Luiz Eduardo Costa
Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências.
Um país da jogatina onde jogo é proibido
11/08/2017
Um país da jogatina onde jogo é proibido

O presidente general Eurico Dutra decidiu acabar duas coisas no Brasil: o comunismo e o jogo, o chamado jogo de azar. Meteu-se numa complicada empreitada.

Dutra, que se dizia seguidor obediente ao ¨livrinho¨ como ele chamava a Constituição, apegou-se a um artificio e logo colocou na ilegalidade o PCB, fez o Congresso cassar os mandatos de deputados, senadores e vereadores comunistas, e com eles encheu as cadeias.

Para acabar o jogo bastou uma ordem transmitida à Policia e logo era fechado o templo maior da jogatina o internacionalmente famoso Cassino da Urca. A movimentada vida noturna da capital federal, então o Rio de Janeiro, girava basicamente em torno daquele Cassino e do clássico Hotel Copacabana Palace.

O jogo nos salões feéricos associava à sua prática diversos fatores, também psicológicos, decorrentes do charme, da sensualidade, da ostentação de poder e riqueza no convívio direto com o risco. E isso conduz ao vício.

Mas é inútil e também excessivamente dispendioso combater vícios com a repressão, ou a simples feitura de leis pretensamente resolutivas.

Para satisfação de Dona Santinha, esposa de Dutra, que considerava o Cassino da Urca um antro de depravação, as roletas pararam de girar, as mesas do carteado ficaram desertas. Calcula-se que mais de 20 mil pessoas teriam perdido seus empregos. Houve queda no turismo, esvaziamento de restaurantes, suicídios de músicos, vedetes, garçons, motoristas de táxis, levados ao desespero.

Salazar, o ditador português que cultivava a falsa fama de castidade, desobedeceu ao ultraconservador cardeal Cerejeira e manteve aberto o Cassino do Estoril, onde uma elite de endinheirados europeus e americanos enfastiados com a Côte d`Azur, buscavam um destino diferente. Na região de praias onde fica o Cassino, tudo gira em torno do turismo, e do jogo devidamente regulamentado.

Aqui, dormem no Congresso projetos regulamentando o jogo, mas há algumas bancadas fazendo uma ranzinza oposição. Isso num país onde mais se joga sem pagar impostos e sem acrescentar maiores benefícios sociais.

A policia já desperdiçou muito tempo correndo atrás de bicheiro, até quando se estabeleceu uma trégua. Em Aracaju, o líder da jogatina, tanto do Bicho como da roleta, Luizinho, no fim das tardes chegava à Secretaria de Segurança sobraçando uma maleta escura. Era a entrega do ¨barato¨ do Bicho. Era a contribuição informalmente aceita e feita às claras. Havia naquelas malas miúdas muito menos dinheiro, do que o guardado na mala transportada pelo finório Rocha Loures, o auxiliar da ¨estrita confiança¨ do presidente Temer.

O Jogo do Bicho, sobrevive na clandestinidade tolerada. É negocio do qual dependem milhares de família, e agora sendo suplantado pelo Sport Net, epidemia que invade tudo. Joga-se também facilmente pela televisão, durante as madrugadas. Bingos multiplicam-se pelo interior.

As pessoas desempregadas, passando fome, conseguem carneiros, capões, galinhas, e em torno desses ¨prêmios¨ tão chinfrins, reúnem-se nos povoados centenas de jogadores. E há ¨furnas¨ de jogo por todo canto, e cassinos disfarçados, que todos sabem onde ficam.

O Governo com as loterias quase faz um monopólio do jogo. E qual o critério usado para caracterizar a tavolagem da Caixa Econômica, como algo que não seja vício?

Justamente o critério da permissão legal, dos impostos recolhidos e da destinação deles para gerarem benefícios sociais. O vício fica por conta da sensatez de cada um.

É pura hipocrisia essa aversão ao jogo, é pura hipocrisia proibi-lo, porque a jogatina só faz crescer, e da pior forma possível, numa espécie de clandestinidade ostensiva, que o livra de impostos, e o associa à corrupção, e pior ainda à criminalidade.

A regulamentação do jogo traria a curto prazo investimentos estrangeiros. Calcula-se que de inicio possam ultrapassar um bilhão de dólares.

A criação de um Complexo Turístico, incluindo Cassinos na região do Cânion de Xingó, compreendendo em Sergipe, Poço Redondo e Canindé, Piranhas e Delmiro Gouveia em Alagoas, e Paulo Afonso na Bahia, onde já existe um bom e ocioso aeroporto, seria como se instalássemos uma pequena Las Vegas, num clima semiárido, quase idêntico aquele onde os americanos montaram o meganegócio do jogo, turismo, lazer, divertimento.

