
NESTE BLOG:
1) VENDE-SE: A ÁREA CENTRAL DE ARACAJU
2) O ESCULÁPIO SAMARONE E O “SEU” PÉ DE JUAZEIRO
3)DE LIXO E DE LUXO
MATERIA ANTIGA : 07/05/2015
CENAS DA DITADURA PARA QUEM NÃO A CONHECEU E A DESEJA DE VOLTA ( 1)
VENDE-SE:
A ÁREA CENTRAL DE ARACAJU
Tentar vender fica cada dia mais dificil no centro.
O governo de Sergipe tem um projeto para Aracaju que poderá ser um forte instrumento de revitalização do centro. Trata-se de uma criação do arquiteto Ézio Deda, e deverá surgir no local onde ainda existe uma concentração de velhos e resilientes casarões, defronte ao rio Sergipe.
A decadência do centro de Aracaju não começou agora, mas, acelerou-se nos últimos anos.
Com a expansão da cidade para o lado sul, o surgimento da Coroa do Meio, uma das ousadias de João Alves, a Orla da Atalaia e a litorânea avenida Sarney, os Shoppings, grande parte do comercio se foi deslocando para aqueles locais, onde se concentrava a renda. O centro definhava, com casas comerciais antigas fechando as portas, e as pessoas trocando moradias térreas por apartamentos . Aracaju se espairou, “invadindo “até São Cristovão, pela Jabutiana, onde está o polo da Universidade Federal.
Por outro lado, antigas famílias viram seus filhos e netos, tomando outras direções, enquanto uma ou mais gerações desapareciam, e, com o tempo, a casa ancestral ia ficando abandonada. Herdeiros, com pouco interesse, limitam-se a colocar nas fachadas deterioradas o anuncio: VENDE-SE, que é visto às centenas.
Dois exemplos, um, de abandono, outro de preservação: na rua de Arauá, quase esquina com Barão de Maruim, ao lado do poente, existe uma linha de casas que não escondem os estragos do tempo, estão entre as centenas na mesma situação, com a diferença de que, nestas, nem placas de -Vende-se- existem. Uma delas, a maior, com portas e janelas fechadas por tijolos, pertenceu ao poeta, intelectual, e último rábula de Aracaju, Clodoaldo de Alencar. Na casa, viveram seus filhos, Luiz Carlos, Ministro do STJ; Clodoaldo , (Alencarzinho), professor, teatrólogo, escritor, radialista, Reitor da Universidade Federal de Sergipe; Jessé, advogado no Rio de Janeiro, Hunald ( Hunaldinho ), bacharel em direito, poeta, músico, compositor, teatrólogo, professor, filólogo; Leonardo , pintor, professor da Universidade Federal da Bahia, cujos quadros espalham-se por galerias do Brasil e exterior; Geraldo, falecido prematuramente, aos vinte e poucos anos.
Todos agora estão mortos, e a casa onde viveram abandonada. Um pouco adiante, virando à esquerda, após o encontro da rua de Arauá com a avenida Barão da Maruim, existe uma casa senhorial, que ali está desde o inicio da cidade. Nela, foi ultimo residente o desembargador Antônio Xavier de Assis. Um dos seus dois filhos, Carlos Pinna de Assis, formado em direito pela Universidade da Bahia, voltou a Aracaju, e com o pai, já aposentado da magistratura, decidiram, no casarão instalar um escritório de advocacia. O jovem Pinna advogou pouco tempo, logo chamado pelo governador João Alves a exercer cargos públicos, faleceu sendo Conselheiro do Tribunal de Contas de Sergipe. Homem culto, escritor, pesquisador, Pinna era a mola propulsora da maior parte das ações culturais em Sergipe. Preocupava-se muito com a imagem da Aracaju antiga, que se vai desfigurando. Não teve tempo de vida para ver executados muitos projetos que tinha em mente, mas, a heráldica casa paterna, ele não permitiu que desse lugar a um prédio, ou estacionamento. E a casa permanece quase rebrilhando, com se fosse nova. No seu interior, os moveis antigos, bem trabalhados, joias da melhor arte da marcenaria.
