Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
Pobre, uma palavra que sumiu
03/02/2018
Pobre, uma palavra que sumiu

POBRE, UMA PALAVRA QUE SUMIU

 

Procura-se, nas narrativas deste governo Temer, a palavra pobre. Ela desapareceu ou foi desterrada. Há tempos assim, em que palavras incomodas somem do léxico, nem chegam a ser insinuadas através de metáforas. Às vezes, surgem sorrateiramente, contidas em mesóclises um tanto barrocas.  Algo assim: “Disseram que este país ter-se-ia enriquecido, mas, na verdade, empobreceram-no”.

A pobreza nos cerca, a muitos constrange, a outros, serve de massa de manobra, e há também os que a admitem, mas     apenas como uma cifra nos cálculos econométricos.

A palavra pobre foi sumariamente arquivada. A turma da grife detesta a sulanca, com ela não se mistura, sequer pronuncia o vocábulo que revela a existência da anomalia social, porque sua abordagem parece sugerir uma mistura indigesta do champagne com mão de vaca.

O governo das mesóclises enfeita-se com a pose vernacular, mas não escapa das adjetivações sem elegância nenhuma, saídas, como desabafo, daquele irreverente repertório da linguagem popular. O governo cercou-se de cuidados assépticos para não dar o nome verdadeiro a quem forma a maioria da nossa população. O Brasil tem 150 milhões de pobres, dos quais 30 a 40 milhões deles, na categoria deprimente dos miseráveis. O resto é classe média, remediada, e a que está no andar superior, menos distante dos ricos, que andam pela casa dos cinco por cento. Por sua vez, os super-ricos, em torno de cinco mil, controlam mais da metade do PIB brasileiro.

Num país assim, com essas características haitianas, falar claramente sobre os pobres, sobre a pobreza, é fundamental, não se trata de demagogia ou “populismo”, esta palavra da qual inverteram o significado, para que se tornasse símbolo de irresponsabilidade fiscal. Em sintonia com esse conceito depreciativo das políticas sociais, desenharam todos os mecanismos financeiros, fiscais, monetários, econômicos, para a blindagem perfeita dos manipuladores do mercado financeiro, os que lucram à custa da produção que outros geram, principalmente a multidão gigantesca dos pobres.

Não se trata, ao lembrar que o pobre existe, de reeditar saudosismos daquela era das revoluções, ou de uma já superada luta de classes, menos ainda, de ditaduras do proletariado, apenas, do reconhecimento claro, sem fricotes, de que o povo pobre precisa ser visto como uma camada social para a qual se devem tornar permanentes políticas sociais específicas, enquanto se cuida do desenvolvimento inclusivo. Um sonho possível, com uma socialdemocracia que mereça efetivamente o nome e não seja um disfarce para ocultar o comodismo conservador.  O Brasil imenso, tão repleto de potencialidades, pode, se houver vontade e competência política, imitar o que fazem os miudinhos nórdicos, Suécia, Noruega, Dinamarca ou, o também gigante, Canadá, a ilha quase perfeita Nova Zelândia e, até, os Emirados Árabes, todavia, sem que a eles se dê o nome de democráticos, mas, eficientes e completos provedores das necessidades sociais.

Por aqui, desgraçadamente, o pobre fica cada vez mais longe das considerações de um governo que se instalou cercado pela mesma patota do atraso, da ojeriza a pobres e sedução pelos cofres. Um dândi que se fez político, e com inegável sucesso, até agora, o prefeito paulistano João Dória, fala em “menos favorecidos”, “carentes”, “menos aquinhoados”, já o porta-voz dos rentistas, Ministro da Fazenda, gostaria mesmo de classificar os pobres como a ralé indolente, mas se contém, e os chama de “menos abastados”, como se fossemos mesmo um país de abastados e alguns o fossem um pouco menos.  

Diziam os jornais desde o império, até quase recentemente: “Aniversaria hoje o abastado comerciante, comendador fulano de tal...”.

Com essa gente aí chamando os pobres de “menos abastados”, os pobres continuarão sendo pobres mesmo.

Menos abastado é a..... que o pariu, diriam os pobres ofendidos.

