Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
DO PALÁCIO ELISEU AO PALÁCIO DO PLANALTO
21/07/2018
DO PALÁCIO ELISEU AO PALÁCIO DO PLANALTO

 

DO PALÁCIO ELISEU AO PALÁCIO DO PLANALTO

                    O Palácio do Eliseu é, como se sabe, a sede de governo da República francesa. A França, como também se sabe, tem uma espécie de presidencialismo disfarçado de parlamentarismo. O Presidente da República da França exerce, quase integralmente, as funções de Chefe de Estado e de governo, e, então, quando o Primeiro Ministro é uma figura acanhada, o presidente ocupa todos os espaços.

                É o que sucede, exatamente agora, com o presidente Macron, um jovem de 38 anos que se misturou ao povo na euforia das comemorações pelo bicampeonato. Fez selfies, deu autógrafos às crianças e a idosos, e quase divide a cena com o esfuziante Pogba. O triunfante atleta afro-francês, no momento de união festiva dos franceses, era, ele mesmo, um argumento eloquente do que é o melhor modelo para uma Nação: o acolhimento a todas as etnias.  

                       O Palácio do Planalto, como se sabe, fica em Brasília e é a sede do governo presidencialista (da República?) brasileira. Foi inaugurado em 1959 e, nele, se instalou o maior de todos os presidentes de uma República que, então, aproximava-se de ser efetivamente República.

                       Antes, para acompanhar a vertiginosa aventura que foi a epopeia brasileira da construção de uma nova capital, o presidente visionário instalava-se numa cabana de madeira, a que deram o nome de Catetinho, embora não tivesse nenhuma semelhança física com o Palácio do Catete, sede do governo na capital, Rio de Janeiro.

                  O Brasil era o país do futuro, que encetava a marcha para alcançar os objetivos, com a rapidez de quem constrói 50 anos em 5, o lema de Juscelino, síntese de um ambicioso e factível projeto, para dar um salto da herança semifeudal até um um país moderno. Os brasileiros andavam estufando o peito de tanta esperança e otimismo que guardavam.

                    Naquele tempo, quando conquistamos pela primeira vez o Copa do Mundo de Futebol na Suécia, no Brasil, Juscelino, como fez agora o presidente francês Macron, misturou-se ao povo, festejando a conquista heroica, que parecia um presságio benfazejo de tantas outras que viriam. E elas realmente foram chegando, na música, na literatura, na ciência, no crescimento econômico, no emprego, na política externa, tudo convergia para a evolução transformadora.

                   E aí veio Jânio, demasiadamente bêbado, veio o tumulto da renúncia e os subsequentes. Então, perdemos o rumo, a sensatez, o equilíbrio e veio o golpe, que intitularam de revolução. O marechal Castello Branco, num ato de mesquinhez e ingratidão, cassa Juscelino, alvo dos ódios dos ressentidos, e o levam também à cadeia e ao exílio. Sem julgamento, naturalmente.

                 Andamos a vaguear, sofremos sintomas cíclicos de euforia e depressão. Agora, andamos com motivos suficientes para estar desesperançados e revoltados.

                 Como já era esperado, a Seleção não foi longe. Perdemos a sintonia goleadora entre o meio de campo e o ataque; perdemos a capacidade de inventar e ficamos correndo por um lado só, dependendo, para avançar, de algumas quedas a menos de um jogador estrela.

                     Alguma semelhança com o cenário maior do Brasil?

                     Imaginemos então o clima pós hexa, se o tivéssemos conquistado.  

                   A cena que certamente incendiaria de indignação o país aconteceria se Temer conseguisse quebrar a resistência dos jogadores e do técnico, os levasse ao Planalto para fazer a comemoração e ousasse erguer a taça.

                    Na França, o Palácio do Eliseu nunca foi varejado pela Polícia Federal francesa, nenhum presidente foi alvo de dois pedidos de impeachment e nenhum foi acusado de chefiar uma organização criminosa, nem ter uma parte dos seus ministros na cadeia.

                Na França, Macron não é um presidente desmoralizado e os franceses, dele, não sentem nojo. A França mereceu o bicampeonato, o seu povo e o seu presidente podem festejá-lo juntos.

