NESTE BLOG
1)NOS “NEGÓCIOS” DO GÁS A PETROBRAS NÃO FICA DE FORA
2) DO “SANTO DOUTOR”QUE ERA LOUCO A KAKÁ ANDRADE UM INCONFORMADO
3) BLINDADOS DA MARINHA GUARDANDO UM HOSPITAL
NOS “NEGÓCIOS” DO GÁS A PETROBRAS NÃO FICA DE FORA
A presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, pela primeira vez confirma: a empresa virá mesmo para Sergipe.
Finalmente, a presidente da PETROBRÁS falou. Falou e disse. Mesmo tendo dito apenas a metade. Para o “bom entendedor meia palavra basta”. Isso é o que a sabedoria popular, sempre recorrendo às sutilezas, nos ensina.
Assim, para abranger o significado , ou o sujeito oculto na fraseologia da Chambriard, é preciso, antes de tudo “ sergipanizar, “ ou seja, entender o que se passa nessa unidade menor da Federação, talvez, um minimalismo que não é apenas territorial.
Suspeita-se que estejamos reduzindo ao compadrio, ao ti- ti- ti entre comadres, um assunto que diz respeito ao futuro de Sergipe, que é vital para o país. No governo Belivaldo, quando confirmou-se a existência em nossa plataforma marítima de reservas imensas de óleo e gás, houve uma parceria produtiva entre o Ministério das Minas e Energia e o estado de Sergipe, onde se destacou no plano federal o Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, aqui, o engenheiro Secretário do Desenvolvimento Ciência e Tecnologia, Jose Augusto Carvalho, e o senador Laércio Oliveira, então deputado federal. Ele conseguiu estabelecer elos de cooperação naquele tumulto do governo Bolsonaro, quando, ele próprio, se dedicava a insultar governadores nordestinos, e a desmerecer a região. Tudo se fez com a esperança de que, num horizonte de uns cinco anos, a plataforma já estaria produzindo.
Como se sabe não foi o que aconteceu. A Petrobras, deixou Sergipe, e sem dar, pelo menos um até logo, acrescido de esperançoso volto em breve.
Vendeu-se tudo da Petrobrás em terra. E já se constata com decepção: não deu certo.
Após idas e vindas a FAFEN está agora outra vez com os portões trancados.
Em relação ao gás houve avanços nesses dois anos de Fábio Mitidieri, mas, tudo a depender das sobras no fornecimento do gás vindo dos Emirados árabes para a Usina Termelétrica da Barra dos Coqueiros. Uma logística complexa, a começar pela extração nos desertos árabes, pela enorme distancia, e mais a liquefação do gás, para ser transportado em imensos navios-tanques, depois, na enorme usina flutuante, permanentemente ancorada ao largo, fazendo a regaseificação, e, finalmente, chegando à Usina. Há sobras suficientes para serem transportadas em gasodutos, que agora o governador assegura que serão expandidos, um deles até Lagarto. Esse gás vindo de tão longe e por método tão complicado, sairia mais barato do que o fornecido até então pela Petrobras.
Mas, com a nossa plataforma produzindo tudo mudaria de figura, e o gás abundante chegaria a preços competitivos.
Mas aí entraram em cena alguns grupos, e em função desses interesses seguramente oligopolistas, se fez a tentativa de impedir a Petrobras de vender o gás a ser produzido em Sergipe. À frente de tudo o senador Laércio Oliveira.
O senador Rogério Carvalho denunciou o golpe a ser desferido contra a Petrobras, combatida antes por ter o privilegio de um monopólio.
Mas, tudo já teria sido pacificado, quando o senador Laercio Oliveira, retirou do seu relatório a clausula restritiva que impediria a Petrobras de vender o gás produzido.
Uma pretensão absurda, e a deixar bem clara a prevalência do interesse de grupos, em detrimento do interesse maior do estado e do país.
Então o silencio rompido agora pela dirigente da Petrobras, estaria a merecer uma reflexão, e mais ainda uma busca pragmática de quais as posições a assumir, diante do futuro próximo que, pela primeira vez, revela o comando da Petrobras, em relação as reservas , que são imensas de óleo e gás na bacia Sergipe- Alagoas.
A presidente Chambriard falou sobre investimentos que se aproximam de duzentos bilhões de reais, da compra dos navios e plataformas flutuantes necessárias para a complementação dos trabalhos, chegando-se ao objetivo final lá pelo fim destes anos vinte, ou começo dos trinta.
Mas, se as atividades forem reiniciadas, mudam de uma hora para outra as percepções, sobre, digamos assim, o amanhã de Sergipe, hoje transitando entre dúvidas, e, em alguns casos de desesperanças.