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QUAL A NOSSA ÚLTIMA GUERRA? O MINISTRO JUNGMANN NÃO SABE

O ministro da defesa Jungmann é um bom expositor, fala com clareza, aborda os problemas às vezes apontando para eles algumas soluções possíveis, mas, apenas tratando uma parte de um conjunto sobre o qual se recusa a falar ou prefere manter-se distante de tudo o que poderia alimentar polêmicas. Numa entrevista à jornalista Mirian Leitão, o ministro reconheceu o uso indevido das forças armadas no combate ao crime organizado, mas, qual a saída que existiria quando o crime avança e a polícia não tem meios para combatê-lo, ou, sem salários, faz greve? Jungmann disse que naquele instante (ele referia-se à entrevista) estava no lugar errado, abordando um assunto policial que não deveria ser atribuição sua, como ministro da defesa.  O que é principal e o governo não enxerga, ou é inepto para constatar, seria a reformulação completa da política de repressão ao tráfico, que é, e continuará sendo, ineficiente. Mas o assunto aqui é outro, trata-se da enorme gafe cometida, inicialmente pela entrevistadora e, depois, corroborada pelo ministro. Falando sobre o emprego maciço de tropas, Mirian disse: “Qual a última guerra do Brasil? Há 150 anos atrás?”. E o ministro Jungmann confirmou: “150 anos atrás”.

Imaginavam, somente, a Guerra do Paraguai, mas o ministro da defesa não poderia deixar de fazer a ressalva, lembrando que, além dos conflitos internos, as guerras de Canudos, do Contestado, onde foram mobilizados mais de dez mil homens do exército, houve a nossa participação honrosa na Segunda Grande Guerra. Foram mais de vinte mil homens, do exército enviados à Itália, um contingente da Força Aérea, a participação da marinha, os milhares de mortos, somando-se aqueles nos campos italianos aos que morreram no mar. O Brasil foi o único pais do hemisfério sul, exceto colônias inglesas e francesas, da África e Ásia, a participar da segunda guerra mundial. Da primeira também participamos, de forma modestíssima, com o envio à Europa de um contingente de saúde e navios da marinha, que, aliás, transpondo o estreito de Gibraltar, gastaram muita munição atirando contra um distante cardume de golfinhos fazendo evoluções na superfície. Imaginaram que fosse um submarino alemão.

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MINISTRO DA DEFESA RAUL JUNGMANN

FOTO: GLOBO NEWS

 

A POLÔNIA E A  ILUSÃO  DOS CAVALOS  VENCENDO TANQUES

 

A Polônia sofre de uma síndrome dolorosa de um passado de humilhações e sofrimentos. Tantas vezes subjugada, tantas vezes reerguida, a Nação polonesa é vítima de vizinhos cobiçosos e das suas próprias contradições internas. Passagem quase obrigatória dos grandes exércitos que se deslocaram na conflagrada Europa, de leste a oeste e vice versa, foi tantas vezes pisoteada por tropas estrangeiras e pelos seus próprios militares, servindo às ditaduras que a infelicitavam. Uma casta enfunando-se de nobrezas misturou-se com galões rebrilhantes, e nem sempre demonstrou competência nas guerras que travou, todavia, sem lhes faltarem arrojo e valentia.  Quando Hitler começou a engraxar seus tanques, a Polônia sentiu que seria a próxima vítima, mas acreditou na salvação que viria dos franceses e ingleses. Descuidou-se da defesa e apegaram-se os seus generais aos velhos manuais de batalha, já embolorados. Contra a “blitzkrieg” nazista que sobre ela avançou, rápida e demolidora, no dia 2 de setembro de 1939, abrindo a sucessão de horrores da guerra mundial, a Polônia colocou em linha divisões de cavalaria, logo dizimadas. Quando os “stukas”, os aviões de bombardeio em vertical mergulhavam sobre Varsóvia, a força aérea polonesa resumia-se a alguns aparelhos do começo do século. A queda foi rápida e a ocupação imediata, com os dois inacreditáveis aliados, Hitler e Stalin, dividindo a presa. No decorrer da ocupação, os nazistas puseram em prática a “solução final”, o extermínio de judeus, ciganos e resistentes poloneses. Na Polônia Hitler instalou seus maiores campos de extermínio e nas suas câmaras de gás milhões de judeus foram assassinados. Quando se fala nesses campos, usualmente se diz: os campos de extermínio na Polônia. É lá que eles estão, e não na lua. Mas o Parlamento polonês entendeu que isso é insulto ao país e aprovou uma pena rigorosa para quem escrever ou falar coisas que possam insinuar participação polonesa no holocausto, ou apontar poloneses como colaboracionistas. Houve quinta-coluna na Polônia, da mesma forma que em todos os países ocupados por Hitler. Na Polônia, pairando sobre as traições, ocorreu o heroísmo do Gueto de Varsóvia, onde judeus resistiram até o extermínio.

