Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
Do “Vale dos Leprosos” Geddel manda o aviso
09/02/2018
Do “Vale dos Leprosos” Geddel manda o aviso

Foto: Diário de pernambuco

DO “VALE DOS LEPROSOS” GEDDEL MANDA O AVISO

Geddel Vieira Lima, como se sabe, faz parte da roda de amigos íntimos de Michel Temer, que nele deposita inteira confiança, e tanta que, chegando ao Planalto, logo o colocou numa sala ao seu lado, como ministro poderoso da articulação política, o mesmo cargo hoje ocupado por outro Geddel sem mala, ele mesmo é a “mala”, Carlos Marun, aquela mistura perfeita de esperteza com estupidez. Geddel, como também é sabido, foi ministro poderoso da Integração Nacional indicado por Temer e logo aceito, sem pestanejar, por Lula. Também indicado por Temer, contando com o pleno aval de Eduardo Cunha, o “dono do pedaço” Geddel foi nomeado diretor da Caixa Econômica Federal por Dilma Roussef. A Caixa, como se sabe, é uma das joias da coroa da República. É banco, mais do que centenário, que inicialmente substituía o mealheiro, onde o povo guardava os seus vinténs, com a diferença de que rendia juros. A Caixa cresceu, tornou-se um portentoso agente financeiro, do qual tanto dependem prefeitos e governadores; guarda a poupança da maior parte dos brasileiros, manipula os bilionários recursos do FGTS e PIS-PASEP (sobre os quais o governo dos Geddeis queria agora avançar). A Caixa Econômica é o grande banco financiador das construtoras e do programa Minha Casa Minha Vida e de quase todos os programas sociais, se é que ainda existem. O Minha Casa Minha Vida é entusiasmante para todos os grupos políticos, porque é uma boa “mina”.

Agora, tornou-se público o que, até nos jardins de infância já se sabia, a Caixa é a morada preferida das quadrilhas que se vão instalando em Brasília, levadas, exatamente pelo nosso voto. Assim, de certa forma, somos todos mantenedores delas.

Geddel, como se sabe, agora está preso na Papuda em Brasília. Na mesma cela onde ficam Paulo Maluf, Sérgio Cabral e Henrique Eduardo Alves, além de outros. Geddel entre eles é persona grata, afinal guardava, num dos seus apartamentos, a bolada de 51 milhões de reais. Segundo a Polícia Federal, o maior volume de dinheiro roubado já apreendido no Brasil. Trata-se, assim, por todos os títulos, de alguém portador das “qualidades” exigidas para ocupar cargos em poderosos postos da República, por onde corram rios de dinheiro, e onde funcione a “engenharia” especializada em desvios dessas volumosas correntes.

Geddel sabe exatamente como obteve a imensa carga das malas de dinheiro e sabe, ainda, para quem ela deveria ser redistribuída.

Já um tanto abatido, cercado pelos companheiros de empreitadas e, há meses, jogado numa prisão, que não é imunda, desde que por imundície se considere apenas a sujeira que literalmente fede, Geddel dá sinais de impaciência e compara-se a um leproso do qual todos agora querem distancia. Pode ser desespero e mágoa, ou um recado aos que estão no Planalto e tão “leprosos” como ele. No tempo em que leproso se chamava lazarento, a doença era considerada contagiosa. Comprovou-se, depois, que a hanseníase, novo e elegante nome que a doença ganhou, não tem nada de contagiosa e, há muitos anos, deixou de ser um mal incurável. Nesse “vale” do abandono onde Geddel se diz jogado, a lepra que o ataca é bem diferente daquela que desfigurava rostos, devorava dedos das mãos e pés, antecipando em vida os ossos descarnados e, esta, a lepra de Geddel e dos seus companheiros presos e, principalmente, soltos, parece mesmo ser incurável. A “lepra” de Geddel é esta que agora humilha o povo, afronta os brasileiros, desfigura o Brasil, criando sucessivos episódios de acanalhamento explícito, como essa novela alongada para a escolha de uma ministra, feita nas coxas de um pai cafajeste, mas que estaria melhor acomodada como figurante em alguma chanchada pornô-trágico-humorística.