MACRON FAZENDO FESTA COM OS BICAMPEÕES, DIFÍCIL IMAGINAR TEMER FAZENDO O MESMO

 

A BEM SUCEDIDA HISTÓRIA DA LUTA PELA “SEMENTEIRA”

             Uma cidade se completa em escala civilizatória quando tem, entre outros itens, o acesso a um Jardim Botânico, a alguns parques que a humanizam. Claro, há outros aspectos indispensáveis, todos eles relacionados com o bem-estar dos seus habitantes. A cidade é bem mais complexa, porque é o espaço abrangente da convivência humana.

           O russo Piotr Kropotkin é muito conhecido como líder do anarquismo-comunismo, que ele teorizou e tentou aplicar na prática revolucionária, como vigoroso militante. Poucos, porém, conhecem o seu trabalho como geógrafo, suas incursões na área ambiental, a sua ideia de cidades como comunidades pequenas, ou médias, e sustentáveis, utilizando-se intensamente da tecnologia, isso entre os séculos dezenove e vinte.

             É de Kropotkin a ideia embrionária das “cidades jardins”. Nela inspirou-se um outro geógrafo e pensador, Ebenezer Howard, para ampliar o conceito, aplicando-o às densas aglomerações urbanas. Surgia a Cidade do Cinturão Verde.

             Por aqui, ano 1959, apoiado pelo prefeito José Conrado de Araújo, o jornalista e promotor público Paulo Costa organizou o Simpósio de Planejamento Urbano de Aracaju e foi o seu coordenador. Dele, participaram, entre outros, os engenheiros Fernando Porto, Sérgio Calazans, Pedro Braz, os médicos José Machado de Souza, Lauro de Britto Porto, os economistas Aloísio Campos, José Cunha, o geólogo autodidata Walter de Assis Ferreira Baptista, os professores Franco Freire e Thetis Nunes, os agrônomos Jorge Neto, Emanoel Franco, Tenisson Aragão e outros.

          Desse simpósio entre tantas ideias, surgiu a mais destacada, prevendo a instalação de um Cinturão Verde em Aracaju, com dupla função econômica e ambiental. Um modelo de bosques circundando hortas, granjas e pastagens. O cinturão teria o seu núcleo inicial no começo da BR-101, em ambas as margens, onde existiam várzeas e terrenos alagados.

              Seria, talvez, o ensaio de uma cidade inteligente, sem sequer vislumbrar-se ainda o mundo novo, que surgiria a partir do Vale do Silício, na Califórnia, e em vários centros avançados de prospecção do futuro.

               O prefeito Edvaldo Nogueira, logo ao tomar posse, quis dar o   start para a Aracaju inteligente. Entregou o  delineamento dela a um grupo de auxiliares: Carlos Cauê - governo, Augusto Fábio - planejamento, Jorge Santana - inovação, Augusto Cezar Vieira - ambiente, Luiz Roberto -  Santana - EMSURB, Maria Cecília Tavares Leite - educação, Netônio Machado - procuradoria, Luciano Correia - comunicação,  Jeferson Passos - finanças, Antônio Ferrari - EMURB,  Luiz Fernando - cidadania, Alexandre Figueiredo - controladoria, Waneska Barboza - saúde, Aristóteles Silva – SMTT, Sílvio Santos – FUNCAJU, Jorge Araújo Filho - esportes, Maria Avilete - previdência. Como se observa, a tarefa de modernizar e inovar foi entregue a todos os responsáveis pela gestão de Aracaju. O desafio é enorme.

              Uma cidade não se faz inteligente sem que se “pinte” do verde das árvores. Assim, nessa quinta 19, foi assinado o Termo Aditivo pelo prefeito Edvaldo e pelo gerente da EMBRAPA, Marcelo Fernandes, para a ampliação do Parque Augusto Franco, a Sementeira. Será anexado ao parque uma área de pouco mais de três hectares que pertencia à EMBRAPA.

               Até chegar-se ao ato dessa assinatura, há uma história que precisa ser contada.

              No começo dos anos oitenta, era prefeito de Aracaju Heráclito Rolemberg. As empresas construtoras de Aracaju estavam de olho no terreno que pertencia ao governo federal e estava desocupado, depois de desativada a estação Experimental do Coco, do Ministério da Agricultura. Uma área com mais de dez hectares no mais privilegiado local da cidade, onde prédios, alí construídos, teriam visão para o estuário do Sergipe e do oceano, do rio Poxim e, mais ao longe, a visão do nascente bairro da Coroa do Meio, iniciado por João Alves, a quem Heráclito sucedera, e que também foi nomeado pelo governador, um expediente ao qual recorreu o regime autoritário para livrar-se dos eleitores hostis das cidades maiores.