Um norueguês, o major Quisling, fez o seu nome tornar-se adjetivo para classificar traidores, os “quislings”, espalhados por todos os países, aqui, eram os quinta-colunas, palavra surgida na guerra civil espanhola. Os franceses até hoje lutam contra o opróbio dos colaboracionistas, o maior deles o octogenário, marechal Pétain, herói da primeira guerra,  personagem caviloso, submetendo-se servilmente a Hitler para “governar” a França ocupada, nomeando seu Primeiro Ministro o  visceral traidor e corrupto Pierre Laval. 

Na França esses assuntos constrangedores são debatidos livremente, claro, ali funciona uma democracia, e neles se envolvem, desde 1945, os franceses, quando, após a libertação, começaram a ser fuzilados colaboracionistas e raspadas as cabeças de mulheres que haviam deitado com os boches, como eram chamados os alemães.

O mal dos poloneses é que eles sempre imaginam que podem engavetar a história.

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PLACA COM A FRASE EM ALEMÃO “ARBEIT MACHT FREI” (O TRABALHO LIBERTA) NA ENTRADA DO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO AUSCHWITZ

FOTO: RICARDO MALUF E HENRIQUE MENDEL/DESTINO INCOMUM

 

ALAGOAS E A ARTE DA POLÍTICA

 

Alagoas, a nossa vizinha pelo norte, do outro lado do minguante Velho Chico, um dia acreditou que, apagando o fogo dos velhos engenhos de banguê, e os substituindo por usinas, com máquinas e tecnologia, começaria a trilhar um caminho que a diferenciaria dos seus, digamos assim, conterrâneos nordestinos, muito mais assolados pela seca, que quase não existia nas terras férteis das várzeas, dos massapês litorâneos das “Alagoas”. Os canaviais começaram a se espalhar da praia ao agreste e a marcha acelerou-se na década de 70, quando o general presidente Geisel, para enfrentar a crise do petróleo lançou o exitoso Proálcool. Então, os canaviais cobriram os horizontes alagoanos, enquanto sumia a exuberante Mata Atlântica. Era uma faixa de verde denso, que se percorria, desde os bosques de cedros no Tibirí, em Porto Real do Colégio, (estes agora quase dizimados por um sergipano, Edvan Amorim) e se alongavam rodeando Maceió, vencendo serranias, chegando às divisas com Pernambuco, onde estacavam, diante dos canaviais mais antigos do Leão do Norte. Hoje, tudo isso é cana, monocultura. E em Alagoas é voz corrente que usineiro não é muito afeito a pagar impostos. Mas, em todo caso a agroindústria canavieira gerou riquezas, no porto de Maceió, nos meses de verão, época da moagem, há filas de navios cargueiros, que transportam para o exterior o açúcar e o melaço. A esses navios, juntaram-se, mais recentemente, os transatlânticos de cruzeiro, com seus milhares de passageiros desembarcando para rápidas turnês e ampliando a onda de turistas que chegam, atraídos pelas águas de azul-turquesa, que, pelas alongadas praias de Japaratinga se tornam também mornas.

O turismo foi a porta para a modernização de Alagoas. O estado, estigmatizado por uma fama que, todavia não era desarrazoada, começou a receber pessoas vindas de tantas partes do mundo. Maceió tinha ares de cidade acanhada, logo se foi tornando cosmopolita. Surgiram centenas de hotéis, pousadas, restaurantes, onde se faz tanto uma comida acessível a quem conta moedas, como nos requintados templos gastronômicos a haute cuisine, restrita aos que podem olhar contas sem surpresas.

Uma mudança assim de hábitos, costumes, paralela à inclusão social que a indústria do turismo proporciona, exigiu dos alagoanos uma espécie de aggiornamento, abrangendo as suas elites, os políticos, sobretudo os seus governantes.  A maior parte deles tentando uma adaptação ao novo tempo onde mais se exige a arte da política.

