Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
É HORA DE RECOLOCAR TRENS A CORREREM PELOS TRILHOS
13/07/2023
É HORA DE RECOLOCAR TRENS A CORREREM PELOS TRILHOS

É HORA DE RECOLOCAR  TRENS

 A CORREREM  PELOS TRILHOS

 

A notícia chega de Piranhas,   cidade atrativa e cultivada com bom gosto,  do outro lado do rio, bem em frente a Canindé do São Francisco, que, tem mais do dobro da receita de sua vizinha alagoana.   Mas, ao invés de sucessos, Canindé vem atravessando agruras e colecionado desastres.  O prefeito piranhense, Tiago Freitas,  gestor moderno e competente,   aliado ao governador Paulo Dantas, avança numa ideia que é, exatamente, a boa notícia a que nos referimos.

O vídeo que ilustra e encima este texto, revela o promissor projeto  de recuperar a ferrovia  Piranhas – Paulo Afonso, concluída no século XIX, e encerrada em 1964, quando o presidente marechal Castelo Branco alegando economia, desativou quase todas as ferrovias nordestinas, entre elas, também, a que interligava Salvador – Aracaju, indo  além, até às margens do São Francisco, em Propriá.

Piranhas,  era o último porto antes do Velho Chico ir encolher-se no canion ciclópico, onde, quilômetros acima as aguas despencavam. Formava-se o espetáculo portentoso da cachoeira.

A ferrovia vencia o obstáculo natural, enfileirando-se com o  rio,  que corria a mais de cem metros abaixo, e chegava  à Piranhas,  das águas mansas, no  último trecho  do rio até a foz.  Por ele, transitavam os produtos que as canoas de tolda recebiam, e iam em demanda à Propriá e Penedo, levando toda sorte de mercadorias , e fazendo , da mesma forma ,o trecho inverso, com a ligação ferroviária e fluvial  aproximando o litoral  dos sertões.

O pretendido trecho  a ser revivido, será entre Delmiro Gouveia e Piranhas.  Com ele, dizem prefeitos e entusiasmados empresários da região,  o canion de Xingó ampliará exponencialmente o fluxo de turistas.

No lado sergipano  os trilhos da Leste ( a estatal dos trens ) chegavam a Propriá, no aguardo de uma ponte rodoferroviária,  que finalmente surgiu em 1974, mas, infelizmente, dela os trilhos seriam retirados por absoluto desuso.

 Viajava-se de trem com relativo conforto entre Salvador e Aracaju, e após a desativação em 64, na década de oitenta,  o governador João Alves, com olhos  talvez antecipando o que  viria a ser, no governo de Déda, a São Cristovão Patrimônio da Humanidade reconhecida pela UNESCO , reativou o trecho ligando a nova à velha capital. O trem, sobretudo  turístico, não duraria muito tempo.

 Da mesma forma como se  quer fazer em Alagoas, se poderia, aqui, outra vez, tentar-se a reativação do trecho Aracaju – São Cristóvão;  sem desprezar a possibilidade de um VLT, ( veículo leve sobre trilhos ) utilizando-se a  quase íntegra linha férrea unindo  Nossa Senhora do Socorro a Aracaju, um trecho de pouco mais de vinte quilômetros.  Também,  relembramos, existe o trecho da projetada ferrovia Aracaju- Paulo Afonso, interrompida quase dentro da cidade de Simão Dias.

  Restam, em Aracaju, e espalhados por cidades como Boquim, Itabaianinha, Salgado, Socorro, Maruim, Rosário,  Capela, Muribeca, os prédios das Estações, e os trilhos ainda não foram  arrancados,  bem como as pontes, todas elas em  rijas estruturas de ferro. Tudo fazia parte da  ferrovia Aracaju- Salvador – Propriá, que foi privatizada no governo de FHC. A VALE,  que arrematou  valiosa sucata a preço vil, deu-lhe o novo nome de Ferrovia Atlântica, que nunca foi além do papel.

Nessa quarta-feira, o Prefeito de São Cristovão  nada interessado pela ferrovia, viu atendida, finalmente, a sua ideia de construir uma terceira rodovia para São Cristovão. O governador Fábio Mitidieri resolveu atender à pretensão dele , manifestada desde o primeiro mandato, entrando com uma parcela do investimento que é  de aproximadamente vinte e cinco milhões de reais. É composto, principalmente, por emendas parlamentares que o Prefeito com muita insistência conseguiu. Na Caixa Econômica o contrato foi assinado e o prefeito assumiu o protagonismo da cena.