            Heráclito entendeu que a área, já arborizada, teria de ser um espaço verde a mais para os aracajuanos. Antes, na administração de João Alves, sugira o Parque da Mata do Morro do Urubu, em cujas encostas ficava a lixeira da cidade.

             O governador Augusto Franco deu imediato apoio à ideia, negociou com o governo do presidente Figueiredo a doação do terreno à prefeitura de Aracaju e nasceu o parque, uma parte ficou reservada para a EMBRAPA.

               Quando foi gerente da EMBRAPA/Sergipe, o engenheiro agrônomo, doutorado na Inglaterra, Manoel Moacir, ele entendeu que um pedaço da área usada para experimentação com o cultivo do coco e outras experiências ficara sem uso e, eventualmente, poderia correr o risco de ser vendido para o setor da construção civil, assim enchendo de mais cimento armado a cidade desumanizada.

               Moacir começou a desenhar o modelo de transferência da posse para a Prefeitura de Aracaju. Foi assinado um primeiro termo entre Manoel e o prefeito João Alves. O prazo para as providências previstas no contrato não foi obedecido, João já dava sintomas dos problemas de saúde que agora enfrenta. Edvaldo, logo ao assumir, reativou as negociações e teve sucesso.

              Depois virá o Parque dos Manguezais, a incorporação definitiva ao complexo urbano dos mangues que contornam Aracaju, desde o Sergipe, entrando pelo Poxim, pelo Tramandaí, na área mais valorizada da cidade, percorrendo, também, as margens aracajuanas do Rio do Sal e do Vasa Barris. Será o cinturão verde, que dará a Aracaju um selo de mais qualidade urbana e ambiental.

                 Coisa de cidade inteligente.

VISTA AÉREA DO PARQUE AUGUSTO FRANCO, O PARQUE DA SEMENTEIRA

Foto: Jorge Henrique/PMA

 

TÁBATA AMARAL CITANDO NOSSA SENHORA DAS DORES

                  Tábata Amaral era uma favelada, moradora de um dos piores lugares, onde vegetam os paulistanos longe da Avenida Paulista, longe das oportunidades para fazer da vida um fardo menos insuportável.

                    Tábata encontrou a fórmula mais eficaz e virtuosa de reduzir o peso desse fardo, que resulta da nossa indiferença ao desmantelo social que nos humilha. A menina marcada pelo estigma da exclusão foi estudar. Encontrou no livro a sua libertação, é hoje uma astrofísica, graduada e doutorada em Havard, o máximo do firmamento acadêmico no mundo. Não chegou ainda aos trinta, mas já desponta no cenário brasileiro como uma das mais qualificadas líderes do ativismo social.

                    Tábata foi entrevistada no programa Diálogos, de Mário Sérgio Conti, e referiu-se, com muita admiração, a uma carta que lhe foi enviada por uma aluna de um colégio público em Nossa Senhora das Dores – Sergipe. O ativismo de Tábata consiste, basicamente, em levar consciência política aos jovens estudantes. Não se trata de proselitismo, somente a formação de uma capacidade crítica, a partir de uma mais nítida compreensão da sociedade, dos seus mecanismos e de como se processam os eventos políticos.

                Tábata renunciou a um emprego de pesquisadora nos Estados Unidos e retornou ao Brasil, para perto da sua família, da sua gente. Aos doze anos ela perdeu o pai, um trabalhador braçal que morreu aos 39 anos. Era alcóolatra e viciado em drogas.

                A lucidez de Tábata é impressionante e também a imagem que ela transmite, de ser afirmativamente verídica e eticamente virtuosa. É através de alguns milhões de exemplos como o de Tábata que o Brasil “tem jeito”.

TÁBATA AMARAL DE PONTES, DA FAVELA PARA HAVARD, O BRASIL QUE AINDA TEM JEITO

Foto: Caroline Lima/HuffPost Brasil

 

MARRONZINHO, VERA LÚCIA E UM VICE, LEANDRO MACIEL

                     Sergipe só teve, até agora, um candidato à Presidência da República. O nome sumiu no tempo, mas o apelido era Marronzinho. Nascido em Maruim, foi morar em São Paulo. Dizem que, de proxeneta até dono de jornal achacador, Marronzinho fez de tudo.  Fez até um partido, o dele próprio, lançá-lo como candidato a presidente da república.