Permanece funcionando na casa o escritório de advocacia Figueiredo & Pinna, uma plêiade de jovens advogados liderados por Carlos Pinna Junior. Ele dá sequencia ao que fez o seu pai, e vai adiante, imaginando também iniciativas culturais. Igualmente, não teve muito tempo para advogar , chamado pelo governador Mitidieri para exercer o cargo de Procurador Geral do Estado.
Este é, todavia, um exemplo raro. A realidade mais evidente são casas abandonadas, ou colocadas à venda sem que sejam vendidas, enquanto tanta gente sonha com a moradia própria.
O projeto de Ézio se transformará numa das mais importantes obras deste mandato de Mitidieri. Ele atende, inclusive, à necessidade de reverter um processo de desmanche do que foi a cidade primitiva, e, ao mesmo tempo, cria algo próximo ao que representa para Buenos Aires, o Puerto Madero, hoje, a maior área de lazer da capital argentina, às margens do estuário imenso do rio da Prata. O “ Madero “ aracajuano, não ficará apenas ao lado do estuário largo do Sergipe, parte dele estará flutuando sobre as águas do rio. É, sem dúvida, uma ideia fascinante.
Talvez, fosse possível ir ainda mais longe, transformando todo o centro e áreas contíguas em movimentada concentração de moradias, e, no rastro delas, o comércio reaparecendo.
Seria um projeto dependente do Minha Casa Minha Vida, que poderia ser, com o protagonismo do governador Mitidieri, a grande experiencia de aproveitar e reformar o que já existe, e, com menos recursos, tornar habitáveis moradias que agora para nada servem. São um trambolho, com o destino inevitável de virar entulho.
Poderia ser analisada a desapropriação por interesse público, e posterior pagamento aos proprietários das casas , já desenganados sobre a possibilidade de vendê-las. Não faltariam pessoas interessadas em ter a moradia com que sonham, reformada, novinha, e a preços atrativos.
Também, prédios públicos transformando-se em ruinas, poderiam fazer parte do programa. Com isso, algo próximo a mil famílias voltariam a povoar o centro de Aracaju, agora virando deserto, e que recomeçaria a ter vida, trabalho e renda, tendo, ao lado, o destacado ponto de atração turística. Seria, ao mesmo tempo uma experencia socialmente inovadora, misturando pessoas com rendas diversas, e cancelando o hábito de jogar pobre para viver na periferia, cada vez mais distante do emprego, engrossando o volume do tráfego já congestionado.
O projeto consumiria algum tempo, mas, se executado, nos livraria de sermos comparados ao repugnante regime cubano, que, há 66 anos contempla, sem nada fazer, um cenário espantoso na bela região litorânea do Malecón. Explicamos : no local, em frente ao mar do Caribe, vivia a aristocracia de Havana, nas centenas de mansões, e também a classe média em residências mais simples. Com a revolução de 1° de janeiro de 1959, e transformação da ilha em país comunista, tudo foi desapropriado, o Estado cubano tornou-se único proprietário. Os antigos donos escaparam para Miami, ou foram fuzilados, e restou o abandono. Poucas famílias ousaram ocupar alguns dos palacetes, todos sem água e luz elétrica. E ali, ao longo desses 66 anos, permanece o desprimoroso “ cartão de visitas “ do fracassado regime.
A burocracia estatal cubana não conseguiu descobrir uma solução para aquela feiura, e ferida social, no ponto mais aprazível de Havana.
Não a imitemos. Até porque, aqui, existe a força e a energia do empreendedorismo.
LEIA MAIS
Valor Imobiliária oferece soluções estratégicas para imóveis descoupados
Veja completo:
https://aracajumagazine.com.br/conteudo/economia-negocios/valor-imobiliaria-oferece-solucoes-estrategicas-para-imoveis-desocupados
LEIA MAIS
O ESCULÁPIO SAMARONE E O “SEU” PÉ DE JUAZEIRO
A árvore da catinga, que se deu bem na praia.