É por isso que eles são ricos, e nós desenxabidamente pobres, e desperdiçando oportunidades. A crise aumenta, a economia se arrasta, e o governo como solução só imagina o mais fácil e criminosamente injusto: aumentar impostos.

DE CORPO PRESENTE

A igreja matriz de Boquim estava lotada. Comemorava-se o dia da Padroeira Nossa Senhora da Piedade.

O padre começa a Missa e faz a saudação aos presentes: ¨Temos aqui hoje, meus irmãos, a presença de pessoas ilustres, de muitas autoridades, por isso, quero cumprimentar e agradecer a presença do governador em exercício Belivaldo Chagas, que aqui também representa o governador Jackson Barreto, cumprimento o Prefeito deste município, aqui presente com toda sua família, cumprimento o deputado estadual Venâncio Fonseca, filho desta terra, cumprimento os deputados federal e estadual, pai e filho, Fábio e Luiz Mitidieri, ilustres filhos do Boquim, cumprimento o deputado Laércio Oliveira, e cumprimento o deputado federal André Moura, que é líder do governo Temer. Deputado, que missão ingrata, difícil e horrível esta que lhe deram de defender esse Presidente¨.

OS VALADARES TOCANDO TAMBORES

Valadares pai e Valadares Filho, Senador e Deputado Federal, estão tocando tambores para anunciar que lideram nas pesquisas de intenção de votos. O pai estaria mais cotado na preferencia dos eleitores, tanto para o governo, como para o Senado, o filho enxergando que somente em Aracaju, se forem mantidas as mesmas intenções de voto ele teria a reeleição assegurada.

Enquanto se preparam para devolver todos os cargos federais que ocupam com seus numerosos indicados, os Valadares avaliam como correta a posição que tomaram em relação ao presidente Michel Temer, e admitem que o gesto de afirmação politica rendeu-lhes dividendos eleitorais.

José Valadares, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Simão Dias, afirma que se depender da opinião dele o irmão disputará o governo. Ele vê um cenário de pacificação e entendimento no novo grupo politico, improvisadamente criado, quando Valadares rompeu com o PT, e depois com Jackson.

Não enxerga restrições fortes do deputado André Moura à possibilidade de Valadares encabeçar a chapa majoritária. Mas André não descartou ainda a possibilidade de disputar o governo, caso seus problemas com a Justiça não o impeçam.

Por sua vez o senador Amorim tem repetido que é candidato, numa nova tentativa de chegar ao governo. Na primeira Jackson colocou sobre ele uma diferença inédita nos últimos vinte anos, com mais de cem mil votos.

QUANDO SETEMBRO VIER OS CANDIDATOS SURGIRÃO

Na oposição não será uma tarefa muito fácil a escolha das posições a serem ocupadas pelos seus principais nomes, o deputado líder do governo Temer, André Moura, o senador Valadares, que já desembarcou do governo, imaginando o naufrágio inevitável, e o senador Amorim, que colocou um pé fora, mas ainda reluta, indeciso. Valadares quer se impor mostrando pesquisas que lhe

favoreceriam, os outros dois entendem que se não lhe derem uma mão forte, ele aborta a decolagem.

No governo, tudo parece próximo de uma certeza: o afastamento de JB para tornar-se candidato ao Senado. Assim ocorrendo, e Belivaldo assumindo, ele se tornaria o candidato natural à sucessão. Teria, a essa altura, explícita preferencia de Jackson. No governo também existem problemas desafiando a criatividade e habilidade do comando de Jackson, mas ele já tece a sua rede faz algum tempo.

Apesar da agora não disfarçada má vontade do presidente em relação a Sergipe, tanto por causa de JB como motivada pela atitude que tomaram os deputados federais, o governador e sua equipe movimentam-se muito para que seja superada a penúria financeira que tem impedido o pagamento em dia dos servidores , e reduzido investimentos .

Houve criatividade na montagem de um modelo para reduzir o déficit da previdência sem onerar os aposentados ou ativos. Há perspectivas quase concretas de reaver receitas, e nisso o Secretário da Fazenda Josué Passos, tem percorrido um roteiro que começará a produzir resultados ainda este ano.

Com recursos do PROINVEST e do PRODETUR, projetos importantes serão concluídos este ano e outros serão iniciados. Na Barra dos Coqueiros, o maior investimento da iniciativa privada no país, a Termoelétrica, até dezembro haverá no canteiro de obras algo próximo a mil trabalhadores. No final serão dois mil trabalhadores.