Desses bilhões de dólares prometidos, uma pequena parte circularia diretamente em Sergipe, mas, haverá um clima que dará estímulos aos negócios, como por exemplo no setor de construções, do turismo, da prestação de serviços. Também, um possível redirecionamento dos projetos do governador Fábio Mitidieri, que necessita criar uma infraestrutura adequada ao que será exigido pela intensa atividade petroleira.
A começar pelas questões ambientais, preventivas, evidentemente, sem os usuais recursos, de vedar, proibir, multar, penalizar.
A Barra dos Coqueiros precisa de um novo modelo urbano, com acessibilidade facilitada, o que exigiria a duplicação da rodovia ligando a BR-IOI, ao porto marítimo, um pier em Aracaju para pequenos barcos, que farão a logística.
A concessão das linhas de ferro em Sergipe, paralisadas há dezenas de anos, agora controladas pela Vale, que lhes deu o nome pomposo de Ferrovia Atlântica, e, em seguida delas esqueceu. Definitivamente. São mais de 200 quilômetros, sem contar com a ferrovia, Aracaju - Paulo Afonso, iniciada há mais de setenta anos, e paralisada ao entrar em Simão Dias.
Enfim, uma série de projetos que precisam ser pensados e avaliados. Em primeiro lugar, uma visão sobre a economia do gás, destituída das “ sergipanadas “.
LEIA MAIS
DO “SANTO DOUTOR” QUE ERA LOUCO A KAKÁ ANDRADE UM INCONFORMADO
No fim da idade média, o pensador Erasmo, fazia ligações entre loucura e felicidade.
O “Santo Doutor”, entre aqueles tipos populares nas ruas da acanhada Aracaju dos anos cinquenta e começo dos sessenta, era o mais curioso e emblemático representante daquela legião bizarra de gente, que não consegue disfarçar, e, ao contrário , expõe, nos gestos e palavras, toda aquela contrariedade com os parâmetros do normal, do socialmente consagrado como modelo de vida.
Seriam pacientes dos psiquiatras e psicanalistas, daqueles doutores que percorrem os recônditos da alma humana , buscando entender as transgressões do delírio, daquela viagem do normal ao absurdo, e assim, talvez, concordando com o pensador holandês Erasmo de Roterdam , ao encontrar, em tempos ainda vizinhos da Idade média, ( século dezesseis )no seu livro Elogio da Loucura semelhanças entre “ doidice “ e felicidade.
Todavia, eles traçam as características diversas entre loucuras, separando, digamos assim, “ os loucos mansos”, dos portadores de maléficas fixações, ambições desenfreadas, e até, a compulsão irresistível para fazer o mal.
Estes, serão sempre devastadores infelizes.
“Santo Doutor” descobriu como ser feliz, e de uma forma muito simples e prática. No meio de longos percursos que costumava correr durante a noite,, ele , através de um mecanismo mental sem explicação, entendeu, convicto, que era o mais importante dos homens.
Ao final da corrida ele já havia , esquecido, definitivamente, daqueles recordes que se esforçara para alcançar. Esqueceu, também, do seu próprio nome, passou a ser, Santo Doutor Leandro Maciel Leite Rolemberg Sobral Garcez Santo Presidente Santo Papa Santo Senador Santo Coronel Santo Governador Santo Prefeito Santo Senador Santo Deputado.
Ao final da lista nominal de poderes e importâncias, ele, quase perdendo o fôlego, fazia uma pausa e concluía: “E sou o dono do mundo.”
Qual era o mundo que imaginava um filho de escravos nascido nos massapê dos engenhos da Cotinguiba?
Era aquilo que lhe estava próximo e visível.
O estamento vistoso de antigas famílias escravocratas, o poder e força de instituições, de um Estado, que lhe aparecia, porém, sob a forma simplória dos substantivos próprios.
Santo Doutor aquietava seu delírio, encontrava-se com o sonho naquela lista alentada de nomes aos quais se associava.
Mas, guardava com ele um resquício de adesão ao normal, até mesmo ao burocrático.
Para apossar-se definitivamente do mundo, ele passou a entender que precisava de uma escritura, o atestado legal da sua posse, que se completaria com o resgate de uma soma avultada de dinheiro. E tudo isso estava guardado nos cofres do Banco do Brasil.
O “ dono do mundo “ vivia atormentando gerentes do BB, e, às portas dos raros hotéis, abordava escassos hóspedes, implorando que fossem com ele , servirem de testemunhas. E a eles prometia fortunas.
