Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
DESDE A “GUERRA DA LAGOSTA “  ATÉ O “DUELO” COM ELON MUSK
25/04/2024
DESDE A “GUERRA DA LAGOSTA “  ATÉ O “DUELO” COM ELON MUSK

NESTE BLOG

1) DESDE A “GUERRA DA LAGOSTA “  ATÉ O “DUELO” COM ELON MUSK

 

2) SERGIPE  OS NOSSOS EMPRESÁRIOS E ONDE FICA  JULIANO  CESAR SOUTO

 

3) PORTUGAL 25  DE ABRIL DE 1974 SURGE A LIBERDADE AO AMANHECER

 

 

 

DESDE A “GUERRA DA LAGOSTA “  ATÉ O “DUELO” COM ELON MUSK

 

1963 um avião brasileiro sobrevoa navio de guerra francês.

Elon Musk um gangster que é um dos homens mais poderosos do mundo.

 

 

“ Serenai verdes mares bravios da minha terra

 natal onde canta a jandaia na palha da carnaúba “

                                         ( Jose de Alencar )

 

 

Era o ano de 1963 , e o Brasil quase vai à guerra.

E era também carnaval. O Almirantado esperava a ordem do presidente para a nossa esquadra zarpar , com a missão provável de enfrentar belonaves francesas que,  “agressivamente ,“ navegavam em direção às águas do nordeste, e teriam a

 missão de  proteger os barcos  franceses que clandestinamente pescavam lagostas em águas brasileiras, no nordeste, entre os mares verdes do Ceará e do Rio Grande do Norte.

A pendenga já se arrastava há dois anos , e daquela vez parecia que a França resolvera exibir sua força naval ao Brasil.

Os comandantes da Marinha  brasileira entenderam que seria necessário, pelo menos, deslocar alguns navios para o nordeste, e em caso de afronta ter de reagir, e quase iniciar uma guerra. A FAB enviou aviões para as bases de Natal e Recife, os poucos que tínhamos para operações longas sobrevoando o Atlântico.

Mas  era carnaval, e onde estava o presidente  da Republica ?  Não o encontraram em Brasília, nem no mais provável local, a pérgola do Copacabana Palace  no Rio de Janeiro, onde ele, morador do edifício Chopin, ao lado, bastava descer e participar das rodas dos políticos e jornalistas, amigos dele, e de um denominador comum: um bom uísque.

 

 Finalmente,  encontraram o presidente na sua estância gaúcha em São Borja. Pelo rádio, Jango autorizou a saída da esquadra.

E a esquadra se fez ao mar – oceano. Três dias depois, alcançou as águas do nordeste, e começava um jogo de gato e rato, entre os antigos barcos brasileiros e dois contratorpedeiros franceses que se separaram do porta-aviões Clemanceau,  ficando costa africana, e  navegavam rumo aos verdes mares do Ceará.  

 Aviões Lockheed  da Força Aérea, com seus pilotos sempre arrojados, assustaram os marujos franceses. Voando em formação , e quase roçando as ondas, isso à noite , em direção ao  contratorpedeiro Tartu, e com luzes apagadas,  quase chocando-se com o navio, de repente acenderam seus faróis, e arremeteram . Suas tripulações tiveram tempo de vislumbrar os marujos gauleses  correndo pelo  tombadilho.

Além desses sustos eventuais, e até de alguma cordialidade via rádio entre os prováveis combatentes, o que acabou acontecendo foi  um acordo , e a pacificação. Mas o folclore político  saiu enriquecido.

As nossas impetuosidades beligerantes, muito alimentadas por uma parte da esquerda,  e de alguns jornais onde se destacava   O POVO, de Fortaleza, que pertencia ao senador conservador Paulo Sarazarte,  e convocava os cearenses e os brasileiros às armas.

 Houve  água fria na fervura, quando, dos Estados Unidos chegou a advertência: os equipamentos das Forças Armadas brasileiras, navios, aviões tanques canhões, só podem ser usados contra quem  Washington permitir.

Há um Acordo Militar que deixa bem explicitas essas condições.

O Brasil comprou a preços favorecidos armamento ou sobras  da Segunda Grande Guerra ( 1939- 1945), entre eles navios e aviões. Mas os Estados Unidos estabeleciam como, e onde, eles deveriam ser usados.

Esse acordo militar que era humilhante para o Brasil seria cancelado pelo general presidente Ernesto Geisel, em 1976.

Hoje, o Brasil pode acionar sua máquina de defesa, sem pedir licença, nem levar reprimenda.

Mas, evidentemente, não pode   fazer guerras de agressão, ou tentar golpes militares. Isso a nossa Constituição terminantemente proíbe.

 Nunca foi comprovada  aquela frase atribuída ao solene e quase majestático  presidente francês, o general De Gaulle: “ O Brasil não é um país sério”. ( Le Brésil n’est pa un pays sérieux).