Que ninguém se espante, caso desconheça o significado da palavra esculápio. Alguém, poderia até imaginar que estaríamos a ofender o Secretário de Cultura da Itabaiana Grande. Outros, que não acompanharam o esquecimento da vetusta e sumida palavra, que inegavelmente é feia, tanto quanto nosocômio ou necrópole, poderão estranhar o que estaria fazendo o médico Samarone com um pé de juazeiro.
O problema não está exatamente na questão semântica, o problema é que, Samarone não cabe numa só palavra para definir o seu campo de atividade e de inquietações intelectuais, ou a agonia do que fazer com tanto conhecimento, e tanta preocupação com o social, com o mundo.
Sendo médico, atualizado, assim, com a evolução da língua, ou esculápio, evocando reminiscencias gregas, Samarone estará sempre correndo adiante, indo refugiar-se a no pensador eslovaco Slavoj Zizek, para permanecer em defesa de causas perdidas, mas, na verdade, transformando o que seriam perdas, em antecipações do futuro.
Dividindo-se entre as restingas praianas de Aracaju e sua caminhoneira Itabaiana, buscando o que tem de popular na cultura de um povo que empreende, vende ouro, onde ouro não existe, vende castanha, onde caju não há; e que mostrou como crescer, progredir, sem ficar debaixo do cambão do carro de boi puxando a roda do engenho, descobrindo a saída pelo comércio, sem plantar cana, sem engordar boi, e mascatearam tanto, que criaram potencias, os supermercados, e muitas coisas mais.
Ser Secretário da Cultura numa cidade do interior que tem a ousadia de possuir uma Orquestra Sinfônica, ainda mais em tempos de tsunamis de axés e queijandos, é coisa desafiadora.
Que fez o esculápio? Saiu a descobrir a alma do seu povo, o recôndito daquilo que se denomina cultura popular, e não se cansa de exaltar a serra, os causos, as linhas , entrelinhas e particularidades gostosas da sabedoria das gentes, do caminhoneiro, do feirante, do peregrino, dos vestígios do Conselheiro, com a sua horda de penitentes e guerreiros. Também, a presença santificada de alguém que se chamou Dulce.
Samarone faz essa mistura, e com ela, descobre, propala a cultura, e trabalha o merchandising de Itabaiana. Desejariam todos os demais prefeitos de Sergipe terem a felicidade de nomear, com o fez Valmir de Francisquinho, um esculápio assim, para cuidar da cultura.
E onde entra o Juazeiro? citado na crônica-apelo, que Samarone fez às autoridades ambientais de Sergipe ou, mais diretamente à prefeita Emília.
Caminhando, falando, falando, olhando, amotando, fotografando , o esculápio descobriu o que considera o maior Juazeiro do nordeste. Árvore da caatinga, a única que fica verde e sem perder as folhas enquanto o mundo ao seu redor seca, esturrica, e a caatinga se torna uma vastidão de árvores, secas, cinzentas. Sempre frondoso, o juá oferece sombra, mas, perde em altura para a craibeira que só não seca, porque, imitando os rabdomantes, descobre onde existe um lençol dàgua e ali se vai acomodando , ou à beira de nascentes e rios intermitentes, que sempre deixam alguma umidade.
O Juazeiro simplesmente ignora a água, e desafia as securas dos ares e da terra. A umidade, o excesso de chuva até lhe faz mal. Então, este Juá enorme que Samarone encontrou, veio crescer, e já se tornou centenário nas areias do Mosqueiro, onde a umidade é grande, as aguas estão à frente, por baixo, basta cavar e ela surge.
Samarone descobriu até quem o trouxe para ajeitar-se ao lado dos manguezais.E ele conta: “Em maio de 1925 Gabriel Santiago dos Santos ( seu Bier) o avô de Prego, velho pescador do Mosqueiro, trouxe de Canudos uma pequena muda de Juazeiro. Essa muda cresceu, e até hoje impõe-se aos atentos a sua beleza e a sua sombra.
Prefeita Emília, tome conta dessa raridade.”
Concordando plenamente com o esculápio, vamos fazer uma romaria ao Mosqueiro, e junto dele, do exótico Juá praieiro, deixar mensagens, pedindo que o protejam.
