
NESTE BLOG
1) REPERCUSSÕES DOS COFRES DE SERGIPE E BURRAS DE MITIDIERI
2) “LEBENSRAUM” UMA PALAVRA MALDITA DESDE ADOLF HITLER A DONALD TRUMP
3) A CHEGADA DE IOLANDA, OU A JUSTIÇA E AS MULHERES
REPERCUSSÕES DOS COFRES DE SERGIPE E BURRAS DE MITIDIERI
Professor Doutor Zé Lima, ideias para usar o dinheiro das burras sergipanas.
O texto que aqui publicado na semana passada, Os Cofres de Sergipe e as Burras de Mitidieri , por tratar-se de algo relacionado ao momento político administrativo de Sergipe, tendo tudo a ver com o nosso futuro, despertou alguma atenção entre aqueles que ainda se dedicam ao desprezado oficio de pensar, e, por isso ,acompanham o desenrolar da política e suas implicações com a economia, com a própria vida das pessoas, e o futuro deste nosso país tão conflagrado , sobretudo de Sergipe ,onde vivemos e conseguimos ser esperançosos.
Houve algumas observações, até em tom raivoso, sobre referências à Saúde, outras, entusiasmadas com a ampliação do fluxo turístico, e algumas com certa ênfase condenado a ideia de uma nova ponte Aracaju- Barra dos Coqueiros, entendendo que os recursos das “ burras” supostamente cheias, seriam melhor utilizados em obras como duplicação de rodovias estratégicas, e a irrigação no semiárido, dessa forma, dando suporte ao negócio que hoje mais se expande no estado a cadeia produtiva do leite.
A desindustrialização que assistimos nos últimos anos, parece começar a ser revertida, destaque no parque cimenteiro com a reabertura de uma grande indústria paralisada há mais de cinco anos. Existe a boa perspectiva de reestatização da FAFEN, para assegurar a expansão do polo de fertilizantes. Se a PETROBRAS retomar o controle daquela empresa irá fazer pesados investimentos. É necessário modernizar, substituir equipamentos e métodos inteiramente sucateados e defasados. Isso, ao memo tempo em que se anuncia o retorno breve das atividades da Petrobrás ao longo da plataforma marítima sergipana.
Nesse terreno da industrialização há diversas oportunidades que necessitam de uma reanálise à luz da nova economia, da qual estamos ainda muito distanciados.
No caso da usina eólica que ocupa uma enormidade de terreno para gerar pouca energia, seria uma alternativa estudar a possibilidade de direcionar toda a energia limpa ali gerada para viabilizar um projeto de pequeno porte de hidrogênio verde.
Na Barra dos Coqueiros há uma grande usina termelétrica que opera com capacidade ociosa. Esse estoque de energia disponível, poderia seduzir algum investidor a instalar em Sergipe uma unidade Data Center. Carente de dados fornecidos por esse complexo gigante de computadores, o nordeste corre o risco de perder vultosos investimentos em energia solar.
Lembramos, no texto anterior, que o governador Mitidieri pretende instalar uma Universidade estadual. Hoje, estão sobrando vagas nas unidades de ensino superior em Sergipe, com a ampliação dos campi da UFS, do Instituto Federal, e as variadas opções na área do ensino privado ,onde se destacam a UNIT, a Pio X, e um leque variado de Universidades e Faculdades de outros estados que aqui se instalam, ou recorrem ao campo virtual, e tudo isso facilitado pelos programas de financiamento do Governo Federal.
Talvez, uma outra iniciativa no mesmo campo pudesse contribuir para a inserção do nosso ensino superior na era de transformações rápidas e gigantescas que o mundo atravessa.
Citamos um fato marcante em Sergipe, verdadeira revolução no nosso provincianismo acanhado, que aconteceu no final dos anos 40 : a criação pelo governador Jose Rolemberg Leite da Escola Superior de Química Industrial e do Instituto de Tecnologia e Pesquisa, este , infelizmente hoje, sem gerar tecnologia, e muito menos realizar pesquisas.
