranho, e que, pelo menos em Sergipe, nunca tentou, sequer, tornar-se simpático, quanto mais solidário.

                    Assim, para Sergipe, o interesse único seria que o Cencosud fosse vendido para um grupo menos egoísta.

G. BARBOSA, AGORA CENCOSUD, QUE PENA!

 


 

GIVALDO ROSA E O LIVRO QUE NÃO PÔDE ESCREVER

                  O Procurador Federal Givaldo Rosa Dias era um homem fino, atencioso e muito solidário. Estudioso do direito, dedicava-se, com quase devoção, ao seu ofício de procurador e, pela sua cultura jurídica e integridade pessoal, valorizava o cargo que exercia.

                 Givaldo era um pesquisador dos troncos genealógicos sergipanos, um estudioso da vida patriarcal da colônia à República. Escrevia periodicamente nos jornais e seus artigos eram um desfilar de memórias, resultantes, também, do convívio que tivera com muitas dessas famílias com origem nos engenhos, ele mesmo com ascendentes em algumas.

                    Desejava condensar, em livro, os seus trabalhos e acrescentar novos textos. Não teve tempo para concluir a pretendida obra, que ocuparia o seu cotidiano de aposentado. Um cruel golpe, a morte de um filho, de forma estranha e respingando graves suspeitas sobre a própria nora e viúva, que já convivia com um amante, deixou o cristão, pacífico e cordato Givaldo, sofrendo a dor e a dúvida cortante sobre qual o caminho a tomar. Não escapou da depressão, apesar do carinho, da presença constante da sua esposa e dos filhos, e isso o levou à morte.

                  Givaldo Rosa, para exercer sua vocação de servir, de ser justo, de ser útil, filiou-se à Loja Maçônica Cotinguiba e era um dos seus graduados membros, mas andava afastado. Os companheiros da Loja preparavam-se a fim de ir à sua casa visitá-lo e fazer o convite para que ele voltasse a frequentar os trabalhos.

                     Infelizmente não houve tempo.

GIVALDO ROSA, UM HOMEM VIRTUOSO

 

DENÚNCIA: LIXO DE ALAGOAS DESPEJADO EM ILHA DAS FLORES

                   Caminhões de lixo atravessam, em balsas, o rio São Francisco, saindo da margem alagoana e transportando o monturo para Sergipe.

               Desembarcando em Brejo Grande, vão até um lixão em Ilha das Flores e descarregam sua carga imunda e ilegal. Afirmam algumas pessoas na região, denunciando o fato, que tudo aquilo resulta de um convênio firmado pelo prefeito de Ilha das Flores com prefeituras alagoanas, que, dessa forma, já anunciam ter fechado os seus lixões.

             Trata-se de um crime ambiental gravíssimo, onde existem culpas de parte a parte, mais graves ainda da parte do prefeito de Ilha das Flores, que seria responsável pelo crime, por ter assinado o tal convênio, um grotesco, absurdo documento, que pode levar à prisão quem o assinou, se é que existem mesmo responsáveis por um delito, que teriam tido a ingenuidade, ou irresponsabilidade, de colocar nomes, tentando legalizar o que é crime inafiançável.

                   Os órgãos ambientais de Sergipe e Alagoas já teriam sido alertados.

 

BONS RESULTADOS APARECENDO

                 Há resultados visíveis no sistema estadual de saúde. A instalação recente do centro de atendimento do IPES, que equivale a um hospital e, bem aparelhada, eleva, consideravelmente, o nível de eficiência dos serviços prestados aos servidores públicos, que ficam dispondo de um plano de saúde idêntico aos melhores e a um custo bem menor.

                 Semana passada, um colapso no atendimento pediátrico no hospital Santa Izabel e em UPAs de vários municípios, aumentou a carga no HUSE. Mas não se viu mãe pelos corredores com criança no braço chorando. Houve espera, mas todas ficaram acomodadas com seus filhos numa sala, onde havia conforto e atendimento decente.

                  As cirurgias eletivas estão sendo intensamente realizadas e a fila de espera foi reduzida.

                Na Polícia, foi informado que os assaltos a ônibus caíram.  Foram 973 casos em 2016, 590 em 2017 e, agora, no sétimo mês do ano, estão em 289, o que evidencia um vertiginoso decréscimo. Foi informado, também, que o governador Belivaldo e o Secretário de Segurança, João Eloy, retornaram de São Paulo trazendo um convênio assinado por Belivaldo e o governador paulista Márcio França, que vai possibilitar ao sistema de segurança do estado interagir com o paulista, ter acesso às tecnologias que a polícia paulista vem utilizando e já tornam aquele estado o menos inseguro do país.

             No DER-SE, informa-se que equipes estão percorrendo as estradas e fazendo a tapagem emergencial dos buracos. Como se sabe, o presidente Temer impediu que o governo de Sergipe contratasse, com a Caixa Econômica, um empréstimo da ordem de 500 milhões de reais, destinado, exatamente, a recuperar e construir novas estradas. Com a Caixa o empréstimo já estava aprovado e, na hora da assinatura, houve a interferência do ministro Carlos Marun.