LEIA MAIS
DE LIXO E DE LUXO
Emilia, carro de luxo e merchandising, é desse jeito?
A prefeita Emília, quando candidata, prometeu, se eleita, guiar-se pela simplicidade, prometeu sentir as agonias do povo, e sempre estar ao seu lado.
Seis meses transcorridos, a prefeita Emília anuncia a compra de um automóvel de luxo, e blindado. Na posse, ela chegou à Prefeitura dirigindo um fusquinha. Estaria imitando Pepe Mujica, recentemente falecido? Certamente que não. Mujica, manteve o fusca onde rodava antes, e quando era presidente do Uruguai, deslocava-se no carrinho, desde seu sitio, nos arredores de Montevideo, até o Palacio da Presidência da República. Continuou plantando suas flores,( era disso que vivia), e criando suas galinhas.
Com certeza, Emília não estaria a imitar o exemplar estadista uruguaio. Ele era de esquerda, pregava o entendimento, a harmonia, a convivência entre os divergentes. Tendo sido ex -guerrilheiro, chegou ao poder, após nove anos na cadeia, sofrendo as mais bestiais torturas. Ao fim da ditadura ele foi solto, e construiu a paz. Depois do exemplo de Mujica, no Uruguai, ninguém jamais imaginará viver numa ditadura, muito menos dar um golpe para permanecer no poder.
Com certeza ,o fusquinha de Emília roda muito distante do fusquinha de Mujica.
Aliás, o fusquinha de Emília nem roda mais. Acomodada no seu blindado, ela nem tem olhos para enxergar o lixo que cobre a cidade.
O lixo é consequência de medidas estapafúrdias adotadas no começo da administração, cancelando contratos, invalidando concorrências.
Assim, na frota de ônibus permanecem os calhambeques. Ao lado de elétricos comprados pela própria prefeitura para doá-los? A alguma empresa privilegiada, visto que não há uma estatal de transportes municipais no município.
Mas, o pior é a fedentina do lixo acumulado nas ruas, enquanto, sem licitação, chamam e trocam empresas que não dão certo. E o pior: de dentro do seu blindado de luxo, com vidros escuros , a prefeita que faz propaganda de grifes, acostumando-se à nova vida de luxo, nem terá olhos para enxergar o lixo.
LEIA MAIS
MATERIA PUBLICADA EM 07/05/2015
CENAS DA DITADURA PARA QUEM NÃO A CONHECEU E A DESEJA DE VOLTA ( 1)
( em memória de Milton Coelho )
Quem leva, nas manifestações de rua, uma faixa pedindo “Intervenção militar “
com saudade da ditadura, certamente não a conheceu. São jovens, e nessa virada de março para abril, faz 52 anos que ela, a dita cuja, começou , desaparecendo após 21 anos.
Quem pede a volta da ditadura certamente imagina que um regime de força, seria o ideal para por ordem no país, levar para a cadeia corruptos,e evitar as bandalheiras patrocinadas pelos políticos.
Ficarão frustradas essas novas “vivandeiras “, descobrindo que, durante a última e quiçá derradeira ditadura que nos fustigou, nem mesmo disciplina e hierarquia havia nos quartéis.
A partir de abril de 64, houve entre os militares uma situação explícita ou latente de anarquia, somente contida quando o general presidente Geisel exonerou o Ministro do Exército Sílvio Frota, em 1976. O general queria suceder Geisel na presidência, sem descartar a hipótese de um golpe levado a efeito pela ultra-radical “linha dura “. Castelo Branco, o primeiro dos generais presidentes, quase foi deposto pela Vila Militar, numa rebelião contida pelo seu Ministro do Exército Costa e Silva , que a sufocou, mas, com o compromisso de tornar-se presidente. Por sua vez, Costa e Silva se viu obrigado a assinar o Ato Institucional nº 5, e o poder que era total e descontrolado, foi fragmentado entre os generais , coronéis, e até ousados oficiais de baixa patente.
Num clima de rebelião se fez a escolha do general Médici para substituir o enfermo Costa e Silva, afastando-se o decorativo vice-presidente civil, Pedro Aleixo.