Procuramos então ouvir um cientista, o grande ex-Reitor da Universidade Federal de Sergipe, professor Jose Lima.
O professor Jose Lima considera positiva a iniciativa do governador Mitidieri, buscando colocar tijolos no edifício virtuoso da Educação, mas , deixou bem claro que esses tijolos deveriam ser locados em pontos estratégicos. Para ele, esses dois pontos estratégicos se unem , se completam, ambos, necessitando de urgentes transformações. No caso, trata-se do Ensino Fundamental e do Ensino Superior.
O que ele propõe é a criação de um Instituto com o objetivo de formar um corpo docente, mestres, altamente qualificados para os setores específicos das ciências exatas e da natureza.
Compreenderia, desde as chamadas Escolas de Aplicação, até o nível superior.
Dessa forma, a médio prazo, a rede de escolas públicas estaduais, contando com os novos e atualizadíssimos professores, passaria por uma transformação qualitativa notável. Essa é a formula que a Coreia adotou para ter um dos melhores sistemas públicos de ensino do mundo, sendo o corpo docente a grande ferramenta da evolução.
O professor Jose Lima lembra que em outros estados, como por exemplo a Bahia, aqui perto, há Institutos com esse modelo de ensino, e existindo, ainda, a possibilidade para convênios com o governo federal e organismos internacionais.
De qualquer forma o salutar em tudo isto é que o próprio governador abre largo espaço para o debate sobre o tema.
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“LEBENSRAUM” UMA PALAVRA MALDITA DESDE ADOLF HITLER A DONALD TRUMP
Trump expulsa brasileiro e o "patriota" Tarcisio festeja
Nas confortáveis instalações da Fortaleza de Landsberg , às margens do rio Lech, e transformada em presídio militar, um cabo desmobilizado do Exército alemão por um ferimento que o deixara temporariamente cego, cumpria pena por ter liderado o golpe de estado conhecido como o Putsch de Munique.
Terminada a catástrofe da Primeira Guerra Mundial ( 1914- 1918) na Alemanha derrotada e humilhada pelos termos do draconiano Acordo de Versailles, o cabo Adolf Hitler, nascido na Áustria, tendo sido vagabundo nas ruas de Viena, se tornara um agente secreto do exército alemão, e passava informações sobre as organizações políticas, tendo os comunistas à frente.
No caldo de cultura revolucionário, gerado pelo desemprego e a fome, tramavam a queda do governo afundado no caos de uma hiper- inflação que transformava em lixo o Reichsmark , a moeda forte do unificado Império Germânico.
Nos anos devastadores da década dos vinte, a promessa da revolução proletária tendo o respaldo ativo da União Soviética espalhava-se pela Europa, e a Alemanha derrotada era o maior alvo.
O cabo Hitler desde o fim da guerra em 1918, recuperado do ferimento que o deixara temporariamente cego, tornara-se ativista político , função que desempenhava ao lado da sua remunerada tarefa de espionar e denunciar.
De abril de 1924 a novembro do mesmo ano, o cabo Adolf Hitler, figura já muito conhecida nas rodas barulhentas da extrema direita, aproveitou aquele tempo na prisão para escrever o livro em dois volumes no qual externava suas ideias, discutia a realidade da Alemanha, propunha o rearmamento rápido do país, e lançava as bases do que seria o seu regime nazista.
Deu ao livro o nome de Mein Kampf, Minha Luta.
Em meio aos seus delírios de conquista do mundo, branqueamento da humanidade, extermínio total dos judeus e predomínio absoluto dos brancos, arianos-alemães, ele introduziu uma palavra que seria o móvel das suas guerras de conquista: Lebensraum, ( espaço vital).
Eram ridículos, afirmava Hitler aqueles quinhentos mil quilômetros quadrados, que cabiam ao povo alemão, “o escolhido por Deus, para dominar e ordenar o mundo.”