Quem conversa com o governador Renan Filho, 37 anos, entende porque se tem falado muito de Alagoas como um estado que vai atravessando a crise, e o governo cumprindo um roteiro de obras e ações que ajudam a afastar o pessimismo. Renan é articulado e coerente na fala, tem na cabeça os problemas imediatos do estado, faz prospecções pelo futuro e traça planos construindo uma passagem objetiva para a segurança dos projetos que elabora. Antes de assumir o governo convidou um técnico fazendário federal para ser o Secretário de Estado da Fazenda. Isso foi decisivo para o ordenamento fiscal e garantia de um fluxo positivo de caixa.

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GOVERNADOR DE ALAGOAS RENAN FILHO

Renan não alimenta ilusões sobre grandes sucessos na guerra contra a criminalidade, todavia, empenhou-se em reduzir o crime, retirando Maceió e o estado, da liderança que ninguém deseja, em volume de assassinatos. A criação dos centros integrados de segurança, o aperfeiçoamento da inteligência e coordenação entre as duas polícias, gerou mais eficiência, Maceió deixou de ser a capital mais violenta do Brasil e o estado passou para o quarto lugar, o que indica um bom caminho ainda a ser percorrido. Segundo o governador alagoano, a causa preponderante da criminalidade é a disputa entre as facções dos traficantes, que engorda a trágica estatística, com mais de oitenta por cento dos assassinatos. Ele mostra cifras sobre o volume de dinheiro que circula no trafico e também o numero de pessoas envolvidas com o letal negócio, demonstrando que, uma rede endinheirada e que pode seduzir principalmente os jovens, oferecendo-lhes dinheiro no bolso e exibição de poder, dificilmente será vencida apenas com ações policiais. Renan defende uma reorientação da estratégia até agora usada, preconiza a necessidade de inovações e reflexão sobre experiências até agora bem sucedidas em outros países. Entende, porém, que nesse clima político radicalizado que vive o Brasil, não se deve jogar lenha na fogueira que se alimenta e se desvirtua, gerando inúteis controvérsias e odiosidades. Por isso, ele aponta para o próximo ano, quando houver um governo eleito, mais representatividade política e menos radicalismos e, a partir de 2019, ele próprio sairá pelo Brasil, buscando encontrar sintonias com ideias menos ortodoxas, para tentar colocá-las em prática, tentando-se por fim à calamidade da violência que faz o Brasil campeão mundial em número de mortes. E o país, diz Renan, não poderá continuar e sobreviver nesse clima de alarmante insegurança.

Alagoas, depois de vinte anos de espera, ganhou a primeira etapa do canal do sertão. Já são mais de cem quilômetros, a meta é chegar aos 250. A obra deve prosseguir, chegando até a florescente Arapiraca, a Itabaiana alagoana, para onde se encaminha agora uma estrada com pista dupla, desde Maceió. O governador de 37 anos, pautou esse seu primeiro mandato pela busca da inovação. Agora quer dar máxima abrangência ao canal do sertão. Elaborou um projeto inteligente para expandir a distribuição da água, num sistema que poderia ser comparado a uma espinha de peixe, onde a vértebra básica seria o canal, e as espinhas as adutoras, levando água para barragens nas suas extremidades. Essas barragens, ai está o diferencial, serão alimentadas principalmente pela chuva, ficarão em locais e solos favoráveis, e a água do canal garantiria o abastecimento nas ocasiões de secas alongadas, com a água chegando por gravidade. Já existem grandes empresas transnacionais interessadas em instalar em Alagoas o agronegócio de frutas tropicais. A irrigação se fará pelos sistemas de gotejamento ou micro aspersão.

Na educação, o carro chefe são as escolas em tempo integral. Já são doze mil e oitocentos alunos, e Renan Filho, coloca na sua plataforma de candidato à reeleição, uma meta, que é um desafio: oferecer matrícula assegurada nos próximos quatro anos, a todos os alunos que desejem frequentar as escolas em horário integral.