Assim, São Cristovão ficará com três vias de acesso, com as duas já existentes, a BR-101 e a rodovia João Bebe Água. Estudos anteriores demonstravam que o fluxo maior de passageiros ocorre pela BR-101, onde estão os grandes conjuntos habitacionais na antiga capital, e , em menor escala,  pela sinuosa João Bebe Água. Os estudos demonstrariam, também, que a readequação daquela rodovia quase paralela à que agora será iniciada, seria uma solução mais econômica. O prefeito, na sua fala ufanística, apontou como vantagem o fato da projetada estrada ligar o Aeroporto de Aracaju ao Centro Histórico da antiga capital. Isso,  a João Bebe Agua quase já faz.    Existiria um fluxo de turistas desembarcando no aeroporto de Aracaju, e indo direto a São Cristóvão ? Isso não  acontece, porque a antiga capital nem tem rede hoteleira, e carece de atrações capazes de fixar o turista, indo além de uma passageira visita. Essas atrações  foram surgindo, paralelamente,   quando houve a reativação da ferrovia e o trem circulava. A ideia durou pouco tempo, apesar das viagens,  inicialmente com muitos passageiros.  

É imprescindível,  para firmar o turismo em São Cristovão , algo mais do que a magnifica cena dos seus históricos monumentos. Muita coisa, somando-se ao que,  por exemplo, significava um restaurante,  onde a atração maior era o seu proprietário Zenóbio Alfano, percorrendo, ao piano, com maestria fantástica, o universo inebriante da melodia. O restaurante era, nos fins de semana, um ponto de referência. E não faltavam turistas.

Mas tudo acabou, por motivos que nem vale lembra-los.

Estradas podem ficar vazias, se não há motivação para percorre-las. E, no caso, uma era pouco, duas são boas, e três podem ser demais. Havendo criatividade, se poderia empregar com mais resultados esses vinte e tantos milhões de reais.

O prefeito,  todavia queria, insistia, na estrada paralela.

E o caminho de Santa Dulce?

  Em gestação, há projetos  criativos que podem surpreender.


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ROGÉRIO INCENTIVA A

 USURPAÇÃO DE FUNÇÕES



Rogério deixou o prefeito licenciado em maus lençois.
 

Ao convidar e incentivar o prefeito em férias compulsórias de Canindé Weldo Mariano a comparecer, em Aracaju, a um ato de entrega de equipamentos, e os receber em nome da Prefeitura, o sempre afoito senador Rogério acabou por gerar mais uma preocupação ao licenciado, agora alvo de variadas acusações.

Já foi protocolada uma ação em que  Weldo é acusado de usurpação de cargo, função ou prerrogativa. Ele recebeu das mãos inquietas do senador as chaves e os documentos de veículos e máquinas, posando ao lado dele como se estivesse no pleno exercício das suas atividades. O que absolutamente não é o caso. Já assumiu o novo prefeito, que era o vice, e ele  vem enfrentando e se empenhando em  dar solução no mais breve espaço de tempo , a uma carga enorme e pesada de problemas acumulados, mais intensamente ainda, nesses últimos dois anos e meio.

Rogério, que era figura rara nos sertões de Canindé, tornou-se mais visível depois de ser contemplado no primeiro e segundo turnos com uma soma de votos que lhe deu ampla margem sobre os demais concorrentes ao governo do estado.

Isso foi possível pela participação do então prefeito Weldo, que estava ainda numa fase áurea de muita popularidade, e recursos fartos para influenciar eleitores.  Houve também a força da liderança do deputado João Daniel sobre a numerosa população dos Sem Terra, aliás, hoje, todos com o seu torrão garantido.

 Tudo mudou na medida em que o desleixo e a incapacidade  tornaram-se rotina.

Rogério tem procurado mover céus e terras para levar de volta à cadeira de Prefeito o licenciado, e até imaginando que ele possa ser reeleito, e venha a dispor, em 2026, de um vistoso cofre municipal, acrescido a partir do próximo ano com o volume de royalties gerados pela Usina, que operou com capacidade máxima;  além da decisão do Supremo, que deu ao estado e ao município a totalidade dos recursos.

Ao arguto senador, evidentemente, fatos assim não passam desapercebidos.


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TÓPICOS

 1 ) Ao ritmo da dança, o milagre da política.

Donaldo Trampi e Linda Brasil, dançarinos e civilizados.

O deputado estadual itabaianense, Donaldo Trumpi, apelido que é uma corruptela resultante da sua fascinação pelo cafegéstico ex-presidente Donald Trump, somando-se ao seu apego ao capitão, ou mito, não é, absolutamente, o brutamontes que aparenta ser. Na Assembleia,  ele se tem pautado pelo cavalheirismo, e até muito atento à  hoje tão desprezada “ liturgia do cargo “, ou, mais simplesmente,  ao próprio bom senso.

Como deputado,  Donald Trumpi, sucesso antes como extremista nas redes sociais incendiárias,  não se mostra agressivo, muito menos preconceituoso, e nesse período junino convidou para dançar a sua colega de parlamento, a atuante , brava e lúcida deputada Linda Brasil. Um ícone da luta civilizatória contra  a discriminação e o preconceito.

 

Uma prova de que os contrários, não necessariamente tenham de ser inimigos.

Aplausos aos dois, formando um par harmonioso e festivo, num bom exemplo da política como instrumento de superação do ódio.