 

 

Tudo isso fez parte da “ Guerra da Lagosta.” Os barcos franceses teimavam em pescar na plataforma continental brasileira. Lagosta não se captura em águas profundas. O mar cearense era o habitat preferido dos disputados crustáceos, que fazem uma parte dos requintes da gastronomia francesa. Os pescadores brasileiros reclamavam. Seus barcos eram primitivos, os franceses operavam com avançadas tecnologias.

A lagosta era quase desprezada até que no começo da década dos cinquenta apareceu em Fortaleza um gringo americano chamado Morgan.

Ele demonstrou que era possível produzir centenas de toneladas ao invés das tímidas dezenas que alcançávamos. Foi tratado como um gringo explorador, que  destruía os recursos naturais brasileiros. Mas o míster Morgan já criara uma atividade que trazia prosperidade ao Ceará, e passaram a vê-lo com outros olhos. O Ceará tornou-se grande produtor de lagosta e os franceses chegavam querendo participar do bolo.

Não seria preciso afugentá-los nem considerar seus barcos uma ameaça à soberania nacional.

Um navio patrulha  da Marinha Brasileira apreendeu um barco de  pescadores franceses  em águas territoriais brasileiras. Os tripulantes ficaram presos e a França protestou, e mandou navios de guerra para protegerem seus pescadores.

Estava criado o imbróglio. E  a questão foi conduzida do lado francês com arrogância, do lado brasileiro , com o nosso complexo de inferioridade, ou exageros de patriotadas inúteis.

 

Depois da guerra que felizmente  não houve, descobriu-se que o entendimento pode harmonizar interesses. E acertou-se que os franceses poderiam pescar, destinando uma quantidade da lagosta capturada aos pescadores brasileiros. E alguns deles decoraram um Vive la Françe, quando se aproximavam os barcos franceses.

 

Do episódio restou um repertório jocoso, enriquecendo  o nosso anedotário pátrio.

Agora, entramos em conflito com um gangster chamado Elon Musk. Mas esse gangster sem princípios, sem valores a cultivar, ou barreiras morais a respeitar, acumula uma fortuna gigantesca,   que fica acima do PIB da maior parte dos países deste planeta. Elon Musk, é, inegavelmente um gênio nos negócios e na capacidade inventiva.

Enviando seus foguetes a lua, e pensando em escapar da órbita solar e varejar a vastidão  do cosmos, ele, em cada excentricidade dessas acumula conhecimentos, amplia o poder. Não há um ponto da terra por onde não passem por cima os seus satélites.

Elon Musk avança pelo espaço e começa a controlar o cyber- espaço. Se ele quiser pode paralisar as nossas comunicações. O Brasil não tem um só satélite próprio, girando em torno da terra. Produz satélites, mas lhe falta o vetor para coloca-los  em órbita. Ou seja, somos extremamente vulneráveis,  porque nunca tivemos uma visão de Brasil, compatível com o que efetivamente representamos. E este é, e será o grande desafio. Enfrentar Musk numa “ guerra cibernética, seria tão desastroso quanto desafiar a Marinha francesa naquele distante 1963 .

Ah! Mas Elon Musk nos afrontou, ameaçou a segurança  nacional, a  nossa soberania .

Questão de intepretação ou de  irrealismo político.

Precisamos aprender com Bismarck ,  cérebro politico e militar da unificação alemã ,  o que vem a ser a “real politik”. ( Continua no próximo blog)

 

LEIA MAIS

 

 

SERGIPE  OS NOSSOS EMPRESÁRIOS E ONDE FICA  JULIANO  CESAR SOUTO

 

 

 Desde o tempo dos engenhos, as chamadas “classes produtoras” sergipanas nunca tiveram essa ideia de que formariam uma classe. Seria mais adequado dizer que se imaginavam como uma casta, tendo dinheiro e consequentemente poder, influindo na política, mas, sempre se perderam pela vaidade  do individualismo, as vezes arrogante. E sem perder o “ direito” aos privilégios.

Nos anos cinquenta, quando   o velho sistema de produção açucareira perdia fôlego, e os engenhos apagavam suas caldeiras, um usineiro, jornalista  e fundador de um Partido Socialista, Orlando Dantas, desenhou um projeto para a modernização  da agroindústria açucareira, que consistia, em primeiro lugar no desaparecimento do senhor de engenho, cercado de escravos, que ainda persistia forte entre os seus herdeiros; e, em segundo lugar, a criação  de uma mentalidade  onde existiriam empreendedores, convivendo com uma massa de trabalhadores,  com dignidade e direitos.

Resumindo: se formariam duas ou três centrais açucareiras modernas, que reuniriam todos os remanescentes dos engenhos ou das usinas obsoletas, e formariam uma sociedade em moldes de cooperativa.

Não,  não,  foi a resposta, e disseram quase todos: vamos mandar em que?

E faliriam todos. Salvaram-se Augusto Franco, que já havia investido e modernizado a Central Pinheiro, hoje sob o comando do seu filho Osvaldo, alcançando níveis elevados de produção e produtividade, e salvou-se também o autor da ideia o usineiro e jornalista Orlando Dantas, com a modernização da Usina  Vassoura, e aquisição e uma outra. Todavia, com a morte de Orlando  as usinas não resistiram.