Enquanto o São Francisco encolhe e a salinidade já impede que, em cidades como Piaçabuçu, se faça a captação de água nas grandes marés, já existe um aumento da pressão arterial, verificado nas populações ribeirinhas, atribuindo-se o fato ao consumo de água salinizada. Aqui em Sergipe o diretor presidente da DESO, Carlos Melo, afirma que este é o problema mais grave a ser enfrentado, porque não existem sistemas operacionais de tratamento de água, com capacidade para eliminar a salinidade. Diante do colapso do Velho Chico, na cabeça do governador Renan Filho já fervilha um projeto que seria a solução definitiva para a morte anunciada do São Francisco. Trata-se de uma barragem de foz, aliás, um assunto que, aqui, há uns quatro meses propusemos que entrasse como tema de debate. Mas o governador Renan, já trabalha na perspectiva desse projeto há mais de um ano e tem o desenho mais lógico e econômico da barragem, que, em vez de ficar exatamente na foz, recuaria uns cinco quilômetros rio acima, cedendo o estuário para o mar e represando as águas do rio livrando-as da salinização e aumentando um pouco o volume de água, desde a barragem de foz até a barragem da hidrelétricas. É um projeto de alta complexidade, mas, sem ele, o baixo São Francisco todo se transformará nos próximos vinte anos num alongado braço de maré, com manguezais às suas margens. Teríamos, então, a desgraça inédita de caatinga e mangues se misturando no semiárido. Uma visão quase apocalíptica.

Mas anotem este nome: Renan Filho. É muito provável que, se ele for reeleito este ano, na próxima década dos vinte, esteja incluído na relação de candidatos à presidência da República, esta República hoje tão aviltada e à espera de uma regeneração possível, logo agora, em outubro.

 

 

O JACARÉ – CURITUBA AFUNDA, ONDE ESTARIAM A CODEVASF E O INCRA?

 

O Jacaré – Curituba, aquela mancha de terra fértil e irrigada em Poço Redondo, desde que inaugurado, só tem encontrado dificuldades pela frente. O projeto irrigado é o primeiro no Brasil, feito especificamente para assentados da reforma agrária. Quando as tensões mais se agudizavam com a ocupação de terras, o governador Albano Franco chamou líderes do MST, e o Frei Enoque, então prefeito de Poço, e lá se foram juntos, à Brasília para uma conversa com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Lembra-se muito do detalhe das sandálias do frade, quase sendo impedidas de pisar nos tapetes do Planalto, até que, chegando aos ouvidos do presidente FHC, ele desautorizou seu cerimonial e as alpercatas de couro entraram, pela primeira vez, nas salas restritas do poder maior em Brasília. Então, daí surgiu o projeto. A inauguração demorou, passou por governos estaduais que o ajudaram no andamento, suprindo falhas enormes no comando das obras. Passou por Albano, João Alves, Marcelo Déda, Jackson, este, inclusive, até quando pôde, pagava as contas de energia do Jacaré – Curituba, sempre sob ameaça de corte.

O projeto, ainda inacabado, transita sem solução entre o INCRA e a CODEVASF, esta, pelo menos, conseguiu uma liminar na Justiça impedindo o corte de energia. E a dívida sempre crescendo. No Jacaré – Curituba trabalham e tentam produzir mais de seiscentas famílias, é o núcleo que mais gera emprego em Poço Redondo. Agora, os problemas se acumulam, há falta de gerenciamento, tudo corre ao Deus dará, e, completando a desdita, uma das bombas do sistema quebrou e o suprimento foi reduzido. Além do mais, há um “gato” que teria sido indevidamente autorizado, no trajeto entre a Barragem de Xingó e o projeto. Providencias não chegam. Enquanto isso, Dona Pepeta, uma liderança importante entre os assentados, fica desesperada ao telefone, ligando para todos que possam dar uma ajuda.

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FOTO: ASCOM/SEAGRI

 

O VELHO ATHENEU RENOVADO

 

O Atheneu Sergipense, por onde passaram tantas gerações, foi uma referência para a educação sergipana. Até que começou a perder o status de eficiência que conquistara. Há dois anos o prédio foi interditado para obras, mas os alunos foram transferidos, e os professores também, para outras escolas. Por esse tempo o Atheneu já dava sinais de que recuperaria a posição, que o fez esnobar, exigindo de alunos transferidos de outros colégios, que se submetessem a um exame de admissão. Agora, as obras do prédio e o grande auditório estão sendo realizadas e há a previsão para que sejam entregues no segundo semestre. Mas enquanto os alunos esperam o retorno surge a constatação de que a qualidade de ensino no Atheneu vem sendo aprimorada, de tal modo que todos os seus alunos que prestaram exame vestibular foram aprovados e os primeiros lugares em medicina ficaram com o Atheneu. Levando-se em conta que o Atheneu é escola pública, há motivos para comemorar duplamente. O Secretário Jorge Carvalho postando em todas as redes, os recordes do Atheneu.