                Temer já havia dito a Jackson que a liberação do dinheiro só  dependeria do voto dos deputados a favor da reforma da previdência e ele havia respondido que não era dono da opinião dos parlamentares.

                  Quando se tem a infelicidade de ter um presidente desqualificado moralmente como Temer, todo absurdo torna-se possível.

BELIVALDO FISCALIZANDO O FUNCIONAMENTO DO HUSE


GOVERNADOR DE SERGIPE, BELIVALDO CHAGAS, E O GOVERNADOR DE SÃO PAULO, MÁRCIO FRANÇA, ASSINAM O CONVÊNIO QUE ABRE AS PORTAS DA TECNOLOGIA PARA A POLÍCIA SERGIPANA

 

AS PICARETAGENS UNIVERSAIS

                No Rio, circunstâncias políticas que dificilmente se repetem, levaram à Prefeitura da cidade um dos donos da Igreja Universal, o bispo, ou pastor, Marcelo Crivella, por sinal, genro do sócio majoritário do empreendimento, o bispo Edir Macedo. Crivela já ocupara nos governos de Lula e Dilma o Ministério da Pesca e não mostrou ao que veio.

              Favorável, entusiasmadamente, a tudo o que se faz no seu empreendimento, intitulado evangélico pentecostal, para fortalecer o caixa da empresa, ou da igreja, Crivela é, contudo, um homem que simula rigor nos costumes e prega um fundamentalismo que fanatiza os seus adeptos, “salvos das garras do demônio” com as generosas doações que fazem e permitem ao líder Edir Macedo dispor de jatinhos de alto luxo e suntuosos apartamentos em várias cidades, casas de praia e de campo em outras.

              Crivela pode fazer tudo isso, desde que tenha pessoas ingênuas, crédulas ou desavisadas, para frequentarem os seus templos, não pode, contudo, como prefeito, descumprir a Constituição brasileira, que nos define como um Estado laico, ou seja, sem religião única e oficial. Isso é um avanço na vida dos povos, porque o Estado não deve estabelecer qual a religião que as pessoas têm de seguir e, muito menos nas escolas, nos prédios públicos, utilizá-los para fazer proselitismo político, nem privilegiar qualquer uma das confissões religiosas.

                Mas é exatamente isso o que está fazendo o prefeito Crivela, que não conseguiu ainda administrar o Rio, traçar um rumo para a saúde, para os deteriorados serviços que o município presta, mas abriu as portas do  suntuoso Palácio da Cidade para receber pastores, anunciar que eles teriam tratamento diferenciado e, pior ainda, organizou eventos da Igreja Universal em escolas da rede pública.

              Crivela, um cidadão que torce o nariz para as alegrias do povo, que esconjura os centros de Umbanda ou Espiritismo, que negou-se a punir um dos seus pastores enlouquecido e intolerante, aquele calhorda estúpido que, durante um programa na rede de TV que pertence a Universal, chutou várias vezes a estátua de Nossa Senhora Aparecida, um gesto grosseiro e incompatível com a alma acolhedora do povo brasileiro.

             Crivela, prefeito da cidade que faz o grande Carnaval, a maior festa popular do mundo, que gera emprego e renda para o município e o estado, que atrai turistas de todo o mundo, decidiu viajar para a Alemanha e alegou uma agenda oficial mentirosa, por ele inventada. Viajou para fugir do carnaval, levou assessores pagos pelo município. Negava-se, por motivos de fé, talvez, a ver a beleza de corpos exibidos, o “ímpio festival pagão” onde identifica graves pecados, ou a “obra de do demônio”, mas usar indevidamente o poder, os cofres públicos, mentir, nisso, só vê bênçãos caindo dos céus e afugentando o capiroto.

               O Ministério Público está investigando esse manhoso banqueiro da fé e político oportunista, que faz parte de um projeto de poder para ser usado em benefício de um grupo. Algo bem diferente e conflitante com o proceder dos verdadeiros evangélicos nos seus sóbrios e exigentes templos, surgidos a partir da Reforma iniciada pelo frade alemão Martinho Lutero, que vislumbrou caminhos diversos para a prática do cristianismo.

 

A POLÍCIA FEDERAL JOGANDO HANDEBOL

                  A sede da Confederação Brasileira de Handebol fica em Aracaju. Sergipe se destaca no esporte. Manoel Luiz está no comando da Federação há exatos 21 anos, o que já se configura como um procedimento personalista, que pode descambar para um sentimento de posse.

                Manoel, no decorrer desses mandatos em série, organizou eventos de sucesso, desenvolveu o handebol e o tornou um esporte que atrai público. Também lidou com muito dinheiro.

              Não se quer aqui fazer precipitadas conclusões a respeito do comportamento ético de Manoel Luiz, que, por enquanto, é apenas acusado. Mas há fatos graves denunciados e partem dos próprios atletas que se consideram traídos e enganados e, agora, sem recursos para irem participar de um campeonato internacional.

               Diante de um quadro de muitas suspeitas e graves indícios, a Polícia Federal decidiu entrar no jogo. Já fez devassas em residências e escritórios, ouviu depoimentos e, certamente, já tem preparo para jogar um bolão.


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