A “lepra” de Geddel expõe o esqueleto desfigurado de um Brasil transformado em lazareto de leprosos morais.

DEPOIS DO CARNAVAL PODE HAVER CINZAS NA POLÍTICA

Nesta terra que Jorge Amado, em tom de galhofa e constrangimento, chamou de País do Carnaval, naquele que foi o seu sofrível livro de estreia, o ano só começa mesmo quando os sons da fuzarca, derem lugar aos sinos repicando, chamando os fiéis para a cerimonia de aposição de cinzas. A folia se estende e as manhãs das quarta feiras não aquietam os chamegos que ultrapassam as “terças feiras gordas”, presumido fim do que antes se chamava o tríduo do Rei Momo. Mas o Rei Momo já virou relíquia rara. De qualquer forma a folia termina mesmo pela exaustão dos foliões ou por se tornar um abuso.

A cerimonia da aposição de cinzas é um ritual da Igreja Católica, que sugere a passagem da exacerbação da carne, da luxúria, para a meditação sobre o transitório da vida e a precariedade da carne. O sacerdote põe cinzas na testa das pessoas e, em latim, alguns ainda repetem: “Memento hominis pulvis es et pulveris reverteris” (Lembrai-vos homens, sois pó e ao pó retornareis).

É também um chamamento à razão, à sobriedade, ao equilíbrio do espírito, o que significa dizer, também a busca de um necessário desapego ao puramente material ou a essa coisa tão imaterial que se chama vaidade. Enfim, são as vaidades que se reduzem às cinzas.

Mas enfim, as cinzas que aqui tratamos neste fevereiro são outras, são as que poderão, com o julgamento pautado do TSE para o final deste mês, sobrar das carreiras políticas de alguns dos nossos parlamentares, que serão julgados. O rigor, que se anuncia pela boca do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, parece indicar que vai prevalecer, íntegra, a Lei da Ficha Suja, impondo a vedação do registro de candidaturas ou, pior ainda, a cassação de mandatos. Não é nada que deva ser comemorado, porque há casos em que a saída da vida pública de alguns, marcará, no fim das contas, uma certa desproporcionalidade nos castigos aplicados para ilícitos diversos.

Mas há casos tão evidentes de atropelo da lei, que a empáfia, transformando-se em cinzas, é algo positivo para a nossa tão afrontada vida pública.

ROCHINHA LEMBRANDO UM EXEMPLO DE ONTEM

Rochinha, que aqui referimos, é o Dr. José Francisco da Rocha, advogado, professor da UFS aposentado, ex-Juiz eleitoral e ativíssimo obreiro maçônico, há sessenta anos frequentando, influindo, comandando, orientando a Loja Maçônica Cotinguiba. É também assíduo frequentador de uma academia de ioga, isso aos 91 anos.

O EXEMPLAR DR. ROCHINHA

Num dia desses, Rochinha que é um “causer” desses que conferem prazer e gosto ao bate papo, lembrava de algumas figuras públicas de Sergipe, entre elas de Sálvio Oliveira, também, como ele, obreiro da Cotinguiba. Sálvio faleceu em 1986 quando se aproximava dos cem anos. Vindo de Cícero Dantas na Bahia, iniciou-se no comércio e chegou a criar, com um sócio judeu, uma firma de exportação de açúcar. O negócio cresceu muito, mas, na depressão econômica mundial (1929 – 1934), seu negócio fechou as portas, falido. Sálvio dedicou-se então a pagar todas as dívidas, limitou seu patrimônio a casa onde residia, mas não deixou um só credor com uma promissória sem resgate na mão. Já havia se envolvido em todas as revoltas dos anos vinte chefiadas pelo tenente Maynard, que, com a vitória da revolução de 1930, tornou-se interventor em Sergipe. Então, convidou seu amigo de absoluta confiança, Sálvio Oliveira, para ser o Diretor do Tesouro Estadual. Sálvio estabeleceu um estilo de rigor com o dinheiro público e mantinha equilibradas as precárias finanças. Esse estilo, fez com que todos os governadores que se sucederam após a redemocratização o convocassem para permanecer no cargo.