                  Durante a campanha, ele chegou ao aeroporto de Aracaju e começou a reclamar porque seus partidários não foram recepcioná-lo, nem o governador estava lá ou mandara um representante. Conversando com um jornalista, do qual se aproximou causalmente para perguntar como era mesmo o nome do governador de Sergipe, sabendo que ele era seu conterrâneo de Maruim, logo o convidou para exercer um cargo no seu futuro governo. O jornalista disse que desejava apenas ser adido cultural em Paris. Pronto, alí mesmo foi “nomeado”.

                     Agora temos uma sergipana-pernambucana candidata à presidência, Vera Lúcia. Nenhuma semelhança dela com o Marronzinho, Vera é uma qualificada militante social, tem tradição de luta e uma biografia que a dignifica.

                  Sabe que não tem nenhuma possibilidade de passar de um milhão de votos, mas quer exercitar seu ativismo no espaço que a mídia lhe facultará, para dizer, entre outras coisas, que quer estatizar tudo, acabar o sistema financeiro, expropriar os ricos, sem dizer exatamente como o país funcionará. Vera, eleita, tentaria mesmo por em prática essas ideias nas quais acredita e tem a honestidade política e intelectual de defendê-las. Ela nos abriria, assim, o caminho mais rápido para nos levar à venezuelização que Temer tanto tem acelerado.

                   Bolsonaro, que odeia a Venezuela, aliás ele só odeia, por caminhos inversos, também nos levaria à mesma situação. Só que Vera Lúcia é uma hipótese impossível e Bolsonaro um perigo real. Agora entre outras sandices ele faz selfies com crianças imitando o gesto de atirar. Não precisamos de professores de violência, já os tempos em demasia.

               Um outro sergipano, aliás nascido numa maternidade soteropolitana, o engenheiro Leandro Maciel, foi candidato a vice-presidente na chapa de Jânio Quadros, mas durou pouco e renunciou. Ele e Jânio não se suportavam mutuamente. Para Leandro, Jânio seria excessivamente ébrio, para Jânio, Leandro seria assustadoramente sóbrio.

VÍDEO PARA O HORÁRIO POLÍTICO DO CANDIDATO A PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MARRONZINHO – ELEIÇÕES DE 1989

 

O ESCÂNDALO RUMOROSO DO LIXO “INTERESTADUAL”

                   O que aqui denunciamos, o lixo alagoano sendo despejado em Sergipe, no município de Ilha das Flores, causou uma celeuma nas redes sociais, uma onda de indignação com essa logística interestadual de monturo. O ex-prefeito de Ilha das Flores, Carlinhos, afirma que o lixo está mesmo sendo transportado de Piaçabuçu para o lado sergipano, mas que o local da lixeira é em Brejo Grande. Os órgãos ambientais de Sergipe e Alagoas movimentaram-se. Mas o problema não é só ambiental é caso de polícia mesmo.

LIXO “IMPORTADO” PELO RIO, EM BALSAS, DE ALAGOAS PARA SERGIPE

 

ANA MEDINA EXALTA O ARCEBISPO LUCIANO

                   Ana Medina foi aluna na Faculdade Católica de Filosofia do padre Luciano Cabral Duarte. Depois, tornou-se amiga dele, da sua família, especialmente da irmã Caminha Duarte. Ana Medina foi uma peça importante na vida do Instituto Luciano Duarte, criado por Carminha para ser uma ferramenta de ação cultural e um memorial da obra imensa do irmão sacerdote, professor, intelectual e ativista permanente das boas causas.

                Uma vida assim, merece memoriais que estejam à altura dos seus feitos. O Memorial, com muita dor e sofrimento de Carminha, teve de ser desmontado ainda em vida de Dom Luciano e agora não há aquela coisa visível, física, interagindo para exaltar a sua memória.

                Mas há outros memoriais, outros monumentos sendo revelados para cuidar do que foi a vida de Dom Luciano, do que foi o seu pensamento, a sua obra religiosa e profana.