Esse exemplo confirma a suspeita de que no empresariado sergipano, com raras exceções,  se existe visão moderna de empresa, estaria faltando, talvez, um conceito mais amplo que abrangesse um projeto incluindo o interesse empresarial acoplado a um projeto atualizado e modernizador para Sergipe.

 

Ou seja,  existe a necessidade de pensar e de fazer política. E politica não se faz apenas nos partidos. Aliás, hoje, ela se desfigura como um zumbi atordoado, em meio a deformação causada pela existência de mais de trinta partidos.

Uma interlocução vigorosa e criativa entre o empresariado e o poder público, poderia resultar na própria superação da ineficácia do sistema político, tal como subsiste hoje.

O empresário  Juliano Cesar Farias Souto, que herdou do pai    o nome ,   um grupo solido, e o ímpeto do pioneirismo, tem vivencia acadêmica que lhe dá conteúdo às ideias, e o faz

     transitar pela seara da política, que, necessariamente, não necessita de partidos, e preocupar-se com o mundo, com o impacto das transformações tecnológicas na sociedade, e na própria convivência com empresas e pessoas.

Nesta noite de quinta- feira, 25 ele estará lançando no Espaço Selma Duarte o livro Cultura Empresarial, onde alinha pensamentos que vai transformando em ideias, indo além do espaço das suas empresas.

Coisa rara no nosso mundo empresarial.

 

LEIA MAIS

 

PORTUGAL 25  DE ABRIL DE 1974 SURGE A LIBERDADE AO AMANHECER

A revolução que começou com canhão e terminou com flores

 

Faz meio século, caia a ditadura mesquinha, feia , miserável,  do repugnante obscurantista Oliveira Salazar. Ele já estava morto, sucedia-lhe um jurista,  e sabujo, Marcelo Caetano, há quatro anos alongando a ditadura pútrida, que não escondia mais a sua deterioração.

Portugal, afundado no atraso de um conservadorismo rançoso, abençoado por bispos e arcebispos medievais, era a parte da Europa onde sobrevivia, quase intacto, o sistema e a mentalidade do feudalismo.

Das colônias, principalmente Moçambique e Angola, heranças do grande império transatlântico que o pequenino e navegador povo português conseguiu formar, provinham os recursos com os quais armavam-se os  exércitos para irem dizimar o povo negro africano que subjugavam, e também alimentar a fome de poder e dinheiro dos sequazes, e manter azeitada a máquina da repressão , traduzida na nefanda policia política, a temida PIDE.

Salazar despencou de uma cadeira de balanço na varanda  da sua casa na praia do Estoril. Oficialmente, fazia as unhas dos pés, extraoficialmente, ao desequilibrar-se, enquanto a “cuidadora” estava a fazer-lhe carícias orais.

Não seria nada estranho, até mesmo uma prova de que por baixo da soturna figura, existia um homem, capaz de amar e sublimar-se com o sexo, não fosse  Oliveira Salazar um falso puritano, que passava até a ideia de que fizera voto de castidade, e não tinha mulher, porque o seu tempo era exclusivo para servir ao povo português.

Bateu a cabeça ao chão e logo simularam que ele estava bem e governava Portugal, isso até que finalmente morreu.  

E assim ele conseguiu manter o povo português anestesiado, oprimido, enganado por exatos 42 anos. Uma das ditaduras mais longevas, tão desgraçada como são todas elas.

O  escritor inglês Martim Page ( 1938- 2005) viveu muito anos em Portugal. Estudou o pais como poucos, e pelo qual era fascinado,   escreveu o livro A Primeira Aldeia Global – Como Portugal  Mudou o Mundo, onde, num capítulo intitulado Liberdade ao Amanhecer ele descreve o nascer da Revolução dos Cravos:

 “ Passavam  24 minutos da meia-noite. Era a madrugada de 24 para 25 de abril de 1974, quinta – feira quando Leite de Vasconcelos, produtor de um programa de rádio, se encontrava num dos estúdios da Rádio Renascença. Baixou a agulha do gira-discos para passar  Grândola Vila Morena, uma canção cuja letra tinha sido proibida pela censura. Algumas pessoas que a escutavam eram ouvintes do programa pela primeira vez. Tinham ligado o rádio e sintonizado o programa motivados por uma  crítica que, num jornal da tarde anterior, considerava o programa de “ audição obrigatória “.

 Entre os novos ouvintes, alguns eram jovens oficiais. Tanto a crítica no jornal como  a canção eram o sinal codificado de que  era chegado o momento para por em prática o plano de ação durante meses concebido em reuniões secretas.

Ao amanhecer os lisboetas mais madrugadores depararam-se com tanques e carros blindados apontando seus canhões para os edifícios militares e do Governo, importantes quarteis da Policia,  aeroporto, estação de rádio do Estado e outras instalações-chave. “

Logo a Movimento ganharia o nome: seria a Revolução dos Cravos, festejada com as flores que jovens colocavam nas boca dos canhões e dos fuzis, que não precisaram disparar. O salazarismo moribundo caiu putrefato

Voltar