 

O JORNAL DO DIA E SEUS 13 ANOS DE RESISTÊNCIA

 

Escorando o Jornal do Dia, não existem grupos políticos ou econômicos. Também não há políticos no comando da empresa. O jornal é o resultado do esforço conjunto de um grupo de jornalistas que decidiu romper a tradição sergipana e fazer um jornal, não diríamos independente, porque isso seria desmerecer os demais (até porque apregoar independência é posição presunçosa e arriscada), mas tão somente uma folha capaz de transitar com mais liberdade pelo labirinto de interesses da política local e fazer análises menos apegadas ao figurino das conveniências eleitorais passageiras. Dito isso, vale registrar que o Jornal do Dia, conseguiu ultrapassar a fase de provação e, embora outras “provações” permaneçam, já coloca treze velinhas no seu portfólio de incessantes desafios. E não pensa em transformar-se por completo em virtual. Assim contempla uma expressiva faixa de leitores, que não conseguem fazer a leitura sem apegar-se a um papel.

 

O MAR LEVANDO A IGREJA E AS LEIS QUE ATRAPALHAM

 

Em consequência de um choque de competências e decisões conflitantes, a igrejinha Nossa Senhora da Boa Viagem, na Praia do Saco, município de Estância, vive os seus últimos dias antes de ser carregada pelo mar que avança. Tivemos a Super Lua e, com ela também, o avanço do mar, as chamadas marés de sizígia. Um bloco de pedra que assinala a data da construção e os religiosos que a construíram, já está jogado sobre a praia e o mar o recobre. Entraram no processo, ou na contenda, o Ministério Público Federal, a Prefeitura de Estância e a ADEMA. Mas os doutores não chegaram a uma solução que impeça de desaparecer mais um dos nossos tão devastados monumentos históricos. Além de tudo a igrejinha na sua singeleza, é linda. Por tanto desprezarmos a História é que andamos capengando no rumo incerto do futuro.

IGREJINHA N. S. DA BOA VIAGEM

A IGREJINHA, O MAR E A BUROCRACIA

 

 

O ENCONTRO DE PEDREIRAS

 

Pedreiras é um pequeno povoado de São Cristóvão, quase praiano. Nesse sábado, 3, a estradinha de piçarra que dá acesso, vindo da sede, encheu-se de poeira com tantos carros que passavam. Foram mais de duzentos. Na chácara Figueiredo’s, o prefeito da antiga capital, Marcos Santana, promovia um evento marcando o início da articulação da próxima campanha do pré-candidato Belivaldo Chagas. Marcos Santana é um dos prefeitos melhor avaliados de Sergipe, título que ele divide com seu vice Adilson, ex-secretário de Estado do Turismo. São Cristóvão, faz tempo, deixou de frequentar as notícias devastadoras sobre municípios problemáticos. Ao convite de Marcos Santana responderam mais de quarenta prefeitos e vice-prefeitos, deputados federais e estaduais, líderes de partidos, e, pelo menos, umas duzentas lideranças políticas de vários municípios, sem contar os numerosos sancristovenses. Pessoas que lá estava disseram, impressionadas com o  expressividade do evento, que Belivaldo começava com uma portentosa “pedreira”.

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BELIVALDO, “UMA PEDREIRA”

 

PIRANHAS E AS “BARBAS DO IMPERADOR”

 

Inácio de Loiola é deputado em Alagoas, além disso, historiador, também agrônomo e advogado. Mas, ao lado da política, sua quase obsessão, é, como ele diz, restaurar a historia de Piranhas, a sua terra. Além da faina constante de remexedor incansável de papéis antigos, ele trata ainda de manter vivas as tradições de Piranhas, um município repleto delas. Murilo Mellins, o nosso festejado memorialista, tem uma especial ligação com Piranhas, onde viveu seu pai, Mário, que ali fez circular uma folha um tanto atrevida. Murilo acompanha o trabalho de Inácio, que é meio sergipano, aqui estudou, concluiu o segundo grau junto com seu irmão, o desembargador Washington Luís. Reviver tradições de Piranhas é uma outra paixão de Inácio. Foi encontrar canoas de tolda, grupos folclóricos, as essências da terra. Não cansa de lembrar que em Piranhas chegou o Imperador Pedro II, e, ao povoado encravado entre o rio e os morros, fez boas referências. Disse até no seu Diário de Viagem, por sinal, muito enfadonho, e mal escrito que, nas águas do rio próximas a Piranhas, as piranhas não mordiam e ele constatou isso ao ver um cavalo nadando e atravessando o rio. Quem vive às margens do São Francisco sabe que as piranhas se tornam mais agressivas ou famintas quando estão em águas paradas, como nas antigas lagoas ou lamas de arroz, que não mais existem, aliás, quase já não existem piranhas naquele rio.