Vivia feliz, até abandonou a casa que o abrigava, a do médico psiquiatra, e intelectual, Garcia Moreno, e foi “ morar” nos mais variados espaços do “ mundo” que era seu. Depois de percorrer durante a noite as ruas da cidade correndo e gritando: “ Reze a Santa Reza, Reze a Santa Reza, ele acomodava-se num canto de calçada, num banco de praça. Ao ser acordado por pessoas que o conheciam, e o aconselhavam a voltar à casa do Dr. Moreno, ele, despertando inteiro e disposto, explicava enfático: “O mundo é meu, estou dormindo na minha casa “.
Bom, deixemos nosso simpático e admirável doido manso, e passemos a tratar superficialmente, apenas, de algo que poderá ser uma psicose.
Kaká Andrade é um cidadão que tentou ser politico em Canindé, herdeiro do capital imenso de reconhecimento e gratidões que deixou o seu irmão, o harmonizador e sensato Orlandinho. Ele entendeu que teria sucesso , sendo candidato a Prefeito. Perdeu, numa improvável vitória de um candidato que ele menosprezava, por ser pobre e saído de uma família humilde. Derrotado, não sossegou, até que passou a controlar a Prefeitura e manobrar o Prefeito. Então, a sua fixação pela posse do município acirrou-se ainda mais, e ele fez da Prefeitura o seu comitê eleitoral.
Por fim, depois de causar graves danos à administração, tornou-se outra vez candidato. Alardeava que tinha apoio dos governos federal, estadual, da Prefeitura, de deputados federais e dois senadores, além das famílias tradicionais de Canindé, ( os outros , nos palanques, os chamava maloqueiros) mas, amargou dessa vez uma derrota acachapante.
Com a mesma fixação, o inconformado recorreu à justiça eleitoral tentando barrar a diplomação da chapa vencedora. Queria a cassação de Machadinho – Pank, a inelegibilidade dos dois por oito anos , e a posse na Prefeitura do presidente da Câmara que, após dois meses, convocaria uma outra eleição.
Há quem afirme que o inconformado só venceria uma eleição se a Justiça Eleitoral lhe desse a possibilidade de ser candidato único. E desconsiderasse a soma arrasadora dos votos em branco.
Mas, afinal, ele não conseguiu ainda ser o “ dono do mundo”.
A chapa por ele contestada foi diplomada na manhã de hoje, 12 de dezembro.
A fixação ou psicose não termina. Aguardemos os próximos episódios.
LEIA MAIS
BLINDADOS DA MARINHA GUARDANDO UM HOSPITAL
Os blindadados protegendo o hospital e o Rio de Janeiro, de onde a autoridade sumiu.
Não poderia ser outra a atitude da Marinha do Brasil, após a impensável tragédia de uma oficial medica daquela corporação sendo assassinada nas dependências do Hospital Marcílio Dias. Uma bala perdida saída do fuzil de bandido, um, entre as centenas que controlam as redondezas foi fatal.
Isso já se torna fato corriqueiro no Rio onde o sistema estadual de segurança tem falhado calamitosamente. Desde a morte da capitã de mar e guerra, outros fatos semelhantes aconteceram, inclusive vitimando uma criança, um militar da policia e um turista argentino. Não é apenas o Rio cenário terrível dessas tragédias, desse gravíssimo descompasso entre a segurança possível e a ousadia ilimitada das quadrilhas, que já ocupam áreas imensas do nosso território. Há locais onde a Polícia não ousa entrar.
Os blindados nas ruas, talvez tenham servido para diversas e também desconexas interpretações, nesses tempos infelizes de polarização e ódio entre os brasileiros. Enquanto tudo isso ocorria, no Congresso Nacional hordas furiosas do extremismo faziam ou tentavam aprovar pautas absurdas, que denominam de “ conservadoras”, e em alguns casos escancaram o acesso às armas, ate mesmo a gente com nome sujo na Policia.
O Brasil não está sabendo, ou não estaria conseguindo fazer, o uso adequado do seu aparato de segurança e inteligência. Em ´primeiro lugar é preciso sair da polarização ideológica, e buscar um modelo integrado de segurança entre os estados, com a participação indispensável das Forças Armadas.
A Marinha foi forçada a dar o exemplo de força.
É preciso segui-lo, com equilíbrio inteligência e rigorosamente obedecendo a lei. O Brasil precisa urgentemente voltar a ser um país civilizado e tranquilo.
Que a morte da oficial médica possa ser o deflagrar de uma ação comum, em dimensão nacional. As bandeiras das milicias e dos comandos já andam a tremular, livremente, e não só pelos morros.