Quando Leandro Maciel assumiu o governo em 1955, levando pela primeira vez ao poder a UDN, derrotada duas vezes antes e com ímpetos de revanche, criou as Mesas Redondas, uma espécie de devassa pelos governos passados. Convocava servidores públicos para interrogatórios transmitidos pelas emissoras Liberdade e Difusora. Havia uma chuva de acusações ao governo passado de Arnaldo Rollemberg Garcez, que era um homem rigorosamente honesto e herdeiro de grande fortuna. Alguns servidores aproveitavam-se para agradar ao novo poder instalado, despejando críticas no anterior. Chegou a vez de Sálvio Oliveira, ele fez um relato sucinto e seguro das finanças públicas, prestou contas sempre se referindo respeitosamente ao ex-governador Arnaldo Rolemberg Garcez, sem preocupar-se em agradar o que chegava. Finda a exposição, respondido todos os questionamentos, Leandro Maciel tomou a palavra e disse: “Estamos diante de um servidor que honra o serviço público e engrandece o seu cargo, eu o convido, publicamente, para que ele permaneça no cargo que ocupa. Meu governo precisa de homens probos”. Sálvio Oliveira aposentou-se no limite da idade. Até então nunca tivera um automóvel, nem usara carros oficiais, a não ser para viajar ao interior. E lembra Rochinha: “usando invariavelmente um terno branco, gravata preta e um guarda chuva à mão, ele saía da sua casa na Barão de Maruim, ia e voltava caminhando do trabalho, nos dois expedientes. Passou à inatividade com proventos razoáveis,  uma aposentadoria que o amigo e ético Aloisio de Campos sugeriu ao governador que a Sálvio fosse concedida.

Aposentado, criou, com o filho Augusto Barreto e o cunhado jornalista e Promotor Paulo Costa, uma firma de representação. Vendia pianos Brasil, motonetas, produtos químicos e representava a fábrica gaúcha de armas e munições Amadeu Rossi. Então, comprou um carro para a filha solteira Virgínia, que o levava para aonde ele desejasse. Em 1980, Heráclito Rolemberg, presidindo a Assembleia Legislativa, entregou a Sálvio Oliveira o título de Cidadão Sergipano. O sertanejo que pouco frequentou a escola mas se fez com brilho um autodidata, pronunciou um discurso emocionante, contando a sua vida.

LEOPOLDO SOUZA E A “VELHA POLÍTICA”

Leopoldo Souza já anda beirando os oitenta anos. Com uma passageira dificuldade visual, não lê mais todos os dias os jornais, as revistas semanais e livros, muitos livros, como sempre fez. Advogado, antes mesmo de formar-se, ingressou na política. Foi vereador em Estância. Veio o traumático 1964 e, ele, levado pelo cunhado José Carlos Teixeira, assinou filiação ao MDB, a oposição consentida pelo regime, todavia, sob severa vigilância. Elegeu-se deputado e logo se revelava o tribuno, envolvendo-se no sufocado debate político, abordando sempre temas ligados à realidade sergipana. Ele, Jackson Barreto, Oviedo Teixeira, Guido Azevedo, e Otávio Penalva eram a bancada da oposição num parlamento submisso, dominado por grande maioria da ARENA, o partido do regime. Outros como Jaime Araújo e Baltazar Santos já haviam sido cassados pelo AI-5.