                  Um desses monumentos foi a primorosa exaltação póstuma, feita por Ana Medina, na sessão de segunda-feira, 16, da Academia Sergipana de Letras, onde Dom Luciano ocupou uma das cadeiras.

                Ana Medina, que nos deu preciosidades, como o livro A Ponte do Imperador, fez, na homenagem a Dom Luciano um texto que é, ao mesmo tempo prosa e poesia, os fatos descritos e a imaginação que flui para ir às essências.

                 Sem dúvidas, o presidente da ASL, Anderson Nascimento, já deve estar providenciando a impressão do “monumento-memorial” que a escritora esculpiu em palavras.

DOM LUCIANO E SUA IRMÃ CARMEN DUARTE, GRANDE DIVULGADORA DE SUA OBRA

 

 

A SÍNDROME DOS VICES FICANDO MUITO DIFÍCEIS

               Se (assim mesmo, começando o texto com a conjunção) tem coisa que está ficando difícil, essa coisa é vice para candidato tanto a presidente, como a governador. Parece haver uma profusão de candidatos a vice inseguros e incertos, ou desinteressados. Os presidenciáveis ainda não acharam um vice, ou melhor, o PSTU achou um para Vera Lúcia. Os outros candidatos, Ciro, Alckmin, Marina, Rabello, Bolsonaro e os demais andam em busca de vices e não os encontram, ou não os convencem.

               Por aqui, também a coisa anda arrastada. Amorim quase anunciou Sílvia, a deputada estadual esposa do ex-prefeito de Socorro, Fábio Henrique; quase, porque logo se conteve, mas, em seguida, chegou perto de vocalizar outro nome, o de Janier, vice-prefeita de Itabaianinha, irmã da empresária Jânia, que comanda o grupo Natville.

                 Valadares Filho, teve anunciado nas redes sociais o nome do seu vice, o Dr. Emerson, da Rede, e candidato ao governo. O delegado Alessandro, candidato ao Senado, entendendo que seu discurso renovador naufragaria se isso acontecesse, bateu forte, o médico Emerson desistiu da aliança e anunciou que continuava candidato ao governo, mas também sem vice.

               Numa eleição atípica como essa que iremos viver, onde o número dos indecisos e dos que não querem votar se aproxima de cinquenta por cento, nada é fácil, até mesmo escolher um vice. Mas Belivaldo agora tem a favor dele o fato de que começou em baixo e, em sucessivas pesquisas, tem apesentado uma tendência firme de subida. Isso é atribuído à visibilidade que ganha como governador e as ações que despertam interesse no eleitorado, principalmente as cifras na saúde.

A CANDIDATA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PELO PSTU, VERA LÚCIA, E SEU VICE, HERTZ DIAS

 

JACKSON: SOU CANDIDATO PORQUE TENHO HISTÓRIA

                 Desfazendo uma nota do jornalista Ivan Valença, que é sempre uma referência de credibilidade, o ex-governador Jackson Barreto disse que nem precisaria reafirmar que é agora um pré-candidato ao Senado, até mesmo porque afastou-se do governo exatamente para isso. Jackson lembra que tem uma história política que não pode ser desprezada em função de circunstâncias ou conveniências.

             Lembra ainda que tem uma longa vida pública e se apresenta como candidato sem depender de processos tramitando na justiça. Lembra também das dificuldades extremas que encontrou no governo, por ter de enfrentar, em Brasília, uma verdadeira conspiração vingativa que se montou contra ele por não ter apoiado o impeachment, exatamente por temer que as dificuldades do país aumentassem, que o clima político se deteriorasse, diante de tantos escândalos, e foi isso mesmo o que aconteceu e está acontecendo.

              Pretende estar em Brasília para dar a colaboração da sua experiência nos momentos cruciais que o Brasil irá viver, em consequência do legado que será transferido ao próximo governante. Por isso, reafirma: “Nunca passou pela minha cabeça a ideia de renunciar, até porque não há motivos para gesto tão extremo e que seria tão covarde, a não ser se fosse em consequência de problemas de saúde, o que, graças a Deus, não é o meu caso”.