Não entendia como quarenta milhões de indivíduos brancos, criativos, industriosos, poderiam viver e terem garantida sua subsistência em tão pouco espaço de terra. Por isso o lebensraum, deveria ser a grande meta , e isso deixava bem claro que os exércitos alemães deveriam marchar para o leste, subjugar inicialmente os povos eslavos, russos, ucranianos, poloneses, letões, estonianos, que seriam escravizados para servirem ao Reich alemão.
Enquanto os judeus, “ os piolhos da humanidade “, deveriam ser totalmente exterminados.
O resultado de tudo isso é bem sabido.
Com os fertilizantes, a tecnologia, o espaço vital, o lebensraum de Hitler, passou a ser uma ideia caduca. O Japão, a Coreia, a Suiça, a Noruega, a Suécia, mesmo a Alemanha, a França a Inglaterra, demonstraram como países pequenos podem formar civilizações modernas, prósperas, democráticas, sem o olhar cobiçoso para os espaços ao lado .
De repente um presidente dos Estados Unidos da América, o quarto maior país em extensão territorial, ainda primeiro em economia e, por muitas décadas, certamente, detentor do maior potencial bélico do mundo, antes mesmo de tomar posse já ressuscitava o conceito hoje ridículo do espaço vital.
Donald Trump quer simplesmente anexar o Canadá. O vizinho enorme, segundo pais maior do mundo, com menos de 40 milhões de habitantes, e uma qualidade de vida que deixa à distancia o vizinho rico e poderoso. Já fala em colocar na bandeira a sua estrela de numero 51. Difícil seria acomodar essa estrela, ou esse estado, maior do que toda a federação.
Mas Trump quer também ocupar a Groênlandia, por compra ou pela força. A maior ilha do mundo, um protetorado da Dinamarca, tem mais de dois milhões de quilômetros quadrados. Assim, o país que Trump estaria a sonhar, seria o maior do planeta, com mais de vinte e dois milhões de quilômetros quadrados, cabendo nele a China, o Brasil, e de quebra quase uma Austrália.
Não satisfeito, quer reocupar o Canal do Panamá, que foi há quarenta e cinco anos devolvido ao país que lhe deu o nome. Trata-se de uma restrita faixa de terra e água com 84 quilômetros de extensão, mas , por ele passa mais de cinco por cento do trafego marítimo do mundo.
Trump também quer mudar a geografia, e faz isso como se fosse senhor do mundo. Ao sempre chamado Golfo do México, isso desde o século dezesseis, ele já deu-lhe outro nome: Golfo da América. Além de brutal, deseducado e impertinente, ele também é ridículo.
O Elon Musk, o gênio-Trumplouco que faz parceria com Trump, acrescentou ao nome do Primeiro Ministro do Canadá, que Trump chama de meu governador, o educado tratamento: senhorita.
A arrogância espanta, mantem o mundo em suspense. Se Trump resolver fazer como Hitler, que, para conquistar o Lebensraum criou a sua forma de guerra, a blitzkrieg, ( guerra relâmpago ) subjugando a França em 40 dias, o mundo que se cuide, que reze, que peça piedade .
Chegaram ao Brasil os primeiros brasileiros deportados por Trump .Não são bandidos, apenas imigrantes em situação ilegal, mas trabalhavam, ajudavam a fazer crescer a prosperidade americana. Vieram algemados, o avião que se dirigia a Belo Horizonte aterrissou em Manaus, e na aeronave, aguardando conserto, permaneciam algemados e humilhados os brasileiros. O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, por orientação do Presidente Lula determinou à Policia Federal que os soltasse, e os embarcou numa aeronave da nossa Força Aérea até BH. Os verdugos de Donald Trump queriam desconhecer que estavam em solo brasileiro, e portanto, sujeitos às leis brasileiras.