         Nessa faina de reviver tradições, Inácio e sua esposa, a ex-deputada Kátia, aproveitam para fazer eventos familiares, que se juntam às coisas típicas piranhenses.  Assim, nesse começo de fevereiro, batizou o segundo neto na Capela do Senhor do Bonfim, uma igrejinha simpática, empinando-se sobre um morro. Para o acesso é preciso galgar centenas de sólidos degraus. David foi o segundo neto batizado na capela. David é filho do casal Moema e Alexandre, médicos residentes em Belo Horizonte. Moema é filha única do casal Inácio – Kátia.  Depois da descida da ladeira íngreme, com David bem protegido do sol, enfrentando o que seria o seu primeiro desafio, houve festa em baixo, numa chácara de onde se avista, bem de perto, o filete em que se transformou o São Francisco, correndo numa garganta entre pedras enormes e morros calcinados, onde Dom Pedro II (ainda ele), que era, entre outras coisas, geólogo amador, descobriu formações de grandes pedras avermelhadas, parecendo conter protoxido de ferro. Com efeito, jazida de ferro é o que não falta naquelas serranias  sertanejas da Bahia, Sergipe e Alagoas, talvez, uma “Minas Gerais” esperando que em futuro próximo, venham a explorá-las.

Para o almoço, estavam lideranças sertanejas alagoanas, prefeitos de mais de dez municípios, uma vastidão de vereadores e amigos. Chegaram o governador Renan Filho, o senador Renan Calheiros e o ex-governador, agora deputado federal, Ronaldo Lessa. Entrevistados pela Xingó FM, o senador Renan, criticou a pressa que tem o governo em fazer a reforma da previdência. Disse que um governo enfraquecido e sem lastro na opinião pública, não tem condições de fazer reformas que mexam nos interesses da população. Para Calheiros, o próximo governo legitimado pelo voto terá melhores condições de fazer as reformas e, no caso daquela que mudará a previdência, sabendo diferenciar entre, por exemplo, um pedreiro, um trabalhador braçal e um burocrata em sala com ar condicionado.

Ronaldo Lessa foi mais incisivo, afirmando que o governo quer servir apenas aos interesses do mercado financeiro, que está vendendo e desnacionalizando empresas brasileiras para tapar buracos no orçamento, o que, no seu entender, é crime de lesa pátria. Ronaldo Lessa garantiu que a reforma previdenciária não exige tanta pressa e poderá ser feita a partir do próximo ano, sem maiores prejuízos para o país. Segundo ele, o governo deveria começar pela cobrança dos bilionários débitos que grandes empresas, inclusive multinacionais, acumularam com a previdência, certas de que não serão importunadas.

O governador Renan Filho, fez um resumo das obras que está realizando no sertão alagoano, destacando que o deputado Inácio Loiola é seu parceiro no sertão.

No correr da tarde chegaram os grupos carnavalescos Tropeiros e Borboletas, que desde o início do século passado dividem as preferências dos piranhenses. Um encantamento, as velhas marchinhas de autores locais, que os grupos tocam e cantam, reeditando antigos carnavais.

