O GOVERNADOR MITIDIERI EM BUSCA DA REELEIÇÃO

05/09/2025

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O GOVERNADOR MITIDIERI EM BUSCA DA REELEIÇÃO

O governador Mitidieri, uma reeleição muito provável, necessitando de ajustes.

No panorama atual da sergipaníssima política, são raros os partidos que não estejam a desejar uma aliança com o governador Mitidieri. O PT, Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula, estaria nos primeiros lugares da fila, e ansiosamente buscando fórmulas legais ou convenientes para concretizar a aliança.

Fora dessa enxurrada convergindo aos propósitos do governador, estariam apenas, de um lado o PSOL, por coerência com os seus estatutos fieis a uma ideologia que na prática desenvolvem, ou, no outro, o soturno PL, mais próximo a uma seita, onde estariam “abençoados” por Malafaia, “pastor” de uma jaula, onde caberiam “ patriotas” enrolados nas bandeiras de Israel e dos Estados Unidos; ingênuos crédulos, também, manhosos oportunistas, sem necessidade de aqui identifica-los, por tão evidentes.

Ao governador Mitidieri convergem hoje todas as cúpulas, todo o establishment sergipano, contentes pela forma como os trata. Até na mídia tradicional, hoje sufocada pelas virtuais, Mitidieri transita sem mesmo a preocupação de responder à possíveis críticas.

O governador é caso raro, ou mesmo único em Sergipe, de um chefe do Poder Executivo que não tem como se preocupar com a oposição. Ela simplesmente inexiste.

No começo, aquela ânsia festeira, com eventos multiplicados em Aracaju e muitos outros municípios, pareceu algo estranho, exagerado até. Surgiu o apelido sarcástico: “ O governador Festidieri “.

Agora, principalmente em Aracaju, comemoram e batem palmas para esses repetidos eventos, todo o chamado “trade turístico”, que engloba desde empresários do setor ao catador de latinhas após as festas, ou vendedores ambulantes, agradecendo pelo afluxo de turistas, pela movimentação que fez surgir empregos e renda. Pelo interior as estradas estão quase muito bem cuidadas, em Aracaju, principalmente, há projetos desenvolvidos pela Secretária do Bem Estar, esposa do governador, alguns deles com a característica especial de alcançarem áreas de vulnerabilidades sociais, nunca antes olhados com atenção. Bastando citar o caso dos catadores de coisas recicláveis na esteira das festas. Todos tratados com dignidade e sentimento humano.

Na Educação, já antes objeto das atenções prioritárias de governos anteriores, há o empenho de Zezinho Sobral o vice -governador e Secretário da Educação, em alcançar a ensino integral em todas as Escolas.

Acontece ainda o caso de uma Secretária da Fazenda Sarah Andreozzi, que cuida de multiplicar a receita e tem uma visão desenvolvimentista, sem regatear recursos para o que seja criativo e modernizador.

Enfim, Mitidieri não cabe naquele apelido: Festidieri.

Mas, se hoje fosse realizada uma eleição e o candidato se chamasse Valmir de Francisquinho, agora Prefeito de Itabaiana, ele teria muitas chances de reeditar a surpresa da eleição passada, onde foi um vencedor não reconhecido pela Justiça Eleitoral.

Qual o fenômeno que faz de Francisquinho, um político interiorano antes desconhecido, ter tamanho peso eleitoral?

A analise deverá ser feita com mais percuciência por “ cientistas políticos”, ou sociólogos e marqueteiros.

Mas, há um fator muito evidente: Francisquinho saiu-se muito bem na sua primeira gestão em Itabaiana ( apesar dos processos por improbidade administrativa que teve de enfrentar). Isso, todavia, entre os itabaianenses não lhe causou maiores desgastes. Pelo contrário ele cresceu politicamente.

Pelos municípios todos, inclusive em Aracaju, existem os “ comitês eleitorais “ de Valmir. O que são eles?

A resposta é fácil: É a vocação inigualável dos nascidos nas faldas daquele serra majestosa que foram muito além dela, comprando, vendendo, trocando; enfim, exercendo o comércio. Aquilo que desde a antiguidade espalhou a riqueza e foi desbravando o mundo.

Cada itabaianense comerciando pelos municípios sergipanos, representa muito mais do que um comitê eleitoral.

Eles falam muito bem de Francisquinho, eles se dizem entusiasmados com o progresso da sua terra ( que aliás vem de muito longe) e convencem as pessoas de que ele, Francisquinho, é um homem do povo, que governaria para o povo.

Mitidieri tem avançado nas avaliações positivas, tem começado a reverter cenários adversos, como o que acontece em todo o semiárido, onde amargou derrotas acachapantes.

Por outro lado conta com uma competente equipe de marketing.

As elites, as cúpulas, as lideranças políticas, sem dúvidas estão satisfeitas, mas, elas próprias andam desgastadas, porque perpassa pelo que se convencionou chamar de “ povão”, aquele sentimento de que não recebem as “entregas” que necessitam, e não enxergam um clima de alívio dos seus seculares tormentos.

Afinal, um salario de pouco mais de mil e seiscentos reais, mais do que uma injustiça, é uma afronta, ou castigo perene, de um país que tão indiferente ainda se mostra ao problema gravíssimo da desigualdade social. Que agora explode, erradamente, na crença em uma salvação pelo populismo desavergonhado de uma extrema direita onde se abrigam tipos como Rodrigo Valadares, ou um perigoso inimigo do Brasil o deputado Eduardo Bolsonaro. Muito prometem , de prático nada fazem. Mas, sabem desconstruir, pedir tarifaços ao tresloucado Donald Trump, e gerando mais problemas a serem enfrentados.

Mas este já é um outro assunto. Aliás, nem é, porque está umbilicalmente interligado com o quadro psico - social que é sentido em todos os estados, e entre os quais Sergipe não poderia ser exceção.

Este quadro adverso estaria a perseguir o governador Mitidieri. Apesar do que ele já fez, necessitaria, certamente, encontrar caminhos para alcançar o povão em sua plenitude.

Uma coisa é certa e sobre ela o governador terá de refletir: a construção anunciada dessa nova ponte Aracaju- Barra poderia satisfazer interesses imobiliários, certamente gerar empregos, mas, contentaria o povão, que não mais se impressiona com cimento armado?

Não esquecer que João Alves, o governador mais realizador que já teve Sergipe, deixou de ser eleito porque tinha de enfrentar um candidato da estirpe de Marcelo

Déda, e jogado todas as fichas na construção da ponte Aracaju- Barra, na época, pesadamente criticada pela oposição como algo que iria do nada para lugar nenhum, mas, hoje, revelando-se fator primordial para a expansão urbana de Aracaju. O reconhecimento chegou tarde.

Nos tumultos e inquietações de hoje, existiriam outras prioridades talvez urgentes, para “ir aonde o povo está”, como recomenda em sua maviosa canção o sábio cantante Milton Nascimento, referindo-se aos artistas.

No caso dos governantes, agora, em face das circunstancias , eles precisam transformar-se em “ artistas “ da boa e essencial política de resultados, e irem, como eficazes curandeiros em direção ao povo, para cuidar das suas velhas, esquecidas, e já necrosadas feridas.