Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
NATAL, ENTRE LUZES E SOMBRAS
27/12/2019
NATAL, ENTRE LUZES E SOMBRAS

(As luzes este ano marcaram o Natal de Aracaju)

É preciso acreditar sempre que a luz vence as sombras, e que a escuridão se desfaz. 
Superar a escuridão, a sombra da ignorância, do ódio e da violência, tem sido um objetivo que acompanha a humanidade ao longo da sua trajetória, desde a pedra lascada à  nanotecnologia.
Não tem sido uma marcha livre de obstáculos. A ignorância é persistente, e tem espaço largo para abrigar, com facilidade, todos os piores sentimentos que caracterizam a complexidade tantas vezes insondável da natureza humana.
Um dia, na aurora da humanidade, uns hominídeos travessos   acenderam fogo, e puseram a crepitar uma fogueira. Devem ter ensaiado a primeira dança ritual do fogaréu,  pulos e mais pulos de contentamento,  vendo as chamas clarearem  a  noite.
Desde então, se encontraram com a realidade da luz, depois, começando a pensar, logo a transformaram em simbologia. E assim alimentaram a fé, fizeram resiliente a esperança.

Ficaram conhecidos como “iluministas" aqueles filósofos que, no século dezoito, começaram a retirar da cultura europeia  a escuridão dos piores ranços medievais, e logo espalhavam suas ideias inovadoras.  O mundo começou a iluminar-se com o humanismo.
A simbologia da luz está presente no espírito do Natal quando Jesus é visto como a “luz do mundo", e a luz da estrela guia leva os três Reis Magos à manjedoura, onde refulge o menino Deus.
O consumismo, motriz do capitalismo, consegue transformar o que é sacralizado, também numa oportunidade de negócio, e é essa fórmula, sobretudo pragmática, que  faz o Natal sobreviver, e cada vez com mais luzes, e mais dinheiro girando.
Imaginem um Natal restrito apenas aos rituais litúrgicos, um evento exclusivo do mundo cristão!
Tudo então se restringiria aos templos, e o grande momento  do Natal seria mesmo, e apenas, a Missa do Galo. Grande parte do mundo   desconhece o Natal,  tanto quanto por aqui ignoramos Maomé, Buda, Shiva, Confúcio, ou  Zoroastro. Se por lá não chega o que é a essência  do cristianismo, aparecem, todavia, bem iluminadas, as atrações  do capitalismo, na troca de presentes que ocorre no Japão, na China, na Índia,  em escala reduzida  todavia, como se fosse, mal comparando, um Halloween fora dos Estados Unidos.
Assim, o Natal se faz duplamente sinônimo de luz: a transcendente, para os fieis; ou aquelas outras, chamativas apenas, que embelezam o fervilhar   do comprismo.
De qualquer forma persiste, apesar de tudo, o bom sentimento de solidariedade entre as pessoas, de aproximação, paz,  alívio dos ódios esquecidos.
Então, sem dúvidas, é imprescindível que se juntem as duas luzes: a da crença, que é também esperança, e a do interesse material que, afinal, faz mover o mundo.
Compare-se, por exemplo, os passados Natais em Aracaju e o deste ano, que juntou duas vontades de fazer: a do Prefeito  Edvaldo Nogueira e a dos  empresários, liderados pelo deputado Laércio Oliveira, e com as bençãos sensatas da Igreja Católica, das Evangélicas, Espíritas, Umbandistas, e  a aprovação tácita de ateus e agnósticos.
Afinal, todos, crentes ou incréus, desde que sejam humanos, almejam ser iluminados por uma luz imaterial,  venha ela  da divindade, ou surja do âmago da consciência de cada um. E para simbolizar tudo isso, nada mais atrativo, e até apaziguador, do que os aparatos  cada vez mais sofisticados feericamente brilhando.
E assim, é bom que se acendam mais e mais luzes coloridas no Natal, sejam no Champs Élysées, no Times Square, ou na modéstia da nossa Aracaju, e indo  mais longe até a Barra dos Coqueiros do outro lado, cruzando a ponte  que nos une, e agora rebrilhando.

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E ASSIM, DE REPENTE, APROVOU-SE A PREVIDÊNCIA

(Para Belivaldo a reforma andou mais rápido tendo Luciano Bispo presidindo a AL)