PIRANHAS, AS MARGENS DO VELHO CHICO

 

JACKSON PREPARA A SAÍDA E INVESTE NA SUA HISTÓRIA

 

Jackson Barreto esta arrumando malas para sair do governo e enfrentar aquela que deverá ser a última eleição da sua vida. Aliás, não arrumaria propriamente malas, apenas papéis, poucas coisas pessoais, porque continuou vivendo na sua casa onde mora há mais de trinta anos, na Atalaia. Um desses dias, uma senhora que queria visitar Jackson, tomou um uber e deu o endereço desejado, que ela anotara depois de telefonar para a quase onipresente secretária Aninha. Parando na porta, ela disse: “Vou rever meu amigo Jackson. Fui contemporânea dele na faculdade de Direito, e há muitos anos não venho a Aracaju”. O motorista, pedindo desculpas perguntou-lhe: “Senhora, esse Jackson seu amigo é o governador?”. Ela confirmou e o uberista explicou : “Não é por nada, só porque estranhei um político com tanto tempo de atividade, prefeito de Aracaju duas vezes, duas vezes governador, morar assim, numa casa tão simples”. A senhora respondeu-lhe: “É justamente por isso, meu caro amigo, que eu venho visitá-lo, conheço a história de Jackson e ele nunca me envergonhou”.

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JACKSON E A CANDIDATURA

FOTO: SERGIPE NOTÍCIAS

Quando Jackson conversou com aquela amiga, ela quis saber se ele deixaria o governo para concorrer a deputado ou a senador. Jackson lhe respondeu dizendo que há menos de três meses fizera uma entrevista numa rádio de Aracaju, colocando um ponto final nas especulações sobre se seria ou não candidato. Dissera, então, que encerraria a carreira política e aconselhara a outros possíveis candidatos com estrada tão longa como a dele, a fazerem o mesmo, coisa que, segundo disse, o senador Valadares, logo demonstrou que não havia gostado.

A amiga lhe fez ponderações, mostrou a carência de quadros em Sergipe, a devastação feita na classe política por investigações, que a alguns condenaram e outros levaram as investigações para o Supremo Tribunal Federal. Ela, que é advogada lhe fez um relato sobre a situação dos processos e demonstrou que, entre os cogitados como mais fortes candidatos ao Senado, só havia sem processos, ele, Jackson, e Valadares, além de outros, evidentemente, mas que não eram cogitados naquela época. Talvez coisas desse gênero, tenham incentivado JB a concorrer, afinal, nem todos dispõem do capital moral que é a própria historia de vida.

 

FIDELITO, UM FILHO DE DITADOR

 

Morreu o filho mais velho do comandante Fidel Castro. Tinha 79 anos. Fidel teria agora 93 anos e, constata-se, assim, que ele gerou filhos mal entrando na puberdade. Fidelito, como era mais conhecido, era físico nuclear e vice presidente da Academia de Ciências de Cuba, além de professor universitário. Filhos de ditadores, geralmente são parasitas, play boys que andam pelo mundo a torrar dinheiro fácil e roubado dos seus países, sob o tacão dos seus paisinhos. Os filhos de Muhamar Khadafi, o ditador da Líbia, que terminou trucidado e sodomizado por uma multidão, que coisa, tinha filhos bilionários. Um deles era habitual hóspede de hotéis em Salvador. Projetava, quando o pai foi literalmente dilacerado, erguer torres e hotéis na capital baiana. Os filhos de Saddam Hussein seguiam a mesma linha dos líbios. Isso, só lembrando ditadores mais famosos e recentes, sem desfilar a lista extensa de filhinhos de papais ditadores pelos países da latino américa e África, de todos os matizes ideológicos.

Castro Díaz-Balart

FIDELITO CASTRO, SUICÍDIO POR DEPRESSÃO

FOTO: BBC NEWS

 

UM PROJETO DO CAPITÃO DEPUTADO

                               

O deputado Capitão Samuel andou analisando os efeitos das drogas pesadas sobre a população sergipana. Concluiu que existe uma tragédia social bem maior do que se possa imaginar com algum exagero. Começa a mudar de opinião sobre os resultados decorrentes apenas da repressão. Compara o volume de droga apreendida com o número de usuários que já quantificou e compreende, agora, que perseguir pequeno traficante é tarefa inútil e que os grandes estão integrando as facções que espalham sangue e terror. Resolveu juntar amigos e fazer uma cruzada para a recuperação e o amparo às vitimas da droga. Construiu instalações em São Cristóvão onde começa a abrigar alguns, que se dispõem ao tratamento, e tem na cabeça um fervilhar de ideias, que pretende colocar em prática e vai em busca de parcerias.  Dizem os que com ele convivem que ele está esquecendo até mesmo da sua reeleição, tão entusiasmado que vive com o projeto de recuperar e cuidar de drogados.

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SAMUEL E O NOVO DESAFIO

FOTO: INFONET NOTÍCIAS DE SERGIPE


 

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