Leopoldo Souza anda agora mais indignado do que nunca. Com o PT, já perdera a esperança numa esquerda sintonizada com a ética. Com o seu antigo partido, anda mais do que decepcionado, chega à revolta. Leopoldo lembra que, dos fundadores do MDB, daqueles que enfrentaram os tempos ásperos em que, por um nada, saia uma cassação, nenhum enriqueceu com a política. Os que chegaram pobres morreram pobres ou estão ainda pobres, os que chegaram ricos não ficaram mais ricos, porque era assim que se fazia, segundo ele, a “Velha Política”, velha, porque os valores de então caducaram ou sumiram, substituídos pelas práticas dominantes da malandragem e da cafajestice.

Leopoldo lembra um episódio ocorrido quando seu pai, Raimundo Souza era prefeito de Estância, uma cidade com tradição operária, que se tornou um dos três municípios sergipanos governados pela oposição.  Seu Raimundo viajava a Aracaju no seu carro para tratar de assuntos da prefeitura. Leopoldo o convenceu a, pelo menos, receber do município uma quantia para pagar a gasolina e ele concordou. No primeiro dia da viagem com gasolina municipal, Leopoldo instalou-se no carro para ir a Aracaju e o pai Prefeito logo o advertiu: “Só viaja comigo funcionário da Prefeitura que for a serviço”.

Realmente era muito velha a política daquele tempo.


A BARRAGEM DE FOZ PARA SALVAR O BAIXO SÃO FRANCISCO

Parece, ou é quase certo, que a agonia do Velho Chico continuará por anos a fio. Salvar um rio que morre é tarefa das mais complexas, nas quais falharam até países riquíssimos, como é o caso dos Estados Unidos, em relação ao rio Colorado, principalmente. Asseguram os técnicos que há soluções, mas se iniciadas agora seus resultados surgiriam após uns trinta anos, no mínimo. Há medidas pontuais e possíveis a curto  prazo, como a exigência de redução do consumo da água nas grandes plantações do agronegócio, em Minas e Bahia, que extraem água de um aquífero, que alimenta o rio, utilizando técnicas exageradas no desperdício. Uma nova tecnologia tornaria possível a mudança sem prejuízos. Mas cadê governo?

Os efeitos mais devastadores ocorrem, já faz algum tempo, no trecho baixo do rio, entre Sergipe e Alagoas. Ali, o rio virou filete, a pesca acabou, a navegação encalhou, as várzeas de arroz secaram e, agora, o mar avança subjugando a fraqueza de uma corrente que antes o empurrava até quilômetros além da praia, fazendo água doce surgir onde seria o mar. Eram mais de dois mil metros cúbicos de água despejando-se por segundo, isso nas épocas normais, nas grandes cheias o Velho Chico tomava ares de Amazonas.

Isso é passado, saudade, ou frustrações apenas. É preciso enxergar adiante, avaliar as proporções da catástrofe que ocorrerá em Alagoas e Sergipe caso o rio continue morrendo.

O RIO PRÓXIMO A FOZ

Foto: WordPress

A solução que tem sido apontada e na qual aqui temos insistido, seria um estudo sobre a viabilidade de uma barragem de foz. Com isso, o rio, agora salgando, teria garantida a boa qualidade da sua água, cujo volume aumentaria também. É tarefa complexa que exigirá muito da engenharia. Envolve problemas variados, a começar pela definição do nível até onde a água poderá subir sem afetar as margens, além de tantas outras questões.

Neste fim de governo, ou no antecipado velório dos Geddeis, na área federal só se trata daquilo que significar a sobrevivência do grupo, assim, o que se poderia agora fazer seria, pelo menos, começar a por o tema em debate. O governador de Alagoas, Renan Filho, vai colocar a questão da barragem de foz na sua plataforma de candidato à reeleição. Por aqui, Belivaldo deverá fazer o mesmo e procurará até uma sintonia com o colega alagoano. Jackson, que certamente disputará o Senado, há tempos lida com as urgências surgidas pela agonia do Velho Chico. Ano passado teve de ir a São Paulo solicitar, por empréstimo, ao governador Alckmin, um conjunto de bombas flutuantes de sucção, para não deixar em risco o abastecimento, principalmente de Aracaju e dos polos industriais. Alckmin foi solicito, atencioso e rápido nas providencias. As bombas já estão faz meses instaladas.