Mas o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Tal, ou de Qual ? postou , em júbilo, uma foto com um boné na cabeça da campanha de Trump, onde se lia America First. Imaginava-se , que, para um brasileiro, governador de um estado brasileiro, eleito por brasileiros, a prioridade fosse o Brasil. Se um governador de qualquer estado americano, o Illinois, Flórida, Texas, Arizona, ou do pequeno Rhode Island, aparecesse fotografado com um boné na cabeça onde estivesse escrito China First, ou Canadá First, Brasil First, Paraguai First, seria processado por traição, ou , no mínimo, desprezo ou achincalhe com o seu próprio país.
Patriota o Tarcísio? Patriotas são os brasileiros sofridos, humilhados, chutados para longe pelo monstro arrogante e impiedoso. No aeroporto, antes do embarque digno e respeitoso no avião da Força Aérea Brasileira, de mãos livres, eles cantaram o Hino Nacional.
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A CHEGADA DE IOLANDA, OU A JUSTIÇA E AS MULHERES
Desembargador Ricardo terminando o mandato, e a desembargadora Iolanda começando.
Não há duvida, hoje existe o consenso de que a partir da presença maior das mulheres no Judiciário , no Ministério Público, nas Polícias e inclusive nas Forças Armadas, ocorreram mudanças fundamentais.
Aquele predomínio ou monopólio masculino, era fechado, monolítico, de terno e gravata, ou relógio de algibeira, para não falar, as vezes ,no revolver cabo de madrepérola que algumas autoridades judiciais se esmeravam em exibir à cintura. Mas isso num tempo mais distante, coisa dos anos de um século que se foi há pouco tempo ,mas parece-nos tão distante.
Havia uma certa soberba masculina, aquela ideia arraigada e até com alguma ferrugem de que, aos homens ,caberia o transito pelo poder, a exclusividade nas decisões. E isso impregnava o ambiente com alta dose de preconceitos.
Difícil para um magistrado, um policial, um promotor, entender um mundo que não reconheciam bem, embora todos tivessem esposas, filhas, irmãs. E assim, a sociedade mantinha aquela carantonha machista.
Era o normal, o corriqueiro, um modelo do conservadorismo.
Mas nos concursos, as mulheres, sem necessitarem dos alaridos do feminismo, foram conquistando seus espaços, e até se tornando majoritárias.
O Judiciário sergipano hoje avaliado entre os mais eficientes do país, se fez até pioneiro nessas mudanças. Aqui , uma mulher, a exemplar Clara Leite Rezende, se tornou Desembargadora. Quando ela assumiu, no topo dos Tribunais estaduais , talvez existissem apenas umas três mulheres.
Na presidência Clara foi inovadora, do mesmo modo a desembargadora Marilza Maynard, igualmente uma precursora. Assim, as mulheres vão além da eficiência, porque revelam sensibilidade.
Com todas essas características , chega agora no próximo dia oito de fevereiro à Presidência do Tribunal de Justiça a desembargadora Iolanda Santos Guimarães. A terceira a assumir , como diriam os antigos escribas, a mais alta curul do Judiciário sergipano.
Lhe acompanham na Mesa diretora o desembargador Etélio de Carvalho Prado Junior, e o Desembargador Edivaldo dos Santos, um trio, que se faz, o que é raro, merecedor de um consenso que abrange competência, dedicação, e transito seguro pelas nuances do Direito, da Judicatura.
Os pontos de avaliação positiva que tem conquistado o Tribunal de Justiça de Sergipe, resultam do trabalho continuado dos seus integrantes, dos seus servidores, e daqueles que presidiram o Poder Judiciário, como é o exemplo que deixa, agora, o Desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima.
A nova Presidente Iolanda Guimarães, agrega à cultura jurídica uma constante preocupação em alargar conhecimentos, sobretudo em entender , no seu rigoroso oficio, as peculiaridades de cada caso, e a percorrer os labirintos da alma humana, o que se constrói com experiencia, com a largueza de horizontes que proporcionam as abrangentes leituras, e, mais do que tudo com a sua singular sensibilidade feminina.
Sem duvidas o TJ sergipano viverá dois anos de equilíbrio, sensatez e inovações.