 

2) Jorge Carvalho um polígrafo em ação

 

Ao aposentar-se da sua Cátedra na UFS, o professor doutor Jorge Carvalho, a última coisa que pensou teria sido entrar em um novo modo suave de vida, ao lado de Ester, também professora doutora, e sua inspiração em tudo.

Ele ligou a plena carga as baterias e aferrou-se à sua biblioteca, ao computador, às pesquisas, e vai produzindo admiráveis textos, que vão do romance ao ensaio, da história, à análise   política e social. O limite é a amplitude da vontade e da inteligência.

Nesta quinta – feira Jorge lança mais um livro, desta vez enveredando pelo cenário da crônica social, e, a partir dele, contextualizando o tempo e os  ventos,  da  saga sergipana.

 

3) Um baiano e a sergipanidade

 

O deputado Luciano Pimentel tem a virtuosa preocupação de filtrar , bem filtrados, os nomes das pessoas a quem homenageia na Assembleia. Passou pelo seu filtro, que muito cuidadosamente distingue  capacidade e cidadania, o nome do professor, advogado, agrônomo e escritor  Manoel Moacir. Baiano dos arredores sergipanos de Entre Rios, ele , o irmão Márcio Macedo, faz muito tempo fincaram suas raízes em Sergipe. Márcio , professor, biólogo, estudioso, eficaz gestor público, tornou-se militante político, e é hoje um dos fortes ocupantes do terceiro andar do Palácio do Planalto.

Já Moacir, também uma mente aberta ao novo e aos avanços sociais, optou pela vida acadêmica. É professor doutor por uma Universidade inglesa, e colocou seu saber e sua disposição de agir,  em função do projeto de modernização da agricultura sergipana, da familiar ao agronegócio. Foi um dos mais atuantes dirigentes da EMBRAPA, e, aposentado, continua tendo  forte protagonismo em diversas áreas . Espírita, e obreiro da Maçonaria, Moacir cuida de sintonizar a mente com a alma, e isso o faz uma figura invulgar.

Sergipe ganha, ao sergipanizar Moacir.

4)  Milho, o florescente negócio sergipano

Cezar Santana o superintendente entusiasmado com os milharais. 
 

Nunca antes, como acontece este ano, tanto milho foi plantado em Sergipe. Antes, crescendo e ocupando as áreas do agreste, o milho foi aproximando-se do semiárido , e até chegando ao litoral,  bem próximo, ou mesmo nos solos arenosos, junto às praias. Graças à tecnologia, sementes geneticamente transformadas, fertilizantes sofisticados, tratos culturais, fica-se apenas a depender das chuvas regulares entre o final de maio e começo de agosto. Havendo chuvas, até copiosas, como ocorre neste  inverno, não chegando a encharcar o chão, a produtividade será alta, e é possível que a produção ultrapasse um milhão de toneladas, superando as previsões,  já assinalando um recorde em torno de 950 mil. Ano passado foi de 887 mil.

Levando-se em conta a  área agricultável no modesto espaço sergipano, entre os pastos extensos, os canaviais,  e os laranjais em decréscimo, os quase cem mil hectares ocupados pelo milho não seriam uma cifra extraordinária, caso não alcançássemos uma produtividade em torno de 5 mil e 200 toneladas por hectare, uma das maiores do país.

O superintendente em Sergipe do BNB, Cezar Santana, sem esconder seu entusiasmo com a expansão dos milharais, lembra que houve um crescimento  de 28 % este ano no custeio do milho, em valores investidos, e de 18 % no total de contratos que chegaram a 3.350 operações, agora, em 2023.

O BNB aplicou este ano no negócio do milho sergipano 657 milhões de reais.

O destaque é que a maior parte dos milharais está situada no semiárido.

 

6) Uma engenheira polivalente


Engenheira por formação e politica por herança
 

Otávia Fernanda de Oliveira Andrade, é engenheira civil, especializada em rodagens, sendo funcionária do DER-Se. Mas, lida com mais coisas além da engenharia. Tem veia política, e muita sensibilidade social, qualidades herdadas do pai, o sempre lembrado ex-prefeito de Canindé do São Francisco, o politico harmonizador , e com uma aura carismática, que sabia conquistar votos e fazer amigos. Ele era Orlandinho Andrade. Transitava com facilidade entre as esferas do poder, aqui, e também em Brasília, onde conquistava as pessoas com a simpatia, o papo agradável e espirituoso, e as mantas bem curtidas e defumadas de bode, que levava com regularidade a importantes figuras, entre elas, o ex- Ministro do Supremo e da Defesa, Nelson Jobim.

Otávia tem presença constante em Canindé, e agora o seu nome está sendo cotado para ocupar a direção do Perímetro Irrigado  Califórnia, a base maior da economia local. Otávia é unanimidade em todas as áreas políticas do município.

Para o Perímetro, que é  administrado pela COHIDRO, ou CODERSE, estão agora convergindo recursos oriundos de emendas parlamentares, e é importante que esse fluxo continue, e sejam aplicados de forma bem diversa daqueles oitocentos mil gastos na barragem da Barra da Onça, por onde vazaram e continuam vazando todas as águas.

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