O modelo para a construção da barragem poderia ser uma parceria público privada, com a empresa parceira ficando com o direito de arrecadar por trinta anos ou mais as tarifas da água. Ou também o pedágio no trecho da autopista sobre a barragem, se isso for tecnicamente possível. Poderia se pensar ainda na instalação de torres de geração eólica ao longo da barragem. Na concepção inicial do governador Renan Filho ela ficaria um pouco recuada num trecho menos alargado do rio e, naquela área, o vento é constante.

A barragem de foz livrará Sergipe e Alagoas da ameaça de um quase apocalipse.

O PLANALTO E A RECEITA DO DR.  JOSEPH GOEBBELS

O magricela e coxo, Joseph Goebbels, que não dispensava o título de doutor, aliás obtido numa das melhores universidades alemãs, deve ter sido o primeiro marqueteiro da História. Marqueteiro é coisa bem diversa de comunicador, porque não tem compromisso com a verdade, apenas, com os resultados do seu trabalho de construir a imagem do cliente e demolir a do adversário. O cliente do Dr. Goebbels era, ninguém mais ninguém menos, do que Adolf Hitler, de quem tornou-se ministro da propaganda. O rádio estava surgindo para logo se transformar no grande veículo de comunicação de massas, o outro era o cinema, que na Alemanha evoluíra muito e lotava as salas de projeção. Quando Hitler chegou ao poder, em janeiro de 1933, é bom sempre relembrar, pelo voto direto num regime parlamentarista, onde os candidatos do Partido Nazista ao Reichstag, o congresso unicameral alemão, obtiveram maioria, o Dr. Goebbels começou a usar intensamente esses meios, baseado no lema que criara para si mesmo: “Uma mentira mil vezes repetida, logo será aceita como verdade”.

Os “geddeis” no poder, imitaram o Dr. Goebbels e espalharam, a alto custo, por todas as mídias disponíveis, a grande farsa de que a reforma da previdência social, tal como malevolamente eles a conceberam, traria, de imediato, o paraíso aos brasileiros. Ficariam os que trabalham com o futura aposentadoria garantida, a economia de imediato começaria a expandir-se e a gerar emprego. Enfim, a reforma da previdência seria a chave que abriria ao Brasil as portas do futuro, assegurando aos brasileiros a felicidade. Tudo mentira, enganação, engodo. Uma urgência desnecessária, uma correria desarrazoada para atender a interesses de grupos financeiros. Isso, e somente isso. Imaginaram que mil vezes repetindo a lorota, os brasileiros se aquietariam acreditando nela e os deputados poderiam votar a reforma tranquilamente, sem medos de represálias depois, através do voto negado. Alguns em troca de afagos, e que afagos, preferiram colocar a própria reeleição em risco. Houve instantes em que decidiram esvaziar os cofres, acabar qualquer prurido de responsabilidade fiscal, desde que a reforma passasse, empurrada pela goela abaixo do Congresso.

No caso brasileiro, os métodos do nazista Dr. Goebbels falharam, e a mentira mil vezes repetida não mereceu crédito da sociedade. Afinal, Hitler e o Dr. Goebbels, pareceram mais convincentes ao povo alemão, do que Temer, Marun e companhia, ao povo brasileiro. Daí o fracasso deles, felizmente, nessa patranha da reforma previdenciária.