O aparelho repressor, torturando e matando, agia como corpo independente do poder central, e não lhe prestava contas.
Com a férrea censura sobre os meios de comunicação, as crises militares geradas pela disputa do poder grassavam nos quartéis , mas não eram noticiadas.
A mordaça impondo o silêncio, gerava uma falsa sensação de estabilidade e ordem.
Dos quartéis saíram os militares para a execução dos serviços sujos. Explodiram bombas na OAB, na ABI, nas bancas de jornais. Não fosse uma bomba relógio desastradamente detonada dentro do automóvel onde estavam dois militares do exército que iriam cometer um ato de terrorismo, haveria
uma matança no Rio Centro, quando ali se realizava um festival de música. O tresloucado brigadeiro Burnier, causaria milhares de mortes e destruiria uma parte do Rio de Janeiro, caso um subordinado seu, o capitão aviador Sérgio Macaco, não houvesse descumprido a ordem de explodir um gasoduto. O capitão Sérgio foi preso e expulso da Aeronáutica, apesar de ter sido defendido pelo patrono da FAB, o marechal do ar Eduardo Gomes.
Aqui em Aracaju, na noite que seria longa de primeiro de abril de 64, na redação da Gazeta de Sergipe esperava-se a qualquer hora a chegada dos militares. Eles jogariam as máquinas na maré, como alguns radicais inimigos do jornalista Orlando Dantas desejavam.
Chega o major Raul. Vestia farda de campanha rodeado por soldados armados. O oficial tresandava cachaça, sua bebida predileta , e consumida com sofreguidão. Alto, rosto sanguíneo, fala entrecortada pelas pausadas hesitações de um bêbado, o major aproxima-se da mesa onde dedilhava a máquina de escrever o jornalista Ivan Valença, e dá a ordem lentamente explicada: -Escreva aí, a manchete de amanhã: ”O Brasil derrotou a União Soviética com o sangue e o suor dos seus filhos “.
Ivan, disfarçando a indignação, recorre a ironia, e pergunta: “ Houve guerra major “?
E logo ouviu uma trovejante resposta: “ Houve, só não sabe disso quem é comunista. “
O regime militar que se instalava a pretexto de combater a subversão e a desordem, tolerou, nos quartéis, o desmonte da hierarquia.
No 28 º BC em Aracaju, um tenente atropelava o major que estava no comando. Começava o seu tempo de Vice-Rei de Sergipe. Era o tenente Rabelo. Ex-militante da Ação Integralista, ele, sargento,
paradoxalmente fora combater o fascismo na Itália, engajando-se no segundo escalão da Força Expedicionária Brasileira. Tornou-se encarregado do alojamento do coronel Castelo Branco, oficial de estado maior do general Mascarenhas, comandante da FEB.
Sendo o mais antigo oficial no 28 º BC, o tenente, que não cursou as Agulhas Negras, dizia que “antiguidade é posto “, além disso, ele era amigo do já presidente Castelo . Rabelo tornou-se , de fato, o comandante do batalhão, e a maior autoridade “revolucionária em Sergipe “. Prendia, soltava, mandava, desmandava, demitia. À frente da mesa onde se instalou, passavam, desde brigas de marido e mulher, roubo de galinha, até problemas dos 3 Poderes. Chegavam, diante do tenente, a bater-lhe bajuladoras continências, , juízes, promotores, desembargadores, deputados, vereadores, prefeitos, empresários, jornalistas, líderes sindicais, religiosos, convocados por ele, ou, indo, sebosamente, oferecer-lhe os préstimos.
Preocupado com a arrogância do tenente, o governador Celso de Carvalho teve de valer-se do presidente Castelo Branco. Apressou a vinda para Aracaju do coronel Tércio Veras, a fim de comandar o 28º e tornar-se a autoridade revolucionária de patente compatível com o grau elevado de autoritarismo que iria exercer ( Continua ) * Vivandeiras são aquela mulheres que seguem as tropas em deslocamento. Castelo Branco, em 1966 usou o termo para definir os civis que batiam às portas dos quartéis sugerindo o golpe, e os militares que a eles davam ouvidos.