JACKSON BARRETO, HISTÓRIA E FICHA LIMPA, BOA COMBINAÇÃO PARA UMA CANDIDATURA

 

CIRO, A LARGADA DE UM CEARENSE SANGUE QUENTE

               Já se tornou exaustivo enumerar as deslizadas politicamente incorretas de Ciro Gomes, as suas tiradas, tipo “coroné” dos cafundós cearenses. É também exaustivamente sabido que política não se fez com gentilezas excessivas, algo assim como os salamaleques cortesãos, que sempre ocultam a perfídia.

               Política é assim mesmo, pérfida, gentil, agressiva, virtuosa, trapaceira. Se política fosse uma mulher, poucos homens saberiam conquistá-la. Pois é nesse terreno estranho que as coisas acontecem, se corporificam e, apesar dos pesares, decidem os rumos do país. Então, para a política não nos serve nem um perfeito gentlemen, nem um rematado brucutu.

                 Mas uma coisa é certa: só poderá nos servir, principalmente nessas circunstâncias calamitosas que vivemos, quem tenha profundo conhecimento do Brasil, dos seus problemas, que entenda dos meandros da nossa economia, quem dialogue até com Fernandinho Beira Mar, se isso servir aos interesses do país.

                  Só poderá nos servir um político, que faz a artesania da política, que percorre, com desenvoltura, os seus labirintos e é capaz de produzir resultados.

CIRO GOMES, NA CORRIDA PARA A PRESIDÊNCIA

 

ANDRÉ NO SERTÃO TENTA GANHAR "VOTOS SOLTOS"

            André Moura anda concentrando suas ações no sertão. Entenderia que já tem uma base pra lá de sólida, formada por prefeitos, e vai em busca dos “votos soltos”, aqueles que não dependem exclusivamente do comando de prefeitos ou chefes políticos. Antes, esses votos eram classificados como “de cabresto”. Mas as circunstâncias mudaram.

              Hoje o eleitor não é mais impositivamente levado a votar no candidato A ou B pelo prefeito ou chefe político C ou D. Tudo depende de uma rede de relações, de interesses, principalmente de assistencialismo, muito de favores, facilidades de todo tipo.

            André, com o poder que tem em Brasília e a habilidade no garimpar do voto, conquistou muita gente. Gente que tem ainda algum poder sobre o eleitor, nos tempos das urnas digitais. Antes, se dava a chapa já preenchida e a boiada lá se ia levando-a para o ritual “democrático” da escolha dos representantes. Isso não existe mais e, em consequência, o “voto solto” cresce de importância.

              E cresce ainda mais no cenário que se pinta, com tanta gente deixando de votar. Dessa forma, quem tiver o voto, digamos assim, mais ou menos firme e, mais ainda, o “solto”, somará mais, nessa escassez de gente recuando-se a ser eleitor, o que é, aliás, uma pena, porque ausências nunca construíram nada, a não ser mais frustrações.

           Pois então, André Moura está “correndo o campo”, nenhuma alusão àquela cobra “corre campo”, porque anda rápido e tem uma característica: não morde. Nessa corrida André tem visado principalmente acampamentos ou assentamentos do MST. E, pasmem, por lá tem achado adeptos, alguns até fervorosos. É o “voto solto”.

 

UMA SINDICÂNCIA PARA DESVENDAR O TAJ MAHAL

             Diante de algumas constatações surpreendentes sobre gastos na preparação do prédio alugado para sede da secretaria da saúde, o governador Belivaldo criou uma comissão de sindicância que irá investigar, para que tudo possa ser melhor esclarecido. Há dúvidas, inclusive sobre assinaturas em documentos.

                Quanto ao aluguel há, efetivamente, o atraso, mas o governador determinou que se fizesse um possível encontro de contas, pelos melhoramentos realizados no prédio, sendo necessário, para isso, analisar a abrangência do contrato.

              No caso da ENERGISA, houve também atraso no pagamento, mas o governo alega que quer fazer um encontro de contas, por ter elevados créditos tributários a receber da companhia elétrica.

CENTRO ADMINISTRATIVO DA SAÚDE, O TAJ MAHAL SERGIPANO

 

OS EMPRESÁRIOS PRESOS OU O “NEGÓCIO” DA SAÚDE

                 Virou, mexeu e aparecem escândalos ligados à saúde. Semana passada foram empresários presos pelas polícias de Sergipe e Alagoas. São todos fornecedores de medicamentos para as prefeituras e o estado. Na saúde, quando se mexe, surgem as teias de ligação entre interesses privados e particulares. Cristalinamente.


 


 

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