DR. GOEBBELS E A FAMÍLIA COM HITLER  (DEPOIS DA GUERRA, ELE E A ESPOSA MAGDA MATARAM OS FILHOS E SE MATARAM)

Foto: UWGBCommons.org

O OURO GASOSO DE MICHEL TEMER E A IDEIA DE RATINHO

TEMER E A ALQUIMIA INVERSA - TRANSFORMANDO OURO EM GÁS DE COZINHA

Quadro do pintor Joseph Wright (1795)

Saiu da cabeça de Ratinho, aquele decadente apresentador de televisão, a fórmula para resolver o problema do “ouro gasoso”, com preços já chegando perto de cem por botijão. Entrevistado por Ratinho (na rede social até surgiram memes, com ratões e ratinhos), Temer tentou explicar a disparada dos preços do botijão de gás. Não conseguiu, e aí, Ratinho, já bem remunerado para tanto, resolveu dar-lhe uma ajuda. Sugeriu que o presidente lançasse um programa para facilitar a compra, pelos pobres, de panelas de pressão, que tornam o cozimento mais rápido, sem tanto consumo do gás.

O governo Temer descobriu a sublimação do ouro, ou seja, como ensina a físico-química, trata-se da passagem de corpos sólidos diretamente para o estado gasoso, quando aquecidos. Com o ouro isso é impossível, mas Temer conseguiu e é isso que explicaria o preço do gás. No governo Temer o gás virou ouro gasoso, daí o preço absurdo do botijão.

Mas a panela de pressão de Ratinho e Temer vai salvar os pobres. Finalmente!

OS MENORES NA RUA E O QUE DIZ O SECRETÁRIO

Há menores perambulando pelas ruas de Aracaju. Isso tanto de dia como de noite. Mas o Secretário da Inclusão Social, Zezinho Sobral, explica que, tanto o estado, como a Prefeitura de Aracaju têm montada e bem estruturada uma rede de acolhimento e proteção para os menores, desamparados ou abandonados mesmo. O problema torna-se mais delicado e difícil de resolver com presteza e de forma definitiva, porque já foi constatado que a grande maioria de menores nas ruas é levada pelos próprios pais, que ficam escondidos em algum canto e os colocam a mendigar. A solução teria de ser tanto assistencial, como policial e é isso que deverá ser feito daqui por diante, se houver a concordância dos Juizados, dos Conselhos e do Ministério Público.


DO CRIME PASSIONAL À GUERRA DO TRÁFICO

Aracaju, desgraçadamente, está figurando como a capital onde mais se mata. Já são mais de sessenta pessoas por cada cem mil habitantes, contra pouco mais de trinta no Rio de Janeiro, uma cidade que parece viver em guerra. Quem chega a Aracaju, vindo do Rio, Fortaleza, Natal, observa que a capital sergipana transmite uma sensação de tranquilidade e de segurança. Muitos idosos, até programam vir morar aqui, exatamente pelo clima tranquilo.  O que estaria então acontecendo? A criminalidade em Aracaju e no estado todo foi reduzida, no que se refere a assaltos, latrocínios, roubo de carros, furtos nas ruas, mas os assassinatos registram-se cada vez mais numerosos. Houve, semana passada, um crime passional, que, como antigamente, chocou a cidade. Um homem de 36 anos, bem estabelecido na sua profissão de eletricista, formava um casal equilibrado com a esposa de 33, com quem tinha um filho de um ano. Ela era funcionária qualificada de uma rede de supermercados, cuidava da contabilidade. Há três meses separados, ele chegou ao local de trabalho da ex-esposa, convidou-a para uma conversa no lado de fora e, lá, matou-a com um tiro na cabeça. Em seguida fugiu no seu carro, entrou num motel e matou-se com um tiro. A tragédia completa e clássica, resultante do desvario da paixão alucinante, do sentimento de perda e posse, misturados num caldo mental estranho, onde se confundem o amor, a frustração e, também, a vontade inexplicável de revelar a paixão pelo sacrifício imposto a si mesmo e, nele, incluindo a pessoa amada. Ou seja, uma espécie de nem eu, nem você.

Há quanto tempo dramas assim aqui não acontecem, há quanto tempo o crime, que antes tinha, por assim dizer, a sua forma mais comum, que eram o adultério, patrimonialismo, vingança, ciúme, até mesmo o latrocínio, deixaram de frequentar, com destaque, os espaços agora enormes dos noticiários policiais?