Foi quase assim mesmo, de repente, que se fez   em Sergipe a sempre tumultuosa reforma da previdência. Parece que uma certa apatia foi gerada na população a partir do convencimento sobre a inevitabilidade da medida que a tantos assustou, e tem levado multidões às ruas, senão tanto por aqui, neste nosso letárgico país, mas, em países como a França , por exemplo, há uma greve geral que paralisa tudo há duas semanas.
Em outros estados todavia ocorreram tumultos, e no Piaui,  onde o governador petista, reconheceu a necessidade urgente da reforma, até a Assembleia foi invadida por manifestantes. 
Belivaldo preferiu não esperar a votação no Congresso da medida ampliando aos estados a reforma previdenciária federal. Já tinha pronta e engatilhada a sua proposta, desde o momento em que se concluiu a reforma do governo federal, até porque, alimentava duvidas sobre a extensão aos estados, e não queria entrar no ano que surge com as contas públicas se agravando dia a dia, pelo sumidouro sem fim do descalabro  da previdência.
A Assembleia votou a mudança constitucional para permitir a amplitude da reforma, e quase não apareceram maiores obstáculos. Belivaldo, sem alardes, dedicou-se a cuidar da reforma. Fez pesquisas, sentiu o clima na sociedade, e verificou que existia uma base sólida para que os deputados votassem sem maiores consequências em relação aos eleitores.
Existia a insatisfação de setores sindicais, que atravessam, eles mesmos, uma fase de refluxo gerado por circunstancias diversas, e isso reduz enormemente a sua capacidade de mobilização. Tanto assim, que atos programados pela CUT, pelo SINTESE e outros sindicatos, não reuniram muito mais de que os seus próprios dirigentes.
Embora haja um questionamento muito amplo sobre a maneira como a reforma previdenciária foi conduzida no plano federal, o que deixou poucas alternativas para os estados, a alternativa do adiamento, ou mesmo cancelamento da tramitação na Assembleia teria consequências catastróficas sobre as contas do governo, seguramente levando-o a uma situação de completa inviabilidade financeira.
Os cálculos são precisos e indesmentíveis. O que nos teria levado a essa realidade, aí, já seria uma outra história. O urgente seria desarmar a bomba da defasagem imensa entre receita e despesa, o aranzel complicado de uma previdência marcada ao longo de governos pela imprevidência.
A reforma votada na Assembleia sancionada pelo governador é, assim, o resultado de um consenso que se fez de maneira responsável entre o Executivo e o Legislativo ,  em clima de entendimento formado a partir de diálogos exaustivos, de demonstrações técnicas convincentes.
Com a aprovação da nova previdência,  a partir dos recursos oriundos, das alíquotas majoradas de forma proporcional aos salários, haverá maior ingresso de recursos e se reduz o explosivo déficit, já neste ano que começa.
Foi fundamental para a aprovação da reforma a  proximidade de Belivaldo com os deputados, tendo o presidente da Assembleia Luciano Bispo como aliado decisivo, e contando com a habilidade do líder do governo Zezinho Sobral.

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A PALAVRA E O ENGASGO

(Weintraub no MEC um energúmeno devastando a Educação)

Engasgos, como todos sabem, são aqueles bloqueios na faringe causados por alimentos, as vezes, até pela própria saliva, ou, na pior das circunstancias por objetos não exatamente comestíveis, engolidos inadvertidamente, o que  acontece com maior frequência entre as crianças.
Há uma coisa imaterial, dotada todavia de um enorme poder, a depender de quem a utiliza. Essa coisa é a palavra. A Bíblia, e tantos outros livros guias de diversas religiões   sacralizam a palavra, e   incorporam-na até à própria divindade.
A palavra também pode causar “engasgos", quando usada de forma tosca, impropria ou inverídica, revelando  as carências e perturbadoras disfunções de quem as profere.
Em todas as circunstancias há que se cuidar muito bem  da ética e da virtude  que devem amparar as palavras, para que elas não sejam recheadas por uma carga explosiva de efeitos danosos, particularmente, quando saem da boca de pessoas com responsabilidade pública.
A autoridade é obrigada a zelar pelo ritual litúrgico das palavras, fazendo-as construtivas, apaziguadoras, fraternas, encorajadoras,  sobretudo coerentes.
Se essa autoridade é um Presidente da República, existe a necessidade de tratar das palavras com o sentimento da sacralidade. 
A um Chefe da Nação, aquele que se presume ou se deseja que se comporte como um Estadista, não é facultado usar a palavra como se estivesse num papo de lupanar, onde o linguajar chulo se incorpora à licenciosidade do ambiente.
O presidente que definiu a si mesmo como um tosco, não deve conhecer o significado exato da palavra   energúmeno. Ele a ouviu e certamente avaliou o seu potencial ofensivo, e  resolveu despejá-la sobre um educador brasileiro, polêmico, sem dúvidas, mas, cuja pedagogia inovadora ficou conhecida pelo seu nome: “método Paulo Freire", e é utilizada em vários países do mundo, sendo objeto de   movimentados debates acadêmicos.
Energúmeno,  além de ser sinônimo de ignorante,  imbecil , define também  aquele que revela excessos de paixão , sendo descontrolado e desatinado.
Dando a exata dimensão e o significado perfeito da palavra energúmeno, o presidente melhor faria se  a houvesse direcionado, sem nenhum “ engasgo", exatamente ao seu ainda Ministro da Educação.
O senhor Abraham Weintraub  é o mais perfeito exemplar do  ser humano energúmeno. Obscurantista, incompetente, tragicômico, desonesto, mentiroso e irresponsável gaiato, ele deslustra qualquer cargo público que venha a ocupar, todavia, no Ministério da Educação é um substituto a altura do seu antecessor, o debiloide colombiano Velez Rodrigues, defenestrado, mas honrado, por deixar na cadeira onde indevidamente sentou, um outro do mesmo jaez.

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