Duas importante rodovias, Itabaiana-Itaporanga e Pirambu- Brejo Grande ficarão prontas, escolas em tempo integral já funcionam, e também escolas técnicas, os graves problemas que ocorrem no atendimento a pacientes com câncer serão reduzidos com a entrada em funcionamento do ¨bunker¨, há projetos em execução e em elaboração para o semiárido, e este ano Sergipe, agradecido a ¨São Pedro¨, alcançará a sua maior safra de milho.Os leilões de áreas em águas profundas darão um novo impulso na atividade petroleira em Sergipe e assim o clima de pessimismo poderá começar a ser aliviado, apesar do desalento da crise nacional.

Nesse ambiente o debate eleitoral poderá ser travado em torno de ideias para um consistente e realista projeto de desenvolvimento, a ser posto em marcha no próximo quadriênio. Como não haverá espaço para promessas, e também a falação única da critica, e sem o marketing que disfarça ou mente, aos candidatos restará a capacidade que tenham para levar ao povo o desenho da realidade e a imagem de um futuro possível.

Outros fatores decisivos seriam a imagem de coerência política e a demonstração de capacidade, além da biografia, e o caráter do candidato, também a sua comprovada disposição para dedicar-se com honra e dignidade ao cumprimento de um mandato. Esses atributos essenciais andam em falta na politica brasileira, daí a crise moral que vivemos.

Antes de escolher um candidato o eleitor deveria saber: Qual o patrimônio que ele construiu na vida, e como? Quais os compromissos que ele tem com grupos ou corporações? Já foi ou está sendo processado por peculato? O que fez quando exerceu outros mandatos?

O ESPORTE NAUTICO REVIVENDO AGORA

Os esportes náuticos que já foram tão populares em Aracaju estão revivendo agora. O surf, é o resultado único do entusiasmo das ¨galeras¨ e envolve milhares de jovens, faz muito tempo, já o remo, a vela, que necessitam de uma organização maior, de instalações, de equipamentos mais custosos, que exigem manutenção, estavam um tanto adormecidos.

O Iate Clube criado em 1953, por um grupo onde estavam Álvaro Bezerra, Alcebíades Vilasboas, Murilo Dantas, Walmir Almeida, Carlos e Pedro Morais, Hermano Lago, Mesquita, Mário Andrade, entre outros, foi o grande indutor do esporte da vela. O remo já existia desde a década dos trinta, e nele se destacavam os clubes Sergipe, Cotinguiba e Aracaju.

Nesse período e em todos os setores da atividade desportiva náutica, destacou-se Álvaro Bezerra. Ele, funcionário do Banco do Brasil, era um experiente e hábil marceneiro. Construía barcos à vela e a remo. No primeiro campeonato que sergipanos participaram fora do estado, disputado em Natal, Álvaro foi campeão velejando um snipe construído por ele, os outros bem classificados foram Walmir, que tinha um barco gaúcho, e Carlos Morais com um barco importado.

Álvaro também remava e dava instrução para equipes iniciantes. De uma delas no Cotinguiba, Álvaro foi ¨patrão¨ por algum tempo. Sob a disciplina do ¨patrão¨que chegava as cinco da manhã, a equipe de quase meninos, era formada pelo voga, este escrevinhador, o sota-voga Fernando Barreto, o sota-proa Augusto Nílton e o proa Adson Barreto. Álvaro ensinou todas as filhas a velejar: Tamar, Tânia, Thais e Tanit, a caçula, que se tornou sua proeira.

Nesse dia 24 de agosto o Iate estará completando 64 anos, e o Comodoro Eugênio Sobral organizou regatas com várias modalidades, onde se destaca a canoa havaiana, um equipamento que poderia ser levado às escolas, porque reúne uma numerosa equipe de remadores.

A regata receberá o nome de Álvaro Bezerra, justa homenagem a quem viveu em plena intimidade com o mar.

MEDALHA PARA QUEM MERECE

O médico Hamilton Maciel é pessoa imensamente rica em bons atributos. Isso todos os amigos nele reconhecem e admiram. Agora, a Assembleia Legislativa resolveu fazer a ele uma homenagem que traduz, através dos parlamentares, o sentimento de todos os sergipanos.

Hamilton, que é presidente da Federação Nacional das Academias de Medicina, recebe dia 14, as 17 horas na sede do Poder Legislativo a Medalha do Mérito Parlamentar.

O DONATARIO DA CAPITANIA

Só falta agora a Carta Régia da doação para legitimar o deputado federal André Moura como Donatário da Capitania de Sergipe d `El Rey. O deputado acrescentou poder ao que já tinha após a votação na Câmara favorável a Temer.