Mas a nossa cidade desponta na estatística tenebrosa dos assassinatos. O que estaria acontecendo?

A resposta não é difícil. Vivemos uma guerra travada entre as facções do tráfico. Aqui, as gangues disputam terreno, pontos de venda, também exterminam devedores, traidores, os que rompem o pacto, o juramento da ala criminosa a que pertencem. Daí os massacres, os assassinatos, de jovens principalmente, tudo isso acontecendo nas periferias, onde as faixas mais baixas da hierarquia do tráfico instalam seus quarteis. Os da cúpula estão em outros locais ao aconchego do ar condicionado, da visão que têm da cidade do alto de apartamentos luxuosos onde vivem. Alguém já calculou quanto em dinheiro o tráfico em Sergipe movimenta?  E dele quanto é reservado para corromper autoridades, para assalariar ajudantes, moto taxistas, taxistas, enfim, a cadeia complexa de transporte, guarda e comercialização da droga? A polícia sergipana tem estes números, sabe que, aproximadamente, umas oito mil pessoas vivem diretamente do negócio ilícito do tráfico. A polícia só não disse ainda, e isso seria perigoso afirmar, que a guerra contra o tráfico, tal e qual se pratica, não apenas aqui, porque o modelo fracassado, o brasileiro em geral, é incapaz de vencê-lo.

Solução? Por enquanto nenhuma, enquanto o governo federal não assumir a tarefa central de coordenar ações e a responsabilidade pela segurança for equitativamente dividida entre os entes federados: União, estados, municípios. E mais ainda: alterada completamente a estratégia baseada apenas na repressão. É preciso com urgência começar a pensar numa descriminalização progressiva e seletiva das drogas.

De que adianta prender um infeliz traficante de maconha com 200 gramas da erva no bolso e encafuá-lo por alguns anos numa cadeia, que é a escola superior do crime organizado?

Ou seja, a sociedade, pelas suas normas e comportamentos defasados ou apenas hipócritas, está ajudando a fortalecer o tráfico, oferecendo-lhe, a cada dia, mais soldados para a tropa que sabe como fazer correr sangue.

ARTIGO DE SAMARONE

SERGIPE JÁ EXPORTOU INTELIGÊNCIAS

A Faculdade de Medicina da USP foi criada tardiamente (a aula inaugural aconteceu em 02 de abril de 1913 e o curso regular iniciou em 1914). São Paulo já era uma potência econômica. A elite paulistana caprichou, com a ajuda da Fundação Rockfeller, criou uma faculdade de medicina de primeiro mundo. Entres os primeiros professores encontramos: cátedra de Anatomia; Prof. Dr. Alfonso Bovero [proveniente da Universidade de Turim; Itália], cátedra de Fisiologia; Prof. Lambert Mayer Simon [proveniente da Faculdade de Medicina de Nancy; França]; cátedra de Higiene; Dr. Samuel Taylor Darling [enviado pela Fundação Rockefeller]; cátedra de Medicina Legal; Prof. Dr. Oscar Freire de Carvalho; cátedra de Ginecologia; Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho; cátedra de Psiquiatria; Dr. Francisco Franco da Rocha; cátedra de Microbiologia; Dr. Antonio Carini [proveniente da Universidade de Turim; Itália]; cátedra de Patologia; Dr. Walter Haberfeld, [proveniente da Alemanha]; cátedra de Patologia; Dr. Alexandre Donati, [proveniente da Universidade de Turim, Itália];”; cátedra de Neurologia, Prof. Enjoras Vampré, [proveniente de Sergipe] e cátedra de Farmacologia; Prof. Dr. Ascendino Ângelo dos Reis, [proveniente de Sergipe].

Perceberam? Entre os renomados professores escolhidos, dois eram sergipanos.

Antonio Samarone.


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