Seis deputados sergipanos de uma bancada de oito votaram contra Temer, dois ficaram com o governo, André Moura, líder, e Fábio Reis. Fábio é do PMDB, seguiu o partido, tem intercedido muito em questões importantes para Sergipe, procura ajudar o governo do estado, os prefeitos.

Mas a força de André é incomensuravelmente maior, porque ele frequenta a copa e cozinha do Jaburu, do Planalto, do Alvorada. André transita pelos municípios sergipanos acompanhado por um séquito de prefeitos sequiosos pelo refrigério de verbas, e ele a todos promete o alívio, para alguns já tem liberado recursos, tudo dentro de uma agenda essencialmente política.

Antes, causava ciúme nos colegas, agora, como todos foram retirados da lista dos benefícios seletivamente concedidos, André, na condição de senhor da Capitania, decide para quais deverão ser levantadas as restrições. E os outros deputados estão a bater na porta do seu gabinete. Detalhe: a todos ele atende com o largo sorriso de um Capitão-Mor gentilmente sobranceiro.

O PREFEITO E O MANIFESTO

O prefeito Edvaldo Nogueira é , além de politico, um ledor compulsivo. E faz isso desde criança, quando ainda estudante de curso primário na cidade alagoana de Pão de Açúcar. A visão que adquiriu do mundo, da convivência com o meio em que vivia, a cultura, o fez militante da esquerda.

Hoje, sem mudar de orientação em face da realidade social, Edvaldo acompanhou a própria evolução do conceito de socialismo, e dele já há muito tempo afastou aquele teor forte da necessidade de impor uma ideologia, uma forma de vida, até mesmo pela força. Ele crê na mudança, todavia unicamente pela via democrática, e essa hoje é a linha do seu partido o outrora tão radicalizado PC do B.

Numa reunião com assessores e amigos, Edvaldo alinhavava os pontos que considera indispensável para enfrentar, naquele propósito de dar a Aracaju uma qualidade de vida sustentável. Quer arborizar ruas, ampliar parques, despoluir rios, usar energias alternativas, buscar atrair start-ups para gerar emprego, zelar pela qualidade do ar da cidade, e atacar o problema grave que ainda persiste, da existência de alguns núcleos de favelização.

Ele faz com viés cartesiano, todavia ansioso, um elenco de objetivos que pretende alcançar, mas não desconhece a imensa dificuldade para atravessar sem sobressaltos a crise brasileira que se espicha. Por isso começou economizando muito, racionalizando a administração, cortando despesas inúteis ou excessivas.

Tanto fez isso que ganhou destaque nacional. Enquanto falava sobre planos e até sonhos, Edvaldo tinha nas mãos um manifesto que começou a distribuir. Ele o recebeu do líder do seu partido e ex- Ministro da Defesa, o alagoano filho de um vaqueiro Aldo Rebelo.

Trata-se de um roteiro primoroso e atual para a superação da crise, com a valorização do nosso povo, da nossa índole empreendedora, ao tempo em que preconiza o caminho para um em entendimento nacional, um desarme de espíritos, uma união de todos pelo Brasil, pela recuperação da imagem do nosso país no exterior, pela renovação da politica, e pelo fim dos ranços ideológicos e ódios que nos separam.

O Manifesto é um primor de bom senso e de visão correta da realidade.

O INVERNO E AS ÁGUAS

Com o inverno que tem sido farto de águas, e que deverá, segundo Overland Amaral, com menor intensidade alcançar setembro, as barragens recuperadas ou ampliadas no semiárido estão cheias, garantindo água para todo o verão mesmo se não houver trovoadas.

Ponto para o presidente da COHIDRO José Carlos Felizola e toda sua diligente equipe, que colocaram máquinas em movimento, tempestivamente, aproveitando enquanto todas as aguadas estavam secas, sem mesmo lama no fundo.

A ¨GUERRILHA¨ MATINAL

Uma pesquisa que está sendo exibida nas redes sociais, mostra uma realidade já suspeitada por pessoas que acompanham as reações da opinião pública diante do bombardeio diário de politica provinciana. É a ¨guerrilha radiofônica matinal¨, com doses as vezes exagerada de sensacionalismo, para assuntos sobre os quais as pessoas vão perdendo o interesse.

A pesquisa revela que 70 % de audiência estariam concentrados nas emissoras que não participam da ¨guerrilha dos microfones¨. As pessoas estão preferindo sintonizar emissoras que apresentem uma programação musical, ou apenas noticiosa, sem o envolvimento opinativo, e batalhas verbais.

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